ESTREMOZ - Pombos na frontaria da Igreja
Conventual de São Francisco de Assis.
Foge que é pombo
Os pombos vadios
hospedados na Mercearia Luís Campos foram no início de Setembro passado,
desalojados do seu hotel de 5 estrelas, mesmo no centro da cidade. A isso foram
obrigados pelo camartelo a soldo da edilidade estremocense. Razão pela qual se
viram obrigados a migrar para outros locais, onde continuam a ser indesejáveis,
mas onde impõem a sua presença, graças à passividade camarária que permite que
eles continuem a ser uma praga.
Um número considerável deles alojou-se na frontaria
da Igreja Conventual de São Francisco de Assis. Quem não gosta da sua presença
ali, são os fiéis que movidos pela sua legítima fé, frequentam a vetusta
paroquial. Alguns mais avisados e com facilidade de locomoção, entram e saem
rapidamente não vá o Diabo tecê-las e faça com que sejam atingidos pelos
projécteis fecais dos columbídeos. O espaço cívico de convívio que sempre foi o
adro da Igreja transformou-se assim numa zona de bombardeio que inclui também o
Cruzeiro de São Francisco. É grande o desagrado com a presença daquelas aves
que por ali assentaram arraiais, já que todos temos consciência que não são
“Pombas do Espírito Santo”, mas pombos vadios que constituem um problema real a
que urge fazer frente em nome da sanidade, da higiene e do bem-estar dos
cidadãos.
Árvores, para que vos quero?
A arborização de uma
urbanização exige a escolha de espécies arbóreas com características botânicas
adequadas, as quais devem ser tidas em linha de conta por projectistas,
urbanizadores e agentes de fiscalização. Qualquer deles deve ter presente que
as árvores constituem um importante elemento natural na composição do meio
urbano, contribuindo para a qualidade de vida da população residente. É que no
espaço urbano, as árvores desempenham múltiplas funções: social, cultural,
ambiental, ecológica, arquitectónica e patrimonial.
A escolha do tipo de
árvores a plantar numa urbanização é uma questão delicada, que exige estudo
prévio, já que são múltiplos os requisitos a que as árvores devem obedecerem.
Um deles é o sistema radicular ser profundo, evitando-se o uso de árvores com
sistema radicular superficial, que pode danificar ruas, acostamentos, calçadas,
muros, pátios, fundações dos prédios, cablagem subterrânea, esgotos,
canalização de água e de gás.
A situação anterior é a
que está a ocorrer na Rua Padre do Carmo Martins e exige uma intervenção rápida
e eficaz por parte da edilidade estremocense. Trata-se de uma medida que passa
necessariamente pelo abate das árvores ali existentes e respectiva substituição
por outras com as características adequadas.
Um caso que não é único
O que se passa na Rua
Padre do Carmo Martins não é, infelizmente, um caso isolado. Ali perto, na Rua
Frei Nuno de Santa Maria, as árvores plantadas já não são as primitivas, as
quais tiveram de ser abatidas, porque além dos problemas suscitados pela
arborização da Rua Padre do Carmo Martins, também largavam bagas que manchavam os
muros e os automóveis dos moradores.
Cama, mesa e…roupa suja
Mais recentemente ocorreu outro abate de árvores,
agora na Praceta dos Casais de Santa Maria. Quem por ali transita, vê a sua
atenção despertada por um círculo de cepos, sinalizados por fita bicolor,
vermelha e branca. Faz lembrar um parque de merendas com ornamentação festiva,
como que a convidar excursionistas para ali comerem uma bucha.
As árvores sacrificadas pela moto serra municipal,
tinham uma copa abundante e produziam bagas que levaram à instalação no local
de uma basta colónia de pássaros, que ali encontrou cama e mesa. Só roupa
lavada é que não, uma vez que nos estendais limítrofes, a roupa aparecia suja.
No local, bagas e excrementos eram omnipresentes, causando incómodos a vários
níveis.
Na sequência da intervenção municipal, supõe-se que
as aves desalojadas migraram para os campos de onde tinham vindo, atraídas pelo
isco mirífico das bagas.
Centro Histórico a sofrer
Estremoz já foi cidade branca no dizer inspirado do
poeta Silva Tavares, nosso prestigiado conterrâneo. Acontece que hoje já não é
assim, entre outras razões como consequência de toda a cablagem negra que a EDP
e os fornecedores de sinal telefónico ou de televisão estenderam pela fachada
dos edifícios, desfeando-os e fazendo com que uma parafernália de cabos,
atravessem as ruas de um lado para o outro, lembrando lianas numa floresta
tropical. Trata-se de um abjecto crime de poluição visual e não só. O mesmo
começou há muito e teve continuidade assegurada, graças à inércia municipal. A
edilidade revelou-se incapaz de implementar uma alternativa não agressiva, que
passasse pelo enterramento de toda a cablagem em condutas, das quais irradiasse
até à entrada dos edifícios. Tal não foi feito.
O auge do desfeiamento das fachadas da cidade foi
agora consumado no Largo de D. Dinis, núcleo nobre do Centro Histórico de
Estremoz. É caso para perguntar se é assim que o Município quer candidatar o
Centro Histórico de Estremoz a Património Mundial da Humanidade? É com a actual
estratégia inspirada na máxima francesa do “Laissez faire, laissez passer”? É
que esta não é mais que um emblemático chavão do liberalismo económico, na
versão pura e dura de capitalismo que defende que o mercado deve funcionar
livremente. E vêm-nos depois com o estafado slogan: - “Estremoz tem mais
encanto!”. Da minha parte, só uma resposta é possível: - “Qual encanto, qual carapuça?”.
(Texto publicado no jornal E nº 193, de 08-02-2018)
ESTREMOZ - Danos causados por árvores com sistema radicular superficial na
Rua Padre
do Carmo Martins.
ESTREMOZ - Cepos de árvores abatidas na Praceta dos Casais de Santa
Maria.
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