quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Estremoz - Defesa do Património - 1

Antiga Casa da Câmara / Casa do Alcaide-Mor em Estremoz, situada na Rua do Arco de
Santarém, junto da porta medieval denominada Arco ou Porta de Santarém - Fotografia
de Rogério de Carvalho (1915-1988) de finais dos anos 30 do séc. XX. Arquitectura
político-administrativa e residencial, manuelina, mudéjar setecentista. Edifício
modesto,  apenas marcado pela composição da frontaria, nomeadamente as janelas
manuelino - mudéjares. Elementos setecentistas como a janela ao lado do pórtico e
a varanda com balaustrada joanina. O interior da casa encontra-se em ruínas, não
restando qualquer cobertura ou estrutura e na actualidade a fachada ameaça abater.
MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 9.842, DG, 1.ª série, n.º 137 de 20 de Junho
1924 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 52, de 2 de Março de 1972.  

Os atentados que ao longo dos anos têm sido perpetrados impunemente contra o património cultural em Estremoz, impelem-me a passar em revista a acção das estruturas associativas de defesa do património cultural.
1 - Grupo dos Amigos de Estremoz — Associação de Defesa do Património Natural e Cultural
Hoje inactivo e com picos de actividade centrados nos anos 60 do século passado. Ligado à política reformadora do Presidente da CME, Dr. Luís Pascoal Rosado (1922-1971). Os seus objectivos incluíam: - Promover a defesa e conservação do meio ambiente nos aspectos paisagísticos, monumentais, artísticos e outros que mais o caracterizam e individualizam; - Promover e restaurar costumes, tradições, festas, feiras e romarias com características locais e regionais; - Promover a valorização urbanística da cidade e seu termo no respeito pelos valores herdados ao longo de séculos;
2 – Núcleo de Dinamização Cultural de Estremoz 
Liderado por Joaquim Vermelho (1927-2002), trabalhou com a Missão UNESCO e o seu conselheiro Per-Uno Ägren, de 1977 a 1980. Ao Núcleo pertenceram também, entre outros, Francisco Rodrigues, Maria Luzia Margalho, Vitor Trindade e Manuel Ferreira Patrício. O Núcleo desenvolveu acções em Santa Vitória do Ameixial, de onde Francisco Rodrigues era natural. Esse trabalho abordou temas como: - O Trajo de Trabalho e de Festas; - Cantadores de Almas; - Carnaval à moda Antiga; - Festas do Padrão; - Encontros de Cantadores Populares; para além disso, o Núcleo de Dinamização Cultural editou obras como: - As Décimas do Padrão; - Cantadores das Almas; - Cancioneiro I; - Lendas e outras Histórias; - A Memória das ruínas da vila romana de Santa Vitória do Ameixial; - O Falar das Mãos – Joaquim Carriço Rolo um artesão da madeira e do chifre; - O Falar das Mãos – Camões e os poetas populares; - Os campos do Ameixial; - Pequeno Guia da Barrística Estremocense nas colecções do Museu Municipal de Estremoz. Foi um trabalho notável para a época e em múltiplos aspectos um trabalho pioneiro.

(Continua)


6 comentários:

  1. Se é monumento nacional, como é possível esta situação?

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    1. José:
      O caso não é único. É um problema de âmbito nacional. O Governo produz as leis, os departamentos governamentais classificam, mas não passa daí. Quem fica com a criança nos braços são as autarquias. Na minha óptica, para os imóveis classificados como monumento nacional, a grande responsabilidade destas situações é do Governo. E pasme-se, a classificação data de 1924, ainda na 1ª República.
      Em que país vivemos?

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    1. A ideia foi ilustrar com apenas esta foto.
      Os meus melhores cumprimentos.

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  3. Derrubar um velho jacarandá mimoso, para colocar um inestético plasma publicitário, não é um atentado ao património?

    de António Gomes

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    1. Numa sociedade democrática, onde há duas pessoas há decerto duas opiniões. Eu penso de maneira diferente do senhor. Considero positiva a iniciativa da Câmara de colocar ali um plasma informativo (não publicitário). É uma mais valia em termos de prestação de serviço público, cuja necessidade há muito se fazia sentir.
      Quanto à árvore, como diria Linhares Barbosa, o grande poeta do Fado: “Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera”

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