terça-feira, 28 de agosto de 2012

Todos na cadeia !

Reunião de amigos na esplanada-miradouro da cadeia quinhentista, em Estremoz:


Como é sabido, pelas 16 horas de sábado, dia 1 de Setembro de 2012, na Igreja dos Congregados, no Rossio Marquês de Pombal, em Estremoz, terá lugar o lançamento e apresentação do meu livro “MEMÓRIAS DO TEMPO DA OUTRA SENHORA, ESTREMOZ-ALENTEJO, editado pelas Colibri. No decurso da apresentação serão lidos excertos do livro.
Com vista a acertar agulhas, juntámo-nos no passado sábado no restaurante Cadeia Quinhentista, em Estremoz, em cuja esplanada-miradouro reunimos. Ali estivemos eu e o grupo das leituras: Adelaide Glória, Ana Mateus, Georgina Ferro, António Simões, Francisca Matos, Maria do Céu Pires e Odete Ramalho.
Eu desconhecia completamente aquela esplanada-miradouro. Fiquei encantado. E depois da reunião, vimos o pôr-do-sol, o que é sempre belo e mágico.
Naquele alto éramos uma ilha rodeada de céu por todos os lados. Atrás de nós, o céu azul desta terra transtagana, cuja claridade quase nos cega, mas nos enche e limpa a alma. Do outro lado, a Maria do Céu a perpetuar filosoficamente nos pixeis digitais a fugacidade daquele momento. E eu, João da Terra, absorvido na reunião, nem sequer olhei para o passarinho. O céu que me rodeava, merecia mais de mim.
No Facebook da Maria do Céu, a Francisca comentou:
- Nós ali quase, quase a "pairar" sobre Estremoz, hein!?
Eu que sou dado a réplicas como os tremores de terra, logo disparei esta:
- Francisca: Não me fale em pairar que eu regrido ao século das luzes e sinto-me o Padre Bartolomeu de Gusmão na passarola voadora. Chiça! E é cá um salto epistemológico...PIM! Onde é que já se viu uma coisa assim?

domingo, 19 de agosto de 2012

Diálogo com a imagem


Quando se fazem 66 anos, o dobro da idade com que morreu Jesus Cristo, o triplo da idade da máxima pujança juvenil, o sêxtuplo da idade de entrada na juventude, é altura de fazer um balanço da nossa vida. É olharmo-nos ao espelho, mais por dentro que por fora e dialogar com a nossa imagem:
P - O que fizeste até agora, mereceu a pena?
R - Claro que sim. “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.” (1).
P - Podias ter feito melhor?
R - Procuro sempre fazer o melhor, o que não significa que o consiga. Assimptoticamente procuro a perfeição. “Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.” (1). De facto, "Não há nada totalmente perfeito." (2). "Se o homem fosse perfeito, seria Deus." (3).
P – Pensas então deitar-te à sombra da bananeira para gozares os juros das coisas que já fizeste?
R – Nunca. Não seria uma atitude inteligente. “Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?" (1). Terei de continuar a trabalhar com persistência e disciplina. “A Persistência é o melhor caminho para o êxito.” (4) e “A disciplina é a mãe do êxito.” (5). “Nas coisas árduas cresce a glória dos homens.” (6).
P – Qual então o caminho que pensas seguir?
R – Fazer o que está por fazer e precisa de ser feito. “É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.” (7). “Com organização e tempo, acha-se o segredo de fazer tudo e bem feito.” (8). “Depressa e bem não faz ninguém.” (6). “Não basta fazer coisas boas - é preciso fazê-las bem.” (9). “Muitas vezes erra não apenas quem faz, mas também quem deixa de fazer alguma coisa.” (10).
P – Que farás então?
R – O mesmo que até aqui. Vou meter novamente mãos à obra. “As obras mostram quem cada um é.” (6). “O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra.” (7). “Obra apressada, obra estragada.” (6).
P - Porquê?
R – “Porque o tempo não é elástico.” (6). “O tempo vai e não volta.” (6).
P - De que precisas então?
R – De mais anos de vida, um de cada vez. “A vida, a quem não pesa, não cansa.” (6). “Para quê preocuparmo-nos com a morte? A vida tem tantos problemas que temos de resolver primeiro.” (11). “O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.” (1). E sobretudo, há que aceitar desafios. “Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” (12).
P - Não queres então ficar por aqui?
R – É claro que não. “Antiguidade é um posto e posto é galão.” (6). Ora eu não dou para enfeite…
P – Mas estás cheio de cabelos brancos, de rugas e olheiras…
R – Eu sei que “O mundo julga pelas aparências.” (6). Todavia, “Nem tudo o que luz é ouro.” (6), “Nem tudo o que é feio é mau.” (6), “Nem sempre o que parece, é.” (6). Costumo dizer que “Não vos fieis em aparências.” (6) e “Não se pode julgar um livro pela capa.”.
P – Fazes bem em pensar assim. Eu penso o mesmo.
R – Por isso amarei, divertir-me-ei e criarei durante todo o meu tempo, já que “O tempo é ligeiro e não há barranco que o detenha.” (6). Assim, procurarei o meu caminho para a felicidade, na convicção de que “A felicidade não se encontra nos bens exteriores.” (7) e de que “Só há um caminho para a felicidade. Não nos preocuparmos com coisas que ultrapassam o poder da nossa vontade.” (13).

(1) – Fernando Pessoa (1888-1935), poeta e escritor português.
(2) – Horácio (65 a.C. - 8 a.C.), poeta e filósofo romano.
(3) – Voltaire (1694 - 1778), escritor e filósofo francês.
(4) – Charles Chaplin (1889 – 1977), comediante inglês.
(5) – Ésquilo (525/524 a.C. - 456/455 a.C.), dramaturgo grego.
(6) – Adágio português.
(7) – Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), filósofo grego.
(8) – Pitágoras (571/570 a.C. - 497/496 a.C.), filósofo e matemático grego.
(9) – Santo Agostinho (354 - 430).
(10) – Marco Aurélio (121 - 180), imperador romano.
(11) – Confúcio (551 a.C. - 479 a.C.), filósofo chinês.
(12) – Sócrates (469 a.C. - 399 a.C.), filósofo grego.
(13) – Epicuro (341 a.C. – 271/270 a.C,), filósofo grego.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O calor no adagiário português


A SESTA DOS CEIFEIROS – ALENTEJO (1918). Dórdio Gomes (1890-1976). Óleo sobre tela
(74 x 59 cm). Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa.
 
“O sol quando nasce, é para todos.”, “Não há casa onde o sol não entre” e “O sol aquece igualmente o rico e o pobre.”. Todavia, quando o calor do sol nos esturrica os sentidos, o pobre não tem ar condicionado em casa, nem isolamento térmico das paredes e janelas. O ar condicionado do pobre é a sombra de uma árvore.
Nem todos reagimos de igual modo ao calor: “A concha é que sabe o calor da panela.”.
Muitos preferem o calor ao frio: “Antes assoprar que tremer.”.
O calor dantes tinha tempo próprio: “Ande o calor por onde andar, pelo Santo António, há-de chegar.” e “Corra o ano como for, haja em Agosto e Setembro calor.”. Actualmente, devido ao efeito de estufa causado pela poluição, temos calor durante quase todo o ano.
No período em que é normal haver calor, há indícios disso: “Cigarra cantou, calor chegou.”.
Parecendo contrariar a afirmação de que “Não há casa onde o sol não entre.”, surgem os adágios: “Casa onde entra o sol não entra o médico.” e “Onde entra o sol não entra o médico.”, bem como “Onde não entra o sol, entra o médico.”, o que está de acordo com o pensamento de Aristóteles (a.C. 384-322 a.c.): “A saúde é a justa medida entre o calor e o frio.”.
O calor leva a dar alguns conselhos: “No tempo quente, refresca o ventre.”,“No amor e no calor, não metas o cobertor.” e “Quando muito arde o sol, nem mulher, nem carnes, nem caracol.”. E esta hein?

Publicado inicialmente a 13 de Agosto de 2012

sábado, 11 de agosto de 2012

O primeiro milho é dos pardais

Ganchos de meia em madeira, exemplares de arte pastoril alentejana
(Séc. XX). Da esquerda para a direita: Gancho articulado com uma bolota,
numa peça única (7,1 cm). Gancho articulado com um cesto, igualmente
numa peça única (5,2cm);  Colecção do autor.

O Mercado das Velharias em Estremoz é um dos ex-líbris desta cidade transtagana. Mesmo em períodos sazonais mais fracos, como é caso do mês de Agosto, surpreende-nos pela positiva. E eu que o diga.
Hoje, ainda a manhã era uma menina, pelas sete e vinte nove, recebo no meu computador, uma mensagem enviada via telemóvel, pelo meu amigo Charles. A mensagem tinha dois anexos. Um de imagem, mostrando um curioso exemplar de arte pastoril, mais precisamente uma colher. O outro de texto, com a seguinte mensagem: - Bom dia de compras....hoje valeu a pena.....
- Então vocês não querem lá ver? O Charles queria-me atazanar, porque partiu de manhã cedo para Lisboa, mas antes passou pelo Mercado das Velharias e comprou a colher, porque eu não tinha ainda passado por ali.
Se a minha prima Hifigénia fosse viva, decerto que do cimo da sua cátedra popular, diria ao Charles:
- O primeiro milho é dos pardais.
E eu creio que essa seja uma verdade inescapável. À hora da recepção da mensagem, já eu tinha nas linhas dos meus dedos, quase duas horas de teclado de computador, a minha forma de dedilhar a guitarra portuguesa que me vai na alma. Muitas vezes sou dos primeiros a chegar ao Mercado das Velharias. Hoje não aconteceu assim, porque outros valores mais altos se alevantaram. Eu tinha de escrever, porque se um homem não escreve, acaba por rebentar. Foi assim que fui para o Mercado, já a manhã era uma jovem promissora. E por ali deambulei como sempre, qual alquimista que demanda a pedra filosofal transmuteadora. Por ali sou conhecido e faço parte da mobília. Creio que até sou respeitado e tido como um entendido em várias áreas. Por vezes sou até mesmo consultado e emito opiniões e forneço pistas que se revelam benévolas para vendedores, os quais mais tarde me agradecem a disponibilidade revelada pelo franqueamento desinteressado do vasto arsenal da minha memória de elefante, da minha abastada biblioteca ou das minhas vastas referências bibliográficas. Daí que não seja de estranhar que alguns sejam gentis para comigo, tal como eu sou para com eles. O amor às velharias é isso mesmo: é feito de cumplicidades, de partilha de informação e de emoções que por vezes nos caem fundo na “cacha do pêto”.
Hoje aconteceu que alguém, que eu mentalmente já registara como vendedor de rara sensibilidade, me disse no momento exacto em que cheguei à sua banca:
- Professor, tenho aqui umas peças que decerto serão do seu agrado.
Mostrou-mas e eu perguntei:
- Quanto é?
- Faça o Professor o preço! – Respondeu o vendedor.
- Nem pense nisso! As peças são suas. O Senhor é que tem de lhe atribuir um valor. – Repliquei eu.
- Assim seja. – Respondeu o vendedor, que me propôs um preço mais que razoável. E lá fechámos negócio e decerto reforçámos a nossa amizade, porque prestámos mutuamente um serviço um ao outro. Ele vendeu e eu comprei. Foi um acto de partilha em torno de peças, das quais ambos sabemos o significado, o contexto e a temporalidade, mas perante as quais temos posturas diferentes. Exactamente porque um é vendedor e o outro é comprador.
É chegada a altura de dizer o que comprei. Tratou-se de dois belos ganchos de meia em madeira, exemplares de arte pastoril alentejana (Séc. XX). A sua beleza e delicadeza suplantam a da colher comprada pelo meu madrugador amigo Charles. Parafraseando a minha prima Hifigénia, é caso para lhe dizer:
- O primeiro milho é dos pardais!


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Poetas Populares de Estremoz

2º Encontro do Núcleo de Academias e Universidades Seniores "NAUS".
Espectáculo Cultura Viva no Teatro Bernardino Ribeiro.
Estremoz, 12 de Maio de 2012

Apresentação de Poetas Populares por Hernâni Matos, Presidente da AFA.

 
  Poeta Popular Aurélio Buinho (São Bento do Cortiço).


Poeta Popular Aurélio Buinho (São Bento do Cortiço).


Poeta Popular Renato Valadeiro (Arcos)


Poeta Popular Manuel Gomes (Arcos)



Hernâni Matos
(Vídeos de   MEMÓRIA MÉDIA, eMuseu do Património Imaterial) 

domingo, 5 de agosto de 2012

Azulejos da Estação da CP de Estremoz


Mercado de sábado: os barros. Ao fundo e ao centro, o Castelo de Estremoz.
À direita, os campanários da extinta Igreja de Santo André.

A arte do azulejo herdada dos árabes, enraizou-se entre nós no século XVI, fruto da prosperidade económica resultante da expansão marítima portuguesa, que permitiu a construção de igrejas e palácios. Estes foram decorados interiormente com cenas sagradas ou profanas, que por vezes também ornamentam alguns jardins de palácios.
No século XX, o azulejo sai definitivamente para rua e passa a decorar fachadas de residências, edifícios públicos, lojas, estações e mercados. Foi o que aconteceu com a Estação da CP em Estremoz, decorada com painéis azulejares policromáticos da autoria de Alves de Sá (1), datados de 1940 e fabricados na Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, em Lisboa. Trata-se de quadros de grande qualidade artística que num estilo muito barroco, contam o dia-a-dia da cidade de Estremoz e registam as fainas agro-pastoris no segundo quartel do século XX. As cenas alternam com vasos carregados de flores e frutos, motivos que também figuram na cercadura, a qual é encimada por um cesto repleto daquelas espécies. São quadros que nos permitem uma viagem espaço-temporal à época da Exposição do Mundo Português, já que constituem um repositório dos usos e costumes locais na 1ª metade do século XX. Para muitos de nós, estes azulejos, conjuntamente com os do Palácio Tocha e da Câmara Municipal de Estremoz, foram o nosso primeiro livro de banda desenhada.
Dado que alguns painéis foram vandalizados, não seria possível promover a sua recuperação a partir de fotografias existentes ou dos estudos do artista que deram origem aos painéis? Aqui fica o alvitre a quem de direito. Seria ouro sobre azul, já que a autarquia pretende instalar um espaço museológico ferroviário, no antigo edifício da estação da CP de Estremoz.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 5 de Agosto de 2012 

(1) - João Alves de Sá (1878-1972), que exerceu episodicamente a magistratura, foi como aguarelista, discípulo de Manuel de Macedo (1839-1915), tendo sido agraciado com elevadas distinções como a medalha de honra em aguarela da Sociedade Nacional de Belas Artes e o 1º prémio Roque Gameiro (1947), do Secretariado Nacional de Informação. Encontra-se representado no Museu do Chiado e no Museu da Cidade (Lisboa), na Casa-Museu dos Patudos (Almeirim), no Museu Grão Vasco (Viseu) e em diversas colecções particulares. Para além da aguarela, dedicou-se à cerâmica, realizando painéis azulejares que se encontram espalhados por vários pontos do país: Estações da CP de Estremoz, Rio Tinto e Vilar Formoso, bem como as salas de espera da Estação Fluvial de Sul e Sueste e a entrada do Governo Civil, em Lisboa.

A fachada da Estação da CP de Estremoz. 

A gare da Estação da CP de Estremoz, vista do lado de Vila Viçosa. 
 
A gare da Estação da CP de Estremoz, vista do lado de Évora.  

Ceifeiras. Ao fundo o Castelo de Estremoz. 

Porqueiro guardando uma vara de porcos.

 Mercado de sábado: os barros. 

Convento das Maltesas e zona do mercado das sementes, no decurso
do mercado de sábado. 

 Convento das Maltesas e zona dos churriões-tabernas, no decurso
do mercado de sábado.

Carros de tracção animal, à saída das Portas de Santo António. 

Carro de tracção animal, frente à fonte de São João de Deus, situada
 no alçado lateral esquerdo do  Hospital Real de São João de Deus.

 Fonte das Bicas e aguadeiros no Largo General Graça.  

  Fonte do Largo do Espírito Santo e aguadeiro.

Aguadeiro na subida da rua do arco de Santarém, em direcção ao Castelo.

sábado, 4 de agosto de 2012

Palavras, para quê?




À Catarina, minha filha

Primeiras
Agosto não será, porventura, o mês mais propício à escrita ou à leitura de textos extensos e muito menos pretensamente doutrinários ou intelectuais. Nesta época do ano, criadores e receptores de mensagens, jibóiam como podem e sabem, chegando a exsudar copiosamente. Todavia, a calorina não é impeditiva que alguém como eu, prisioneiro dos encantos da arte pastoril, frequente o Mercado das Velharias em Estremoz. Ali me dirijo ciclicamente em expedições cirúrgicas e precisas, com olhos de ver a minha alma e tudo aquilo que a sustenta, em demanda de objectos-emoções, que aguardam para serem possuídos e amados. Então cresço e sou maior do que eu. Tenho o destino marcado, diria um poeta do fado.
É nestas circunstâncias que procuram a minha companhia, espécimenes aparentemente ininteligíveis, mas que eu acabo por decifrar.

Segundas
A filigrana incisiva da ponta da navalha é o reflexo perfeito e real dos requebros de alma, de quem com a gesta anímica do saber falar das mãos, resolveu transmitir à conversada, através da perpetuação na madeira, a mensagem sincera do mais profundo do seu âmago.
Sabido que o 9 caracteriza o tempo de gestação humana, a rosácea nonalobada que culmina o crescimento através de folhas e espigos alicerçados numa base cordiforme, símbolo do amor, traduz a assunção da disponibilidade de constituir família e ser pai. Essa a mensagem bem portuguesa subscrita nas cores verde rubra da bandeira pátria, por um pegureiro da região de Estremoz.

Publicado inicialmente a 4 de Agosto de 2012