quinta-feira, 8 de março de 2012

A mulher no figurado de Estremoz

Ceifeira (16,7 x 5,8 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 

A labuta diária da mulher alentejana ficou registada no figurado de Estremoz do séc. XX, graças às mãos mágicas das nossas bonequeiras, que ao fazê-lo exaltaram também a sua condição de mulheres. É desse trabalho que aqui vos damos conta, numa rápida incursão pelo dia-a-dia feminino, seja ele a intimidade, a vida doméstica, a actividade citadina ou as fainas agro-pastoris.
As mulheres são nossas avós, nossas mães, nossas companheiras, nossas filhas. Com elas vivemos e por elas vivemos. E isso é o amor nas suas múltiplas vertentes.
A dignidade devida à mulher e o papel que muito justamente lhe deve competir na Sociedade, não se compadecem com os preconceitos e as limitações que tradicionalmente lhe vêm sendo impostos. Muita dessa discriminação tem origem no local de trabalho ou na vida doméstica.
As conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres, estão longe do seu termo, facto que aqui se regista e se repudia.



Azeitoneira (17 x 7,9 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Fiandeira com duas ovelhas (13,7 x 6 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Fiandeira com dois perus (14 x 7,3 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Fiandeira com três galinhas (14 x 5,4 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Mulher a dobar (11,2 x 5,7 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Lavadeira (13 x 6,6 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Mulher a passar a ferro (12,2 x 6,2 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Matança do porco (14,6 x 11,5 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
 Mulher a tomar chá (13,5 x 6 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
Dama no toucador (13,8 x 6 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
 Mulher ajoelhada (12,2 x 6,3 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
Mulher a encher chouriços (11,3 x 7 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Mulher a vender chouriços (11,7 x 6,3 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
Castanheira (11,8 x 6,3 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
 Mulher com cântaro à cabeça (17,1 x 6,8 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
Mulher - apito (12 x 6 x 5,6 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Mulher - apito (10,7 x 5 x 5 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Mulher - apito (12 x 5,1 x 5,1 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Mulher - assobio (13 x 6 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
 Negra com flores num tabuleiro (18,5 x 10,3 x 7,3 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
Negrinha (15,5 x 6,3 x 6,3 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Senhora dos pezinhos (16 x 7,2 x 7,2 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Amazona (15 x 4, 8 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Amazona - assobio (14,1 x 4,7 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Amazona - assobio (11,5 x 3,4 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Amazona (17,5 x 5,3 cm).
Autor desconhecido (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 
Primavera (20,5 x 9,5 x 9,5 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
Primavera de arco (22 x 12 x 8,6 cm).
Ana das Peles (séc. XX).
Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.

quarta-feira, 7 de março de 2012

As Virtudes nos paineis azulejares da Igreja Matriz de Moura

PRUDÊNCIA
Painel de azulejos do séc. XVII. Igreja Matriz de São João Baptista, Moura. Fotografia (1960-1970) de João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), pertencente ao Arquivo Digital da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
 
A Igreja Matriz de São João Baptista, de Moura, data do início do século XVI, já que foi em 1502 que D. Manuel I mandou edificar de raiz um novo templo, cujo arquitecto se desconhece, mas cuja direcção de obras foi de mestre Cristóvão de Almeida.
A capela-mor e as duas capelas colaterais encontram-se decoradas com azulejos polícromos de manufactura seiscentista, tendo o revestimento azulejar sido patrocinado por Rui Lourenço da Silva, fidalgo da casa de D. João IV, a quem foi doada em 1650 por alvará régio.
O revestimento azulejar inclui painéis alusivos às virtudes cardinais e às virtudes teologais.
Para a Igreja Católica, a virtude é uma qualidade moral que induz uma pessoa a praticar o bem, existindo uma vasta gama de virtudes derivadas da razão e da fé humanas. Estas virtudes humanas regulam as paixões e a conduta moral, sendo as mais importantes delas, as quatro virtudes cardinais:
- A Prudência, que ajusta a razão, de modo que esta possa distinguir em quaisquer circunstâncias o verdadeiro bem, assim como a escolher os meios legítimos para o atingir;
- A Justiça, que é uma inalterável e forte intenção de dar aos outros o que lhes é devido;
- A Fortaleza que assevera a firmeza nas dificuldades e a insistência na procura do bem;
- A Temperança que afrouxa a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e faculta o equilíbrio no uso dos bens criados.
Para a Igreja Católica, o alcance da plenitude das virtudes humanas, exige que elas sejam vivificadas e animadas por virtudes que têm como origem, motivo e objecto imediato o próprio Deus. São as três virtudes teologais:
- A , através da qual os cristãos crêem em Deus, nas revelações divinas e nos ensinamentos da Igreja;
- A Esperança, por meio da qual, os crentes, aguardam a vida eterna e o Reino de Deus;
- A Caridade, através da qual devemos amar o próximo como a nós próprios.
Hernâni Matos
BIBLIOGRAFIA

Catecismo da Igreja Católica (http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html)
IGESPAR
(http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70424/)

JUSTIÇA
Painel de azulejos do séc. XVII. Igreja Matriz de São João Baptista, Moura. Fotografia (1960-1970) de João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), pertencente ao Arquivo Digital da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
FORTALEZA
Painel de azulejos do séc. XVII. Igreja Matriz de $ão João Baptista, Moura. Fotografia (1960-1970) de João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), pertencente ao Arquivo Digital da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 
TEMPERANÇA
Painel de azulejos do séc. XVII. Igreja Matriz de São João Baptista, Moura. Fotografia (1960-1970) de João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), pertencente ao Arquivo Digital da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 
Painel de azulejos do séc. XVII. Igreja Matriz de São João Baptista, Moura. Fotografia (1960-1970) de João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), pertencente ao Arquivo Digital da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 
ESPERANÇA
Painel de azulejos do séc. XVII. Igreja Matriz de São João Baptista, Moura. Fotografia (1960-1970) de João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), pertencente ao Arquivo Digital da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 
CARIDADE
Painel de azulejos do séc. XVII. Igreja Matriz de São João Baptista, Moura. Fotografia (1960-1970) de João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), pertencente ao Arquivo Digital da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Um manguito para a troika

Figura em cerâmica retratando o Zé Povinho, criado em 1875, por Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905). O Zé Povinho simboliza o povo português, revoltado perante a classe política, por esta ser incapaz de resolver os principais problemas sociais, políticos e económicos  com que o país se debate.

Hoje é dia 29 de Fevereiro de 2012, já que a cada quatro anos, Fevereiro regista mais um dia no seu calendário, dizendo-se então que o ano é bissexto para o distinguir do ano comum. A última vez que tal aconteceu foi em 2008 e a próxima será em 2016.
A criação do ano bissexto resultou da necessidade de manter o calendário anual ajustado com a translação da Terra e com os eventos sazonais relacionados às estações do ano.
No Calendário Gregoriano, usado na maioria dos países, o dia suplementar é acrescentado no final do mês de Fevereiro, passando a ser o seu 29º dia.
Na prática, os anos bissextos são múltiplos de 4, não múltiplos de 100 (1900 não é bissexto) e múltiplos de 400 (2000 é bissexto).
Os anos bissextos entre 1944 e 2012 são os seguintes: 1944, 1948, 1952, 1956, 1960, 1964, 1968, 1972, 1976, 1980, 1984, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012.
Quem nasceu no dia 29 de Fevereiro de 1944, poderá ver-se perante questões do tipo:
- Que idade tem no dia 29 de Fevereiro de 2012?
Não há que hesitar, a resposta só pode ser uma:
- Tem 68 anos de idade.
Alguém poderá então perguntar:
- E as festas de aniversário?
Eu respondo:
- Se for alguém muito ortodoxo só comemorará nos anos bissextos, o que dá aos amigos a vantagem de não terem que oferecer prendas, o que convenhamos é um inconveniente para o aniversariante.
- Os não ortodoxos comemorarão no dia 28 de Fevereiro, no dia 1 de Março ou no dia que mais lhes convier, pois sabe sempre bem receber prendas dos amigos, que ao oferecê-las mostram quanto nos estimam, o que só contribui para o aumento da nossa auto-estima.
Aos ortodoxos dou o seguinte conselho:
- Comemorem este ano. Olhem que a vida são dois dias. A troika o que quer é que nós façamos sacrifícios. A troika não merece o vosso sacrifício e os amigos querem beber um copo com vocês. Vamos pois comemorar. Façamos um manguito à troika!
Aos supersticiosos digo ainda: 
- O ano bissexto não dá azar. O que dá azar é a troika!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Ontem foi dia de aniversário


Este blogue fez ontem dois anos, pois surgiu a 19 de Fevereiro de 2010, como blogue pessoal, no qual assumi “A escrita como Instrumento ao Serviço da Libertação do Homem” e centrei a escrita em conteúdos que têm a ver com a Cultura Portuguesa, bem como com o Alentejo, muito particularmente os Usos e Costumes, a Arte Popular e a Identidade Cultural Alentejana. O meu campo de acção centra-se nas coisas “DO TEMPO DA OUTRA SENHORA”. Não todas, mas aquelas que me tocam a alma.
Decorridos  que são dois anos de vida, é novamente altura de fazer um balanço, pelo que faz sentido apresentar alguns números relativos a este blogue:


O blogue tem como retaguarda de apoio:
1) Uma página pessoal no Facebook com 4.227 amigos;
2) No Facebook um Grupo de Fãs homónimo do blogue, integrado até ao presente por 1.774 membros;
3) A divulgação dos textos editados no blogue, realizada através de edições efectuadas nos murais daquelas páginas do Facebook, bem como no Twitter.
O blogue tem 329 seguidores através do “Google Rede Social” e 207 através dos “Networked Blogs”, Este blogue é transversal à política, ao regime e às capelinhas estético-literárias que por aí há. E assim continuará com o apoio crescente dos amigos e leitores que nos estimulam através dos seus comentários. É pela motivação que temos dentro de nós e pensando neles, que continuaremos o caminho iniciado.
A todos vós, amigos e leitores, o meu muito obrigado pelo interesse manifestado, que procurarei não desmerecer.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dia de São Valentim



O marketing agressivo da sociedade capitalista, que em nome de São Cifrão tudo nos quer vender, leva-nos a descrer no culto a São Valentim, centrado no dia 14 de Fevereiro, dia em que é suposto que os amantes celebrem o amor, a paixão e a partilha de sentimentos. Pese embora a nossa descrença no mercantilismo e no pirosismo da efeméride, não queremos deixar de saudar todos aqueles que como nós, acreditam no Amor. A eles dedicamos esta série de imagens de bilhetes-postais ilustrados dos “Bons Velhos Tempos”. E que “Viva o Amor!” todos os dias.

Publicado inicialmente a 14 de Fevereiro de 2012 







segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Colher de conversada

COLHER DE CONVERSADA.
Peça de arte pastoril em madeira (4,3 x 1 x 16,7 cm).
Colecção de Hernâni Matos.


Talvez esta colher não encerre em si própria, mensagens iniciáticas que passem pela descoberta de proporções áureas ou até mesmo mágicas, que nos possam guiar na descoberta da pedra filosofal. Se calhar, através dela não chegaremos nunca à descoberta do valor de “pi” ou de “g”. Provavelmente, ela não encerrará também em si, segredos milenares como os das pirâmides de Gisé ou das estátuas gigantes da ilha da Páscoa. Todavia, na sua integral simetria, cromaticamente realçada pelo vermelho e pelo verde da bandeira verde-rubra, ela revela-nos toda a ânsia de harmonia que atravessou a alma e animou a navalha dum construtor de sonhos, navegante do espaço e do tempo, na imensidão da charneca alentejana, ao qual se convencionou chamar pastor e do qual rezam os adágios:
- “Quem não tem que fazer, faz colheres”.
Harmoniosa simetria axial povoada por motivos geométricos e vegetalistas, finamente bordados. A geometria enquanto símbolo do equilíbrio tão necessário à vida harmoniosa e os elementos vegetais a representar a ligação à Terra-Mãe donde tudo provém. Ao fundo, dois rabanetes, metade raiz, metade folhas, metade terrestre, metade aérea. A sacro-santa ligação à Terra-Mãe e a ânsia de se libertar dela. As amarras ao material e a ânsia de libertação pela elevação espiritual.
Duas metades que são imagens espelhadas uma da outra, como se de almas gémeas se tratasse.
No eixo central da colher, unem-se os corpos cujos corações (rabanetes) palpitam e simbolizam o amor correspondido, que virá a ser consumado com os dois corações a palpitar como um só, já que a colher termina por uma concha, ela própria com a forma de coração.
Pela sua riqueza plástica e por todo o simbolismo vislumbrado, trata-se, sem dúvida, duma prenda que um camponês ofereceu à sua conversada, que na comunhão do amor perene, a terá usado e provavelmente ostentado com orgulho, como forma de selar a sua condição de conversada do ofertante. Quem sabe se este, porventura preso de amores por ela, não lhe terá dito na ocasião:

“O teu coração é lima,
O teu corpo é limoeiro,
Os teus braços são cadeias
Onde eu vivo prisioneiro.” [1]

BIBLIOGRAFIA
[1] – THOMAZ PIRES, A. Cantos Populares Portugueses, vol. II. Typographia Progresso. Elvas, 1905.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Anarquistas virtuais no Facebook


CORNAS AZEITEIRAS RICAMENTE LAVRADAS - A da esquerda, com motivos de caça e motivos geométricos, tem a abertura vedada por uma tampa de chifre e madeira. Visando facilitar o transporte, uma correia liga as duas extremidades da corna. A da direita, com motivos florais e campestres, tem a abertura vedada por uma tampa, integralmente de chifre. Com vista ao transporte, tem uma correia presa a uma argola de chifre, a qual está presa a outra argola também de chifre, ligada á tampa. Nesta última argola se prende uma correia que sustenta a extremidade da tampa. Cortesia de Hernâni Matos.
A VIDA REAL
Supunhamos que eu era um anarquista à “Proudhon”, daqueles que visceralmente pensam que “A propriedade é o roubo”. Se eu porventura me atrevesse a apropriar de bens materiais pertencentes a outrem, caíam-me logo em cima “O Carmo e a Trindade”, eufemismo empregue para designar a opinião pública.
Numa sociedade democrática seria ainda alvo de procedimento criminal e teria que responder pelos meus actos perante a Justiça, pendendo então sobre a minha cabeça “a espada de Damocles” e eu teria de responder pelos meus actos.
Não podemos, pois, entrar em propriedade alheia e apropriamo-nos ou servirmo-nos de bens de outrem, ainda que estes estejam ali mesmo “à mão de semear”. E isto tanto é válido para um livro na estante duma livraria, como para um bife na banca dum talho, para um perfume numa prateleira duma grande superfície ou para um bacalhau pendurado à porta da mercearia da esquina.
O bem que nos interessa consumir tem que ser cedido pelo proprietário, mediante condições pré-existentes e que se traduzem no pagamento de uma quantia pré-fixada, correspondente ao valor atribuído pelo dono ao bem que pretendemos consumir. Pontualmente e duma forma controlada podem ocorrer desvios a este comportamento padronizado. São as chamadas “campanhas de promoção” ou “promoções” do género “pague 1 e leve 2”, bem como a oferta de determinada mercadoria na compra de outra, assim como a oferta de determinada mercadoria, quando o montante das compras atinge determinado valor.
Em suma: na vida real são estes os processos correntes para nos podermos servir de bens que não nos pertencem.

O FACEBOOK
E como é que deverá ser o nosso procedimento numa rede social como o Facebook?
Nos dias de hoje, comunicar é tão importante como respirar ou comer, tratando-se de um acto que deve ser assumido de uma forma ética. Hoje, não é admissível que ninguém, em nome de nenhuns pseudo-valores, tente rebaixar os outros, para se elevar a si próprio. Hoje e muito bem, fala-se em Ética da Comunicação.
Como Homens e Mulheres Livres, devemos ter respeito pela Dimensão dos Outros, bem como respeito pela Propriedade e muito em particular a Propriedade Intelectual. Um acto de comunicação na www, não pode ser um mero acto de corte e colagem. São atitudes que devem ser reprovadas pela Comunidade. A Elevação do Homem é fruto necessariamente do Trabalho e do Aperfeiçoamento, mas nunca da facilidade, nem do facilitismo.
Significa isto que quando na nossa página do Facebook, editamos uma imagem retirada do álbum de fotografias de alguém com quem temos amizade virtual, devemos ter permissão para o fazer. É então ético pôr no final da legenda da imagem, a indicação “Cortesia de … (segue o nome)". É excepção a partilha de imagens ou vídeos no Facebook, uma vez que a “função partilha” revela imediatamente a página de onde ela foi realizada.
Estas considerações produzidas a “talhe de foice” resultam do facto de eu ter encontrado imagens editadas por mim em álbuns meus e neste blogue, algumas delas com traços inconfundíveis e outras mesmo de objectos pessoais, num álbum de um amigo virtual, cuja página visitei na sequência duma postagem sua. As datas associadas às imagens não deixam margem para dúvidas de que fui eu, quem as editou primeiro. A apropriação de imagens sem a indicação de “Por cortesia de… “, é assim como que um “gato escondido com rabo de fora”. E olhem que às vezes “no melhor pano cai a nódoa" …
Como este post tem uma função pedagógica e procura que os bem-intencionados arrepiem caminho, é acompanhado de legendagens que considero eticamente correctas.


CÁGUEDAS - Fechos de coleira de gado com chocalhos suspensos, maioritariamente feitos em madeira, embora também os haja de corno e de cortiça. Cortesia de Hernâni Matos. 
TALÊGO – Saco geralmente multicolor, de tamanho variável, confeccionado pelas mulheres com as sobras dos panos usados na confecção de saias, blusas e aventais ou mesmo de roupa velha que se tinha deixado de usar. Cortesia de Hernâni Matos. 
O PASTOR - Aguarela de ALBERTO DE SOUZA (1880-1961), utilizada no cartaz e na capa do catálogo da Feira-Exposição de Maio de 1927, em Estremoz. Cortesia de Hernâni Matos. 
A SEMENTEIRA NO ALENTEJO, NO INÍCIO DO SÉCULO XX - Postal edição Malva (Lisboa). Cortesia de Hernâni Matos.  
O DIA DA ESPIGA - Bilhete-postal ilustrado dos anos 20 do século XIX, reproduzindo ilustração de A. Rey Colaço. Cortesia de Hernâni Matos.  
Postal publicitário editado pela Companhia União Fabril com o slogan "O POVO DOS CAMPOS FELIZ POR ADUBAR COM SUPERFOSFATOS DA CUF E COM SULFATO DE AMÓNIO". 
CAMPONESA ALENTEJANA - Roberto Nobre, (1903-1969). Ilustração da capa do magazine "Civilização", número 17, de Novembro de 1929. 
TARRO – Recipiente em cortiça, com tampa, destinado a transportar e conservar os alimentos. Altura 11 x Diâmetro 24 cm. Museu Nacional de Etnologia. 
CHAVÕES – Marcadores em madeira, usados para marcar o pão ou bolos. Museu Municipal de Estremoz.