Estremoz - Fonte do Espírito Santo (1891). Fotografia de C.J. Walowski.
À minha filha Catarina:
No Alentejo, como aliás noutras regiões do país, era tradição recolher água de sete fontes na manhã de S. João (24 de Junho), porque a água assim obtida, era uma água repleta de virtudes. Porquê sete fontes e não outro número qualquer? A resposta a esta questão, leva-nos a abordar, ainda que de relance, o simbolismo associado aos números.
O número um tem a ver com o poder supremo e absoluto, com a responsabilidade exclusiva e a lógica univalente. Para os pitagóricos, o número um, origem de todos os números, representa a razão, por ser imutável.
O número dois tem a ver com a partilha e a complementaridade de funções, com a lógica binária do sim ou não. Para os pitagóricos, o número dois representa a opinião ou o conflito, a oposição e a imobilidade momentânea, quando as forças são iguais.
Por sua vez, o número três representa a síntese espiritual, a resolução do conflito colocado pelo dualismo. Quanto ao número quatro representa a justiça, por ser um quadrado perfeito, o produto de dois factores iguais.
Já o número cinco representa o casamento, por ser a soma do primeiro número par (o número dois, considerado feminino) com o primeiro número ímpar (o número três, considerado masculino).
No que respeita ao número seis, este é considerado um número perfeito, por ser igual à soma dos seus divisores (um, dois e três).
Finalmente, porque a nossa análise ficará por aqui, para os pitagóricos, o número sete é um número sagrado, considerado mágico como todos os números ímpares. Resulta da união (soma) do ternário (três) com o quaternário (quatro). Simboliza a ordem completa, o período, o ciclo.
O número sete como união do número três com o número quatro, regista forte presença na Filosofia e Literatura sagrada desde a Antiguidade. O número três, representado geometricamente por um triângulo (A Santíssima Trindade) e o número quatro, representado por um quadrado (A matéria, isto é, os elementos do mundo físico: terra, água, ar e fogo). Daí que o número sete represente o espírito encarnado ou seja o espírito sustentado pela matéria.
Constatado o carácter mágico e sagrado do número sete, que representa a ordem completa, compreende-se a crença popular de que a água de sete fontes, estivesse dotada de virtudes.
À luz dos conhecimentos científicos actuais, sabe-se que a composição química de uma água, varia de fonte para fonte, podendo faltar numa, os sais minerais indispensáveis a um bom funcionamento do organismo, os quais, em contrapartida, podem existir noutra. Daí que a mistura da água de sete fontes, confira virtudes à água.
Muito interessante a explicação simbólica dos números na conjunção dos elementos Terra, Água,Ar e Fogo. Todos eles com um certo mistícismo gostei de saber, tudo tem uma razão de ser. Mais uma vez fico grata pela sua disponibilidade cívica em prole da cultura.
ResponderEliminarRosa Casquinha
Mais uma vez GOSTEI. Fico sempre curiosa de ler quando recebo as suas publicações pois aprendo sempre mais um pouco.
ResponderEliminarObrigada
Vou partilhar
Vou deixar aqui um comentário que me foi enviado via mail aquando da partilha deste. O comentário é do meu irmão Jorge e apenas tem o intuito de acrescentar um pouco mais de "sabedoria".
ResponderEliminar"Muito interessante, mas os pitagóricos aqui mencionados foram "beber" estes conceitos ao judaísmo. Aos hebreus antigos cuja numeralogia tinha um significado preciso e o número sete é fundamental na religião judaica. É desde logo o sábado , o sétimo dia, o dia em que o Senhor após a criação do Mundo descansou. E os sete primeiros números são importantes porque representam conforme a Bíblia, as diferentes fases da criação ( basta ler o Génisis). A criação da luz, a separação do dia das trevas, do ar, da água... etc, com todo o significado inerente.
A numerologia ainda é fundamental no judaísmo, basta analisar a importância da Kabalah (Cabala), um cruzamento fascinante entre os números e as palavras, isto porque no alfabeto hebraico as letras representam igualmente números; por exemplo o aleph (primeira letra do alfabeto hebraico) é o número 1, o beta (segunda letra) o número dois e assim sucessivamente.
A Kabalah é estudada há séculos e tem tratados sucessivamente analisados e comentados há mais de mil anos. Até há quem diga, seguramente por crendice, que pode servir para falar com os mortos."
O numero 3, para já este, porque o 5 e o 7 beem mais tarde. Queria apenas aflorar de modo muito superficial e apenas de passagem a relevancia do 3 na criação do homem - do corpo humano. No desenvolvimento do corpo humano o principio ternario esta sempre presente. Por exemplo na estrutura mão ,antebraço e braço, o elemento mals externo ( a mão ) é o primeiro a formar-se e a "sair" do tronco, seguindo-se o braço e por fim o antebraço, elemento intermédio.
ResponderEliminarMuito do corpo humano desenvolve-se segundo esta regra ternária.