Imagem recolhida em http://arpose.blogspot.pt/
LER AINDA
No número anterior deste jornal, defendi a
candidatura das touradas a Património Cultural Imaterial da Humanidade, o que
deixou algumas pessoas perplexas, por pensar que tal proposta não era compatível
com o conceito de Património Cultural Imaterial da Humanidade.
O que diz a
UNESCO
Para a compreensão do conceito de Património
Cultural Imaterial, há que ter em conta a CONVENÇÃO PARA A SALVAGUARDA DO
PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL, aprovada a 17 de Outubro de 2003, pela Conferência
Geral da UNESCO reunida em Paris. A Convenção no seu Capítulo I – DISPOSIÇÕES
GERAIS, tem dois artigos que importa aqui destacar: “ARTIGO 1º: FINALIDADES DA CONVENÇÃO. As finalidades da presente
Convenção são: (a) a salvaguarda do património cultural imaterial; (b) o
respeito do património cultural imaterial das comunidades, grupos e indivíduos
envolvidos; (c) a sensibilização a nível local, nacional e internacional para a
importância do património cultural imaterial e da sua apreciação recíproca; (d)
a cooperação e assistência internacionais. ARTIGO 2º: DEFINIÇÕES. Para efeitos
da presente Convenção, 1. Entende-se por “património cultural imaterial” as
práticas, representações, expressões, conhecimentos e competências – bem como
os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes estão
associados – que as comunidades, grupos e, eventualmente, indivíduos reconhecem
como fazendo parte do seu património cultural. Este património cultural
imaterial, transmitido de geração em geração, é constantemente recriado
pelas comunidades e grupos em função do seu meio envolvente, da sua interacção
com a natureza e da sua história, e confere-lhes um sentido de identidade e de
continuidade, contribuindo assim para promover o respeito da diversidade
cultural e a criatividade humana. Para efeitos da presente Convenção, só será
tomado em consideração o património cultural imaterial que seja compatível com
os instrumentos internacionais relativos aos direitos humanos existentes, bem como
com a exigência do respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos, e de
um desenvolvimento sustentável. 2. O “património cultural imaterial” tal como é
definido no parágrafo I supra, manifesta-se nomeadamente nos seguintes
domínios: (a) tradições e expressões orais, incluindo a língua como vector do
património cultural imaterial; (b) artes do espectáculo; (c) práticas
sociais, rituais e actos festivos; (d) conhecimentos e usos relacionados com
a natureza e o universo; (e) técnicas artesanais tradicionais.”
As touradas
em Portugal
O toureio a cavalo remonta à Idade Média, como nos
relata Fernando Teixeira no seu livro TOUROS EM PORTUGAL – UM PATRIMÓNIO
HISTÓRICO, ARTÍSTICO E CULTURAL, dado à estampa em 1992, pelos Correios de
Portugal. As touradas incluem-se nas artes do espectáculo e as suas práticas
têm sido transmitidas de geração em geração, encontrando-se registadas ao longo
dos séculos na literatura portuguesa, como bem documenta a antologia:
O MUNDO DO TOUREIO NA LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA,
editada pela Portugália em 1966, com selecção e prefácio de Urbano
Tavares Rodrigues. Aí se toma conhecimento de que no âmbito da POESIA, a
tauromaquia foi abordada sucessivamente por autores como: João Roiz de Castel
Branco, Nicolau Tolentino, Alexandre da Conceição, António Nobre, Mário Beirão,
Carlos Queiroz e Azinhal Abelho. No domínio da PROSA daquela temática,
regista-se a existência de autores como Almeida Garrett, Rebelo da Silva,
Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, Marcelino Mesquita, Abel Botelho,
Fialho de Almeida, João Viegas de Paulo Nogueira, Manuel Teixeira Gomes,
Trindade Coelho, Augusto de Castro, Norberto de Araújo, Noel Teles, Sousa
Costa, Mário Domingues, Augusto Casimiro, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Alves
Redol, Fernando Reis e Miguel Urbano Rodrigues. A nível do TEATRO há a referir
autores como Júlio Dantas e Bernardo Santareno.
Uma proposta
que faz sentido
De acordo com o exposto, faz todo o sentido, a defesa
da candidatura das touradas a Património Cultural Imaterial da Humanidade. De
resto, existem que eu saiba, 40 municípios com tradições taurinas, que
constituem uma secção da Associação Nacional de Municípios, alguns dos quais já
declararam as touradas como Património Cultural Imaterial de Interesse
Municipal. É o primeiro passo no sentido de concretização da candidatura a
apresentar à UNESCO.
Se a história continuar a ter o mesmo modo de evoluir, mais cedo do que tarde também acabará esta espécie de jogos no coliseu da Roma Imperial.
ResponderEliminarAna Paula:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Os meus melhores cumprimentos
Concordo com a sua proposta e com a fundamentação. Continue.
ResponderEliminarTremoceiro:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Os meus melhores cumprimentos.