sábado, 11 de outubro de 2014

Morreu Espiga Pinto, pintor do Alentejo



Espiga Pinto (1940-2014) 

Faleceu no passado dia 1 de Outubro no Porto, o artista plástico José Manuel Espiga Pinto, de 74 anos, natural de Vila Viçosa. O funeral teve lugar nesta vila no passado dia 3, tendo saído pelas 15h da Igreja da Nossa Senhora da Conceição para o cemitério local.
Espiga Pinto pertencia à terceira geração de artistas modernistas. A sua obra diversificada, distribui-se por escultura, pintura, desenho, moedas, medalhas, troféus, cerâmica, gravura, serigrafia, vitrais, capas para livros, cinema para a RTP, tapeçaria, murais de grandes dimensões para átrios de edifícios, grandes esculturas para espaço urbano e logótipos para muitas empresas.
Frequentou a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e recebeu uma Bolsa de Especialização em Pintura da Fundação Calouste Gulbenkian que lhe permitiu viajar pela Europa entre 1973 e 1974.
O artista expôs desde os quinze anos e realizou até ao presente, mais de oitenta Exposições Individuais e várias centenas de Exposições Colectivas em todo o mundo. Tem obras em colecções particulares, em Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Angola, Suíça, Holanda, Estados Unidos da América, entre outros países. Em Portugal está representado no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, no Museu de Arte Contemporânea, na Colecção Berardo, no Museu do Desporto, na Caixa Geral Depósitos (Lisboa) e no Museu de Serralves (Porto). Entre as suas obras de arte pública estão as esculturas do Parque Miraflores, comemorativas dos 250 anos do Concelho de Oeiras. Em Lisboa, na avenida Álvaro Pais, está  a escultura em bronze “Mapa da memória inicial”, que venceu o Prémio Marconi de 1992.
Entre outras distinções, Espiga Pinto ganhou o Prémio Anual de Imprensa, da Casa da Imprensa (1970), o Prémio Bienal de São Paulo (Brasil), para cenários do bailado da Gulbenkian, Lisboa (1973), o Prémio da Embaixada de Portugal em Brasília pela criação de pavimentos (1973), o Prémio de Pintura da Academia de Belas Artes de Lisboa (1987), o Prémio de Realização de Escultura Marconi (1992), o Prémio “Coty” – U.S.A. - “Coin Of The Year” – A Melhor Moeda Comemorativa do Planeta Terra (2000). Venceu também o Concurso Europeu para o Troféu do 50.º aniversário das regatas de grandes veleiros em Antuérpia (2005) e ganhou o 1.º Prémio pela moeda comemorativa da "Passarola", de Bartolomeu de Gusmão (2007).
Espiga Pinto tinha o Alentejo na massa do sangue, pelo que a sua obra reflecte o ambiente natural e social do Alentejo profundo. Para o historiador de arte David Santos, "O campesinato, a vida na aldeia ou nas vilas dessa região marcam uma das imagens mais fortes da sua estética, numa espécie de neorrealismo tardio, já nos anos 1960 e 1970, mas onde era possível vislumbrar uma capacidade de autoironia e mesmo humor sobre essa iconografia”. Mais tarde, quando a abstracção invade o seu trabalho, acontece "uma intensa relação com a simbologia do cosmos". Espiga Pinto passa então a desenvolver "grandes gestos circulares onde se conjugam figuras aladas (pombas, cisnes), cavalos e pequenos signos que remetem para mapas imaginários invadidos por uma plenitude fantasista que melhor se traduziu no seu trabalho de escultura em bronze ou nos seus conjuntos de volume pintados".
Segundo a escritora Manuela Morais, Espiga “Ainda era menino quando chegou à pintura. Homem determinado e invulgar, pinta como quem beija. Entrega-se total e perdidamente. Do Alentejo, onde nasceu, revelador de uma intuição e sensibilidade apuradíssimas, vem afirmando a solidez e singularidade de um percurso que começa e termina na busca e apreensão dos possíveis sentidos da existência”.
Para o historiador de arte, Mário Nunes, "Espiga Pinto, de invulgar poder de criação, utiliza a geometria como estrutura da sua Obra, afirmando que a geometria está nos nossos gestos, na nossa mente, na arquitectura do universo, pois a geometria é a estrutura do universo, tanto no microcosmos como no macrocosmos. E, realmente, a Obra de Espiga fascina pela grandeza, pelo sublime e pela sensibilidade que revela em toda a dimensão do seu conhecimento, no pensamento de que "A Arte é a Vida" e "A Vida é a Arte".
Espiga Pinto foi professor na Escola Industrial e Comercial de Estremoz (1960-1965) e no IADE (Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing, Lisboa (1979-1987). Era sócio da F.I.D.E.M. - Federação Internacional da Medalha e membro da Academia Nacional de Belas Artes de Lisboa.

A Família enlutada, apresento as minhas sentidas condolências.



Apanha da azeitona (1962).
Espiga Pinto (1940-2014).
Tinta-da-china sobre papel (41 cm x 26 cm).
Três camponeses cantores (1962).
Espiga Pinto (1940-2014).
 Tinta-da-china sobre papel (26 cm x 39 cm).
Segredo para a festa na aldeia (1962).
Espiga Pinto (1940-2014).
Tinta-da-china sobre papel (18 cm x 36 cm).
 Feira de Gado (1963).
Espiga Pinto (1940-2014).
 Técnica mista sobre papel (68 cm x 52 cm).
 Pastor c/ ovelhas no redil (1963).
Espiga Pinto (1940-2014).
 Técnica mista sobre papel (97 cm x 50 cm).
 Figura (1963).
Espiga Pinto (1940-2014).
Técnica mista sobre papel (13,5 cm x 31 cm).
Homem com roda (1964).
Espiga Pinto (1940-2014).
Técnica mista sobre papel (41 cm x 50 cm).
 Camponês com carro de cavalos em festa (1964).
Espiga Pinto (1940-2014).
Técnica mista sobre papel (73 cm x 40 cm).
 Lavra da terra (1964).
Espiga Pinto (1940-2014).
 Técnica mista sobre papel (48 cm x 25 cm).

Camponês com boi e cavalo (1965).
Espiga Pinto (1940-2014).
Técnica mista sobre papel (75 cm x 50 cm).
 Camponês c/ parelha de cavalos (1965).
Espiga Pinto (1940-2014). 
Técnica mista sobre papel (24 cm x 45 cm)
 Camponês no carro de palha (1965).
Espiga Pinto (1940-2014).
 Técnica mista sobre papel (35 cm x 63 cm).
Camponesa com pendão de festa (1965).
 Espiga Pinto (1940-2014).
Técnica mista sobre papel (33 cm x 49 cm).
Camponês com boi e cavalo (1965).
Espiga Pinto (1940-2014).
 Técnica mista sobre papel (75 cm x 50 cm).
 Camponês com parelha de cavalos (1965).
Espiga Pinto (1940-2014).
 Técnica mista sobre papel (24 cm x 45 cm).
 Ceifeiras (1966).
Espiga Pinto (1940-2014)
Tinta-da-china sobre papel de cortiça (- cm x – cm).
 Na cocheira (1966).
Espiga Pinto (1940-2014).
Tinta-da-china sobre papel de cortiça (27 cm x 30 cm).
 Ceifeira (1966).
 Espiga Pinto (1940-2014)
 Tinta-da-china sobre papel de cortiça (20 cm x 35 cm).
 Ceifeira (1966).
 Espiga Pinto (1940-2014).
Tinta-da-china sobre papel de cortiça (27 cm x 31 cm).
 Homem com charrua (1966).
Espiga Pinto (1940-2014)
 Técnica mista sobre papel (48 cm x 34 cm).
Cavalo (1966).
 Espiga Pinto (1940-2014).
Tinta-da-china sobre papel de cortiça (15 cm x 27 cm).
Camponesa (1967). 
Espiga Pinto (1940-2014).
Técnica mista sobre madeira (48 cm x 138 cm). 

4 comentários:

  1. Muito interessantes , vastas e diversificadas as obras que deixou e sucesso que teve no nosso país e pelo mundo em diversas exposições em que participou. Obrigada pela partilha da obra deste artista plástico.

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    1. Ora essa. São me gratas a Memória do Artista e da sua Obra, pelo que considero pertinente a divulgação das mesmas.

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  2. Meu professor de desenho.. 😔

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    1. Espiga Pinto foi professor na Escola Industrial e Comercial de Estremoz entre 1960 e 1965, pelo que nesse período teve como alunos, jovens não só do concelho de Estremoz, como dos concelhos limítrofes.

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