segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Toque de Finados

ESTREMOZ - DIA DE MERCADO (1955).
Fotografia de Henri Cartier-Bresson (1908-2004).

Toque de Finados

Sou senhor de mim mesmo
E do verbo da minha voz.
Palavras, leva-as o vento…
Isso, sabemos nós.

São sementes voadoras,
Ávidas de fecundação,
Mas com terreno estéril,
Não irrompe a gestação.

Uma voz cansada
É o fascínio do chão,
A morte anunciada,
Da luta pelo pão.

E sempre que o servo,
Se sente cansado,
A impotência do verbo,
É enterro de finado.

2 comentários:

  1. Os versos dizem tudo! Terra que não é tratada rejeita a semente. Há poetas que em quatro pequenas quadras. dizem muitas verdades: é o caso!

    Povo com fome
    Não quere ter filhos
    Não dá seu nome
    Não quer sarilhos

    Que povo é este? Deixo a adivinha.

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    Respostas
    1. Esse povo somos nós.
      Obrigado pelo seu comentário, amigo Fonseca.

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