quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Evocação de António Telmo na Escola Secundária de Estremoz


Maria Antónia Vitorino, António Telmo e Agostinho da Silva em Brasília,
na segunda metade da década de 60.
 
A vida e obra de António Telmo (927-2010) serão evocadas numa sessão a ter lugar em Estremoz, no próximo dia 14 de Novembro. O evento decorrerá a partir das 10 h e 20 min no Auditório da Escola Secundária da Rainha Santa Isabel. É uma iniciativa conjunta da Biblioteca Escolar Almeida Garrett e do Projecto António Telmo. Vida e Obra”. Serão oradores: Pedro Martins (Evocação de António Telmo), Rui Lopo (Evocação de Agostinho da Silva) e Elísio Gala (Apresentação do livro “Cartas de Agostinho da Silva para António Telmo”).
No final será descerrado, na Biblioteca da Escola um retrato de António Telmo, o qual ficará a assinalar a sua passagem por ali. No local estará também patente ao público uma exposição bibliográfica de António Telmo, filósofo, escritor e professor, figura cimeira da Cultura e da Filosofia Portuguesa. 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

11 – O preço dos bonecos



 Aguadeiro.
José Moreira (1926-1991).
Colecção particular.

No figurado de Estremoz, o preço de cada peça é muito variável, o que exige uma análise multifacetada do assunto: 1 – O preço de cada imagem tem a ver com o tempo de manufactura de cada barrista, o qual por sua vez está relacionado com a complexidade da figura ou do grupo de figuras. Daí que uma “Primavera” custe mais que um “apito”, bem como um “Rancho do acabamento” seja mais caro que um “Pastor de tarro e manta”. Por outro lado, a mesma figura ou grupo de figuras pode ser executada em vários tamanhos, vulgarmente designados por “pequeno”, “médio” e “grande”. É o que se passa com “O amor é cego” e o “Presépio de Trono ou Altar”, em que o preço aumenta com as dimensões; 2 – O preço de cada figura ou grupo de figuras, varia também com o artesão, fruto da auto-avaliação que cada um faz do seu trabalho; 3 – O valor dos exemplares mais antigos pode ser estimado a partir do conhecimento do seu custo actual, ao qual há que acrescer o grau de antiguidade, o grau de raridade e o estado de conservação; 4 – Numa situação de crise económica como a actual, há quem tenha necessidade de vender bonecos, os quais são comprados por coleccionadores, feirantes de velharias ou antiquários ou que então são vendidas através de Casas de Leilões ou de Leilões “on line”. Na óptica do coleccionador, uma compra é sempre optimizada através da compra directa ao vendedor. No feirante de velharias ou no antiquário, a compra é menos má, já que na maioria das vezes é possível negociar e chegar a um acordo. Já nos Leilões, o resultado é mais incerto. Se para além de nós, há outro comprador interessado ou está presente o feirante ou o antiquário de quem somos clientes, podemos mesmo arrematar uma peça antiga a um valor mais baixo que o custo da peça actual. Todavia, a situação altera-se desde que na Casa de Leilões esteja presente um feirante ou um antiquário que já têm cliente para uma dada peça ou se encontrem mandatados por um cliente para a adquirir. O mesmo se passa se entrarmos em competição com um ou mais coleccionadores que estejam a licitar, já que por vezes a auto-estima de cada um, o leva a cometer verdadeiras loucuras. Finalmente, as vendas “on line” são desaconselhadas, visto que em certas ocasiões, mesmo peças comuns e recentes, têm preços de partida elevados, reflectindo a necessidade de dinheiro de quem vende e não tendências de mercado.




terça-feira, 21 de outubro de 2014

Estremoz - Defesa do Património - 5

CAPELA DA RAINHA SANTA ISABEL, ESTREMOZ - Fotografia de
Rogério de Carvalho (1915-1988), de finais dos anos 30 do séc. XX.

Outra estrutura associativa de defesa do património cultural no concelho de Estremoz é: 
LINCEMOZ -  Liga dos Naturais e Amigos do Concelho de Estremoz 
Constituída em 2003, é liderada por António Lopes e foi-o anteriormente por Rodrigo André e Domingos Xarepe. Tem como objecto: promover, organizar e divulgar os aspectos da cultura, do património, da solidariedade e do desenvolvimento do concelho. Edita desde 2003 o boletim Gadanha, onde se tem dado ênfase a questões de defesa do património: Igreja de Santo André e Largo do Espírito Santo (Estremoz), Ruínas Romanas de Santa Vitória do Ameixial, Castelo de Évora Monte e Castelo de Veiros. São de destacar as seguintes actividades ligadas à defesa do património: 2004 - Colaboração com a CME na divulgação na Casa do Alentejo da iniciativa "A Cultura do Barroco, o Imaginário e o Quotidiano”, através do qual a autarquia divulgou inúmeras manifestações e sinais da cultura barroca, bem como o património arquitectónico local desse período: Armaria Real de D. João V (Pousada da Rainha Santa Isabel), o interior da Igreja de São Francisco e o Lago do Gadanha; 2010 – Organização do concurso “As sete maravilhas do concelho de Estremoz”, em parceria com a CME, a imprensa local (Brados do Alentejo, Ecos e Rádio Despertar), o Agrupamento Escolar e a EPRAL. No concurso sairia vencedora a Capela da Rainha Santa Isabel, mandada construir por Dona Luísa de Gusmão (1613-1666). Na Capela, propriedade estatal, gerida pela Igreja, destacam-se três painéis de azulejo e seis telas a óleo, joaninos, atribuíveis respectivamente a Teotónio dos Santos (c/1725) e a André Gonçalves (c/1730), os quais representam episódios lendários da vida da Rainha Santa Isabel. A Capela está integrada no Castelo de Estremoz e foi classificada como Monumento Nacional pelo Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23 Junho de 1910. É triste dizê-lo, mas por insensibilidade das autoridades, entra água na Capela pelo telhado, pelas portas e janelas, nas quais por falta de portadas, as telas estão expostas à luz solar.
(CONTINUA)

 Hernâni Matos

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

João Sabino de Matos e os primórdios do PS em Estremoz


João Sabino de Matos (1923-2006), um dos fundadores do PS de Estremoz.
Foto Tony. Arquivo do autor.


No passado sábado, dia 11 de Outubro, estive presente como convidado no 40º Aniversário da Secção do PS de Estremoz. Ali foram homenageados fundadores do PS local, entre os quais se situava o meu falecido pai, João Sabino de Matos. Na oportunidade, proferi uma comunicação sobre o antes 25 de Abril e pós 25 de Abril em Estremoz, com referência especial ao meu pai. É o seguinte o teor dessa comunicação.


MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES
O José Ramalho deu-me conhecimento de que a Secção do PS de Estremoz, pretendia levar a efeito uma homenagem àqueles que estiveram com o Partido Socialista desde a primeira hora, como foi o caso do meu pai e pediu-me para eu falar sobre ele e a sua participação no Partido. É o que vou procurar fazer com o rigor possível e as armas que tenho na mão: a minha memória e a minha maneira própria de dizer as coisas.
O meu pai se fosse vivo e infelizmente não está, teria 90 anos e estaria aqui connosco, porque o PS foi o seu partido de sempre. Estou eu, que pertenço a outra família política, mas respeito quem com honestidade pensa de maneira diferente da minha. Procurarei honrar a memória do meu pai e outra coisa não seria de esperar, já que além de filho, sou vosso companheiro de estrada e convosco tenho o prazer de fazer em conjunto as caminhadas possíveis. De resto, como diria o poeta sevilhano António Machado (1875-1939):
……………………………..
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
………………………
Deixem-me então meter mãos à obra. Passo de imediato a contar-vos uma história que fala do meu pai, do PS e por vezes de mim próprio. Espero que seja do vosso agrado.
NASCIMENTO
A 1 de Julho de 1923 nasce na aldeia da Cunheira da freguesia e concelho de Chanca, uma criança do sexo masculino, que seria o primeiro de 4 filhos de Manuel Sabino (pedreiro) e Antónia Maria (doméstica). À criança foi dado o nome de João Sabino de Matos. 
INFÂNCIA
A infância foi bastante difícil para ele. A família passava dificuldades, agravadas para ele e para os irmãos, quando entraram para a escola primária, situada a 8 Km na vila de Chança e para onde diariamente tinham de ir e vir todos dias, fizesse chuva ou fizesse sol. No caso do João era mais complicado ainda, pois tinha um defeito físico numa perna, fruto de um acidente em casa quando era pequeno. Mas era já uma pessoa determinada e fez a 4ª classe da instrução primária
A JUVENTUDE
A juventude também não foi fácil, uma vez que terminada a escola foi dar serventia de pedreiro ao pai, o que era penoso para ele. O pai mandou-o então aprender o ofício de alfaiate, profissão que na aldeia acumulava com a de barbeiro, pois quando não havia farpela para confeccionar, sempre havia barbas e cabelos para dar para a bucha.
Pelos vinte anos já estava em Estremoz para onde veio atraído por um tio. Era um rapaz namoradeiro e tinha várias namoradas ao mesmo tempo, em diferentes freguesias do concelho, entre as quais circulava de bicicleta, para poder encostar a calça à saia.
O CASAMENTO
No dia 24 de Março de 1946, com 22 anos de idade, casa na Igreja de São Francisco, em Estremoz, com Selima Augusta Carmelo, telefonista de 22 anos, natural da Fonte do Imperador, freguesia de Santa Maria e residente em Santo André. O casal foi morar para o Largo do Espírito Santo, onde o João passou a exercer a profissão de alfaiate.
A dezanove de Agosto nasço eu. Como não sou de cinco meses, é certo que por precaução fui encomendado a Paris, quatro meses antes do casamento, não fosse a cegonha chegar atrasada.
Por ali brinquei e o meu pai teve a primeira oficina de alfaiate e começou a formar futuros alfaiates, o primeiro dos quais Gil Cortes, da freguesia de São Lourenço.
Mais tarde, o meu pai mudou a residência e a alfaiataria, primeiro para a rua da Misericórdia e depois para a Rua 5 de Outubro, onde algum tempo antes do 25 de Abril abriu também uma loja de pronto-a-vestir. Tanto como alfaiate como comerciante, foi uma pessoa considerada pelos seus pares e respeitada na praça.
Sem dúvida que foi o melhor alfaiate que esta terra alguma vez conheceu e que dentro da oficina e fora dela chegou a ter 15 pessoas a trabalhar sob sua orientação. Gostava de se vestir bem com roupa confeccionada por ele próprio e eu apanhava por tabela.
Eu que sou um jovem contemporâneo do Maio de 68, das barricadas em Paris e da Crise Académica em Portugal, ia para reuniões da RIA – Reunião Inter-Associações com o Arnaldo Matos, o Danilo de Matos, o Jorge Delgado, a Violante Saramago e o Augusto Fitas, sempre impecavelmente vestido, com roupa feita pelo meu pai. Usava cabelo comprido, pelos ombros, à Amália Rodrigues, mas a roupa era da Alfaiataria Matos e era mais barata que as gangas e quejandos que os meus companheiros usavam. Daí eu ter criado uma máxima que às vezes utilizo no Facebook: “Um homem nunca se rende, mesmo de fato e gravata.”
Fui para a Faculdade porque os meus pais fizeram grande sacrifício para eu estudar num colégio particular, o Colégio de S. Joaquim, do Adriano Mota. No 6º e 7º ano, a mensalidade, que incluía desgaste de material e despesas com aulas práticas, atingia os 1.033$00 por mês. Era muito dinheiro nos anos sessenta do século passado. E quando o cobrador do Colégio, o João Sacristão, ia lá a casa cobrar a mensalidade, o meu pai entrava em parafuso e a atmosfera andava carregada durante alguns dias, mas nunca deixou de pagar (1). 
AS ELEIÇÔES PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA EM 1958
Em 1958, tinha eu 12 anos e o meu pai 35, apoiou a candidatura do General Humberto Delgado a Presidente da República contra o candidato fascista da União Nacional, Almirante Américo Tomaz. O meu pai era delegado incumbido de ir vigiar as urnas em São Lourenço, freguesia que conhecia bem, pois antes de casar com a minha mãe, ia de bicicleta a pedais, namorar lá. Acabou por não ir, visto que o advogado comunista e seu amigo, Dr. Rodrigues Pereira, que liderava a oposição local, telefonou para o 316, que era o número de telefone lá de casa e lhe disse: - Oh Matos não vás, que fui informado que a PIDE está lá, como nas outras freguesias, para prender os delegados da Oposição!
Foi com estas e com outras que apesar do entusiástico apoio popular ao General Sem Medo, ganhou o candidato fascista. Até mortos votaram com cumplicidade dos presidentes das mesas, afectos ao regime. Mesmo assim e com intimidação da PIDE, Delgado obteve 23% dos votos contra os 76,4% do Tomaz. A ditadura teve medo e a partir de 1959 e até ao 25 de Abril, a eleição do Presidente da República passou a ser feita pela Assembleia Nacional, onde só havia um partido único: a União Nacional.    
AS ELEIÇÔES DE 1969 PARA A ASSEMBLEIA NACIONAL
O meu pai e com ele outros que vieram a aderir ao PS, participaram na Comissão Democrática Eleitoral (CDE), criada em 1969 para concorrer às eleições legislativas contra o partido de Salazar, a União Nacional. Em Braga e Lisboa concorreu também a CEUD afecta a Mário Soares e a Salgado Zenha. Houve ainda a Comissão Eleitoral Monárquica (CEM), reunindo monárquicos oposicionistas não afectos à Causa Monárquica.
Num total de 1 115 248 eleitores e com a oposição dividida, os resultados foram catastróficos para esta: União Nacional (87,99%), CDE (10,29%), CEUD (1,51%) e Comissão Eleitoral Monárquica (0,12%). Por outras palavras, a União Nacional ocupou os 130 lugares da Assembleia Nacional.
Foram umas eleições relativamente livres como interessava à primavera marcelista, com alguma liberdade de imprensa em jornais não afectos ao regime, tais como A Capital, República e Diário de Lisboa. Todavia não deixou de haver fraudes como refere o livro “Eleições no Regime Fascista” da “Comissão do Livro Negro Sobre o Fascismo” (2), compilação de documentos que data de Julho de 1979, onde é feita a transcrição de um ofício da ”Legião Portuguesa” de 22 de Outubro de 1969:

Setubal, 22 de Outubro de 1969

Informo V.Exª. que no dia 19 do corrente, pelas 11H00, foi solicitada, a minha comparência na Escola Comercial e Industrial de Setubal, a fim de tomar parte numa reunião com o Exmº. Sr. Miguel Rodrigues Bastos e Dr. Rogério Peres Claro.
A finalidade da reunião (muito secreta), foi pedida a minha colaboração no sentido de montar e chefiar um “carrocel”, com viaturas particulares e pessoal legionário munido de certidões de falecidos, ausentes, etc, fornecidos pela U.N. (3), a fim de votarem nas assembleias duas, três ou quatro vezes, por exemplo:
Os homens de Almada votam no Barreiro, Seixal e Moita; os da Moita votam em Almada e Sesimbra; os do Barreiro votam em Almada e assim sucessivamente.
Para o efeito os Presidentes das mesas estão avisados, até porque as certidões estão marcadas.
Em face do solicitado desloquei-me ontem às Unidades de Almada, Barreiro, Moita, a fim de solicitar aos Comandantes a sua boa vontade e colaboração para o fim em vista.
Com os meus melhores cumprimentos,
…..
E assim se ganhavam eleições. Hoje isto é impensável, mas era o que acontecia na altura, dado o clima intimidatório criado e alimentado pela polícia política, a PIDE.
À época das eleições de 1969 e à esquerda, emerge uma nova geração universitária, nascida dos movimentos estudantis marcados pelo Maio de 68. Aí se destacam dois lideres que viriam a ser socialistas: Jorge Sampaio, Presidente da RIA – Reunião Inter-Associações, que estava em Lisboa e Alberto Martins, Presidente da Associação Académica de Coimbra que ao ver recusada por Américo Tomaz, a possibilidade de falar em público em nome dos estudantes no decurso da abertura solene das aulas, esteve na origem da Crise Académica de 1969, que foi o princípio do fim do regime. 
AS COMEMORAÇÕES DO 5 DE OUTUBRO
Antes do 25 de Abril, comemorava-se o 5 de Outubro com uma romagem ao cemitério de Estremoz, que reunia velhos republicanos como o Cândido ferrador, o Saturnino Martins, o Abílio Maleitas e o Francisco Joaquim Baptista, mais conhecido por Chico das Metralhadoras. Iam com uma bandeira nacional à frente, já que não podiam levar outra e a bandeira nacional era e é, a bandeira da República. Nesse dia, o Chico das Metralhadoras tinha a bandeira da República hasteada numa janela da sua casa, sita na rua das freiras. Era a sua maneira de ilustrar a “Trova do vento que passa” de Manuel Alegre:

“Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.”

Houve muitos homens que contribuíram para a formação da minha personalidade e para além do meu pai, um dos mais importantes foi, sem dúvida, o Chico das Metralhadoras, permanentemente envolvido em angariação de fundos para a rotativa do jornal República e para os bombeiros locais e que, por mesquinhez de alguns e por memória curta de outros, foi injustamente esquecido.
No 5 de Outubro íamos almoçar uma bacalhauzada à do Xico das Metralhadoras. Eu, o meu pai e outros amigos para ali convidados: O Pelágio do notariado, o Francisco Ramos do Mendes Meira e Niza, o Fernando Gomes mecânico, o Vicente Rosado da Sagres, o Sargento Luís do Tabaquinho e Gonçalves e o Zé Luna da Câmara e do Estremoz.
O meu pai tinha de resto outros amigos com quem jogava mah jong, xadrez ou bilhar no Café Alentejano, como eram o tenente Graça Gonçalves, o Silva da Caixa Agrícola, o Júlio da Gulbenkian e o Dr. Chico Maldonado, entre outros. Frequentava também o Águias de Ouro onde tertuliava com o Dr. Rodrigues Pereira, o Padre Martins e o Dr. Martinho, advogado.
Era também sócio dos Artistas, a cuja Direcção pertenceu e onde jogava bilhar e às vezes às cartas, com o primo Brito da Luz. Apreciador de futebol e de hóquei em patins, era sócio do Estremoz e gostava de ir aos desafios.     
O MONTE DO DR. AFONSO COSTA
Nessa época a oposição reunia clandestinamente no monte do Dr. Afonso Costa. O meu pai era um dos conjurados. Para além dos conspiradores que viriam a ser da área socialista, outros havia da área comunista, como o Abílio Fernandes, por quem o meu pai tinha muita consideração
OS RÁDIOS CLANDESTINOS
Em casa ouvíamos à sucapa, notícias da BBC, da Rádio Moscovo e da Rádio Argel, onde falavam o Piteira Santos e o Manuel Alegre. Eram as rádios que furavam a censura das rádios nacionais.
O 25 DE ABRIL
Naturalmente que o meu pai, a minha mãe e eu recebemos o 25 de Abril, de braços abertos. Tal como eu, o meu pai previa um fim inescapável para a ditadura. Só não sabíamos quando. O golpe das Caldas tinha sido o prenúncio. Em Estremoz havia civis que sabiam que o 25 de Abril ia acontecer. Nós não tivemos esse privilégio.
A imagem mais forte que guardo desse dia é o encontro com o professor Francisco Rodrigues, que mais tarde viria a aderir ao PS, na altura já com um grão na asa e que, tal como eu, foi ao Café Águias de  Ouro, ver como paravam as modas. Com o olhar e o rosto a brilhar, as suas palavras foram estas:
- Hernâni: Porra! Até que enfim!
O 1º DE MAIO EM LIBERDADE
Logo a seguir ao 25 de Abril reunimos numa casa da rua do Mau Foro, vulgo Rua Alexandre Herculano. Ali funcionaria mais tarde a primeira sede do PS. Tinha sido ali a sede do Círculo Cultural de Estremoz, associação cultural de antes de Abril, do tempo do Dr. Luís Pascoal Rosado e cuja história está ainda por fazer. Era uma casa, propriedade dos irmãos José e Afonso Costa. Ali se preparou o primeiro 1º de Maio e o meu pai lá estava. O camarada Binadade Velez, comunista da clandestinidade e que já estivera preso, levava uma lista de ruas com nomes ligados ao fascismo, que era preciso mudar. Alguns diziam que o Spínola, que como se veio a provar, nunca deixou de ser fascista, não autorizaria a comemoração do 1º de Maio, que acabava sempre à batatada, com a bófia a dar porrada nos trabalhadores. Outros e neles nos incluíamos, eu e o meu pai, considerávamos que o 25 de Abril legitimaria as comemorações livres do 1º de Maio, o que veio a acontecer.
As comemorações foram no Rossio com tropa à paisana no meio da população, por ordens do capitão Moura, a ver no que é que aquilo ia dar. Todavia foi tudo pacífico e no final houve desfile pelas ruas da cidade, com a bandeira nacional à frente.  
O PÓS 25 DE ABRIL
No pós 25 de Abril havia três tipos de posturas. Havia os que queriam que tudo ficasse na mesma (Era a Dona Inércia), assim como aqueles que queriam reformas inevitáveis (aí se situavam os futuros PS, entre eles o meu pai) e aqueles que punham em causa a natureza do estado e as relações de produção (aí se situava o PCP e a esquerda revolucionária, família política que sempre foi a minha).
O golpe militar do 25 de Abril deu origem a uma revolução social, com ritmo acelerado para uns e demasiado lento para outros. A unidade do 1º de Maio transformar-se-ia em divergências insanáveis, muitas das quais deixaram feridas. Mas a democracia é isso. É a luta política entre forças plurais para afirmação do seu projecto de sociedade.  
A FUNDAÇÃO DO PS EM MAIO DE 1974
A secção do PS de Estremoz formou-se em Maio de 1974. Os primeiros militantes foram entre outros: Afonso Costa (farmacêutico), Fernando Cavaco (pintor), Irmãos Compõete (operários), Jaime Balão filho (professor), Jaime Balão pai (cabeleireiro), José Albino (tipógrafo), José Fateixa (comerciante), Manuel Godinho (comerciante) e Soeiro Travassos (médico).
O meu pai é da primeira hora no PS e está na fundação do PS em Estremoz. Todavia, só regularia a sua inscrição em Setembro desse ano.
O 28 DE SETEMBRO
No 28 de Setembro de 1974 fizeram-se barragens na estrada nacional e à saída para Portalegre, visando impedir a "maioria silenciosa" de marchar armada sobre Lisboa. Só deixávamos passar os veículos depois de passados a pente fino. O PS esteve ali, como também esteve o PCP e a CDE.
A CDE – TENDÊNCIAS INTERNAS
A nível da CDE, havia basicamente dois blocos em confrontos de ideias, que naturalmente tinham por detrás de si objectivos próprios e propostas sociais distintas. Num deles, os oradores mais eloquentes eram os professores Francisco Rodrigues (PS), Vítor Trindade e Manuel Patrício. Do outro, peroravam figuras como Aníbal Alves (PCP), Véstia da Silva (CDE) e José Sena (MES). Eu que sempre fui senhor do meu nariz e era CDE puro desde 1969, apoiei este último bloco contra o meu pai e o seu amigo Zézica Costa, que faziam parte do primeiro ramalhete. A partir daí começaram as fricções ideológicas entre mim e o meu pai, as quais atingiriam o seu ponto alto em 1975, tendo nós estado de relações cortadas durante cerca de um ano.    
O PLENÁRIO DA ESPLANADA PARQUE
Em meados de Maio de 1974, a administração da Câmara Municipal de Estremoz, estava ainda nas mãos de pessoas de confiança da Organização Corporativa e da União Nacional. Daí que a CDE assuma a liderança do processo de substituição da Câmara Municipal de Estremoz. Visando esse objectivo, procura a base de legitimidade indispensável a essa operação e organiza em 19 de Maio de 1974, num domingo, um plenário de cidadãos, com a finalidade de se proceder à eleição da nova Comissão Administrativa para a Câmara Municipal.
A Mesa que presidiu ao plenário público, realizado na Esplanada Parque, era composta por alguns dos membros mais activos da CDE: Aníbal Alves (professor, do PCP), José Sena (professor, do MES), Véstia da Silva (advogado, da CDE), António Simões (professor, da CDE),assim como pelo capitão Andrade Moura (comandante do RCE e membro do MFA).
Participado por cerca de 6 mil pessoas, o plenário elege Véstia da Silva (advogado), Paulo Lencastre (médico-cirurgião), Casimiro Moura, (trabalhador das pedreiras), Aníbal Alves (professor), Manuel Patrício (professor), Francisco Rodrigues (professor), Fernando Martinho (professor) e Jacinto Varela (empregado de escritório).
Sabe-se que a eleição decorreu sem problemas e a escolha foi realizada por voto secreto. O modo como foram aceites os eleitores, consistiu na apresentação de um documento de identificação, de modo a comprovar o estado adulto e a residência no concelho. Não existem reprovações públicas imediatas sobre a eleição e os jornais locais parecem aceitar o resultado do escrutínio. A primeira reacção à eleição será realizada a 6 de Junho mediante carta reproduzida num dos jornais locais. Nessa carta, o signatário Américo Luís Silva, que virá a pertencer ao elenco da Comissão Administrativa empossada em princípios de Outubro, contesta que a eleição de 19 de Maio possa ser a base da futura Comissão Administrativa.
Na sequência disso e fruto de algum trabalho de bastidores, o Governador Civil, o socialista Dr. Alves Pimenta não reconhece a eleição e sob pressão socialista, social democrata e centrista, nomeia nova Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Estremoz, por Portaria de 1 de Outubro de 1974. Esta Comissão Administrativa, que toma posse a 4 do mesmo mês, é de total confiança do PS e é presidida por Francisco Roldão Pinheiro (advogado e notário) e tem como vereadores: Américo Luís Silva (?-?), Manuel Godinho (comerciante-PS), Vitorino Marques Alves (industrial-PSD) e Afonso Costa (Farmacêutico-PS).
A MANIFESTAÇÃO POPULAR DE 24 DE MARÇO DE 1975
Esta manifestação foi arquitectada pelo PCP, que falhou em termos de organização e fui eu, dissidente daquele partido, que efectuei a mobilização popular para a manifestação, com a tónica de a população estar em luta contra uma Câmara que não tinha sido eleita e dos trabalhadores da Câmara estarem em luta contra um Município que não lhes garantia o emprego. Eu não precisava de megafone, mas arranquei com um megafone do PCP nas unhas, no carro do farmacêutico Vítor Carapeta, com ele a conduzir e levando no banco de trás, antigos presos políticos: o estofador-filósofo Binadade Velez e o carpinteiro Zé Mau. Mais tarde, andámos no carro do Binadade e por lá passou também o cigano Rufino, então de oficial de dia ao serviço da Câmara, com direito a uso e porte de picareta. O Rufino era primo do cigano Chato, que tinha sido soldado às ordens do Major Tomé. Hoje é um grande proprietário rural no México.
A mobilização foi eficaz, o que levou a Comissão Administrativa a reunir-se no cartório notarial e a decidir pedir a exoneração colectiva.
Na manifestação participada por algumas centenas de pessoas, estiveram representados todos os partidos locais com excepção do PPD. O processo foi inicialmente liderado pelo MES, que defendia a formação de uma nova Comissão na qual tivessem assento representantes das forças políticas que tinham apoiado a manifestação: MDP, MES, PCP e PS. Por proposta do PCP, para que essa substituição tivesse legitimidade, foi procurado o MFA, representado pelo capitão Andrade Moura do RC3, como árbitro da negociação. No desenrolar das negociações, o PS combate a posição do MES, propondo que a Comissão tenha a mesma composição do Governo Provisório. O MES vê-se então excluído e a Comissão acaba por ser composta por um representante do MDP, do PCP, do PS, do PPD e ainda um funcionário municipal em representação dos trabalhadores. Será o capitão Moura a indicar ao Governo Civil a composição da mesma, apontando para Presidente o representante MDP, que fora o mais votado um ano antes para presidir à Câmara Municipal.
Essa Comissão Administrativa é nomeada por alvará do Governador Civil de Évora de 28 de Março de 1975. É presidida por Véstia da Silva (CDE) e tem como veradores: José Correia (PPD), Ademar Malhão (PCP), José Costa (PS) e José Pereira (funcionário da Câmara). Tal comissão permaneceu em funções até às primeiras eleições para as autarquias locais, realizadas a 12 de Dezembro de 1976. Mas, isso é outra história. 
O VERÃO QUENTE
A história do chamado Verão Quente e o pós 25 de Novembro está por fazer e é um desafio que anda no ar e que alguém, decerto devidamente apetrechado com a indispensável informação e os adequados métodos de análise sociológica não deixará de fazer. Pela minha parte, fico à espera.
AO SERVIÇO DO PS
Ao serviço do PS, o meu pai foi Presidente da Junta de Freguesia de Santo André entre 1977 e 1979 e entre 1986 e 1989. Foi ainda membro eleito da Assembleia Municipal entre 1980 e 1982 e entre 1986 e 1989.
Integrou também a Comissão Administrativa do Hospital da Misericórdia.
Em acções de agitação e propaganda chegaram a andar 12 pessoas no seu carro, algumas no porta-bagagens. Era um velho TAUNUS 17 M preto e com tejadilho branco, conhecido pelos socialistas como “carro fantasma”, o qual tinha uma direcção mais rígida que a dum tractor. Também ele, por direito próprio, faz parte da história do PS de Estremoz.
A RELIGIÃO
O meu pai não era religioso. Tinha todavia duas religiões: antes do 25 de Abril era o Benfica e depois do 25 de Abril, passou também a ser o PS.
As figuras que mais apreciava eram Mário Soares, Tito de Morais, Salgado Zenha, Manuel Alegre e João Soares.
VALORES QUE ME INCULCOU NO ESPÍRITO
O meu pai era uma pessoa de carácter, frontal, com coragem física e moral, que não fugia às responsabilidades e que honrava a palavra dada. Valores que me inculcou no espírito e que me norteiam, bem como os ideais de justiça, liberdade, igualdade e fraternidade.
Por isso estou hoje aqui em sua representação.

Espero que tenham gostado desta história. Se não gostaram, queixem-se ao José Ramalho que foi ele que me convidou para vir aqui e ao contrário do que se passa na tropa, onde a culpa é sempre do maçarico, em política a culpa é sempre do chefe.

Obrigado, por me terem ouvido.

(1) – São de minha autoria estas quadras datadas de 1964:

Com a pastinha na mão,
Procura receber dinheiros.
É ele o João Sacristão,
O terror dos caloteiros!

Os pais que chegam a pagar,
Cantam o fado da triste sina,
Mas p’ra quem o sabe explorar,
Este Colégio é uma mina…

Instalações sanitárias trinta escudos
E trinta de desgaste de material.
Laboratório são cem escudos.
Ah! Falta a Secção Cultural!...

(2) – A Comissão era constituída por: por José Magalhães Godinho, Piteira Santos, Teófilo Carvalho dos Santos, Barradas de Carvalho e José Carlos Vasconcelos.
(3) – União Nacional.

BIBLIOGRAFIA
[1] - BORRALHO, Álvaro. A RAZÃO DO POVO É A NOSSA FORÇA/O processo político português na transição democrática./Um estudo local: Estremoz, 1974 –1976. Universidade dos Açores. Ponta Delgada, 2001.
[2] - COMISSÃO DO LIVRO NEGRO SOBRE O FASCISMO. Eleições no regime fascista (2.ª ). C.L.N.F. Lisboa, s.d. (c. 1979).
[3]  - VIVAS, Diogo. Contributos para o estudo do Poder Local Democrático / Eleitos Municipais em Estremoz / 1976-2007. Câmara Municipal de Estremoz. Estremoz, 2007.
[4]  - VIVAS, Diogo, Os Presidentes da Câmara Municipal de Estremoz 1910 – 2006. Câmara Municipal de Estremoz. Estremoz, 2006.

Hernâni Matos


 
Diploma de exame do 2º grau de João Sabino de Matos. Arquivo do autor.

Romagem de republicanos ao cemitério de Estremoz no dia 5 de Outubro de 1962.
Aqui estão parados na Avenida de Santo António. Presentes entre outros,
António Vão (estafeta), Xarepe (Máquinas Oliva), Saturnino Martins (Casa Verde),
António Parelho (Brados do Alentejo), António Cândido (ferrador), Furtado da Loja,
Francisco Gonçalves (Farmácia Godinho), Artur Assunção (Farmácia Costa),
Abel Violante Augusto (moldurador) com a bandeira, Francisco Baptista (ferroviário),
Machadinho (enfermeiro), Eduardo Movilha (carpinteiro) e Carmen Movilha (neta).
Cortesia de Carmem Movilha).

Romagem de republicanos ao cemitério de Estremoz no dia 5 de Outubro de 1962.
Cortesia de Carmem Movilha.

Romagem de republicanos ao cemitério de Estremoz no dia 5 de Outubro de 1962.
Cortesia de Carmem Movilha.

Ofício da Legião portuguesa de Setúbal dando instruções de voto aos legionários
nas eleições de 1969. Imagem do livro COMISSÃO DO LIVRO NEGRO SOBRE O
FASCISMO. Eleições no regime fascista (2.ª ). C.L.N.F. Lisboa, s.d. (c. 1979).

Diploma da Sociedade de Artistas Estremocense conferido a João Sabino de
Matos,  por ocasião dos seus 27 anos de associado, atestando a sua muita
dedicação à Colectividade. Arquivo do autor.

João Sabino de Matos num convívio benfiquista no Café Alentejano em
Estremoz, cerca de 1970, Foto Tony. Arquivo do autor.

 Diploma da Sociedade de Artistas Estremocense conferido a João Sabino de
Matos,  por ocasião dos seus 27 anos de associado, atestando a sua muita
dedicação à Colectividade. Arquivo do autor.

João Sabino de Matos e João Soares num convívio socialista.
Fotografia de autor desconhecido. Arquivo do autor.

João Sabino de Matos tomando posse como membro da Assembleia Municipal
de Estremoz, em 3 de Janeiro de 1994. Fotografia de autor desconhecido.
Arquivo do autor.

A 27 de Abril de 1974, após cumprirem com êxito a missão atribuída, herói
do RC3 regressam a Estremoz. No jipe à esquerda, o capitão Andrade Moura
(comandante do esquadrão) e à direita o coronel Caldas Duarte
(Comandante do RC3). Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
Arquivo do autor.

À chegada, frente ao edifício do RC3: Honras Militares e Aclamação Popular.
Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988). Arquivo do autor
.

Na manifestação do 1º de Maio, as colectividades locais fizeram-se representar
pelos seus estandartes. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988). Arquivo
do autor.

Na manifestação viam-se inúmeros cartazes, nos mais variados tons, desde os
da exaltação ao movimento  das Forças Armadas até aos de carácter reivindicativo.
Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988). Arquivo do autor.

Na manifestação fizeram uso da palavra vários oradores, o primeiro do o quais o
invisual Joaquim Cardoso, da freguesia de Arcos, professor na Escola Técnica de Estremoz,
seguindo-se-lhe o Dr. António João Vestia da Silva, da
freguesia de São Domingos e a exercer advocacia na nossa cidade, o ex-preso
político Piteira, que disse ter saído naquele dia do presídio da Trafaria, o
estremocense Rui Manuel Zagalo Pacheco, o Dr. António Inocêncio Amaro Simões
e Raul Bernardo Manuel Júnior, ambos professores na Escola Técnica de Estremoz,
o democrata de Évora António Manuel Murteira e o jovem, eborense também,
conhecido pelo “Pãozinho”, do movimento estudantil democrático daquela cidade.
Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988). Arquivo do autor.

Terminada a série de discursos, os manifestantes desfilaram pelo Rossio e Rua 5
de Outubro, a caminho do quartel do Regimento de Cavalaria 3, frente ao qual se
repetiram as manifestações de apoio às Forças Armadas e à Junta de Salvação
Nacional. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988). Arquivo do autor.

Mesa que presidiu ao plenário público, realizado na Esplanada Parque em 19 de
Maio  de 1974. Da esquerda para a direita, Aníbal Alves (professor, do PCP),
José Sena (professor, do MES), Véstia da Silva (advogado, da CDE), capitão
Andrade  Moura (comandante do RCE e membro do MFA) e António Simões
(professor, da CDE). Fotografia de Inácio Grazina.

Manifestação popular de 24 de Março de 1975 no Rossio Marquês de Pombal,
dirigindo-se para a Câmara Municipal de Estremoz, exigindo a demissão da
Comissão Administrativa presidida pelo Dr. Roldão Pinheiro. À frente
manifestantes  empunham bandeiras do MDP, do MES, do PCP, do PS e do
Município. Fotografia de Aníbal Alves (1921-1994).

 
 Manifestação popular de 24 de Março de 1975 no Rossio Marquês de Pombal,
frente à Câmara Municipal de Estremoz. Entre os manifestantes encontram-se
trabalhadores das pedreiras e trabalhadores do Município. Fotografia de
Aníbal Alves (1921-1994).


Hernâni Matos
Publicado inicialmente a 16 de Outubro de 2014