segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

44 – Fuga para o Egipto - 5


Fuga para o Egipto. Oficinas de Estremoz. Finais do séc. XIX –
- princípios do séc. XX. Museu Municipal de Estremoz.

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Foi Camões que proclamou: “Todo o mundo é composto de mudança, / Tomando sempre novas qualidades. (…)”. A esta máxima acrescento a firme convicção de que “Nada acaba no fim”, tema que animou a última sessão do “Correntes d'Escritas”, um encontro anual de escritores de expressão ibérica que em Fevereiro passado, decorreu na Póvoa de Varzim, minha cidade adoptiva. Vem isto a propósito de, em crónica antecedente, ter dito não ter conhecimento de nenhum exemplar do figurado de Estremoz, de produção local, anterior aos começados a executar por Ana das Peles e Mariano da Conceição, nos anos 30 do séc. XX, na Escola Industrial António Augusto Gonçalves, sob a orientação do Director, o escultor José Maria de Sá Lemos. Acontece que não é assim, já que o Museu Municipal de Estremoz tem no seu acervo e presentemente em exposição, um exemplar cuja presença ali, revoga aquilo que disse então. Trata-se de uma peça das oficinas de Estremoz dos finais do séc. XIX – princípios do séc. XX, a qual reúne, montadas numa única base, as figuras do episódio bíblico de que venho falando. Para além do que já foi dito em crónica precedente, a propósito da interpretação de Mariano da Conceição e pondo de parte, pormenores de decoração, há que referir certas particularidades. A base, sensivelmente rectangular e com os vértices adoçados, não ostenta qualquer marca de autor. São José enverga um manto que lhe protege também a cabeça, à maneira de capuz. A mutilação do braço direito não deixa antever se originariamente empunharia ou não, um bordão encimado por um lírio branco, um dos atributos de São José. Quanto a Nossa Senhora, monta uma burrinha que marcha para o lado esquerdo do observador, à semelhança do que viria a fazer Mariano da Conceição e ao contrário do que faria Ana das Peles e mais tarde, o seu discípulo José Moreira.
A imagem de que venho falando, foi doada ao Museu Municipal de Estremoz em 2002, por Isabel Maria Osório de Sande Taborda Nunes de Oliveira, ex-Vereadora do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Estremoz. Pertencia à Casa da Horta Primeira, onde vivia sua tia, Maria Palmira Osório de Castro Sande Meneses e Vasconcellos Alcaide (1910-1992), grande poetisa estremocense, conhecida por Maria de Santa Isabel, casada com Roberto Augusto Carmelo Alcaide (1903-1979), comerciante, dramaturgo e caricaturista, irmão de Tomaz de Aquino Carmelo Alcaide (1901-1967), tenor lírico de projecção internacional.
A imagem era utilizada por Maria Palmira na montagem do Presépio, através do qual, ciclicamente era evocado naquela Casa, o nascimento de Jesus. A Poetisa sentia na alma a magia irradiada pelos bonecos de Estremoz e deles fala no seu livro “Flor de Esteva” (1948), no poema “Bonecos de Estremoz”: “Bonequinhos de barro de Estremoz! / Floridas cantarinhas! Primaveras! / Figuras dum presépio de quimeras! / Quem foi que lhes deu vida no meu sonho? / Eterna fantasia cor de luz, / Milagre suavíssimo, risonho, / Do Menino Jesus…/(…)”
A nível local, existem também representações eruditas da “Fuga para o Egipto”, que não podem deixar de ser aqui referidas. Uma delas está pintada na porta direita da maquineta do Presépio da Misericórdia de Estremoz. A maquineta, de pau-santo, acomoda um presépio em barro policromado, atribuído às oficinas de Machado de Castro e de António Ferreira. A outra, figura num painel de azulejos, fabrico de Lisboa, do segundo terço do século XVIII, que se encontra na parede da Igreja dos Mártires, do lado da epístola.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 2 de Março de 2016 
 

domingo, 22 de dezembro de 2024

43 – Fuga para o Egipto - 4


Nossa Senhora a Cavalo (Anos 30 do séc. XX). Ana das Peles (1869-1945).

No Museu Nacional de Etnologia existe um exemplar de Nossa Senhora a Cavalo, identificada como sendo de Ana das Peles e de data anterior à que já descrevi, já que a barrista faleceu em 1945. Nele é de realçar que a burrinha marcha para o lado direito do observador e Nossa Senhora está virada para o lado direito da asinina e com as costas viradas em sentido oposto (NSAC – tipo 2).
Quase todos os barristas posteriores compõem Nossa Senhora a Cavalo como o fez Mariano da Conceição (NSAC – Tipo 1). Exceptua-se José Moreira, discípulo de Ana das Peles, que produziu exemplares de Nossa Senhora a Cavalo, quer do tipo 1 como do tipo 2, como nos mostra a colecção Hernâni Matos.
Liberdade da Conceição, talvez por uma questão de afecto, executava as suas figuras à semelhança das de seu marido, Mariano da Conceição. Porém, nos anos 80 do séc. XX, resolve adicionar adereços na composição da Fuga para o Egipto. Assim, a cabeça de São José está rematada por um disco dourado com raios incisos, configurando um resplandor espetado com um arame na cabeça. Por sua vez, Nossa Senhora encontra-se adornada por uma coroa também dourada. Vejamos a razão de ser de tais adornos.
Comecemos pelo resplandor. De acordo com a religião católica, os seres gloriosos emanam luz espiritual ou “aura”, que é um símbolo divino de santidade. Trata-se de um vestígio do culto solar materializado por uma ”auréola” em torno da cabeça e dos corpos, simbolizando a glória para o ser na sua totalidade. Em pintura e escultura, a auréola, resplandor ou resplendor é um disco de raios de metal ou um aro metálico, geralmente dourado, colocado na cabeça das imagens de Cristo e por extensão da Virgem Maria, dos Anjos, dos Santos e dos Mártires.
Vejamos agora a coroa. A intensa devoção dos católicos por Maria, mãe de Jesus, levou-os a atribuir-Lhe inúmeros títulos, entre os quais o de "Rainha do Céu", que remonta ao século XII e que nessa qualidade é invocada doze vezes: Rainha dos Anjos, dos Patriarcas, dos Profetas, dos Apóstolos, dos Confessores, das Virgens, dos Mártires, de Todos os Santos, do Santíssimo Rosário, da Paz, Concebida sem Pecado Original e Levada aos Céus. Ora, a coroa como ornamento que cinge a cabeça, é símbolo de soberania, de nobreza, de dignidade e de glória. A sua forma circular traduz a perfeição e a participação da natureza celeste. A coroa une, através da coroada, o que está acima e abaixo dela: Deus e os homens.
Anteriormente a Liberdade da Conceição, no figurado de Estremoz, o resplandor emergia apenas das cabeças de Santo António e de São João Batista e a coroa da cabeça de Nossa Senhora da Conceição.
A inovação de Liberdade, não foi seguida nem sua filha Marisa Luísa, nem por sua cunhada Sabina. Por sua vez, as Irmãs Flores começaram por confeccionar a Fuga para o Egipto, tal como o fazia Sabina da Conceição, de quem são discípulas. Todavia acabaram por seguir a inovação introduzida por Liberdade, facto a que não será estranho o interesse manifestado pelo público, habituado a reconhecer o resplandor e a coroa como atributos de santidade, que são parte integrante das imagens religiosas veneradas nas Igrejas.

Publicado inicialmente em 22 de Fevereiro de 2016

sábado, 21 de dezembro de 2024

42 - Fuga para o Egipto - 3


Fuga para o Egipto (1948). Mariano da Conceição (1903-1959).
Museu Rural de Estremoz.


Figurado de Estremoz 
No Museu Nacional de Arqueologia existe uma “Fuga para o Egipto” do séc. XVIII, que de acordo com o verbete manuscrito por Leite de Vasconcelllos, é proveniente de Estremoz e foi doada por Luís Chaves em 1915, que a encontrou num monte nos arredores da cidade, onde porventura teria sido utilizada como brinquedo. Provavelmente é um grupo que pertenceu a algum presépio de Igreja que foi disperso. Todavia, não apresenta as características da manufactura sui-generis do figurado de Estremoz.
Conheço e tenho na minha colecção figuras de Presépio do séc. XVIII, executadas ao modo de Estremoz, as quais são figuras soltas que pertenceram a presépios aqui executados. É possível que alguns presépios mais completos incluíssem o grupo da “Fuga para o Egipto”. Contudo, não tenho conhecimento de nenhum exemplar de produção local anterior aos começados a executar por Ana das Peles e Mariano da Conceição, nos anos 30 do séc. XX, na Escola Industrial António Augusto Gonçalves, sob a orientação do Director, o escultor José Maria de Sá Lemos.
A “Fuga para o Egipto”, tem sido produzida desde então pela maioria dos barristas e integra o núcleo base do figurado de Estremoz. A análise do exemplar criado por Mariano da Conceição em 1948 e pertencente à colecção do Museu Rural de Estremoz, revela tratar-se de duas figuras que em conjunto representam o episódio bíblico. São elas: - NOSSA SENHORA A CAVALO - Montada à amazona numa burrinha preta com arreios, está sentada sobre uma manta cor de zarcão, terminando por linhas incisas que simulam franjas. Enverga túnica com gola e véu, ambos de cor azul celeste. De salientar que a burrinha marcha para o lado esquerdo do observador e Nossa Senhora está virada para o lado esquerdo do animal e com as costas viradas para o lado contrário (NSAC-Tipo 1). Transporta o Menino Jesus ao colo, ao mesmo tempo que o segura com os braços. O Menino está enroupado com uma vestimenta branca, decorada na extremidade com linhas incisas, azuis e amarelas, imitando franjas. Encontra-se ainda envolto numa manta que lhe pende dos ombros e cruza no peito, igualmente branca e com franjas análogas às da extremidade da veste. A figura assenta numa base quadrada de cor verde, pintalgada de branco, amarelo e zarcão e orlada verticalmente com esta última cor. - SÂO JOSÉ – De pé, traja túnica com gola, de cor azul celeste com orla amarela, calça branca e botas pretas. Nas costas tem assente um manto vermelho, forrado de branco e igualmente orlado de amarelo. A barba é espessa e castanho-escuro, o mesmo se passando com o cabelo comprido, que cai sobre os ombros, enrolado na extremidade. À cintura tem cingida uma faixa amarela com franjas nas duas extremidades, as quais pendem para a frente. A mão esquerda assente no coração simboliza a lealdade e a devoção a Deus. A mão direita empunha um bordão encimado por um lírio branco, um dos atributos de São José e que é símbolo de pureza, castidade, confiança, abandono completo e dedicação a Deus. A base da figura é rectangular, verde-escura, com orla vertical a zarcão.

Hernâni Matos  
Publicado inicialmente a 15 de Fevereiro de 2016

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

41 - Fuga para o Egipto - 2


Fuga para o Egipto (1983-1985).
Liberdade da Conceição (1913-1990).
Colecção particular.

Arte portuguesa
Em Portugal há um certo número de obras de arte incluídas na temática da “Fuga para o Egipto” que sobressaem e merecem especial destaque. Passo de seguida a enumerá-las. ESCULTURA EM PEDRA: - Um dos seis quadros de um dos frontais do túmulo de D. Inês de Castro, escultura gótica em pedra, de autor desconhecido (1358-1367); - Mosteiro de Alcobaça: Painel dum tríptico de dois andares, em médio e baixo-relevo, em pedra de João de Ruão (1577). Museu Machado de Castro, Coimbra.
ESCULTURA EM MADEIRA POLICROMADA: - Ambrósio Coelho e Manuel Gomes de Andrade (1ª metade do séc. XVIII). Museu de Alberto Sampaio, Guimarães. ESCULTURA EM BARRO POLICROMADO: - António e Dionísio Ferreira (1700-1730). Presépio da Igreja da Madre de Deus, Lisboa; - Joaquim Machado de Castro (1766). Presépio da Sé de Lisboa; - Autor anónimo (séc. XVIII). Presépio do Palácio das Necessidades. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa; - Autor anónimo (séc. XVIII-XIX). Museu dos Biscainhos, Braga. PINTURA: - Francisco Henriques e Grão Vasco (1501-1506). Um de catorze quadros do retábulo da Capela-mor da Sé de Viseu; - Gregório Lopes (c. 1527). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa; - Discípulo de Grão Vasco (1520-1535). Um de dezasseis quadros de retábulo quinhentista.  Igreja de São Miguel, Freixo de Espada à Cinta; - Círculo de Gerard David (1495-1510). Museu de Évora. PAINÉIS DE AZULEJOS: - Gabriel del Barco (1695-1700). Capela de Nossa Senhora do Rosário, Sé Catedral de Faro; - Gabriel del Barco (1698). Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, Beja; - Gabriel del Barco (c. 1700). Igreja do Convento de Nossa Senhora do Espinheiro, Évora; - Policarpo de Oliveira Bernardes (1730). Museu Nacional do Azulejo, Lisboa; - Autor desconhecido (1750 - 1760). Museu Nacional do Azulejo, Lisboa; VITRAIS: - Autor desconhecido (séc. XVII). Palácio da Pena, Sintra.
Publicado inicialmente a 20 de Janeiro de 2016

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

40 – Fuga para o Egipto – 1


Fuga para o Egipto (1948). Mariano da Conceição (1903-1959).
Museu Rural de Estremoz.

A “Fuga para o Egipto” é um evento relatado no Evangelho de São Mateus (Mateus 2:13-25), no qual após a Adoração dos Magos, José foge para o Egipto com Maria sua esposa e seu filho recém-nascido Jesus, após ter sido avisado por um Anjo do Senhor, do massacre de crianças com menos de dois anos, que ia ser perpetrado por ordem de Herodes I, o Grande, receoso que a criança que os Magos proclamavam como novo rei, lhe tomasse o trono e o poder.
Tradição católica
A intensa devoção dos católicos por Maria, levou-os a atribuir-lhe inúmeros títulos, entre os quais Nossa Senhora do Desterro, visto que após a fuga para o Egipto, aí permaneceu desterrada durante 4 anos.
Nossa Senhora do Desterro é Padroeira dos refugiados e dos emigrantes e é venerada na Igreja do mesmo nome, na Póvoa de Varzim, onde no 1º domingo de Junho se celebra a sua festa litúrgica. Nela sobressaem os tapetes de flores que ornamentam as ruas envolventes à Igreja, assim como uma grandiosa procissão bastante participada pela comunidade piscatória, muito devota da Santa. Na procissão figura uma alegoria à “Fuga para o Egipto”, na qual uma figurante trajando à época e com uma criança ao colo, monta uma burrinha que é conduzida por outro figurante, desempenhando o papel de São José.  
Também em Lamego na Igreja de Nossa Senhora do Desterro, existe igual veneração. Dela nos fala o cancioneiro popular da Beira Alta: “Dizeis que não tenho mãe, / Eu tenho-a em Lamego; / Dizei-me quem ella é? / A Senhora do Desterro.”
Em Braga, na Quarta-Feira Santa tem lugar o tradicional cortejo bíblico “Vós sereis o meu povo”, popularmente conhecido como “Procissão da Burrinha”. Trata-se de uma procissão nocturna que apresenta a pré-história do Mistério Pascal de Jesus, que a Igreja celebra nos dias seguintes. No decurso dela são apresentados em sucessão cronológica e em verdadeira catequese, 22 quadros da vida de Jesus. Num deles é recriada a fuga para o Egipto de São José e Nossa Senhora, com a imagem da Virgem com o Menino Jesus ao colo, transportada numa burrinha e conduzida por um figurante, fazendo de São José. A procissão, organizada desde 1998 pela Paróquia e pela Junta de Freguesia de São Victor, integra mais de 1000 figurantes com trajes bíblicos, assim como bandas filarmónicas e grupos corais. É uma referência incontornável da Semana Santa de Braga e a ela assistem vulgarmente mais de 60 mil pessoas, ao longo dos 3 km de percurso.
Arte cristã
Desde a Idade Média que a “Fuga para o Egipto” constitui um tema recorrente na arte cristã, frequentemente explorado pelos artistas plásticos, que representam Nossa Senhora com o Menino Jesus ao colo, montada numa burrinha e acompanhada por São José, que segue a pé.
A nível da pintura há inúmeras iluminuras dos códices de pergaminho medievais, bem como pinturas sobre os suportes mais diversos (tela, madeira, mármore, vidro, cobre, prata, fresco, etc.). No âmbito da escultura em pedra, a evocação bíblica figura em pias baptismais, túmulos, fachadas, capiteis, edículas, frisos de arquitraves, etc. A ela há a acrescentar ainda a escultura em madeira e barro policromados, bem como painéis de azulejos, vitrais, desenhos e gravuras (em madeira ou a água-forte).

Publicado inicialmente em 6 de Janeiro de 2016

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

O Natal na Azulejaria Portuguesa


Natividade ou Adoração dos Pastores (séc. XVI- c. 1580).
Painel de azulejos (500 x 465 cm) atribuído a Marçal de Matos.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.

Ao longo de mais de cinco séculos, o azulejo tem si usado em Portugal, como elemento associado à arquitectura, não só como revestimento de superfícies, mas também como elemento decorativo.
Pela sua riqueza cromática e pelo seu poder descritivo, o azulejo ilustra bem a mentalidade, o gosto e a história de cada época, sendo muito justamente considerado como uma das criações mais singulares da Cultura Portuguesa e um paradigma da nossa Identidade Cultural Nacional.
A temática do património azulejar português é diversificada e inclui, naturalmente, o tema “Natal”, objecto do presente post, ilustrado com imagens de painéis apresentados sensivelmente por ordem cronológica e legendados com a informação que nos foi possível recolher.

Publicado inicialmente a 29 de Novembro de 2011

Retábulo Nossa Senhora da Vida (c. 1580).
Painel de azulejos (500 x 465 cm), atribuído a Marçal de Matos, Lisboa.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.

Adoração dos Reis Magos (séc. XVII).
Painel de azulejos da Igreja Paroquial de Carcavelos.

A Natividade (séc. XVIII).
Painel de azulejos da Igreja de Arrentela, Seixal.

A Natividade (1720-22).
Painel de azulejos atribuídos ao pintor Manuel da Silva,
 fabricados na Olaria de Agostinho de Paiva, em Coimbra.
Claustro da Sé Catedral de Viseu.

Presépio e Adoração dos Reis Magos (Meados do séc . XVIII).
Painel de azulejos (174 cm x 280 cm) da Arquidiocese de Évora.

Adoração dos Reis Magos (séc. XVIII).
 Painel de azulejos da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Salvador, Bahia.

A Adoração dos Magos (finais do séc. XVIII).
 Painel de azulejos (1520 mm x 1230 mm)
 da autoria de Francisco de Paula e Oliveira,
 produzido na Real Fábrica de Louça, ao Rato, em Lisboa.
Museu da Cidade, Lisboa.

Natividade (1746 - 1754). Painel de azulejos portugueses.
 Igreja Basílica do Senhor do Bonfim. São Salvador, Bahia. 

Adoração dos Reis Magos (1760-70).
Painel de azulejos (197,6 x 293 cm), fabrico de Lisboa.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa. 

Os Reis Magos (1945).
 Painel de azulejos (131,8 x 132 cm), da autoria de Jorge /Barradas,
 produzido na Fábrica Cerâmica Viúva Lamego.
 Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

O Presépio na Pintura Portuguesa


Jorge Afonso (c.1470 - c.1540). Adoração dos Pastores.


Um dos grandes símbolos religiosos, que retrata o Natal e o nascimento de Jesus é o presépio. De acordo com Rafael Bluteau [1] e Cândido de Figueiredo [2], a palavra “presépio” provem do latim “praesepium”, que genericamente significa curral, estábulo, lugar onde se recolhe gado e que, numa outra óptica designa qualquer representação do nascimento de Cristo, de acordo com os Evangelhos [LUCAS 2: 1 a 18) e MATEUS 2: 1 a 11]. O Presépio está profusamente representado na pintura portuguesa antiga. Passemos em revista essas representações, que incluem a adoração dos pastores e a adoração dos Reis Magos, as quais serão visualizáveis de uma forma cronológica. 

Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 26 de Fevereiro de 2010

Jorge Afonso (c.1470 - c.1540).  Adoração dos Magos (c. 1515). Óleo sobre madeira
(170 x 205 cm). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

Gregório Lopes (c.1490-1550). Presépio (c. 1527). Óleo
sobre madeira (128 x 87 cm). Museu  Nacional de Arte
Antiga, Lisboa.

Gregório Lopes (c.1490-1550). Adoração dos Pastores.

Vasco Fernandes (activo entre 1501 e 1540). Natividade
(1501-6). Óleo sobre madeira (131 x 81 cm). Museu de
Grão  Vasco, Viseu.

Vasco Fernandes (activo entre 1501 e 1540). Adoração dos
Magos (1501-6). Óleo sobre madeira (130,2 x 79 cm). Museu
de Grão Vasco, Viseu.

Frei Carlos (activo entre 1517-1539). Adoração dos
Reis Magos. Museu da Guarda.

André Reinoso (activo entre 1610-1641). Adoração dos Pastores.

Bento Coelho da Silveira (1620-1708). Adoração dos Pastores.

Bento Coelho da Silveira (1620-1708). Adoração dos Magos.

Josefa de Óbidos (1630 –1684). Natividade (c. 1650-60). Óleo sobre cobre. (21 x 16 cm).
Colecção particular, Porto.

Josefa de Óbidos (1630 –1684). Adoração dos Pastores (1669). Óleo sobre tela
(150 x 184 cm). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

André Gonçalves (1686-1762). Adoração dos Magos (s/ data). Óleo sobre tela.
Museu Nacional de Machado de Castro, Coimbra.

André Gonçalves (1686-1762). Adoração dos pastores.

Domingos António de Sequeira (1768-1837). Adoração dos Magos (1828). Óleo sobre tela.
(100 x 140 cm). Colecção Particular, Lisboa.


BIBLIOGRAFIA

[1] – BLUTEAU, Raphael. Vocabulario Portuguez & Latino. Real Colégio das Artes da Companhia de Jesus. Coimbra, 1713.
[2] – FIGUEIREDO, Cândido de. Novo Diccionário da Língua Portuguesa. Editora T. Cardos & Irmão, 1899.