CUIDADO COM AS PINGAS!
Óleo sobre tela (212,2 x 276,2 cm ). Art Institute of Chicago, Chicago, USA.
As letras são sementes donde germinam palavras, que
são tijolos com que se arquitectam frases com as quais se constroem textos
mensageiros.
Contra o abastardamento preconizado pelo famigerado
(des)acordo ortográfico, a Língua Portuguesa luta e resiste com pujança,
argúcia e beleza.
A recomendação “Cuidado com as pingas!” é um aviso
de que a chuva molha (Fig. 1). Em contrapartida, a expressão “Cuidado com a pinga!” é
uma advertência de que o vinho embriaga (Fig. 2). Bastou substituir o plural pelo
singular, para que a água se transformasse em vinho. O “s” desempenhou aqui o
papel de Cristo nas Bodas de Caná (*). Tal a riqueza da Língua Portuguesa.
(*) As Bodas de Caná são um episódio bíblico relatado
no Evangelho de São João (João 2:1-11), no decurso do qual Jesus transformou a
água em vinho, o que é considerado como o primeiro dos seus milagres.
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