sábado, 22 de março de 2025
Adágios para o Dia Mundial da Água
terça-feira, 18 de março de 2025
Liturgia popular do pão
Publicado em 1 de Julho de 2011
domingo, 16 de março de 2025
Espiga Pinto, presente!
A Obra de Espiga Pinto na sua
fase dos anos 60 do século 20, interpreta duma forma magistral as mais variadas
cenas da vida agro-pastoril do Alentejo de antanho. Por isso, os seus trabalhos
são um reflexo da identidade cultural alentejana. Daí a emoção estética e
regionalista que a sua obra desperta.
Os sobrenomes “Espiga” e “Pinto”,
atribuídos na pia baptismal, terão sido, porventura, o prenúncio de que a sua obra de artista plástico, iria abordar o “agro” (Espiga) e o “pastoril” (Pinto).
Espiga Pinto (1940-2014), natural
de Vila Viçosa, pintor da 3ª Geração Modernista e da fase tardia do
Neo-realismo, foi professor na Escola Industrial e Comercial de Estremoz
(1960-1965), era eu adolescente e já admirava a sua Obra. Muitos anos mais
tarde e já neste século, tive o privilégio de falar com ele algumas vezes em Estremoz.
Uma das suas preocupações na época era a dificuldade que estava a sentir com a
Câmara Municipal de Vila Viçosa, no sentido de esta lhe assegurar um edifício
que pudesse funcionar como espaço exposicional, o qual permitisse alojar o seu
legado, de modo que o público pudesse usufruir do conhecimento da sua Vida e da
sua Obra.
Neste momento, parece que o
actual executivo municipal de Vila Viçosa está interessado em concretizar a
intenção do artista. Vejamos o que o futuro nos reserva.
A importância da obra de Espiga
Pinto é consensual entre “quem percebe da poda” e justifica plenamente o
empenhamento da comunidade no sentido de que o desejo do artista se torne
realidade.
A exposição “Espiga Pinto –
Memórias do Alentejo”, promovida pela Galeria Howard’s Folly e o Legado de
Espiga Pinto, no espaço daquela Galeria, por ocasião da celebração do 85º
aniversário do nascimento do artista, decerto que irá aumentar e reforçar as
hostes dos admiradores da sua Vida e da sua Obra, o que constituirá um
justificado motivo de júbilo para o universo dos seus admiradores, entre os
quais humildemente me posiciono.
sábado, 15 de março de 2025
Tocador de ronca
No Alentejo de outrora, grupos de homens agasalhados do
frio, percorriam as ruas dos povoados em compasso lento e solene, entoando
cantares de Natal ou das Janeiras. Paravam aqui e ali, para dedicar os seus
cantos aos moradores de determinadas casas. Os cantares eram acompanhados pelo
som, grave e fundo, das roncas percutidas por tocadores. A ronca é um
instrumento musical tradicional do Alentejo, pertencente à classe dos
membranofones de fricção. Ainda pode ser encontrado na zona raiana (região de
Portalegre, Elvas, Terrugem e Campo Maior).
sexta-feira, 14 de março de 2025
Exposição "Memórias do Alentejo" de José Manuel Espiga Pinto na Galeria Howard's Folly
A Galeria Howard’s Folly, em
Estremoz, e o Legado de Espiga Pinto vão apresentar, no espaço daquela galeria,
a exposição “Memórias do Alentejo”, por ocasião da celebração do 85º
aniversário do artista plástico José Manuel Espiga Pinto (1940-2014).
A mostra, que inclui pintura,
desenho e escultura, vai estar patente ao público entre 16 de março e 27 de
abril e conta com o apoio institucional da BIALE, Bienal Internacional do
Alentejo 2025.
As peças expostas, criadas na
década de 60, aquando do regresso de Espiga ao Alentejo, refletem a excelência
do seu período neorrealista e a infância do artista em Vila Viçosa.
A mostra integra peças em
diversos suportes, desde a pintura, trabalhos sobre papel, desenho em
tinta-da-china sobre cortiça escultura em bronze. A imagem representa a vida
típica do Alentejo histórico, com composições que incluem o cavalo, o touro, a
roda, a carroça, a apanha da azeitona, os agricultores, a camponesa e as festas
locais.
“Roda”, de 1965, é a obra que
sobressai pelo seu valor icónico, com tons laranja evocando a luz do amanhecer
sobre a carroça no labor matinal nos campos e representando o símbolo de
continuidade da vida. As peças escolhidas, nos vários suportes, continuam a
complementar e a ecoar a roda ao longo da exposição.
A roda é um dos principais
elementos recorrentes da iconografia de Espiga Pinto, presente em todas as suas
fases subsequentes. A exposição centra-se nestes primeiros trabalhos da década
de 1960, a “Série do Alentejo”, proporcionando uma narrativa de caráter
histórico inspirada no profundo afeto do artista pela sua cultura.
Nascido em Vila Viçosa, em 1940,
durante a Segunda Guerra Mundial, Espiga Pinto estudou escultura na Escola
Superior de Belas Artes de Lisboa, tendo sido distinguido com importantes
prémios e distinções ao longo da vida pela sua contribuição multidisciplinar
para as artes.
Foi membro da Academia Nacional
de Belas Artes. As memórias e a ligação à vida rural no Alentejo influenciariam
toda a sua obra. Espiga afirmou que foi na sua chegada a Estremoz, tinha então
cerca de 20 anos, que assumiu como “sentido cósmico” para a sua vida “cantar o
Alentejo”, explorando as principais formas figurativas e temas recorrentes, que
mais tarde se tornariam a base para o simbolismo cósmico, patentes ao longo de
uma extensa carreira de mais de 60 anos.
A arte de Espiga está amplamente
estabelecida dentro e fora de Portugal, contando mais de 80 exposições
individuais, com uma multiplicidade de obras em locais públicos e trabalhos
presentes em prestigiadas coleções. Obras de Espiga foram recentemente incluídas
em importantes exposições coletivas: Jaime Isidoro e Vila Nova de Gaia; 50 anos
após os 1ºs Encontros Internacionais de Arte (2024), NEO-REALISMO – Memórias
Guardadas do Acervo de Hernâni Matos (2024), Uma Terna (e Política)
Contemplação do que Vive, obras da coleção Norlinda e José Lima (2023), 60º
Aniversário da Cooperativa Árvore (2023) e Contra a Abstração, Obras da Coleção
da Caixa Geral de Depósitos (2019).
Em 2020, Penelope Curtis, então
Diretora na Fundação Calouste Gulbenkian, selecionou mais de 50 importantes
obras, ampliando o já significativo conjunto de obras de Espiga na coleção do
CAM – Centro De Arte Moderna Gulbenkian, incluindo peças associadas à temática
da presente exposição.
O legado de Espiga Pinto preserva
a obra e o acervo biográfico deste extraordinário artista, estando em curso uma
extensa investigação com vista à elaboração de um catálogo raisonné. Esta
exposição tem a curadoria de Amie Conway e Alex Cousens, profissionais
independentes com um longo trajeto nas artes, baseados em Londres, Reino Unido,
trabalhando diretamente com os dois herdeiros, Aurora e Leonardo Espiga Pinto,
filha e filho, respetivamente. As obras são provenientes da coleção que o
próprio artista cuidadosamente construiu, com agradecimentos pelo empréstimo de
outras obras por parte de importantes coleções particulares.
Além do apoio institucional da
BIALE 2025, esta exposição tem ainda o apoio da The Sovereign Art Foundation,
do Grupo de Hotéis Marmóris, da Galeria Alvarez, da Galeria Aqui d’El Arte –
CECHAP, da T.ARTe Collage.pt.
“A galeria do The Folly recebe
normalmente artistas contemporâneos locais, mas estamos muito satisfeitos por,
desta vez, recebermos um verdadeiro ícone da cena artística local que,
infelizmente, já não está entre nós. Ter um artista desta estatura a expor na
nossa galeria durante a BIALE do Alentejo é, na nossa opinião, muito propício”
refere Howard Bilton, proprietário da Howard’s Folly e presidente da The
Sovereign Art Foundation.
Aurora e Leonardo Espiga Pinto, filhos do artista
asseguram que “o regresso de Espiga Pinto ao seu Alentejo, e a Estremoz, tem um
enorme significado. Esta é a primeira exposição de desenho, pintura e escultura
de Espiga Pinto desde o seu falecimento. Além disso, a sua célebre “Série do
Alentejo” (década de 1960) não era mostrada ao público há 15 anos. E,
finalmente, a exposição tem lugar em Estremoz, lugar onde o nosso pai viveu e
criou estas mesmas peças, na sua casa-atelier”.
quinta-feira, 13 de março de 2025
Tocadora de adufe
Ganchos de meia e meias de cinco agulhas (2ª edição)
[1] Símbolo usado para “selar” o contracto pré-matrimonial no Alentejo de antanho. Através dele, o moço oferecia à sua “prometida” uma cadeirinha em madeira que ela passaria a usar, presa na fita do chapéu de trabalho, até à altura do matrimónio. Depois disso poderia vir a adquirir outra funcionalidade, como a de gancho de meia.