sexta-feira, 26 de julho de 2013

A minha escrita


O Poeta Pobre (1839).
Carl Spitzweg (1808-1885).
Óleo sobre tela (36,2 cm x 44,6 cm).
Neue Pinakothek, Munich.

Procuro comunicar sempre a cada escrito o que de melhor há em mim e me povoa a mente. Faço-o, decerto, com a mesma paixão e motivação com que porventura me envolvi no primeiro texto que me germinou no pensamento e ao qual conferi vida como uma mãe gera um filho.
Escrever não me custa, ainda que por vezes me doa escrever sobre temas que escrevo. E faço-o sempre como se fosse o meu último artigo, uma mensagem que pretendo deixar como legado, já que ninguém sabe quando é chegada a hora da partida. E fico mais tranquilo sempre que acabo de escrever. Sabem porquê? É que o meu lema é: "A Escrita como Instrumento de Libertação do Homem”.


10 comentários:

  1. Parece-me que nem sempre a escrita é a libertação do homem. Pode ser a libertação dum estado de alma, como Vichy likis, que entretanto, veio aprisiona-lo da sua liberdade de movimentos, sabe-se lá até quando.

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    1. Amigo José Fonseca:
      Não partilho a sua opinião. A prisão física não é sinónimo de prisão mental.
      Um abraço.

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  2. Obrigada Hernâni por pela 2ª vez me "atribuir a inspiração " de um novo post ... Os seus textos são e uma enorme sensibilidade , "comprometidos" e literáriamente estéticos e, para mim catárticos pelo "esforço" a que me obrigam quando tento elaborar um comentário que , na minha opinião esteja à altura da sua dádiva ... A ilustração é belíssima
    e activou a minha memória da "sua" biblioteca do Dia de São Nunca à Tarde... a qual me levantou muitas questões... Já agora , que cada texto seja o último do que se seguirá num legado "ADIADO" por muito tempo.
    Conceição

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    1. Conceição:
      Não será propriamente uma atribuição, mas uma mera constatação de um facto. Para além disso, nem tudo o que parece é. A minha biblioteca ultrapassa o espaço físico da fotografia e é mais ampla. Ocupa mais espaços na casa onde moro e noutros espaços dentro e fora de Além Tejo.
      A falta de tempo do meu “DIA DE SÃO NUNCA À TARDE” (http://dotempodaoutrasenhora.blogspot.pt/2013/03/dia-de-sao-nunca-tarde.html)
      é paradoxalmente a disponibilidade de usufruir todo o tempo de mundo para mitigar a minha “FOME DE AMOR”. (http://dotempodaoutrasenhora.blogspot.com/2013/06/fome-de-amor.html)
      Faço votos para que o evento do meu passamento esteja calendarizado exactamente para o Dia de São Nunca à Tarde, no mesmo dia em que supostamente arrumarei os meus papéis e livros. Todavia não sou eu que controlo a seta do tempo. Por isso, cada escrito pode ser o último, como um amplexo de amor no qual se fenece.

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  3. Caro Hernâni é um facto que nem tudo o que parece é... mas aquele "espaço" biblioteca era em TUDO, NOS PORMENORES MAIS INCRÍVEIS, semelhante ao "meu espaço " que designo de biblioteca ( porque A "Biblioteca" está em todos os espaços da casa ...A MINHA INTERROGAÇÃO FOI: "Como gere ele tudo isso?" Porque frequentemente acontece -me, precisar de algo, que sei que tenho , e perder um tempo tremendo na sua localização....Quanto[ a minha “FOME DE AMOR”] Eu sou a pessoa "Anónima" que praticamente ocupa quase todos os comentários que tão erroneamente o "apelidou" de TOURO, não estava a pensar em signos zodiacais mas na minha representação"fundacional" , decorrente da minha "biografia", de ter interiorizado o touro como figura majestosa ... acrescentando a isto a minha dificuldade com os felinos... Só me resta voltar a dizer Obrigada
    Conceição

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    1. Conceição:
      Eu sou incapaz de gerir papéis ou livros, porque tenho com eles uma relação afectiva. Onde é que já se viu gerir algo que integra o nosso amor: primeiras edições, edições autografadas, cartas autógrafas, ex-líbris, jornais, fotografias, gravuras e postais centenários? Passa pela cabeça de alguém dizer à mulher que se ama:
      - Eu quero-te gerir!
      Seria um desamor. Por isso eu alimento-me de papel como a secular traça do dito.
      Os papéis são meus companheiros de estrada. Com eles vou até onde é possível ir. Por eles sonho, labuto e amo. E com isso me liberto, como quem escreve. Ou não constituíssem a leitura e a escrita, um binómi ímpar do lavar de alma e de libertação do homem.

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  4. ..Bem....foi de facto uma palavra infeliz,talvez resquícios de defeito profissional...Gostei da resposta e não vou mais preocupar-me com a minha "desarrumação arrumada"
    Obrigada
    Coneição

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  5. Como sempre tremendamente "elegante" nas respostas aos comentários, em que o que é expresso ou subentendido, é sempre o de " ENCONTREM -SE!"...
    Conceição

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