quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Todo o preto tem o seu dia

“Os bêbados” (1922). Miniatura em cerâmica de Francisco Elias (1869-1937). Museu da
Cerâmica, Caldas da Rainha. Reprodução de “Os bêbados” (1907), óleo sobre tela de José
Malhoa (1855-1933), Museu José Malhoa, Caldas da Rainha.

É sabido que o homem português gosta de profusamente regar com vinho, aquilo que opiparamente come, preparado pelas sacerdotisas incumbidas de satisfazer as necessidades ancestrais do seu palato. Essa terá sido, porventura, a superior forma encontrada para coroar a majestade e a excelência da gastronomia da região a que pertence.
Por vezes, o homem português lida mal com quantidades e mete o pé na argola, eufemismo manso, tradutor duma, por vezes, real carraspana. Vale então alguém que, para além do adorado e consagrado vinho, sabe também usar da água, pelo menos para pôr água na fervura, quando anima o “derrotado” com um antigo e oportuno adágio:
- "Todo o preto tem o seu dia!"
Trata-se de oralidades que transvazam amplamente o contexto temporal do Dia de S. Martinho, pois o homem português está sujeito a meter o pé na argola, em qualquer dia do calendário litúrgico.
Um velho bêbado, meu confrade de libações báquicas, proclamou um dia do alto da sua vermelhusca cor:
- Bebedeiras de S. Martinho? Só para amadores que não sabem beber. Falta-lhes traquejo!
É caso para dizer:
- E esta, hein?

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