Sala octogonal com colunas
de capitéis de motivos animalistas e antropomórficos,
existente no segundo poso
da Torre da Menagem do Castelo de Estremoz.
A resposta óbvia e pronta é:
- Não sei!
Como
franco-atirador do pensamento e da acção, os meus disparos não são previsíveis,
nem sequer condicionáveis e muito menos controláveis. Um franco-atirador é como
um cavalo à rédea solta que cavalga em sintonia com a campina, por necessidade
telúrica e onírica de exercitar a liberdade. Legitima-me a força da razão que
emana da Terra-Mãe, do espírito dos antepassados e da missão inescapável de
passar o testemunho.
Para
alimentar uma coluna é indispensável ter sempre um tema, previamente armazenado
no arsenal das ideias ou que se manifesta por força das circunstâncias.
Há temas
sempre actuais e que por isso figuram na ordem do dia. Há ainda temas que são
óbvios, pelo que se pode incorrer no risco de ser mais um pianista a tocar a
mesma tecla, o que conduziria o público a enjoar o concerto da conversa que se
vai conservando, relativamente àquilo que já não tem conserto. Todavia, há que
ser repetitivo, voltando a percutir a mesma clave, já que há quem faça ouvidos
de mercador. Há igualmente temas que são prioritários em relação a outros. Daí
que a escala do tempo funcione como filtro da balança de precisão.
O tema
deve ser abordado sob múltiplos ângulos e de uma forma multidisciplinar. Quanto
mais multifacetada for a incursão por ele, mais próxima estará a realidade, a
qual é plural. A verdade é que não, visto que cada um tem a sua verdade.
O tema
deve ser desenvolvido com o rigor da demonstração dum teorema, atendendo a que
a nobreza obriga e a falta de rigor é boçal.
Nem sempre
é fácil dissertar sobre um tema, dado que por vezes se nos depara o dilema de
ferir ou não susceptibilidades.
A
dissecação do tema deve ser efectuada com elegância vocabular, tendo em conta que
uma bujarda se pode transformar em boomerang retórico que se vira contra o
autor. A eficácia não se centra na bujarda. Reside na força da razão e no uso
claro e transparente da parafernália vocabular exacta, disponível no paiol do
pensamento.
O tema
exige um tratamento vivo, já que a monotonia é fonte de bocejos. Essa
vivacidade é, de resto, compatível com o rigor cirúrgico do texto lavrado com a
precisão de uma ferramenta de laser.
Para além
de tudo, é imperativo disparar metralha de calibre adequado, sem que nunca nos
doa o dedo do gatilho. O franco-atirador tem que disparar sempre, até que lhe
falte tema, já que depois:
- PIM! A coluna chegou ao fim!
Meu caro Hernâni,
ResponderEliminarNão desfaleça, continue a sua batalha.
Todos, ainda somos poucos.
Vá combinando os temas com interesse mais local e outros de natureza mais geral, mais abrangente.
Á esquerda em que se situa, pouco mais resta do que os blogues.
As direitas e os seus patrões dominam todos os jornais e revistas de grande circulação, todas as rádios de emissão nacional, todas as televisões, em sinal aberto ou no cabo.
Passam, sucessivamente, as horas, os dias, os meses, os anos, as últimas décadas, a formatar e intoxicar as consciências com a tese do pensamento único, com a alternativa única, a deles.
O nosso voto não vale nada, já que somos efectivamente (des)governados por burocratas não eleitos e a soldo dos chamados "mercados".
Por isso, não nos podemos calar.
Mesmo que espaçando mais a nossa arma - a escrita, a denúncia, o protesto.
Cumprimentos.
Fernando Oliveira
Fernando:
EliminarEsteja descansado comigo. Eu sou da natureza de não me render. O meu posto é este e mais nenhum.
Os meus melhores cumprimentos.
Super meu estimado Hernâni. O meu amigo é um genial artífice de colunas intelectuais.
ResponderEliminarAmigo Feliciano:
EliminarEu não sou nada disso, já que não incho com intelectualices, como porventura acontecerá com alguns dos meus pares. Sou apenas um cronista da minha época, um Fernão Lopes de trazer por casa, que se acha no direito de reflectir continuadamente sobre o acto de escrever. E nisso sou maior do que eu.
Um grande abraço para si, amigo Feliciano.
E disparou excelentemente, amigo! Que rigor, que palavras saborosas e que estilo eloquente e adequado! Obrigada, já tinha saudades de o ler!
ResponderEliminarBoa semana! E Viva o Primeiro de Maio !
mfernanda/,
Obrigado Fernanda, pelas suas estimulantes palavras.
EliminarMaio primeiro e Abril depois, estão-nos na massa do sangue. A nossa alma é vermelha, é da cor que as coisas devem ter, é da cor de não nos rendermos, pois o nosso posto, sem hierarquias nem generais, é o de estarmos onde estamos. É essa a nossa missão, Fernanda.