quinta-feira, 28 de abril de 2022

Qual morte, qual carapuça!



O presente texto de reflexão foi elaborado
 na sequência da recepção de um email do senhor João Ferro,
 enviado no passado dia 16 de Abril, a todos os colaboradores do Jornal E


O senhor João Ferro queixa-se de que quiseram matar os "Brados", jornal que defende tal como eu, que nele tenho sido cronista em diferentes momentos do seu e do meu percurso de vida. Equaciona ainda se "Valerá a pena, haver na nossa terra dois jornais?". Ora, isto "cheira-me a gato escondido com o rabo de fora". Será que o senhor João Ferro entende que o "Jornal E" deveria acabar? Usando as suas palavras: achará ele que o jornal E, deveria ser morto? Só ele é que poderá responder. E é bom que responda.
Pela minha parte, na qualidade de cronista do "Jornal E" em diferentes momentos do seu e do meu percurso de vida, acho que não. Acho que isso seria um disparate de todo o tamanho.
Na minha perspectiva cívica, ética, cultural e também ideológica, uma sociedade democrática é necessariamente plural. Palavra de honra que me chateia a tentação de alguns de que se cante a uma só voz, o que é terrivelmente monótono. Então não é mais interessante e valiosa a polifonia?
O "Jornal E" e os "Brados" são igualmente respeitáveis, apesar do segundo já ter cabelos brancos e o primeiro ainda não.
Cada um deles tem o seu público e há quem seja público dos dois, como é o meu caso.
Cada um deles é uma voz importante em termos locais e regionais e dá-se o caso de conviverem bem um com o outro.
Parafraseando Ives Montand, diria até que são companheiros de estrada. Ora, é sabido que os companheiros de estrada são livres na sua caminhada. Grande parte do percurso é comum, mas há uma altura em que um deles diz: “- Eu não vou por aí!” E não vai, o que constitui seu legítimo direito. É assim que deve ser em termos da vivência democrática proporcionada pelas "Portas que Abril, abriu”, como oportunamente pregoou o saudoso José Carlos Ary dos Santos.
Daí que eu rejeite liminarmente a “ideia peregrina” do senhor João Ferro e parafraseando o senhor Pinto da Costa, proclame alto e bom som:
- “Cada macaco no seu galho!”
É que não é legítimo nem ético, advogar a morte de alguém, para assegurar a vida a quem já desejaram que morresse, mas não morreu e felizmente está vivo.

Hernâni Matos
Publicado no "Jornal E" n.º 299. de 29 de Abril de 2022.

Sem comentários:

Enviar um comentário