Mulher a lavar a roupa.
Liberdade da Conceição (1913-1990).
Colecção particular.
2 – Invariância e Mutabilidade nos Bonecos de Estremoz
Os bonecos de Estremoz são pela sua excelência, notórias marcas de identidade desta terra transtagana. E são-no duma maneira que supera o estatismo e que se torna dinâmica. É que a manufactura de cada boneco encerra em si duas componentes distintas: a invariância e a mutabilidade.
Em primeiro lugar, invariância, porque encerram em si mesmos, traços de identidade que se mantêm de barrista para barrista, tal como o gesto augusto do semeador reproduz ancestrais trejeitos padrão.
Em segundo lugar, mutabilidade, já que cada barrista tem a sua própria individualidade, o seu próprio modo de observar o mundo que o cerca e de o interpretar à sua maneira. Lá diz o rifão: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”. É assim que cada barrista, sem pôr em causa a essência temática de cada figura, acrescenta-lhe pormenores através dos quais fixa a posição da mesma ou sugere movimento, bem como pormenores do vestuário e dos utensílios usados, assim como particularidades da actividade desenvolvida. Com esta mutabilidade, os bonecos de Estremoz transvazam a mera produção monolítica e ascendem a novos patamares em que se revigoram, qual Fénix renascida das cinzas, o que vem acontecendo desde a sua génese.
Exemplo disso é a figura da mulher a lavar a roupa (lavadeira), a qual integra o núcleo central do figurado de Estremoz, muito em particular, o conjunto das figuras intimistas que têm a ver com o quotidiano doméstico, sendo que os exemplares mais antigos conhecidos, pertencem às oficinas de Estremoz, dos finais do séc. XIX – princípios do séc. XX.
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