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sábado, 12 de novembro de 2011

Tomaz Alcaide homenageado em Estremoz


Tomaz Alcaide (1901-1967)
Aqui retratado por Max, em 1936, em Bruxelas.


TOMAZ ALCAIDE HOMENAGEADO EM ESTREMOZ
Teve lugar hoje em Estremoz uma Homenagem a Tomaz Alcaide (1901-1967), cantor lírico português de projecção internacional, que teve como berço natal a cidade de Estremoz e cuja fama projectou o nome da sua terra para além do âmbito restrito das suas fronteiras, pelas quatro partidas do Mundo.
A iniciativa pertenceu a sua viúva Asta-Rose Alcaide, à qual se associou o Município de Estremoz. A Homenagem a Tomaz Alcaide teve início pelas 15 horas na Igreja dos Congregados, tendo assumido a seguinte forma:
- Leitura de um texto de Santo Agostinho, pelo Dr. Fernando Carvalho, com acompanhamento musical executado pela Banda da Sociedade Filarmónica Artística Estremocense;
- Actuação do Orfeão de Estremoz "Tomaz Alcaide";
- Actuação do Orfeão do Colégio Militar;
- Breve biografia de Tomaz Alcaide, pelo Dr. Mário Moreau;
- Actuação da Banda da Sociedade Filarmónica Artística Estremocense;
- Palavras do senhor Presidente da Assembleia Municipal de Estremoz, Martinho Torrinha;
- Entrega da Medalha de Ouro de Mérito Municipal atribuída postumamente a Tomaz Alcaide, a sua viúva senhora Dona Asta-Rose Alcaide. A entrega foi feita pele senhor Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Luís Mourinha.
- Palavras de Dona Asta-Rose Alcaide.
Encerrada a cerimónia na Igreja dos Congregados, a urna com as cinzas de Tomaz Alcaide foi transportada pela Guarda de Honra do colégio Militar, em cortejo, desde a Igreja dos Congregados até ao Monumento a Tomaz Alcaide, local onde a Banda da Sociedade Filarmónica Artística Estremocense tocou o Hino Nacional, acompanhada pelo público e entidades presentes. As cinzas de Tomaz Alcaide foram então depositadas na base do monumento erigido em sua honra, frente à casa onde nasceu.

Publicado inicialmente em 12 de Novembro de 2011









HOMENAGENS ANTERIORES
Estremoz, já tivera oportunidade de mostrar o seu reconhecimento e gratidão pela vida e pela obra do seu filho ilustre: atribuição do seu nome ao Orfeão local de que é patrono, atribuição do seu nome a uma Avenida, construção de um Monumento em sua memória, criação de um Festival de Canto com o seu nome. Mas o reconhecimento nunca é de mais, quando o exemplo de vida e obra são gigantes, quando os estremocenses se revêem na projecção telúrica que teve o seu conterrâneo, há muito cidadão do Mundo e que por isso mesmo tem na Catedral de Washington uma pedra com o seu nome, a perpetuar a sua memória de grande intérprete e cantor, homenagem de admiradores americanos ao saberem da sua morte.

A HOMENAGEM DE 2001
De salientar que a distinção agora entregue à senhora Dona Asta-Rose Alcaide foi fruto de uma decisão da Assembleia Municipal de Estremoz, que reunida em sessão plenária no dia 23 de Fevereiro de 2001, deliberou que em cerimónia pública e ao abrigo do Regulamento de Distinções Honoríficas, fosse atribuído postumamente ao cantor lírico estremocense Tomaz Alcaide, o título de cidadão honorário de Estremoz e a medalha de ouro da cidade. Deliberou ainda que no Foyer do Teatro Bernardim Ribeiro, fosse descerrada uma placa comemorativa do 1º Centenário do Nascimento do cantor. O descerramento da placa decorreu no dia 27 de Abril de 2001, mas o resto da decisão da Assembleia Municipal estava por executar, o que agora foi feito.
Sob a égide do cantor decorreram também em Estremoz, de 27 de Abril a 1 de Maio de 2001, a Exposição Filatélica Inter-Regional "ESTREMOZ 2001" e a Exposição Filatélica Luso-Espanhola "FILAMOZ 2001" de Filatelia Tradicional e de Filatelia Temática", que tiveram lugar nos ginásios da Escola Secundária da Rainha Santa Isabel. O acto inaugural das exposições assumiu a forma de uma sessão solene realizada no dia 27 de Abril, no Teatro Bernardim Ribeiro, em cujo átrio funcionou um posto de correio que em toda a correspondência apresentada para o efeito, apôs um carimbo comemorativo com o busto de Tomaz Alcaide. Na ocasião, foram postos a circular pelos Correios de Portugal, inteiros postais comemorativos do 1º Centenário do Nascimento de Tomaz Alcaide, com design de Sofia Martins e onde aparece em primeiro plano Tomaz Alcaide no papel de Rigoletto. Em segundo plano, o busto do cantor fotografado em 1936, por Max, em Bruxelas.

TOMAZ ALCAIDE – CANTOR LÍRICO
A carreira de Tomaz Alcaide como cantor lírico decorreu por cerca de 22 anos, de 1924 a 1948 e projectou-o com extraordinário brilho na cena lírica internacional, com repetidas actuações no famoso Scala de Milão, San Carlo, de Nápoles, Real de Roma, Ópera de Paris, Ópera Estadual de Viena, Festivais de Salzburgo, Teatro Real de La Monnaie, em Bruxelas, e enfim, na generalidade dos mais importantes teatros da Europa e da América do Norte e do Sul.
Alcaide foi uma grande vedeta internacional da Ópera, graças aos atributos excepcionais de que dispunha e que lhe permitiram guindar-se rapidamente ao mais elevado nível e cotação internacionais. Dotado de uma bela e inconfundível voz de tenor lírico, conduzida por uma técnica superior de respiração, as suas interpretações atingiram rara beleza e adequação ao estilo musical e carácter das personagens que desempenhava. Se aliarmos a todos esses dons, um árduo estudo e uma figura ideal para a representação das personagens do seu repertório, um cuidado extremo na indumentária e na caracterização e um verdadeiro talento de actor, teremos a explicação cabal do seu sucesso. Alcaide utilizava todas as possibilidades dinâmicas e cromáticas da sua voz como meio expressivo ao serviço da interpretação musico-dramática. Alcaide cantava em português, espanhol, italiano, francês, inglês e alemão, línguas que lhe eram familiares.
Mas as preocupações artísticas e culturais de Alcaide não se confinaram aos cuidados com a sua imagem de grande intérprete internacional. Ainda no auge da sua carreira, começou a manifestar por actos, a preocupação crescente pelo estado de coisas completamente negativo que se verificava entre nós no que respeita à organização de um teatro lírico internacional. Assim, em 1937, apresentou um primeiro plano para a organização e nacionalização do nosso teatro lírico, que previa entre outras medidas, o ensino e o profissionalismo. Este plano falhou na altura, por falta de apoios necessários.
Alcaide gravou vários discos, nomeadamente para a Columbia e rodou filmes em Portugal e em França.
A partir de 1962, desempenhou o lugar de Mestre de Canto, interpretação e cena da Companhia Portuguesa de Ópera do Teatro da Trindade, onde desde o início imprimiu aos trabalhos um clima de seriedade, exigência artística, competência e dedicação.
Tomaz Alcaide deu à Companhia Portuguesa de Ópera, o sentido da dignidade artística feito da exigência de um nível elevado, do constante apelo à necessidade de uma representação dramática adequada e moderna, de uma montagem e encenação dos espectáculos de acordo com a índole dos textos, enfim, a consciência clara de que a Ópera é um espectáculo de síntese que só poderá perdurar no coração do público quando o binómio músico-dramático que a define, tenha plena realização.
Além do ensino de canto e interpretação, devem destacar-se as suas encenações, das quais ainda hoje são consideradas como paradigmáticas as das Óperas “Bhoéme” e “Weerther”.
Posteriormente, a sua lição, o seu exemplo e as suas ideias foram seguidas e o teatro lírico português profissionalizou-se e nacionalizou-se com os seus corpos artísticos organizados e qualificados: Companhia Residente de Cantores Nacionais, Orquestra, Coro, Companhia de Bailado e Corpos Técnicos.
Tomaz Alcaide pertenceu ao reduzido número de artistas portugueses cuja actuação era solicitada, e não tolerada, pelos mais exigentes promotores de espectáculos, no plano internacional.
No consenso dum sem número de melómanos e críticos de há poucas dezenas de anos, era o protagonista sem rival dum ”Fausto” de Gonot e dum “Pescador de Pérolas” de Bizet.
Um dos traços marcantes da personalidade de Tomaz Alcaide foi sem dúvida o seu ardente portuguesismo, que se manifestou sempre por acções e palavras, no que fez e no que escreveu, como aconteceu no seu livro de memórias “Tomaz Alcaide, Um cantor no Palco e na Vida”, dado à estampa em 1961. Foi assim que recusou a naturalização italiana, que lhe era oferecida por ocasião da guerra da Abissínia, única forma de poder continuar a extraordinária carreira que estava a fazer em Itália, e que assim perdeu, o que não o impediu contudo de atingir o mais elevado nível na cena lírica internacional. Deste modo, Tomaz Alcaide faz não só parte da Cultura Musical Portuguesa, como da Cultura Musical Mundial.
Publicado inicialmente em 12 de Novembro de 2011


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A Portuguesa

Por ocasião do Ultimato Inglês de 1890, Henrique Lopes de Mendonça (1856-1931)  escreveu, com música de Alfredo Keil (1850-1907), “A Portuguesa”, marcha fremente e empolgante, de intensa expressão patriótica que se tornou um sucesso e se popularizou em todo o país, por interpretar fielmente o sentimento patriótico de revolta contra o ultimato que a Inglaterra, em termos altivos e vexatórios, impusera a Portugal.

Versão inicial da letra e música de “A Portugueza”.

De salientar que a proclamação "contra os canhões, marchar, marchar", presente no refrão, é uma versão rectificada da letra original na qual se apregoava "contra os bretões, marchar, marchar", uma vez que o hino tinha sido produzido para reagir ao ultraje inglês.
Todavia, a marcha que fora concebida para unir os portugueses em torno de um sentimento comum, foi cantada pelos revolucionários de 31 de Janeiro de 1891, pelo que a partir daí a Monarquia proibiu a sua execução em actos oficiais e solenes.

31 de Janeiro, proclamação da República no Porto - 1891. A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
DAS JANELLAS DA CAMARA MUNICIPAL. Gravura de Bertrand Dete in in A Ilustração,
Paris 1891, vol. 3, p. 73.

Quando da implantação da República em 1910 "A Portuguesa" emerge espontaneamente de novo, sendo tocada e cantada nas ruas de Lisboa, tornando-se na sua versão completa, um consagrado símbolo nacional. A Assembleia Constituinte de 19 de Junho de 1911, que aprovou a Bandeira Nacional, proclamou "A Portuguesa" como Hino Nacional.

 Versão actual da letra e música de “A Portuguesa”.

Em 1956, constatando-se a existência de algumas variantes do Hino, não só em termos melódicos como nas instrumentações, especialmente para banda, o Governo nomeou uma comissão encarregada de estudar a versão oficial de "A Portuguesa", a qual elaborou uma proposta que seria aprovada através da resolução do Conselho de Ministros publicada no Diário do Governo, 1ª série, nº 199, de 4-9-1957. Esta versão oficial é a que está actualmente em vigor. A letra foi simplificada, tendo sido elaborada a versão para grande orquestra sinfónica, da autoria de Frederico de Freitas, e, a partir desta, a versão para grande banda marcial, pelo major Lourenço Alves Ribeiro.

Publicado em 6 de Outubro de 2010