adivinhas e de outras formas de Cultura Popular, que
ainda se continua a publicar.
É sabido que sou um estudioso da
Cultura Popular. Em particular interessa-me todo o tipo de Literatura de
Tradição Oral. A ela pertencem o cancioneiro popular, o adagiário, o
adivinhário, a gíria popular, os trava línguas, as lengalengas, as parlendas, as
alcunhas, a antroponímia e a toponímia.
Ao longo do
tempo tenho integrado na minha biblioteca pessoal, os espécimes dessa
literatura, que vou conhecendo e adquirindo nos alfarrabistas. Como tal, neste
como noutros domínios, a minha biblioteca está em permanente construção. Por
isso encontrar uma nova fonte bibliográfica de que não dispunha, constitui
sempre um momento de prazer muito especial.
Por outro lado, existe ainda o prazer redobrado
porque inesperado, de chegar ao meu conhecimento por transmissão oral, um
exemplar desconhecido e que ainda não tinha sido fixado no papel, para ser
perpetuado no tempo e transmitido a toda a comunidade.
Nutro um gosto especial pelas adivinhas que nos
eram ensinadas pelos familiares nas longas noites de Inverno e se seroava. Não
havia ainda televisão e muito menos Internet ou redes sociais. Conversava-se à
braseira ou à lareira e partilhava-se com os outros aquilo que se sabia.
Estamos longe desses tempos, mas é possível suprir essa lonjura recorrendo a
compilações de adivinhas como as de Teófilo Braga, José Leite de Vasconcellos,
Alberto Vieira Braga, Augusto Castro Pires de Lima, Fernando de Castro Pires de
Lima, Manuel Viegas Guerreiro e José Viale Moutinho.
Foi com alegria que recentemente tomei conhecimento
duma adivinha que me foi transmitida pelo senhor Zé dos bois e que de seguida
formulo:
O indivíduo não é gerente comercial, nem director
de marketing.
O sujeito não é relações públicas, nem tampouco
chefe de vendas.
A criatura não é chefe da contabilidade, nem mesmo
fiel de armazém.
O fulano não é afinador de motores e muito menos
bate-chapas.
O fulano não é pintor de carroçarias, nem sequer
lavador de carros.
O beltrano não é limpador de vidros, tal como não é
arrumador de carros.
O sicrano não é empregado da limpeza, nem ao menos
segurança.
Aquilo não é a TV pelo que a figura não pode ser a
do emplastro.
O que é então?
Adivinhe quem for capaz.
Adivinhe quem for capaz.
Cronista do E, estudioso da Cultura Popular e tudo.
(Texto publicado no jornal E nº 198, de 19-04-2018)
(Texto publicado no jornal E nº 198, de 19-04-2018)
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