Mostrar mensagens com a etiqueta Personalidades. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Personalidades. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Lúcia Cóias partiu. Fica a saudade.



Lúcia Cóias (1934 - 2023)

A última viagem
Por mais sedentários que sejamos, todos nós somos nómadas. Ao longo da vida, vivamos onde vivamos, todos nós somos impelidos a viajar no espaço e no tempo. É como se fossemos templários à procura do Santo Graal. Só que a busca agora é outra e mais diversificada. À procura da espiritualidade, da beleza interior e da verdade, juntam-se agora outras necessidades de procura, de natureza material: trabalho, condições de vida, formação académica ou profissional, amor, paz, divertimento e muito mais que se poderia aqui enumerar. São necessidades que se traduzem em viagens, que temos o livre arbítrio de realizar ou não, se assim nos der na real gana. Todavia, para além destas viagens, há uma outra de natureza diferente, inescapável e com desfecho único, já que é uma viagem sem retorno, independente do nosso livre arbítrio. É a viagem que se inicia quando se transpõe a última etapa da vida e se diz que alguém morreu ou partiu. É uma viagem sobre a qual existem múltiplas interpretações, entre elas a da antropologia bíblico-cristã, mas qualquer delas ultrapassa o âmbito dos propósitos da presente abordagem textual.

Morreu a Lúcia da Singer!
Morreu a Lúcia da Singer! Foi uma notícia que correu célere em Estremoz, no passado dia 18 de Novembro e que me tocou particularmente. É que eu conhecia bem a Lúcia Cóias, seguramente há 70 anos, para além de ser amigo pessoal de seu filho Paulo Cóias e de ter sido professor de sua filha Cristina Cóias, bem como amigo pessoal de sua irmã, a poetisa Constantina Babau.
A Lúcia foi empregada da Singer em Estremoz, onde durante largos anos foi competente professora de costura, que marcou gerações e gerações de jovens mulheres. Tratou-se de uma actividade que, após a aposentação, prosseguiu com êxito na Academia Sénior de Estremoz, onde era muito estimada por todos os membros, sentimento partilhado, de resto, pela generalidade da comunidade local.

Poetisa do amor e da saudade
Como poetisa, Lúcia Cóias (1934-2023), é autora dos livros “Poesia Popular” (2015), “Rosas Brancas” (2016) e "Madrugada" (2018). No primeiro destes livros, em “Infância perdida” confessa: “Sem mãe fiquei aos três anos / E sofri horrores tamanhos / Num mundo que não era o meu / Senti-me sempre perdida / Sem alegrias na vida / E ela partira p’ro céu”. Lúcia ao perder a mãe, foi internada e criada no Asilo de Infância Desvalida João Baptista Rolo, em Estremoz, onde o internato gerido por freiras, a marcou para toda a vida. Ainda em “Infância perdida” confessa: “Tantas torturas passadas / Que não devem ser contadas / Pois ainda creio em Deus / Não sei bem porque razão / Vou dar-lhes o meu perdão / E os soluços ficam meus”.
Lúcia cresceu, fez-se mulher, casou e teve dois filhos. Todavia, perdeu o marido prematuramente, de tal modo que em “Saudade”, começa por se dirigir a ele nos seguintes termos: “Ó meu amor que agonia / Partiste naquele dia / Partiste p´ra não voltar / Meu coração está desfeito / Ficou-me esta dor no peito / Quase ceguei de chorar”. Termina o poema dizendo: “Sei que tu já estás nos céus / Lá bem pertinho de Deus / Se é que a outra vida existe. / Olha bem p’los teus filhinhos / Guia-os por bons caminhos / Consola a minha alma triste”.
O amor de mãe transborda no poema “Ao meu filho”: “A ti meu filho eu dedico esta poesia / Pelo milagre que o amor em mim te fez / Pois tu me deste a santa alegria / De ser mãe pela primeira vez”. O mesmo sentimento maternal transvasa igualmente no poema “À minha filha”: “Obrigada minha filha, eu te adoro / Pelo amor e carinho que me deste / Perdoa se estou triste e às vezes choro, / Tu sabes o que é dor pois já sofreste”.

O amor ao próximo
Na poesia de Lúcia Cóias, o amor não se se circunscreve à família. É mais vasto e assume, em particular, a forma de amor ao próximo. É o que nos revela o poema “Amar sem olhar a quem”, onde no final nos diz que: “Dar amor, dia após dia / Sem olhar à diferença / Não é loucura é magia / De quem tem alma e tem querença” e acrescenta: “Esta é a ventura maior: / Em cada ser ver um irmão. / É viver para dar amor / É ser alguém de eleição.” O amor ao próximo é um amor preocupado, como nos revela no final do poema “Oração”: “Que mágoa sinto em meu peito / Quando à noitinha me deito / Numa cama agasalhada / Lembro a Deus com muito afecto / Aqueles que não têm tecto / E dormem num vão de escada.”

Lúcia Cóias presente!
Lúcia Cóias partiu, mas deixou connosco uma enorme saudade, partilhada entre a família, os amigos e todos os que com ela conviveram. Deixou-nos igualmente a mensagem do seu exemplo de vida, da sua vontade de viver e de lutar contra a adversidade, bem como o seu legado de amor a Deus, à família e ao próximo. Por isso, Lúcia Cóias perdurará nas nossas memórias e nos nossos corações.

Publicado no jornal E, n.º 322, de 23 de Novembro de 2023

Em 2017, Lúcia Cóias participou na iniciativa Poetas em defesa da olaria de Estremoz”, desenvolvida pelo blogue “Do Tempo da Outra Senhora”, publicando o poema:

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

18 de Novembro, às 15:30, no Museu Berardo Estremoz: “António Telmo em Estremoz”


António Telmo (1927-2010). Fotografia de João Albardeiro (1951-2004).

António Telmo em Estremoz  

Dar a conhecer a vida, a obra e o pensamento de António Telmo, filósofo e escritor que durante três décadas viveu e leccionou em Estremoz, é o propósito da sessão “António Telmo em Estremoz”, que se realiza no Museu Berardo Estremoz no próximo dia 18 de Novembro, sábado, a partir das 15:30, numa parceria da Câmara Municipal deEstremoz com o Projecto António Telmo. Vida e Obra. 

A abrir a sessão terá lugar a apresentação, por Elísio Gala, ensaísta e professor de Filosofia na Escola Secundária do Redondo, do livro A Glória da Invenção – Uma aproximação aopensamento iniciático de António Telmo, de Pedro Martins e Risoleta C. Pinto Pedro, recentemente editado pela Zéfiro, que é também a chancela que publica as Obras Completas de António Telmo. Mara Rosa lerá alguns excertos da obra.

Depois, António CândidoFranco, escritor e professor da Universidade de Évora, fará uma intervenção sobre António Telmo.

Por fim, uma mesa-redonda moderada por Pedro Martins, e que conta com a participação de Elísio Gala, Hernâni Matos, Ilídio Saramago, João Fortio, João Tavares, José Capitão Pardal e Paula Capelinha dará a conhecer, entre outras vertentes, a relação do cidadão, do escritor, do professor ou do bilharista com Estremoz e com outras terras da região, igualmente marcantes na sua vida e na sua obra.

Durante a sessão, estarão à venda obras de António Telmo ou sobre António Telmo e temáticas afins, editadas pela Zéfiro.  

António Telmo - Nota biográfica

António Telmo Carvalho Vitorino nasceu em Almeida em 2 de Maio de 1927, vindo a falecer em Évora em 21 de Agosto de 2010. Licenciado em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, dedicou-se profissionalmente ao magistério, leccionando em Beja, Évora, Sesimbra (onde foi também o primeiro director da Biblioteca Municipal), Redondo (onde, no início da década de 70 fundou, instalou e dirigiu a Escola Preparatória – nas suas palavras «a primeira escola democrática em Portugal, ainda antes do 25 de Abril») e Estremoz, onde, na década de 80, se viria a radicar. 

Foi um dos filósofos mais audazes, originais e fecundos de Portugal. Discípulo de Álvaro Ribeiro, José Marinho, Eudoro de Sousa e Agostinho da Silva (a convite dos dois últimos, durante cinco semestres, entre 1966 e 1968, ensinará Latim e Literatura Portuguesa na Universidade de Brasília), António Telmo desenvolveu ao longo de várias décadas um pensamento da razão poética, num diálogo constante entre a poesia e a filosofia, o símbolo e a ideia, a imaginação e a inteligência – em suma, entre a alma e o espírito.

Hermeneuta pioneiro e genial, a este intrépido livre-pensador religioso, que restituiu ao esoterismo o seu direito de cidade no pensamento português da segunda metade do século XX, se ficou a dever, na História Secreta de Portugal, a subtil decifração, à luz da gnose templária, dos medalhões simbólicos do Claustro do Mosteiro dos Jerónimos; e, outrossim, a desocultação da obra poética de Luís de Camões, sobretudo de Os Lusíadas – sem esquecer o subtil diálogo de aprofundamento e desvendamento que estabeleceu com o corpus poético e teorético de Fernando Pessoa. Por outro lado, com a sua Gramática Secreta da Língua Portuguesa, António Telmo demonstrou, segundo uma dedução cabalística dos fonemas conforme às estruturas da árvore sefirótica, a natureza de língua sagrada do idioma pátrio.

Na senda de seu mestre Álvaro Ribeiro, que via na filosofia portuguesa uma confluência sintetizadora das três religiões abraâmicas, António Telmo, descendente de gente de nação, chama a atenção para a existência, entre nós, de um subconsciente hebraico, fruto do recalcamento a que mais de dois séculos de manifesto terror inquisitorial haveriam fatalmente de nos conduzir. Deste modo, o filósofo reelabora a kabbalah judeo-cristã à luz de um marranismo de que toma progressiva consciência e que irá porventura culminar na sua iniciação maçónica, a que estará subjacente um propósito de rectificação da Arte Real já aflorado na História Secreta de Portugal, mas bem patente nas derradeiras obras do filósofo.

António Telmo deixou colaboração esparsa por inúmeros jornais e revistas, entre os quais se destacam o Diário de Notícias, o 57 ou a Espiral. Além do ensaio, a sua obra abarca ainda a ficção, a dramaturgia e a poesia, géneros literários que só episodicamente cultivou, mas sempre com uma evidente preocupação filosofal. Entre os títulos da sua biografia, contam-se os seguintes livros: Arte Poética (1963); História Secreta de Portugal (1977; reed. 2013); Gramática Secreta da Língua Portuguesa (1981); Desembarque dos Maniqueus na Ilha de Camões (1982); Filosofia e Kabbalah (1989); O Bateleur (1992); O Horóscopo de Portugal (1997); Contos (1999); Viagem a Granada (2005); A Hora de Anjos Haver (2007); A Verdade do Amor, seguido de Adoração, de Leonardo Coimbra (2008); Congeminações de um Neopitagórico (2009); O Portugal de António Telmo (2010); A Aventura Maçónica (2011); Sesimbra, o lugar onde se não morre (2011).

Em 2021 foi publicado em França Philosophie et Kabbale, tradução em francês do livro Filosofia e Kabbalah, com o selo de Éditions de La Tarente, prefácio de Sylvie e Rémi Boyer e ilustrações de Lima de Freitas.

As suas Obras Completas estão em curso de publicação na editora Zéfiro, com o apoio institucional e científico do Projecto António Telmo. Vida e Obra.

Texto da responsabilidade do Projecto António Telmo. Vida e Obra

 Hernâni Matos

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Uma Primavera de Mestre Jorge da Conceição

 

Fig. 1 - Primavera (aspecto frontal). Mestre Jorge da Conceição (1963 - ).


É sabido que colecciono Bonecos de Estremoz produzidos por todos os barristas, independentemente da época e do tema. E faço-o, por entender que não há uma maneira única de os produzir, já que cada barrista tem o seu próprio estilo e as suas próprias marcas identitárias, fruto de circunstâncias diversas, as quais me dispenso de analisar aqui. No acto de criação, apenas é exigido ao barrista que respeite a técnica de produção e a estética do Boneco em barro vermelho de Estremoz.
A minha colecção, apesar de invejada por muitos, apresenta alguns “calcanhares de Aquiles”. Um deles é não integrar como eu gostaria, um número julgado apropriado e representativo da produção de Mestre Jorge da Conceição. Daí que eu tenha resolvido tratar este calcanhar, o que me levou tempos atrás a encomendar-lhe algumas figuras. A primeira a ser-me entregue foi uma Primavera (Fig. 1 e Fig. 2), que de imediato, despertou em mim uma emoção que iria desembocar na redondilha maior que então compus:

Aquece-me o coração
Esta linda Primavera
De Jorge da Conceição,
Cuja posse era quimera.

A beleza da figura resulta de uma modelação perfeita, fortemente naturalista, conjugada com um cromatismo harmonioso. Para além disso, uma observação mais minuciosa do exemplar, torna possível deduzir que, no decurso da sua manufactura, ocorreu uma mudança de paradigma relativamente à produção de barristas que antecederam Mestre Jorge da Conceição.
Em primeiro lugar, as flores do arco deixaram de estar representadas por discos cilíndricos coloridos e pintalgados, para serem mostradas, ainda que de uma maneira generalista, por flores com tridimensionalidade, ostentando uma parte frontal e uma parte posterior, distintas.
Em segundo lugar, o vestido deixa de apresentar folhos apenas no fundo, para os apresentar também nos punhos e no amplo decote que vai de ombro a ombro.
Em terceiro lugar, a fita do chapéu deixa de ser uma mera pintura e adquire ela própria, tridimensionalidade.
Em quarto lugar, o topo da base deixa de ser sarapintado, pompeando aquilo que configura ser um chão atapetado de flores.
Tudo isto é de se lhe “tirar o chapéu” e dai que, apesar de ser paisano, me ponha duplamente em sentido. Em primeiro lugar, pelo trabalho de excelência de Mestre Jorge da Conceição. Em segundo lugar, pelo facto de a Primavera envergar um vestido com as cores da nossa bandeira nacional, que de imediato despertam em mim um sentimento patriótico.
Obrigado Mestre Jorge da Conceição por me ter enchido as medidas com esta criação germinada a partir da sua grande alma de artista e à qual a magia das suas mãos conferiu forma e cor, transmitindo-lhe harmonia, perfeição, beleza e elegância. Bem-haja!


Fig. 2 - Primavera (aspecto posterior). Mestre Jorge da Conceição (1963 - ).

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

ANA DAS PELES na toponímia estremocense

 

Sá Lemos trocando impressões com Ana das Peles numa sala de aulas da Escola Industrial
 António Augusto Gonçalves. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988),  publicada
no semanário estremocense “Brados do Alentejo” nº 250, de 10 de Novembro de 1935. 


Novos topónimos concelhios
Em reunião do Município realizada no passado dia 28 de Junho, foi aprovada uma proposta da Comissão de Toponímia do Concelho de Estremoz, a qual integra a acta da sua reunião de 24 de Maio do ano em curso, no sentido de serem atribuídos novos topónimos, assim distribuídos: Estremoz (12), Veiros (10), Arcos (4).
Entre os 12 novos topónimos aprovados para Estremoz, figura o nome da barrista ANA DAS PELES (1869-1945), que assim viu a sua memória perpetuada através da atribuição do seu nome à rua que se inicia na Avenida Tomaz Alcaide e termina na Avenida Condessa da Cuba, junto à Associação Cultural e Recreativa dos Marinheiros de Estremoz, instalada no local do antigo Dispensário de Assistência aos Tuberculosos.

Ana das Peles, o novo topónimo
A proposta de inclusão do antropónimo “Ana das Peles” na toponímia local, teve origem numa proposta do Presidente da União das Freguesias (Santa Maria e Santo André), aprovada por unanimidade na reunião ordinária da Junta de Freguesia, de 14 de Fevereiro passado. O teor da proposta aprovada é o seguinte:
A 19 de Fevereiro de 2023 completam-se 78 anos sobre a morte da bonequeira Ana das Peles (1869-1945), velha barrista que foi o instrumento primordial da recuperação da extinta tradição de manufactura dos Bonecos de Estremoz, empreendida pelo escultor José Maria de Sá Lemos (1892-1971) nos anos 30 do séc. XX.
Em 1935 os Bonecos de Ana das Peles participaram na “Quinzena de Arte Popular Portuguesa” realizada na Galeria Moos, em Genebra. Em 1936 estiveram presentes na Secção VI (Escultura) da Exposição de Arte Popular Portuguesa ocorrida em Lisboa, em 1937 na Exposição Internacional de Paris e em 1940 na Exposição do Mundo Português, promovida em Lisboa.
Os Bonecos de Ana das Peles, foram nestas exposições, um ex-líbris de excelência da cidade de Estremoz. Eles foram os melhores embaixadores da nossa Arte Popular e da nossa identidade cultural local e regional. Eles foram, simultaneamente, a primeira declaração e a primeira prova insofismável de que na nossa terra existiam criadores populares de grande qualidade. Os Bonecos de Estremoz, até então relativamente pouco conhecidos, adquiriram por mérito próprio e muito justamente grande notoriedade pública.
Ana das Peles partiu, mas os seus Bonecos muito apreciados e procurados, povoam vitrinas de coleccionadores e de museus para deleite de espírito. Com eles a imagem de marca da nossa identidade cultural local e transtagana, testemunho e herança de uma época.
78 anos volvidos sobre a morte de Ana das Peles, os seus gestos de modeladora de sonhos, continuam a ser repetidos, ainda que recriados pelos barristas de hoje. Por isso Ana das Peles é imortal e os Bonecos de Estremoz serão eternos.
Ana das Peles é uma figura que pela sua acção desempenhou um papel de relevo na construção da Memória de Estremoz, pelo que não pode ser olvidada nas páginas da História local.
Desde 7 de Dezembro de 2017 que a manufactura de Bonecos de Estremoz está inscrita na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Como reconhecimento do papel desempenhado por Ana das Peles na recuperação duma tradição que corria o risco de se extinguir e que hoje é motivo de orgulho para todos os estremocenses, a Junta de Freguesia de Estremoz (Santa Maria e Santo André) propõe à Câmara Municipal de Estremoz, a perpetuação da Memória daquela barrista, incluindo o seu nome na toponímia local, usando a fórmula: “ANA DAS PELES / BARRISTA”.”

Quem se segue?
Até agora a toponímia estremocense já perpetuou o nome dos seguintes barristas: Mariano da Conceição (1903-1959), Sabina da Conceição Santos (1921-2005), Liberdade da Conceição (1913-1990), Maria Luísa da Conceição (1934-2015), Quirina Marmelo (1922-2009) e Ana das Peles (1869-1945). Todavia, para além deles há outros barristas falecidos que até agora foram esquecidos. São eles:
- António Lino de Sousa (1918-1982), oleiro da Olaria Alfacinha e discípulo de Mestre Mariano da Conceição, com quem aprendeu a manufacturar Bonecos de Estremoz, a cuja confecção se dedicou em exclusivo entre 1976 e a data do seu falecimento.
- José Moreira (1926-1991), discípulo de Ana das Peles e que foi o barrista que mais contribuiu para a divulgação dos Bonecos de Estremoz. Percorreu o país de lés a lés e não houve feira ou exposição de artesanato a que ele não fosse.
- Aclénia Pereira (1927-2012), que nos anos 40 do séc. XX foi discípula de Mestre Mariano da Conceição na Escola Industrial António Gonçalves e que foi barrista até ao fim da vida, mesmo depois de se ter transferido para Santarém, em cujo distrito foi uma grande embaixadora dos Bonecos de Estremoz.
- Isabel Carona (1949-2006), que foi uma das primeiras discípulas de Mestra Sabina da Conceição e que depois de trabalhar com ela durante dez anos, se fixou em Sarilhos Grandes, Montijo, onde continuou a arte bonequeira.
- Mário Lagartinho (1935-2016), o último oleiro de Estremoz, que como barrista confeccionou Bonecos de Estremoz nos anos 70-90 do século passado e que pela sua acção continuou a cadeia de transmissão de saberes.
- Arlindo Ginja (1938-2018), discípulo de Mário Lagartinho, que conjuntamente com seu irmão Afonso exerceu o mester durante 32 anos, até se aposentar em 2011.
Estes barristas, cada um à sua maneira, contribuiu para que a manufactura de Bonecos de Estremoz esteja actualmente inscrita na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade. Daí ser da mais elementar justiça que o seu nome seja igualmente perpetuado na toponímia estremocense. Ficamos à espera.


Estremoz, 27 de Julho de 2023
Publicado no jornal E nº 319, de 13 de Outubro de 2023

Ana das Peles a modelar uma figura. Fotografia de Albert t’Serstevens (1886-1974)

Ana das Peles a pintar Bonecos na sua oficina na Rua Brito Capelo nº 21 em Estremoz,
local onde também residia na época. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988). 

A entrada da Rua Ana das Peles pelo lado da Avenida Condessa da Cuba.

Placa toponímica da RUA ANA DAS PELES / BARRISTA

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Poesia Portuguesa - 103

 


SÃO BONECOS DE ESTREMOZ
Poema de Hernâni Matos
 (1946 -  )


Modelar é uma arte,
solta do coração
e que dali a reparte,
guiada a cada mão.

É com mãos e com barro,
água, teques e jeito,
um encontro bizarro:
modelar a preceito.

Tem bola, rolo, placa.
Com eles vai fazer,
tudo o que se destaca.
É lindo de se ver.

O rolo dá um braço
e dá a perna então,
com um gesto do traço
que nasce com a mão.

A bola dá cabeça
e dá olhar, razão
para que lá mereça
ter lugar a visão.

Placa dá avental,
vestidos e safões.
É roupa sem igual
em várias ocasiões.

Após modelação,
é cozer e pintar.
Envernizar então,
e sua obra acabar.

Secar para cozer,
com o tempo a passar,
para não acontecer,
a figura estalar.

Cozer tem a sua arte,
nunca é de repente,
que a figura se parte.
Disso estou bem ciente.

Pigmentos são zarcão
e azul dito Ultramar.
Como ocre e vermelhão,
dão tintas p'ra pintar.

As cores são reais,
são representação
desses dados visuais,
fruto da observação.

O verniz dá beleza,
concede protecção,
previne da rudeza
de feia alteração.

Há Presépios e Santos,
desfilam procissões
e há muitos recantos
das humanas paixões.

Tem a mulher no lar,
com o chá a servir,
com a roupa a lavar
e o que mais há de vir.

Da cidade o aguadeiro,
a mulher dos chouriços,
o peralta e leiteiro,
como outros aqui omissos.

Do campo uma ceifeira,
um pastor e um ganhão,
mais uma azeitoneira,
todos os que ali estão.

Galeria dos Santos:
onde vai São João,
a Virgem aos prantos
e António folião.

Também a procissão,
mostra solenidade,
com padre, sacristão,
povo mais irmandade.

O Natal é chegado
e logo nos seduz
o presépio montado.
Ali nasceu Jesus.

Lá vem o Carnaval
com o seu “Amor é Cego”
e Primavera tal,
que nenhuma renego.

E por fim os apitos.
Que bela brincadeira,
gozo de pequenitos,
bem à sua maneira.

O púcaro enfeitado,
cantarinha também.
Recipiente ornado
que beleza que tem.

Bonecos que cantamos
e só nos dão alegria.
Amigos quase humanos
no nosso dia a dia.

Assim, da Humanidade
tornaram-se Património,
orgulho da cidade
e do povo campónio.

Cá, os nossos barristas
brilharam bem então,
já que foram artistas
da classificação.

Barristas do presente,
barristas do passado
que a memória consente,
todo aqui é louvado.

Hernâni Matos (1946 - )

Bonecos de Estremoz em Exposição na Assembleia da República


Mestre Jorge da Conceição tendo à sua direita, sucessivamente, o Presidente da
 Assembleia da República, Augusto Santos Silva e os Presidente e Vice-Presidente
 da Câmara Municipal de Estremoz, José Daniel Sádio e Sónia Caldeira.


Transcrito com a devida vénia de
newsletter do Município de Estremoz,
de 11 de Outubro de 2023.
Fotografias do Município de Estremoz


Foi inaugurada hoje, dia 11 de outubro, no Palácio de São Bento, uma exposição de Produtos Tradicionais Certificados, da qual fazem parte os Bonecos de Estremoz, o único produto certificado do Alentejo.

A iniciativa é promovida pelo Deputado Carlos Brás e pela A. Certifica (organismo de certificação de produções artesanais tradicionais) e estará patente até dia 13 de outubro.

Estremoz e os Bonecos de Estremoz são uma referência na Assembleia da República!

O Município de Estremoz agradece ao Mestre Jorge da Conceição a sua presença ao longo dos três dias de Exposição, enquanto representante desta arte!

Hernâni Matos


Mestre Jorge da Conceição tendo à sua esquerda, o Presidente da Câmara Municipal de
Estremoz, José Daniel Sádio e à sua direita, sucessivamente, a Vice-Presidente da Câmara
Municipal de Estremoz, Sónia Caldeira e os deputados pelo Círculo Eleitoral de Évora, Norberto
Patinho e Capoulas Santos.

Um aspecto parcial da exposição. 

sábado, 7 de outubro de 2023

José Saramago, Prémio Nobel há 25 anos


José Saramago a receber o Prémio Nobel entregue por Carlos Gustavo da Suécia.
Foto "FLT-PICA".

A 7 de Outubro de 1998, José Saramago (1922-2010) torna-se o primeiro autor de língua portuguesa a ser galardoado com o Prémio Nobel de Literatura, o qual lhe viria a ser entregue a 10 de Dezembro desse ano, em Estocolmo, pelo rei Carlos Gustavo da Suécia.
Segundo a Academia Sueca, responsável pela atribuição do Prémio, Saramago recebe-o por uma obra "…cujas parábolas, respaldadas por imaginação, piedade e ironia, nos permitem apreender de forma contínua uma realidade ilusória.".
Sobre a atribuição do Nobel a Saramago muito foi dito. Destacamos apenas: ”Por tudo quanto escreveu e como escreveu, a justiça do Prémio Nobel a José Saramago é devida e justificada. Afora a regularidade da sua produção, a maneira singular de transformar o comum em essencial, no que tange ao mais profundo, dramático e impronunciável do ser humano; a provocadora e instigante forma de repensar a história e de projectar o futuro, fazem-no merecedor do Prémio - o primeiro concedido a um escritor de Língua Portuguesa.” (Maria de Lourdes Simões, ensaio publicado em “A Tarde Cultural”. Salvador, 5 de Dezembro de 1998).
Antes de ter sido agraciado com o Prémio Nobel da Literatura, José Saramago já ganhara em 1991 o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores com o romance “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” e em 1986, o Prémio Camões por toda a sua obra.
A obra de Saramago é vasta e diversificada, distribuindo-se por múltiplos géneros literários: ROMANCES - Terra do Pecado (1947), Manual de Pintura e Caligrafia (1977), Levantado do Chão (1980), Memorial do Convento (1982), O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), História do Cerco de Lisboa (1989), O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), Ensaio Sobre a Cegueira (1995), Todos os Nomes (1997), A Caverna (2000), O Homem Duplicado (2002), Ensaio Sobre a Lucidez (2004), As Intermitências da Morte (2005), A Viagem do Elefante (2008), Caim (2009), Clarabóia (2011). POESIA – Os Poemas Possíveis (1966), Provavelmente Alegria (1970), O Ano de 1993 (1975). VIAGENS – Viagem a Portugal (1983). PEÇAS TEATRAIS – A Noite (1979), Que Farei com Este Livro? (1980), A Segunda Vida de Francisco de Assis (1987), In Nomine Dei (1993), Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido (2005). CONTOS – Objecto Quase (1978), Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido (1979), O Conto da Ilha Desconhecida (1997). CRÓNICAS – Deste Mundo e do Outro (1971), A Bagagem do Viajante (1973), As Opiniões que o DL Teve (1974), Os Apontamentos (1977). LITERATURA INFANTIL - A Maior Flor do Mundo (2002). DIÁRIO E MEMÓRIAS – Cadernos de Lanzarote (I-V) (1994), As Pequenas Memórias (2006).
Sobre o estilo inconfundível de José Saramago afirmaram: “José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correcção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialéctica, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores.” (Revista “Entre livros, nº 23. Editora Duetto, São Paulo (2007), citada pela Wikipédia).
Passemos em revista algumas opiniões sobre as obras essenciais de Saramago: LEVANTADO DO CHÃO - “A epopeia dos trabalhadores alentejanos, a elucidação da reforma agrária, a narrativa dos casos, conhecidos ou não, que fizeram do Alentejo um mar seco de carências, privações, torturas, sangue e uma impossibilidade de viver.” (Alzira Seixo em "O Essencial sobre Saramago.”. “Um comunista escrever sobre o Alentejo é tão óbvio com um “tio” escrever sobre os gelados Santini. Saramago encontrou a sua voz neste romance sobre trabalhadores rurais mas poderia ter escrito sobre operários da Lisnave.” (Bruno Amaral – Crítico literário do diário “i”.). MEMORIAL DO CONVENTO - “Certamente o mais celebrado, estudado e discutido dos romances de Saramago” (Carlos Reis). “Um romance histórico inovador no contexto da literatura mundial” (José Luís Peixoto no “JORNAL DE LETRAS”). “Não diga a ninguém que nunca leu. Há um Baltazar, uma Blimunda e um Bartolomeu, um rei megalómano com um interesse pouco cristão por freiras e um fascínio por edifícios faraónicos e um tanto inúteis” (Bruno Amaral – Crítico literário do diário “i”.). "O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS" (1984) - “Cada vez mais o meu romance preferido, do conjunto da obra saramaguiana” (Carlos Reis). “Um labirinto construído sobre outro labirinto, a forma brilhante, brilhante como a ficção se aproxima de um tempo real” (José Luís Peixoto no “JORNAL DE LETRAS”). “Um romance onde Saramago elabora conjecturas fecundas para a compreensão de uma época ou de uma figura” (Alzira Seixo). “Quatro anos antes do centenário do nascimento de Fernando Pessoa, Saramago “matou” o heterónimo Ricardo Reis, aquele rapaz que preferia ficar de mãos dadas com Lídia em vez de trocar carícias” (Bruno Amaral – Crítico literário do diário “i”.). "HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA" (1989) - “Um dos enredos mais bem imaginados da literatura portuguesa” (José Luís Peixoto no “JORNAL DE LETRAS”). "O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO" (1991) - “O Evangelho segundo Jesus Cristo contém uma história que todos conhecemos. E contém cenas e afirmações que há alguns anos atrás teriam lançado o autor na fogueira, sem direito a sepulcro. O escritor toma para si liberdades que são a substância da criação, e comporta-se, na invenção do seu mundo, como Deus. Este é o evangelho segundo Saramago...” (Clara Ferreira Alves, no “Expresso”). “Um Jesus Cristo humano, demasiado humano, um diabo simpático e um Deus insuportável. Com este romance, Saramago despertou a fúria dos católicos e ofereceu ao país um personagem inesquecível: Sousa Lara.” (Bruno  Amaral – Crítico literário do diário “i”.). "ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA" (1995) - “Quase em ritmo e registo de ficção científica, Ensaio sobre a Cegueira mantém, na escrita de José Saramago e na sua aventura romanesca, uma dimensão rara e singular na actual literatura portuguesa: a constante demanda de um laço que prenda o romance à arte de questionar e que, daí, exija o lugar de uma ética mais profunda que a própria arte de pensar. Como se o romance fosse, e nunca tivesse deixado de ser, uma interrogação sobre o mundo como ele é e como ele devia ser.” (Francisco José Viegas na “Visão”) “Ensaio sobre a Cegueira, de alguma forma representou o início de uma nova fase na obra de Saramago. E, decerto não por acaso, foi depois dele que se passou a falar ainda mais da grande possibilidade de, com inteira justiça, lhe ser atribuído o Nobel.” (José Carlos de Vasconcelos no “JORNAL DE LETRAS”). “A cegueira como metáfora e como factor que desencadeia o mais primitivo e brutal que a Humanidade carrega. A única personagem que resiste à epidemia é a mulher de um médico: a burguesia é sempre privilegiada.” (Bruno  Amaral – Crítico literário do diário “i”.). AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE - “São livros como este que nos tocam fundo, nos desarmam e nos deixam sem resposta. Apenas sabemos que na morte e no seu compromisso para com a humanidade reside o medo atávico do desconhecido, do vazio, algures numa hora e num lugar dentro de nós.” (Luísa Mellid-Franco no Expresso). POESIA COMPLETA – “Uma edição bilingue saída em Espanha, essencial na sua obra. Quem a ler perceberá porquê.” (José Manuel Mendes, da Associação Portuguesa de Escritores).
Sobre o conjunto da obra de Saramago também muito foi escrito. Destacamos apenas algiumas opiniões:
“Com José Saramago a Língua Portuguesa jorrou de potencialidades incomensuráveis, de rebeldia, de fascínio e emoção. A obra de Saramago expulsa as certezas, questiona o país e o mundo na procura de quem somos e porque estamos aqui. A obra de Saramago rejeita as verdades únicas, desafia as fronteiras das convenções sociais e artísticas. Por tudo isto, quando soou a hora da despedida, emergiram nas mãos dos leitores e leitoras anónimas, os livros, as histórias, as personagens que ficam mais sós, porque… … …”Um dia vou deixar de estar aqui”, Saramago.” (Luísa Mesquita, autora da primeira tese académica sobre a obra de Saramago).
“A sua obra, apesar de controversa, é uma referência do exercício mais pleno de liberdade. Destaco o carácter insubordinado e insurrecto de José Saramago, embora tenha discordado de algumas atitudes de maior intolerância. Saramago morreu depois de uma vida cheia, pode dizer “confesso que vivi” como o livro de Pablo Neruda. Só os escrivães recolhem unanimismo. Fica-me na memória o “Memorial do Convento”, um livro que só nos acontece uma vez na vida.” (Moita Flores no “Jornal do Ribatejo”).
“… é quase sempre admirável a maneira como Saramago desenvolve uma linguagem literária que, logo à partida, pretenderia aproximar-se de uma oralidade ideal e primordial, a partir da qual todos os planos da narrativa se diferenciam e na qual todos voltam depois a convergir. Esta técnica singular ter-se-á por vezes tornado num dos seus maneirismos, mas é extremamente eficaz em muitos casos.” (Vasco da Graça Moura no DIÁRIO DE NOTÍCIAS).
José Saramago é um dos escritores portugueses mais lidos e traduzidos no estrangeiro. A sua obra foi publicada em 75 países: Albânia, Alemanha, Argentina, Áustria, Bangladesh, Bósnia-Herzegovina, Brasil, Bulgária, Canadá, China (mandarim, cantonês), Colômbia, Coreia do Sul, Croácia, Cuba, Dinamarca, Emiratos Árabes Unidos, Eslováquia, Eslovénia, Espanha (castelhano, catalão, valenciano, euskera), Estados Unidos da América, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Guatemala, Hungria, Índia (índi, malayam, bengalí), Irão (farsi), Iraque, Islândia, Israel, Itália (italiano, sardo), Japão, Letónia, Lituânia, Macedónia, México, Montenegro, Noruega, Países Baixos, Perú, Polónia, Reino Unido, República Checa (checo, eslovaco), República Dominicana, Roménia, Rússia, Sérvia, Síria, Suécia, Suíça, Tailândia, Taiwan, Turquia, Uruguai, Qatar, Egipto, Vietnam, Holanda.
Os livros de José Saramago foram traduzidos para 48 idiomas: Albanês, alemão, árabe, azerbaijano, bengali, búlgaro, cantonês, castelhano, catalão, checo, coreano, croata (alfabeto latino), dinamarquês, eslovaco, esloveno, esperanto, euskera, farsi, finlandês (suomi), francês, georgiano, grego, hebraico, hindi, holandês, húngaro, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, malabar, malaio, mandarim, norueguês, polaco, romeno, russo, sardo, sérvio (alfabeto cirílico), sueco, tailandês, tamil, turco, ucraniano, valenciano e vietnamita.

Foi há 25 anos que Saramago recebeu o Prémio Nobel da Literatura. Parece que foi ontem.


BIBLIOGRAFIA
José Saramago a ser aplaudido após ter recebido o Prémio Nobel.
Foto "Diário de Notícias". 


José Saramago mostrando o galardão com que foi distinguido.
Foto "Fundação José Saramago". 

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Bonecos de Estremoz de Vera Magalhães

 

Vera Magalhães no seu espaço de trabalho.


"TRADIÇÃO E CULTURA“ é o título da exposição de Bonecos de Estremoz da barrista Vera Magalhães, inaugurada no Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz, no passado sábado, dia 9 de Setembro, pelas 11 horas e que ali ficará patente ao público até ao próximo dia 26 de Novembro.
A exposição visa dar-nos uma ideia da actividade da artesã ao longo do seu percurso entre 2020 e 2023, para o que recorre a cerca de 40 figuras, repartidas por distintas tipologias
; - IMAGENS DEVOCIONAIS: Andor do Senhor dos Passos, Fuga para o Egipto, Nossa Senhora da Conceição, Rainha Santa Isabel; - PRESÉPIOS: Presépio de 9 figuras; - FIGURAS DA FAINA AGRO-PASTORIL NAS HERDADES ALENTEJANAS: Ceifeira, Mulher a dobar, Mulher das galinhas, Mulher dos enchidos, Mulher dos perus, Pastor das migas, Pastor de tarro e manta, Pastor debaixo da árvore, Queijeira; - FIGURAS QUE TÊM A VER COM A REALIDADE LOCAL: Aguadeiro, Homem do harmónio, Lanceiro com bandeira, Leiteiro, Mulher a vender chouriços, Mulher das castanhas; - FIGURAS INTIMISTAS QUE TÊM A VER COM O QUOTIDIANO DOMÉSTICO: Mulher a lavar a roupa, Senhora a servir o chá, Senhora à varanda, Senhora ao toucador; - FIGURAS DE NEGROS: Reis negros (3); - FIGURAS ALEGÓRICAS: Amor é cego, Primavera (3); - ASSOBIOS: Galinha no cesto com flores, Galo na cadeira, Galo no pinheiro, Galo no poleiro (2); - GANCHOS DE MEIA: Bispo, Palhaço, Sacristão; - OLARIA ENFEITADA: Cantarinha enfeitada (2), Castiçal (2), Pucarinho enfeitado (1);

“TRADIÇÃO” E CULTURA” é a primeira exposição individual de Vera Magalhães, que com ela se sente realizada pessoalmente, uma vez que o convite para expor é um corolário natural da sua certificação como barrista produtora de Bonecos de Estremoz, reconhecimento que lhe foi conferido pela Adere-Certifica em 2023. Anteriormente à presente exposição, a artesã já participara em exposições colectivas temáticas, promovidas pelo Museu Municipal de Estremoz e pelo Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz.


Publicado inicialmente a 27 de Setembro de 2023
Fotografias de Vera Magalhães


Presépio de 9 figuras.

Fuga para o Egipto. 

Senhor dos Passos.

Rainha Santa Isabel.

Ceifeira.

Pastor de tarro e manta.

Pastor das migas.

Pastor debaixo da árvore.

Mulher das galinhas.

Mulher dos perus.

Queijeira.

Mulher a dobar.

Aguadeiro.

Leiteiro.

Mulher das castanhas.

Mulher a vender chouriços.

Homem do harmónio.

Mulher a lavar a roupa.

Senhora a servir o chá.

Senhora no toucador.

Senhora à varanda.

Reis negros.

Amor é cego.

Primavera.

Primavera.

Primavera.

Assobios.

Cantarinha.

Pucarinho