Da esquerda para a direita: Luís Mourinha (Presidente da Câmara Municipal de
Estremoz),
Manuel António Gonçalves de Jesus (Embaixador de Portugal na República
da Coreia),
António Ceia da Silva (Presidente do Turismo do Alentejo) e Hugo Guerreiro (Director do
Museu Municipal e autor da Candidatura). Fotografia reproduzida
com a devida vénia,
a partir do Facebook de António Ceia da Silva.
Como era expectável, a inscrição da
"Produção de Figurado em Barro de Estremoz" na Lista Representativa
do Património Cultural Imaterial da Humanidade, foi aprovada no decurso da 12.ª
Reunião do Comité Intergovernamental da UNESCO para a Salvaguarda do Património
Cultural Imaterial, que entre 4 e 9 de Dezembro decorreu no Centro
Internacional de Convenções Jeju, na ilha de Jeju, na República da Coreia.
Reconhecimento planetário
A inscrição do figurado de barro de Estremoz na
Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, é o
reconhecimento planetário do labor e criatividade dos barristas do passado e do
presente, que com as suas mãos mágicas e desde as bonequeiras de setecentos,
transmitiram de geração em geração e até à actualidade, uma manufactura “sui
generis” de figurado de barro, dita ao “modo de Estremoz”. Todavia, cabe também
aqui denunciar aqueles que numa atitude minimalista, centram exclusivamente o
mérito da classificação dos bonecos de Estremoz pela UNESCO nos artesãos, o que
não é correcto, nem tão pouco justo. O merecimento da classificação é similarmente e com grande peso
específico, o reconhecimento do mérito visionário do escultor José Maria de Sá
Lemos (1892-1971), director nos anos 30-40 do século passado, da Escola
Industrial António Augusto Gonçalves, de Estremoz. Foi ele que com a sua
reconhecida perseverança, recorrendo a ti Ana das Peles [Ana Rita da Silva
(1870-1945)] primeiro e a Mariano da Conceição (1903-1959) depois, deu um
contributo decisivo para a revitalização da manufactura dos bonecos de Estremoz,
então praticamente extinta. Sem ele não existiriam hoje bonecos de Estremoz.
Por outro lado, tal inscrição não seria possível
sem o esforço de estudiosos, investigadores, escritores e publicistas que não
deixaram morrer a memória dos bonecos de Estremoz. Cito de uma forma
simplificada: Luís Chaves, D. Sebastião Pessanha, Virgílio Correia, Azinhal
Abelho, Solange Parvaux, Joaquim Vermelho e outros.
O mérito da classificação pela UNESCO cabe ainda a
coleccionadores, dos quais o mais destacado é Júlio dos Reis Pereira, que ao
longo de décadas foram reunindo, catalogando, estudando, comparando e
interpretando espécimes, que viabilizaram a apresentação de uma candidatura
pelo Município de Estremoz.
O mérito da classificação cabe igualmente e isso é
muito importante, ao director do Museu Municipal de Estremoz, Hugo Guerreiro,
que despoletou e argumentou a candidatura, a qual veio a ter êxito e que
corresponde ao primeiro figurado do mundo a merecer a distinção de Património
Cultural Imaterial da Humanidade.
Consequências da inscrição
A inscrição da "Produção de Figurado em Barro
de Estremoz" na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da
Humanidade, permitirá que os bonecos de Estremoz possam ser portadores de um
selo certificador dessa condição. Para além disso, a cidade de Estremoz passará
a integrar a rota do Património Cultural Imaterial da Humanidade. Daqui
resultará um previsível incremento do turismo cultural, com reflexos
importantes em termos da economia local.
Delegação portuguesa na Coreia
A delegação portuguesa que viajou até à Coreia em
apoio da candidatura portuguesa foi numerosa e incluiu: - EMBAIXADOR DE
PORTUGAL NA REPÚBLICA da COREIA: Manuel António Gonçalves de Jesus; - DELEGAÇÃO
ESTREMOCENSE: Luís Mourinha (Presidente da Câmara Municipal), Maria Helena
Mourinha (Coordenadora da Biblioteca Municipal), Nuno Rato (Presidente da
Assembleia Municipal), António Serrano (Chefe de Gabinete do Presidente da
Câmara), Sílvia Dias (Vereadora da Câmara Municipal), Márcia Oliveira
(Vereadora da Câmara Municipal), Amélia Frazão Moreira (Antropóloga,
Investigadora do CRIA [Centro em Rede de Investigação em Antropologia] da
Universidade Nova de Lisboa. Áreas de Investigação: Antropologia, Antropologia
do Ambiente, Etnobotânica / Etnobiologia / Etnoecologia e Contextos Africanos.
Membro do Órgão de Avaliação da Convenção da Salvaguarda do Património Cultural
Imaterial da UNESCO, para os ciclos de 2015 a 2018), Hugo Guerreiro (Director do Museu
Municipal e autor da Candidatura), Jorge Conceição Palmela (Artesão) e Perpétua
Sousa (Artesã); - DELEGAÇÃO DO TURISMO DO ALENTEJO: Presidente (António Ceia da
Silva), Técnicos de Turismo (Felício Florentino, Leonor Nobre, Maria Ricardo,
Raul Pereira e Vítor Silva) e jornalistas: LUSA (Hugo Teixeira), RTP (Ismael
Pratas e Paulo Nobre), SIC (Hugo Milhinhos) e TVI (Carla Correia e Rui Rocha).
Património cultural imaterial português reconhecido pela UNESCO
A Lista Representativa do Património Cultural
Imaterial da Humanidade regista até ao presente, as seguintes inscrições
portuguesas: - 2011 - FADO; - 2013 - DIETA MEDITERRÂNICA (envolvendo Chipre,
Croácia, Espanha, Grécia, Itália e Portugal); - 2014 - CANTE ALENTEJANO; - 2016
- FALCOARIA, UMA HERANÇA HUMANA VIVA (envolvendo Emiratos Árabes Unidos,
Áustria, Bélgica, República Checa, França, Alemanha, Hungria, Itália,
Cazaquistão, República da Coreia, Mongólia, Marrocos, Paquistão, Portugal,
Qatar, Arábia Saudita, Espanha e República Árabe da Síria); 2017 - PRODUÇÃO DE
FIGURADO EM BARRO DE ESTREMOZ.
Por sua vez, a Lista de Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente arrola até à actualidade, as seguintes inscrições portuguesas: - 2015 - FABRICO DE CHOCALHOS; - 2016 - FABRICO DA CERÂMICA NEGRA DE BISALHÃES.
Quando há empenhamento e trabalho para determinada causa, neste caso , os bonecos de Estremoz , é possivel obter bons resultados .
ResponderEliminarNeste caso ficaram mais valorizados os artesãos , a cidade de Estremoz , o Alentejo e o País .
Parabéns a todos .
Armando:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Cumprimentos.