sexta-feira, 26 de abril de 2024

Poesia Portuguesa - 136




Gare
Álvaro Feijó (1916-1941)

O comboio perdeu-se no negrume
da noite e da distância.
A leva dos emigrantes
– num sonho de riqueza
e na esperança de vida –
enchera o monstro.
Na gare, choros e gritos!
Namoradas perdidas,
mães velhinhas
e os amigos,
numa espécie de inveja dolorida,
por não poderem partir.
Na gare, a dor em cada face!
E só eu
– que não era um emigrante –
só eu tive um sorriso de mulher
pedindo que voltasse.

Álvaro Feijó (1916-1941)

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