quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Alentejo na Pintura Portuguesa

O Alentejo é uma região com uma identidade cultural própria, como o atesta a sua paisagem específica, o carácter do povo alentejano, o trajo popular, a gastronomia, a arte popular, o cancioneiro popular, o cante, a casa tradicional, etc.
Essas marcas identitárias estão devidamente registadas na pintura portuguesa, como em parte o demonstra, a selecção de obras que efectuei de pintores como José Malhoa (1855-1933), Silva Porto (1850-1893), D. Carlos I de Bragança (1863-1908), Alberto de Souza (1880-1961), Dórdio Gomes (1890-1976), Bernardo Marques (1898-1962), Jaime Martins Barata (1899-1970), Roberto Nobre (1903-1969), Manuel Ribeiro de Pavia (1907-1957), Cândido Teles (1921-1999), Júlio Pomar (1926-  ).  Na triagem efectuada, limitei-me a um período que medeia entre 1885 e 1967, por considerar ser aquele que é etnograficamente mais rico. Para além disso, julgo ser uma amostragem suficientemente diversificada e representativa do que melhor se pintou sobre o Alentejo.



A SESTA DOS CEIFEIROS (1885)
José Malhoa (1855-1933)
Óleo sobre tela (95 x 132 cm)
Colecção particular
 GUARDANDO O REBANHO (1893)
Silva Porto (1850-1893)
Óleo sobre tela (160 × 200 cm)
Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto
COLHEITA - CEIFEIRAS (c/ 1893)
Silva Porto (1850-1893)
Óleo sobre tela (905 x 1203 cm)
Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto
ESPANTANDO OS PARDAIS DA SEARA (1904)
José Malhoa (1855–1933) 
Óleo sobre tela (44x53 cm)
Colecção particular
 
O SOBREIRO (1905)
D. Carlos I de Bragança (1863-1908)
Pastel sobre cartão (177 x 91 cm)
Palácio Ducal de Vila Viçosa
 
A SESTA DOS CEIFEIROS (1909)
José Malhoa (1855–1933)
Óleo sobre tela (44x53 cm)
Colecção particular 
A SESTA DOS CEIFEIROS – ALENTEJO (1918)
Dórdio Gomes (1890-1976)
Óleo sobre tela (59x74 cm)
Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa 
 CEIFEIRO (1920)
Bernardo Marques (1898-1962)
Grafite e aguarela sobre papel (38 x 29 cm)
COSTUMES ALENTEJANOS (1923)
Jaime Martins Barata (1899-1970)
Aguarela sobre papel
Museu Grão Vasco, Viseu
Ilustração de Bernardo Marques (1898-1962)
 para a capa de “A Planície Heróica”(1927)
de Manuel Ribeiro (1878-1941) 
 CAMPONESA ALENTEJANA
Roberto Nobre (1903-1969)
Ilustração da capa do magazine "Civilização",
 número 17 de Novembro de 1929
MULHERES ALENTEJANAS OU MONDADEIRAS (1932)
Dórdio Gomes (1890-1976)
Óleo s/ tela.
Museu de José Malhoa. Caldas da Rainha 
CEIFEIROS (1934)
Cândido Teles (1921-1999)
Técnica mista (42 x35 cm)
Colecção Feverónia Mendonça, Lisboa 
CABEÇA DE CEIFEIRO ALENTEJANO (1941)
Dórdio Gomes (1890-1976)
Óleo sobre contraplacado (33 x 25 cm) 
PAISAGEM ALENTEJANA COM PASTOR OVELHAS E CÃO (1941)
Simão César Dórdio Gomes (1890-1976)
Óleo sobre tela (100x70 cm)
Colecção particular 
Ilustração de Manuel Ribeiro de Pavia (1907-1957)
para a capa de "Cerromaior" (1943)
de Manuel da Fonseca (1911-1993) 
O GADANHEIRO (1945)
Júlio Pomar (1926-   )
Óleo sobre tela (137 x 98 cm c/moldura)
Ilustração de Manuel Ribeiro de Pavia (1907-1957)
para a capa da revista Panorama,
número 27, de 1946 
Ilustração de Manuel Ribeiro de Pavia (1907-1957)
 para a capa de "Vila Adormecida" (1947)
de Antunes da Silva (1921-1997)
A CEIFA NO ALENTEJO
Alberto de Souza (1880-1961)
Aguarela sobre papel (14x20 cm) 
Ilustração de Manuel Ribeiro de Pavia (1907-1957)
para o livro “Alentejo não tem sombra”
de  Eduardo Teófilo
Portugália Editora, 1954 
CEIFEIRAS - ALENTEJO (1967)
Cândido Teles (1921-1999)
Óleo sobre aglomerado (82x125 cm)
Museu do Chiado - MNAC, Lisboa

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Natal na Azulejaria Portuguesa


Natividade ou Adoração dos Pastores (séc. XVI- c. 1580).
Painel de azulejos (500 x 465 cm) atribuído a Marçal de Matos.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.

Ao longo de mais de cinco séculos, o azulejo tem si usado em Portugal, como elemento associado à arquitectura, não só como revestimento de superfícies, mas também como elemento decorativo.
Pela sua riqueza cromática e pelo seu poder descritivo, o azulejo ilustra bem a mentalidade, o gosto e a história de cada época, sendo muito justamente considerado como uma das criações mais singulares da Cultura Portuguesa e um paradigma da nossa Identidade Cultural Nacional.
A temática do património azulejar português é diversificada e inclui, naturalmente, o tema “Natal”, objecto do presente post, ilustrado com imagens de painéis apresentados sensivelmente por ordem cronológica e legendados com a informação que nos foi possível recolher.

Publicado inicialmente a 29 de Novembro de 2011

Retábulo Nossa Senhora da Vida (c. 1580).
Painel de azulejos (500 x 465 cm), atribuído a Marçal de Matos, Lisboa.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.

Adoração dos Reis Magos (séc. XVII).
Painel de azulejos da Igreja Paroquial de Carcavelos.

A Natividade (séc. XVIII).
Painel de azulejos da Igreja de Arrentela, Seixal.

A Natividade (1720-22).
Painel de azulejos atribuídos ao pintor Manuel da Silva,
 fabricados na Olaria de Agostinho de Paiva, em Coimbra.
Claustro da Sé Catedral de Viseu.

Presépio e Adoração dos Reis Magos (Meados do séc . XVIII).
Painel de azulejos (174 cm x 280 cm) da Arquidiocese de Évora.

Adoração dos Reis Magos (séc. XVIII).
 Painel de azulejos da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Salvador, Bahia.

A Adoração dos Magos (finais do séc. XVIII).
 Painel de azulejos (1520 mm x 1230 mm)
 da autoria de Francisco de Paula e Oliveira,
 produzido na Real Fábrica de Louça, ao Rato, em Lisboa.
Museu da Cidade, Lisboa.

Natividade (1746 - 1754). Painel de azulejos portugueses.
 Igreja Basílica do Senhor do Bonfim. São Salvador, Bahia. 

Adoração dos Reis Magos (1760-70).
Painel de azulejos (197,6 x 293 cm), fabrico de Lisboa.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa. 

Os Reis Magos (1945).
 Painel de azulejos (131,8 x 132 cm), da autoria de Jorge /Barradas,
 produzido na Fábrica Cerâmica Viúva Lamego.
 Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.

domingo, 27 de novembro de 2011

Provérbios de S. Miguel


São Miguel pesando as almas (1740-1750). Painel de 12x17 azulejos da oficina de Valentim de
 Almeida (1692-1779). Igreja de São Miguel de Machede. Arquidiocese de Évora.

QUEM É S. MIGUEL
S. Miguel é um dos três anjos citados pelo seu próprio nome na Bíblia.
“Anjo” é uma palavra de origem grega que significa “mensageiro”.
De acordo com a tradição bíblica e o cristianismo, para além de ter criado o mundo visível, Deus criou também o mundo invisível dos puros espíritos, seres na sua essência pessoais e imortais. Estes são em número elevado e Deus assentiu em conceder-lhes a ascensão ao estado sobrenatural, agregando-os à sua glória.
De acordo com a “angeologia” do teólogo Pseudo-Dionísio (transição do séc. IV para o V), estes seres divinos agrupam-se em nove coros distribuídos por três hierarquias distintas: serafins, querubins e tronos; dominações, virtudes e potestades; principados, arcanjos e anjos. A designação de “anjos”, apesar de genericamente ser conferida a todos, em termos estritamente etimológicos é reservada àqueles a quem Deus confiou mensagens ou intervenções no mundo terreno.
A tradução literal do hebraico para o nome “Miguel” é “Aquele/Quem como Deus”, já que:
- Mi = Aquele/Quem (?)
- Ka = Como
- El = Deus
Além das funções próprias de todos os anjos, S. Miguel é identificado nas sagradas escrituras, como sendo o príncipe dos anjos, o anjo dos supremos combates, o chefe dois exércitos celestiais, o anjo do arrependimento e da justiça, assim como o melhor guia na hora da viagem para a eternidade. É comemorado pela Igreja Católica sob o nome de São Miguel Arcanjo em 29 de Setembro.

REFERÊNCIAS BÍBLICAS
As referências bíblicas a S. Miguel são escassas, aparecendo todavia nos versículos seguintes:
- “Durante vinte e um dias o príncipe dos reis da Pérsia resistiu-me, porém Miguel, um dos príncipes supremos, veio em minha ajuda. Eu deixei-o lá a enfrentar os reis da Pérsia,” (Daniel 10,13)
- “Vou contar-te o que está escrito no livro da verdade. Ninguém me ajuda na luta contra eles, a não ser Miguel, o vosso príncipe,” (Daniel 10,21)
- “Naquele tempo surgirá Miguel, o grande príncipe que protege o povo ao qual pertences: será uma hora de grandes aflições, tais como jamais houve, desde que as nações começaram a existir até ao tempo actual. Então o teu povo será salvo, todos os que estiverem inscritos no livro.” (Daniel 12,1)
- “Na luta com o diabo para disputar o corpo de Moisés, o arcanjo Miguel não teve a ousadia de o acusar com palavras ofensivas; apenas disse: “Que o Senhor te castigue”!” (São Judas 1,9)
- “Travou-se então uma batalha no Céu: Miguel e os seus Anjos guerrearam contra o Dragão.” (Apocalipse 12,7)

PROVÉRBIOS DE S. MIGUEL
O dia de S. Miguel tem uma presença marcante no adagiário português, já que tem a ver tradicionalmente com os ciclos agro-pastoris. Com efeito era pelo S. Miguel que os lavradores ajustavam anualmente os criados efectivos. Respigámos as seguintes sentenças:
- Chovendo no S. Miguel, faz conta das ovelhas que os borregos são teus.
- Em 29, S. Miguel fecha as asas.
- O São Miguel ou seca as fontes ou leva açudes e pontes.
- Pelo S. Miguel, estão as uvas como mel.
- Pelo S. Miguel dá-se as figueiras ao rabisco
- Quem planta no S. Miguel, vai à horta quando quer.
- Quem se aluga no S. Miguel, não se senta quando quer.
- S. João e S. Miguel passados, tanto manda o amo como o criado.
- S. Miguel passado, todo o amo é mandado.
- S. Miguel soalheiro, enche o celeiro.
- S. Miguel das uvas, tanto tardas e tão pouco duras!
- S. Miguel passado, tanto manda o amo como o criado.
- Se houvesse dois S. Miguéis no ano, não havia moço que parasse no amo.
- Vai-te com Deus e S. Miguel com as almas.

BIBLIOGRAFIA
- [1]-Bíblia Católica Online (http://www.bibliacatolica.com.br/)
- [2] – DELICADO, António. Adagios portuguezes reduzidos a lugares communs / pello lecenciado Antonio Delicado, Prior da Parrochial Igreja de Nossa Senhora da charidade, termo da cidade de Euora. Officina de Domingos Lopes Rosa. Lisboa, 1651.
- [3] - Enciclopédia Católica Popular (http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/)
- [4] - Inventário Artístico da Arquidiocese de Évora (http://www.inventarioaevora.com.pt/)
- [5] - MARQUES DA COSTA, José Ricardo. O Livro dos Provérbios Portugueses. Editorial Presença. Lisboa, 1999.
- [6] - Santos da Igreja (http://www.portal.ecclesia.pt/ecclesiaout/liturgia/liturgia_site/santos/santos_users.asp)
- [7] - Wikipédia (http:// www.wikipedia.org/)