O presente texto de reflexão foi elaboradona sequência da recepção de um email do senhor João Ferro,enviado no passado dia 16 de Abril, a todos os colaboradores do Jornal EO senhor João Ferro queixa-se de que quiseram matar os "Brados", jornal que defende tal como eu, que nele tenho sido cronista em diferentes momentos do seu e do meu percurso de vida. Equaciona ainda se "Valerá a pena, haver na nossa terra dois jornais?". Ora, isto "cheira-me a gato escondido com o rabo de fora". Será que o senhor João Ferro entende que o "Jornal E" deveria acabar? Usando as suas palavras: achará ele que o jornal E, deveria ser morto? Só ele é que poderá responder. E é bom que responda.Pela minha parte, na qualidade de cronista do "Jornal E" em diferentes momentos do seu e do meu percurso de vida, acho que não. Acho que isso seria um disparate de todo o tamanho.Na minha perspectiva cívica, ética, cultural e também ideológica, uma sociedade democrática é necessariamente plural. Palavra de honra que me chateia a tentação de alguns de que se cante a uma só voz, o que é terrivelmente monótono. Então não é mais interessante e valiosa a polifonia?O "Jornal E" e os "Brados" são igualmente respeitáveis, apesar do segundo já ter cabelos brancos e o primeiro ainda não.Cada um deles tem o seu público e há quem seja público dos dois, como é o meu caso.Cada um deles é uma voz importante em termos locais e regionais e dá-se o caso de conviverem bem um com o outro.Parafraseando Ives Montand, diria até que são companheiros de estrada. Ora, é sabido que os companheiros de estrada são livres na sua caminhada. Grande parte do percurso é comum, mas há uma altura em que um deles diz: “- Eu não vou por aí!” E não vai, o que constitui seu legítimo direito. É assim que deve ser em termos da vivência democrática proporcionada pelas "Portas que Abril, abriu”, como oportunamente pregoou o saudoso José Carlos Ary dos Santos.Daí que eu rejeite liminarmente a “ideia peregrina” do senhor João Ferro e parafraseando o senhor Pinto da Costa, proclame alto e bom som:- “Cada macaco no seu galho!”É que não é legítimo nem ético, advogar a morte de alguém, para assegurar a vida a quem já desejaram que morresse, mas não morreu e felizmente está vivo.
Hernâni Matos
Publicado no "Jornal E" n.º 299. de 29 de Abril de 2022.
Publicado no "Jornal E" n.º 299. de 29 de Abril de 2022.
Sem comentários:
Enviar um comentário