Temporada Tauromáquica de 1886
(Meses de Janeiro a Maio)
Luís Brito da Luz
A primeira notícia
a abrir a época, em pleno inverno, dizia respeito
à tourada ocorrida no dia 7 de Fevereiro
em Lisboa, pelas duas horas da tarde, na praça do Campo de Sant'Anna promovida por um grupo de bizarros
rapazes da nossa primeira sociedade
em benefício de uma simpàtica
instituição, a Associação Protectora das Crianças, e de Eugenio Mazoni. Os touros em número de doze eram de um dos mais afamados
e abastados lavradores, Emílio Infante
da Câmara. Os quatro cavaleiros amadores dos mais arrojados
e destros foram António Caldeira, D. António de
Portugal, Fiuza Guião e Alfredo
Tinoco. Bons bandarilheiros, à cabeça os irmãos
Robertos, Peixinhos , Calabaça, Sancho, José da Costa, João Roberto e o insigne toureiro espanhol
Filipe Aragon, El Minuto, coroando a festa um valente grupo de moços de forcado
e três bandas de música.
Esta corrida vinha
sendo anunciada como a
grande festa do high-life e do sport hà seguramente quinze dias, com exuberantes reclames, majestáticos cartazes, para estimular
o público em todas as esquinas
das ruas. Tal era necessário pois nessa altura os Lisboetas
já não sentiam tanto fervor e entusiasmo pelas corridas como os vizinhos
espanhóis, ainda para mais naquela
altura do ano em que realmente fazia
frio. Houve um tempo não muito longínquo
em que as touradas de morte faziam as delícias
dos portugueses. A atestar isto afirmava o periódico que um século
atrás havia em Lisboa quatro praças de touros, a da Estrela nas terras do Infantado, a da Parada, junto ao Rossio, a do Salitre e esta do Campo de Sant'Anna, não falando no Terreiro
do Paço, onde se realizavam as touradas de maior pompa. Em tom jocoso vinha o diário no dia seguinte dizer que os portugueses tinham medonha predileção e mau gosto pelas lides toureiras, com sangue, boléus, os animaizinhos com aquelas
estacas espetadas no cachaço e os cavalos
todos acicatados e ofegantes e muitas coisas
mais com que os inimigos
dessa lide predilecta dos peninsulares procuravam
demonstrar a barbaridade do divertimento que classificavam de anti civilizador. Continuando a zombaria
referia que entre os espectadores estavam gente de bom coração
e da Protectora dos Animais, assistindo nos camarotes e trincheiras a elite
lisbonense ilustrada e filantrópica. Finalizava a sátira dizendo
que todos os espectáculos podiam ter escassez de espectadores excepto as corridas
de touros que quase sempre se
enchiam, afluindo a esta corrida cerca de cinco mil pessoas, número que daria para encher todos os teatros de Lisboa
ainda sobrando gente. No que diz respeito á corrida propriamente dita os touros revelaram-se formidáveis, de pequeno
corpo como era próprio naquela
época do ano, alguns muito finos, mas todos bravos e prontos na investida. D. António de Portugal e Tinoco estiveram mais luzidios brilhando
em sortes á meia volta, á tira, á garupa com farpas e bandarilhas. O público também vitoriou Caldeira
e Guião encontrando no primeiro
uma serenidade fria e um habitual conhecimento da arte e no segundo
a boa vontade de aproveitar o touro que lhe calhou
em sorte. Quanto
aos bandarilheiros, no geral andaram bem, merecendo menção
especial os Robertos, Peixinho e Calabaça. El Minuto esteve soberbo sessenta vezes mais ligeiro que no ano passado em que já era rápido como uma ventoinha , pelos modos passou a chamar-se sr. Segundo, prometendo
vir a ser um sr. Instante. Quanto aos moços de forcados quase sempre foram sacudidos dando os touros
muitos derrotes, não obstante
baterem-lhes valentemente as palmas. Houve, contudo, duas soberbas pegas de caras e uma de cernelha sendo o touro rabejado. Delírio
da parte do público e, uma vez recolhido o touro, uma chuva de flores, charutos e rebuçados ao som de palmas e música das bandas dos Cegos, da Guarda
Municipal e da dos Marinheiros. A direcção a cargo do Marquês de Bellas foi óptima sendo
o fidalgo, em conjunto
com o lavrador, chamados no intervalo a fim de entregar aos lidadores algumas
coroas debaixo de um frio glacial.
Domingo dia 2 de Maio tiveram lugar duas corridas, a primeira de inauguração da época no Campo de Sant'Anna em Lisboa, a segunda
em Montemor-o-Novo por ocasião
da feira anual promovida pelos amadores tauromáquicos da vila, pertencendo os touros a Simão Augusto
Laboreiro e o grupo de lidadores dos mais afamados.
Em relação á primeira, com uma entusiasmante enchente, numa tarde primaveril com o vento a soprar
forte já para o final da tarde, coube o primeiro touro, um valente bicho bom de investida, a Alfredo Tinoco da Silva, único cavaleiro
em praça, que a galopar no seu russo
claro arrebatou a plateia com a sua coragem e perícia enfeitando o touro com uns ferros curtos em sortes não só artísticas e corajosas, mas também elegantes. Ainda lhe couberam
os quinto, oitavo e décimo primeiro touros, todos lidados
com a mesma mestria, especialmente este último. Os 13 touros
de Emílio Infante
da Câmara, de fina raça e escolhidos a capricho para esta corrida, descansados nas pastagens, estiveram óptimos em bravura.
Os bandarilheiros Roberto
da Fonseca,
Peixinho,
Calabaça e Minuto estiveram bem embora mais pesados que o habitual. O Rafael Peixinho
que já tinha estado bem o ano passado teve uma prestação
óptima assim como a do João Roberto, digna de ombrear com as dos tios, e a de José Petiz. Todos muito bem, sobressaindo o Roberto
com a sua muleta e o Peixinho
com o seu capote. Muito melhor seria se os bandarilheiros moderassem o seu bom desejo de trabalhar, aparecendo na arena quando
lhes pertencesse e não todos
ao mesmo tempo. E ouro sobre azul seria as capas dos capinhas deixarem
de fazer rodilhões
na praça o que era fácil se o artista quando saltasse
a trincheira puxasse para si o trapinho.
Esteve de parabéns o empresário
António da Costa Guerra.
A corrida na vila de Montemor-o-Novo não satisfez os aficionados, o gado era bravo, mas muito pouco corpulento e não se prestava á lide de toureio. O cavaleiro
amador Joaquim Fiuza assim
como Satumino Ayres que também toureou fizeram a diligência por agradar nos touros que lhes pertenceu
picar. Os bandarilheiros geralmente pouco fizeram,
havendo pouca concorrência prova que a empresa tinha de mudar de artistas
e não apresentar sempre os mesmos bandarilheiros e cavaleiro.
A segunda corrida
da época na praça de touros do Campo de Sant'Anna teve lugar no domingo dia 9 de Maio com a assistência de Suas Altezas, o Príncipe
D. Carlos e o Infante
D. Afonso. Os treze touros
do laureado lavrador
José Pereira Palha Blanco pertencentes á sua opulenta
ganadaria dotada de todos os preceitos usados pelos criadores
espanhóis, no geral estiveram bem, tendo alguns deixado a desejar. O Cavaleiro Alfredo
Tinoco da Silva esteve muito bem arrebatando a assistência com o seu arrojo e incontestável conhecimento do toureiro. Os bandarilheiros Vicente
Roberto, J. J. Peixinho, Calabaça e o festejado toureiro
espanhol El Minuto obtiveram
muitos aplausos. Este último quando do
terceiro touro da segunda parte saltava á trincheira, foi colhido
pelo animal, ficando ferido no nariz. Com uns pontos de adesivo se remediou
o assunto, voltando á praça com Peixinho e lidando de forma exemplar
o touro que se seguiu.
Dos restantes bandarilheiros Roberto da Fonseca, Sancho, Rafael Peixinho e José Maria da Costa, anunciados no cartaz dos espectáculos, não temos informação quanto á sua prestação. Concorrência regular com público
satisfeito reconhecendo-se a boa vontade do empresário em levantar o popular divertimento.
Domingo dia 16 teve lugar a terceira corrida da época na praça de touros do Campo de Sant'Anna com treze touros escolhidos a capricho pertencentes ao opulento lavrador Comendador Paulino da Cunha e Silva, os quais diziam que descendiam das raças do antigo lavrador Rafael José da Cunha. Bons exemplares para toureiro muito valentes, de vez em quando um ou outro passava do primeiro ao terceiro estado, mas ainda assim formidáveis na saída e ajeitando-se ao trabalho. O público chamou e aplaudiu o lavrador. José Bento de Araújo, o único cavaleiro do espectáculo , portou-se com o arrojo que lhe era característico , justificando durante a tarde a fama de figura de primeira linha, só suplantado pelo mestre Mourisca. Aproveitou bastante bem os touros enfeitando-os com farpas e bandarilhas , nomeadamente no oitavo, o primeiro da segunda parte onde foi admirável de arrojo e correcção. Em relação aos bandarilheiros Robertos (Vicente Roberto e Roberto da Fonseca) brilharam no segundo e nono touros, Peixinho (não sabemos se o José Joaquim se o Rafael, pois ambos estavam no cartaz) e João Calabaça trabalharam muito bem. Quanto aos espanhóis Filippe Aragon , El Minuto e José Cortez, o qual se apresentou já restabelecido depois de ter trabalhado em várias praças de Espanha, estiveram a contendo do público que os vitoriou. Cortez teve aqui o seu ensaio geral, ressentindo-se , pois há muito tempo que não trabalhava , embora no geral estivesse bem, principalmente no décimo touro em que executou um excelente quiebro. Também assistiram á corrida Suas Altezas, o Príncipe D. Carlos e o Infante D. Augusto. Bela corrida com bastante concorrência na qual o empresário esteve á altura.
Também para este dia 16 estava anunciada uma corrida de touros na praça de Torres Novas inaugurando a época tauromáquica. Dizia o cartaz que seriam lidados doze touros pertencentes ao distinto lavrador
Emílio Infante da Câmara. Por especial obséquio
á empresa tomou parte nesta corrida o cavaleiro amador Alfredo Saldanha Marreca.
Os bandarilheiros escolhidos foram João do Rio Sancho, João Roberto da Fonseca, José da Costa, J. Laureano e A. Gonçalves. Dois deslumbrantes intervalos!! pelos arrojados pretos
Pae Paulino &
C." e um valente grupo de
forcados.
A primeira
corrida nocturna da época no Campo de Sant'Anna anunciada para quinta-feira dia 20 só se realizou a 21, pelas nove e meia da noite, em virtude do tempo. Treze touros pertencentes ao opulento lavrador
Carlos Marques lidados pelos cavaleiros José Bento de Araújo
e António Monteiro, este último apesar da boa exibição foi colhido pelo oitavo touro e derrubado
juntamente com o cavalo
dizendo o periódico que tinha quebrado
uma perna. Abrilhantaram a corrida os bandarilheiros Irmãos Robertos, Peixinhos, Calabaça, Sancho, J. M. da Costa e os toureiros espanhóis El Minuto e José Cortez.
Domingo dia 23 teve lugar a segunda corrida nocturna no Campo de Sant'Anna, pelas nove e meia da noite, onde treze touros irregulares dos srs. Roberto
& Irmão foram lidados. Ao cavaleiro Alfredo Tinoco couberam-lhe o primeiro
da noite lidado admiravelmente , o quinto muito rápido pelo qual foi tocado três vezes e que enfeitou com arrojo e o oitavo, matreiro, muito difícil e que o cavaleiro fez muito bem em não aproveitar melhor.
Com respeito á gente de pé, Roberto, Peixinho, Calabaça e Minuto estiveram muito bem, João Roberto meteu com perfeição dois pares de ferros; os restantes como puderam. Quanto
a Arjona não sendo dos primeiros em Espanha era um bom artista, calhou-lhe um touro mau que soube mostrar
que sabia, passou-o de capote como deve fazer-se esse serviço e apontou-lhe
com arte os seus ferros. Pena o público, à parte da diminuta parte inteligente , em vez de aplaudir, assobiou. No décimo primeiro
touro que pertencia
a Tinoco, que lho cedeu, mostrou-se hábil bandarilheiro , terminando
por se revelar um bom espada com quatro passes de
muleta que não era normal
se verem.
Segunda-feira dia vinte
e quatro teve lugar a última das três nocturnas, pela mesma hora, com treze touros, magníficos, de Emílio Infante da
Câmara. A corrida foi soberba o trabalho
dos três cavaleiros foi bom e dos doze capinhas magnífico sobressaindo os Robertos , Peixinho e Minuto. Arjona meteu bons pares de bandarilhas e executou com correcção alguns
passes de muleta. Por falta de espaço, não foi possível dizer mais sobre esta corrida.
Quinta-feira dia 27 às três horas da tarde teve lugar a tão desejada
corrida promovida pelo Turf-Club. A ornamentação da praça do Campo de Sant'Anna estava excelente onde os camarotes estavam adornados de colchas com monogramas e cores das casas nobres portuguesas pertencentes a laureados amadores
e lidadores tauromáquicos como Marquês de Marialva (campo verde e listas brancas, um M amarelo e coroa), Marquês de Bellas (amarelo
e azul, um B e coroa), Carlos Relvas (preto e vermelho, elmo e um R), Visconde da Graça (azul e
branco, coroa e um G), Conde de São Martinho (azul e vermelho
, M. S. enlaçados e coroa) e outros mais assim como diversos monogramas Alfredo Tinoco, Alfredo Marreca, Fiuza, etc. Entre os camarotes havia flores e verduras pendentes
de cornucópias douradas
sustidas por laços de fitas de cores diversas. Em volta da praça
corriam vários troféus composto de forcados, varas, bandarilhas , farpas,
bastões, cabeças de touro, cava los arreados
à antiga e doze galhardetes brancos com maçanetas
douradas pendendo bandeiras
portuguesas ,
francesas e italianas. Cobertores multicolores adornavam a galeria do sol, não havendo ali toldo nenhum
, ornamentando os intervalos dos arcos os escudos das nações. O camarote real estava esplendido, no interior, o fundo e lados eram formados por quatro grandes chapas com espelhos guarnecidas de fazenda rosa pálida e camélias e as cortinas
eram de cetim da mesma cor. Já no
exterior a alcatifa era azul e branca, as
cortinas de damasco azul claro com franjas e borlas de seda cor de ouro e os peitoris de peluche azul cruzando com as armas reais portuguesas. Os três primeiros
camarotes à esquerda
da tribuna haviam sido reservados
para os ministros e respectivas famílias. Pouco depois da hora marcada
chegou a Família Real e os seus ilustres hóspedes.
Sua Majestade a Rainha sentou-se, tendo à sua direita
a sra. condessa de Paris e à sua esquerda
a Princesa Amélia, a cujo lado se sentara a Princesa
Helena. No compartimento do lado direito da tribuna
real sentou-se Sua Majestade El Rei, que vestia o uniforme
de generalíssimo , seguidamente o conde de Paris, Príncipe Jorge e duques de Orleans
e Chartres, todos à paisana. No compartimento do lado esquerdo
tomaram assento o duque de Aosta
e o Infante D. Augusto, que vestiam
também à paisana.
Sua Alteza o Príncipe D. Carlos vestia à paisana
enquanto o sr. Infante D. Afonso vestia o
uniforme de alferes de artilharia 2. A comitiva
de Suas Majestades e Altezas
ocupava o fundo da tribuna. Um pouco depois
das três horas entrava na praça o neto, o sr. D. Fernando
de Noronha trajado a rigor e ladeado
pelos interessantes andarilhos
D. Vicente Zarco da Camara
e Jorge O'Neill, duas formosas
crianças elegantemente vestidas. Feitas as cortesias pelo neto, voltou este à praça a receber as ordens do director da corrida, o sr. Marquês de Bellas, que mandou sair o cortejo. Faltando
Carlos Relvas, por motivo que se ignorou , a linha de cavaleiros para esta corrida era composta
por José d 'Avilez, D. António Portugal, Luiz do Rego, Alfredo Marreca
e Alfredo Tinoco, todos trajados
com rigor, à marialva, montando soberbos
corcéis ricamente ajaezados.
Seguia-se-lhes a linha
de bandarilheiros composta por Vicente Roberto, Roberto da Fonseca, Peixinho, Rafael, João Roberto, Sancho e José da Costa. Após estes, o grupo de moços de forcado constituído por José de Barros Lima, António Martins, Francisco Amado, Leonardo Costa, Victorino Froes, José de Paiva, José de Sequeira e Nuno Infante
da Camara. Seguidamente os moços do curro, José Duarte
da Costa, Joaquim Duarte
Costa, A.C., António Lapa, A. Graciano, F.G. Francisco Pessanha e H.M. Finalmente os moços de gaiola, Ignacio Paiva Raposo e Alfredo Ferreira Pinto. Feitas as cortesias, executadas com mestria, deu-se início ao combate
tendo o primeiro touro, um animal muito brando sem condições para o toureio, calhado a José d 'Avilez que sem cavalo próprio, recolhendo para mudar de cavalo ganhou alguma coisa com essa troca realizando algumas sortes onde evidenciou o seu arrojo.
Recebeu o animal
bandarilhas de Calabaça e de Rafael, passado de capote pelo capinha Roberto da Fonseca e pegado com valentia por Barros Lima. Lidou bem o segundo touro, muito valente embora inocente e com vontade ao cavalo, Alfredo Tinoco. O touro foi pegado de cara com valentia por António Martins. O terceiro da tarde pertenceu
a Alfredo Marreca que o aproveitou muito
bem em brilhantes sortes à meia volta, tendo sido passado de capote por Peixinho e pegado de cara. Luiz do Rego montando o soberbo Leotard
, conjunto afamado
que lidou brilhantemente o animal que se prestou à lide e foi pegado de cernelha. Para o
quinto da tarde apresentou-se D. António Portugal
que foi o primeiro dos cavaleiros que aproveitou a sorte de gaiola, de um modo brilhante, realizando-a à garupa. Depois dessa sorte, em todas as outras
não desmentiu os seus créditos. Passado
de capa por Sancho e pegado valentemente por Barros
Lima. O sexto touro, último da primeira parte, coube a D. Luiz e Tinoco, ambos arrojados satisfazendo o público. O primeiro
enfeitou o animal com seis pares de ferros e Tinoco com três, Sancho passou
de capote o animal que foi pegado
de cernelha pelos moços de curro. Seguiu-se o intervalo altura em que se retiraram Suas Majestades El-Rei e a Rainha
e os srs. Condes de Paris. O sétimo
touro destinado a José d 'Avilez acabou por ser recolhido
sem ser lidado por ser manso. José d' Avilez lidou o oitavo enfeitando-o com algumas
farpas à meia volta mostrando serenidade
e conhecimento da arte não obstante a falta de cavalo. Roberto passou de muleta o touro que foi rabejado caindo-lhe
à cernelha Barros Lima. Tinoco far peou bem o nono como de costume, sendo o trabalho de capote de Peixinho e a pega realizada de costas por Victorino Froes. O décimo touro saiu muito bem e foi habilmente aproveitado por Alfredo Marreca que terminou
por o enfeitar com um belo ferro curto. Sancho passou
o animal de capote, o qual foi pegado de caras
pelo moço de curro sr. António Lapa, sendo talvez a melhor pega da tarde. O valentíssimo décimo primeiro saiu para Luiz do Rego que o lidou brilhantemente. Peixinho passou o animal de capote não tendo o mesmo sido pegado. D. António de Portugal aproveitou quanto possível
o décimo segundo, último touro da corrida, que também
não foi pegado em consequência das suas más condições. Todos os distintos
amadores foram aplaudidos e presenteados com ricas monas. Aplausos, rebuçados , charutos e flores
foram em profusão. Saltaram alguns touros
á trin cheira falsa, cheia de espectadores, havendo diversos
boléus, mas nenhum de gravidade. Terminaram a corrida
as últimas cortesias
feitas com o garbo
das do começo. Os programas para a tourada dada em honra da Princesa Maria Amélia
eram um primor de elegância e bom gosto.
Os feitos sobre cetim branco, a três cores, eram uma novidade.
Os dos camarotes impressos em cartão Bristol, também a cores eram lindos. O trabalho tipográfico foi realizado nas oficinas da Casa Portugueza, estabelecida na rua Larga de S. Roque.
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