sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A brincar se constrói a personalidade


JOGO DO PIÃO (c. 1930). Fotografia de João Martins. Negativo em nitrato. Divisão
de Documentação Fotográfica / IMC. Número de Inventário do Objecto: 155.001.122

O presente post, fruto da nossa reflexão pessoal sobre jogos e brincadeiras infantis, é a síntese dialéctica de dois posts anteriores: BRINCADEIRAS D'OUTRORA, editado em 9 de Março de 2010 e DIA MUNDIAL DA CRIANÇA, editado em 1 de Junho de 2011. Trata-se do nosso contributo para o debate que se impõe em torno do tema que é objecto deste post.

                                                   Todo o mundo é composto de mudança,
                                                   Tomando sempre novas qualidades.
                                                                   Luís de Camões (c.1524 – 1580)

Porque fomos crianças ontem, devemos pensar nas crianças de hoje e apostar fortemente nas crianças de amanhã.
A brincadeira é o trabalho da criança. É a brincar que a criança aprende a ser homem ou mulher e constrói a sua personalidade.
As brincadeiras de hoje não são as brincadeiras de ontem. Nos meus tempos de miúdo, éramos capazes de nos divertir com um simples apito. Com ele, podíamos imitar um pássaro, um polícia ou um árbitro. Dependia da nossa imaginação momentânea e daquilo que nos desse na real gana. Exercitávamos assim a nossa imaginação criadora e praticávamos o exercício da liberdade.
Outras brincadeiras e jogos eram colectivos. Jogávamos aos amalhões, à mosca, à pateira, à roda, ao botão, ao pião, ao berlinde, à bola, etc., etc. Com eles, desenvolvíamos a nossa socialização e reforçávamos o espírito colectivo. E às vezes desentendíamos e jogávamos ao soco uns com os outros e todos levavam no focinho, porque lá diz o rifão: “Quem vai à guerra, dá e leva”. Passado algum tempo, fazíamos as pazes e continuávamos a brincar juntos.
Nas nossas brincadeiras, o que contava era a imaginação sem limites e a arte do desenrasca, em que o português ainda hoje é mestre.
Havia também a ida aos grilos e partidas que se pregavam aos tansos como a “ida aos gambozinos” ou fazer de estribo na “brincadeira do rei coxo”.
Hoje em muitos casos não é assim. São as consolas, os jogos de vídeo, de computador e de telemóvel. Tudo envolvendo jogos que na sua esmagadora maioria foram concebidos para serem praticados individualmente, visando fomentar o individualismo e para programarem e vincularem os seus praticantes, a estereótipos de egoísmo, do salve-se quem puder, do vale tudo, da violência, do terror e do medo. É isso que interessa à sinistra alta finança mundial, que a nível global, controla os governos de cada país.
Não lhes interessa que haja cidadãos que se possam sentir homens livres, criativos, com carácter, com coragem, amantes da Paz, solidários com o próximo, com respeito pelo colectivo, que reconheçam o valor do esforço, do trabalho e do mérito. Isso para eles é subversivo. Para eles, interessa-lhes que em criança, os cidadãos sejam programados de maneira diferente.
Interessa-lhes cidadãos dóceis, submissos, governados pelo medo, obedientes, egoístas, sem respeito pelo colectivo e que aceitem acefalamente a violência e a guerra.
Nos meus tempos de miúdo, para além das brincadeiras de rapazes e tanto quanto me permite a memória dos tempos idos, sempre tive gosto por colecções, entre elas, botões, cromos, moedas, selos, postais, panfletos publicitários e mais tarde, aí pelos 12 anos, livros.
A estas colecções vieram-se juntar outras, mas as colecções primitivas ainda hoje perduram. Entre elas, as colecções de cromos montadas nas respectivas cadernetas, como é o caso das RAÇAS HUMANAS, da HISTÓRIA DE PORTUGAL, da HISTÓRIA NATURAL e dos TRAJES TÍPICOS DE TODO O MUNDO, entre eles os de Portugal.
As cadernetas de cromos constituíam a nossa iniciação à leitura e à literatura, a nossa primeira abordagem à História de Portugal, a nossa partida à descoberta do mundo, de outros povos e de outros costumes.
Decerto que foi com a caderneta dos TRAJES TÍPICOS DE TODO O MUNDO, que eu fiquei fascinado pela Etnografia, antes de saber que entre nós, Garrett tinha sido o percursor, Leite de Vasconcellos o fundador e Luís Chaves e outros mais, os continuadores.
As cadernetas de cromos, foram as minhas pastilhas de Cultura. Foram o meu software, antes de terem inventado as consolas electrónicas que programam e condicionam o divertimento, assim como a raça maldita dos Magalhães, que põem os putos convencidos que fazer um trabalho de pesquisa, não é mais que uma mera operação de corte e colagem.
Não trocava uma caderneta de cromos por 10 Magalhães, nem sequer o meu talego de botões (com mirôlas e chapéuzinhos de chumbo) por consolas.
Nos meus tempos de miúdo, as meninas, salvo alguma Maria Rapaz, que as havia e algumas delas encantadoras, brincavam às donas de casa, passando a ferro, fazendo jantarinhos e dando banho e biberão aos bonecos.
Hoje, reconheço que o sistema estava montado para gerar diferença de género e havia coisas que, apesar de puto, eu tinha a noção que não deveriam ser assim.
É preciso que os pais e educadores tenham cada vez mais consciência destes problemas e se empenhem em dar a volta ao que está errado, para que a formação daqueles que serão os homens e mulheres de amanhã, se possa efectuar sem desvios nem distorções.
Torna-se necessário retomar jogos e brincadeiras antigas, algumas das quais têm milhares de anos e adoptar outras novas, que ajudem a formar homens e mulheres de carácter, livres, verdadeiros, justos e solidários. Essa é uma revolução permanente que temos de tomar nas nossas mãos. É a nossa grande batalha pela cidadania. E havemos de vencer, porque quem não se rende, vence sempre. De resto, o registo das memórias passadas é o melhor investimento cultural que podemos legar aos nossos netos.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 26 de Agosto de 2011

21 comentários:

  1. Caro Hernâni

    Uma última reflexão! Que devemos dizer aos nossos filhos e netos quando na televisão vemos os ditadores do mundo matarem , prenderem, violarem só porque alguns ou muitos não pensam como eles, não agem como eles, querem ser livres de escolher, de dizer, de criticar, de denunciar??
    Que dizemos aos nossos filhos? Como dizia Aleixo:
    Vós que lá do vosso império prometeis um mundo novo, calai-vos que pode o povo querer um mundo novo a sério!
    Este é o mundo cão em que vivemos e todos, mas todos têm grossas culpas, a igreja matou na inquisição, os comunistas no comunismo,os fachistas no fachismo, os nazis no nazismo, a alta finança no capitalismo, os africanos nas guerras tribais, os indíos pela terra e assim por aí fora!!!
    Como dizia Rousseau: O HOMEM É O LOBO DO HOMEM!
    Porque pretenderíamos ser diferentes do que fomos ou somos? Somos o animal mais irracional que existe, o único que mata o seu semelhante para não o comer, porque fome não tem, tem isso sim, o sentido da fome do poder infinito!
    Que dizemos aos nossos filhos e netos? Que esperança lhes damos?
    Abraço Pedro Vaz Pereira

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  2. Pedro:
    O tema do meu post era: "A brincar se constrói a personalidade".
    Indepedentemente do seu interesse, as questões por si suscitadas, afastam-se do tema abordado. Não obstante nunca fugir a um debate, não o faço aqui, por esse motivo.
    Um abraço:
    HM

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  3. Pai:

    Gostei muito do post! Eu adorava brincar à apanhada, ao esconde e aos três pauzinhos. Um dos primeiros jogos de computador que joguei foi aquele do pinguin a saltar nos icebergues. Era divertido e eu ficava contente quando conseguia ter uma pontuação melhor que tu, mas apesar de gostar desse jogo, como sabes, nunca passei horas frente ao computador a jogar. Preferia brincar. Eu acho que o facto de os miúdos hoje passarem horas a jogar é, em parte, culpa dos pais, que não vão com os míudos ao jardim, nâo os deixam brincar na rua, não têm tempo para lhes dar atenção e quando estão em casa é bastante útil que as criancinhas estejam ocupadas com jogos de computador (que não sujam, não desarrumam e não necessitam de supervisão)para os pais realizarem algumas tarefas ou somente descansar. Esta é a minha opinião.
    Beijinhos:

    Catarina Matos

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  4. Meu Caro Hernâni

    Não, não foge do tema! As crianças hoje brincam com a morte , são governados pelo medo, etc etc, segundo palavras suas escritas no seu texto.
    Quanto ao resto estou consigo! A brincar aprende-se muita coisa, mas onde estão os pais? Aliás antes deste comentário mandei-lhe um primeiro que não foi publicado, onde eu referia precisamente o papel dos pais. Hoje os pais mandam vir os filhos, mas não têm tempo para os educar, para os ouvir, dão-lhes os jogos simplistas e individuais e abandonam-nos à sua sorte. Por isso temos uma sociedade juvenil indisciplinada, permissiva às drogas, ao álcool e a muitos outros vícios que no meu tempo nunca existiram. A tecnologia de hoje, com a indiferença dos pais, transformou os jogos em autênticos pedaços de anti-social que eu e você nunca tivemos. Tivemos sorte! Estou de acordo consigo, menos na culpa esclusiva da alta finança!"chemremos os bois pelos nomes"!!!
    Abraço e tenho um bom fim de semana

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  5. Nos, os "baby boomers" the hoje, temos um grande dilema na nossa frente...infelizmente a maior parte dos pais desistiu de ensinar as criancas BRINCAR + SER FELIZ. As criancas de hoje estao ligadas a technologia como um cordao umbilical e nao sabem DESCOBRIR, CRIAR, COLLECTIONAR...
    Todos nos temos "O direito a preguica", mas use so parcialmente, especialmente quando vem a educar o futuro dos nossos paises...pais e eduacdores nao teem o direito a preguica...nao deveriam ter esse direito!!

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  6. Pedro:

    Publico todos os comentários que recebo, a menos que haja uma razão suficientemente forte para o não fazer, o que é um direito que me assiste e não foi o caso, pois não recebi o comentário que refere.
    Mantenho toda a análise que fiz no post, onde destaco a necessidade dos pais darem uma volta ao que está errado, que nalguns casos é a sua própria postura, como, de resto, sublinha o comentário da minha filha.
    Eu não disse que era culpa exclusiva da alta finança mundial. Disse que. “É isso que interessa à sinistra alta finança mundial, que a nível global, controla os governos de cada país”. E isso é um facto indesmentível, assim como a influência que outras forças, igualmente ocultas como a Opus Dei e a Maçonaria têm ou procuram ter sobre o Governo de cada país. Muitas das conexões entre eles são conhecidas, pelo que não deve haver medo de chamar os bois pelos nomes…

    Um abraço:

    HM

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  7. Meu Caro Hernâni

    Se fossemos falar de controlo dos governos e de outros controlos passados no fachismo e no comunismo, veriamos infelizmente como as brincadeiras dos putos foram condicionadas sempre pela alta finança da direita e da esquerda!!! As juventudes hitlerianas e estalinistas são exemplo disso! Com que brincavam esses putos!
    A alta finança não controla nada se nós não comprarmos o que eles nos querem vender!! Nós é que gostamos de ter bons carros, boas casas, ganhar bons ordenados, parea comprar bons computadores windows 7 e dar muita massa ao Bill Gates ve Co. Lda. O meu bom Amigo é um dos que contribui e muito para a alta finança!! tem carro, computas, gosta de viver bem, e gosta de ter tudo o que a alta finança lhe quer vender!!
    Como vê meu bom Amigo, brinquemos, brinquemos, mas sabe a carne é fraca e nós " zás catrapuz2 aí estamos super aliados da alta finança!!
    Valha-me Deus e os arcanjos e anjos!
    Vou já deitar o computador fora, vender as minhas propriedades, e lixar-me na alta finança!!!Vou viver no vão de qualquer escada!!! Na realidade o mundo está cheio de teorias pré-concebidas, das quais nós fracos humanos somos os interlucotores e agentes ! Não brinquemos com coisas sérias quando o maior país comunista do mundo, está a um passo de ser o maior país capitalista do mundo!!! Em que ficamos! Reformismo, revisionismo ou capitalismo?
    Venha o diabo e escolha!
    Um abração Pedro Vaz Pereira

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  8. Pedro:
    A minha mensagem continua a ser "A brincar se contrói a personalidade" e as linhas mestras do meu pensamento estão veiculadas no post.
    Cada um tem o direito de pensar da sua própria maneira.
    Um abraço:
    HM

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  9. Eu tenho um filho com dez anos com quem brinco, a quem ouço, mas que tem computador, tem playsation, e nintendo e jogos e filmes.. e não tenho a vossa opinião de que é mau brincarem assim, julgo que como naquela altura os pais tem apenas de estar atentos, afinal somos nós que compramos os jogos, e aprender a jogar tambem, e o tempo assim passado tambem pode ser de qualidade.. nem só jogar aos 5 cantinhos ou ao esconde esconde é brincadeira.. até porque os meninos agora com dez anos tem um conhecimento de tudo os que o rodeia que eu não tinha por exemplo, enfim só para dizer que estas brincadeiras tambem constroem boas personalidades desde que nós pais estejamos lá... como estiveram sempre os nossos em outros tempos...
    Lena Leirias

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  10. Muito bom, muito bom, professor.
    Bom fim-de-semana.
    Pedro Ramalho

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    1. Pedro:
      Obrigado pelo seu comentário. É gratificante e estimulante a existência de "feedback" aos nossos escritos.
      Um bom fim de semana para si também.

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  11. Obrigado, Hernâni, por trazer a lume um tema tão interessante. Aliás, todos eles, com base nos Tempos da outra Senhora são um ótimo elo de troca de valores e vivências que não devem cair no esquecimento, pelo menos por agora, que ainda por cá andamos e as transportamos no nosso cofre de memórias.
    Pois brincar é brincar…É tão bom brincar. Eu não queria crescer porque depois não podia brincar…E se eu adoro brincar!
    Ainda, hoje, adoro, sou até viciada, em jogos de computador, consola, jogos de tabuleiro! Mas não esqueci a bola, berlindes, bonecas, cacos, sim cacos de pratos partidos que aproveitava para serem os meus pratinhos e encher com o arroz dos conchelos que colhia nos muros.
    Adoro brincar sozinha, horas e horas a fio, no meu tempo de menina, (pois eu sou formada, também, pelas minhas lembranças de criança e por todas as vivências que envelheceram o meu corpo) quando não conhecia as novas tecnologias, mas que sonhava com a minha boneca de trapos a falar comigo, enquanto guardava a vaca no lameiro; Quantas vezes imaginei carregar num botão que me teletransportasse! E adoro brincar em grupo ao mata, ao berlinde, ao eixo, às cinco pedrinhas, à pedrincha…tantos e tantos jogos eu tenho jogado ao longo da vida…
    Também, nessa época, os meus pais com mais 7 filhos não podiam passar muito tempo a brincar comigo… e tínhamos que colaborar… Mas não sentíamos o medo do desconhecido…O que ia para fora da nossa aldeia, vila… era um Mundo Novo cheio de aventuras a chamar-nos…
    Mas mudam os tempos e mudam os seres que vivem esse mesmo tempo. A comunicação, hoje, é momentânea e mundial. De ano para ano há mais mudanças sociais do que havia anteriormente entre gerações!
    Como mãe aterrorizou-me a ida dos meus filhos para a escola não fossem atropelados no caminho!... Pois em criança só havia carros de vacas, um carro de praça para ocasiões muito especiais e a camioneta da carreira.
    Como avó, assusta-me pensar que o meu neto não pode ir sozinho para a escola, pois não tem crianças para o acompanharem e formarem um grupo…e se é raptado?!... Assusta-me a competição de afectos entre crianças que geram o famoso bullying e que se verifica já na pré-escola.
    Penso que não conseguimos caminhar ao ritmo social que nos entra casa dentro. Porém, sei que nós nunca deixamos de ter a nossa cota de crianças e que não podemos recalcar essa parte de nós mesmos…Será melhor que a vivamos e partilhemos, diariamente, com os nossos filhos, netos, sobrinhos, vizinhos…E brincar é brincar…é útil, necessário e fundamental!
    Georgina Ferro

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  12. Georgina:
    Obrigado pelo teu pertinente e estimulante comentário.
    Um beijinho para ti.

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  13. Caro Hernâni,
    Após a leitura do seum completo artigo, acredite muito sinceramente, fiquei sem nada para dizer.
    Digo simplesmente que fui um jovem feliz com grande parte desses jogos que referiu! Hoje é uma tristeja a juventude compra os jogos todos feitos, quando viajam não falam uns com os outros, pois vão sempre com os auscultadores nos ouvidos. Acredite chego a ter pena deles! Vão ser, aliás já são uns tipos cheios de problemas!

    Abraço

    Abilio

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    1. Abílio:
      Obrigado pelo seu comentário.
      Concordo inteiramente consigo.
      Um abraço.

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  14. Esta negação do brincar penetrou diversos circuitos. Basta atentarmos ao corredor dos brinquedos do supermercado, ao canal Panda, à determinado tipo de escola (abundante), às infraestruturas de lazer, entre outros.É preciso ir ao encontro da criança, ao bairro, ao domingo, ao sábado, recuperar ideias antigas como as bibliotecas itinerantes. É preciso enfatizar alternativas ao jogo individualista. É preciso um chão de terra batida algures no alcatrão. E uma sardinha virou um burro: eu acredito.

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário.
      É como diz.
      Os meus cumprimentos.

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  15. Totalmente de acordo:
    "De resto, o registo das memórias passadas é o melhor investimento cultural que podemos legar aos nossos netos."
    Obrigada por mais esta sua crónica

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    1. Terezinha:
      Obrigado pelo seu comentário.
      Espero continuar a merecer o interesse com que me lê.
      Cumprimentos.

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  16. Boa Tarde Professor Hernâni:

    Adorei o post!
    Ainda hoje as minhas melhores recordações são as do tempo de uma infância feito de brincadeiras: brincar na ruas ás escondidas, à apanhada, com tachinhos e terra, com berlindes, com giz na estrada a dar saltos em rectângulos, ao berlinde, a saltar à corda.
    Lembro-me também de coleccionar calendários e ainda hoje tenho grande estima na colecção (iniciada pela minha mãe)!
    Hoje como mãe de uma bebé de 6 meses e a viver numa grande cidade sei que a infância da Mariana será muito diferente da minha, pois a minha vida de adulta também é totalmente diferente da dos meus pais. A Mariana tem um pai e uma mãe que trabalham por turnos, não tem avós por perto... e tenho a noção que é uma grande prova educar uma criança nos dias de hoje.
    Até agora acho que lhe tenho dado muita atenção, vamos passear a muitos sítios e está habituada a ver muitos amigos nossos com frequência é já os reconhece (amigos esses que lhe dão muito colo). Em casa há uma espreguiçadeira, um tapete de actividades com bonecos e peluches, e por vezes o baby tv por 5-10minutos como último recurso. Mas garanto, que ela gosta mais de ver jogos de futebol e de basquetebol por um pequeno período de tempo do que os desenhos animados...!
    Espero conseguir e tentarei dar sempre primazia ao Brincar, em detrimento de a "pura distracção" com as novas tecnologias.

    Um beijinho, Maria João Pingarilho

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    1. Maria João:

      As brincadeiras que no devido tempo nos educaram e fizeram de nós o que somos hoje, são uma medida exacta do nosso carácter. Daí que os pais e a família sejam o contexto mais adequado para moldar o carácter de uma criança.
      É condenável o abandono de crianças frente a uma televisão ou a uma consola de jogos. É a confissão assumida da demissão dos pais face à missão educativa que lhes compete e que Escola alguma poderá suprir.
      Parabéns, Maria João, pelo modo como gere a sua condição de Mãe. A sua filha vai-lhe agradecer na altura própria.
      Um beijinho para as duas e um abraço para o seu marido.

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