sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Gina Ferro na Casa de Estremoz


A Casa de Estremoz será palco do lançamento e apresentação do livro de poesia “O MEU ARRAIAR POR TERRAS DO SABUGAL”, da autoria da Professora Georgina Ferro. 
O evento ocorrerá a partir das 16 horas do próximo domingo, dia 8 de Dezembro.
A apresentação da obra editada pela Colibri está a cargo das Drªs Maria do Céu Pires e Francisca de Matos.
No final será servido um beberete.




quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Searinhas do Menino Jesus (2ª edição)


Searinha do Menino Jesus.
Fotografia de Carlos Dalves (http://olhares.aeiou.pt)

Uma tradição que ainda hoje se cumpre no Alentejo é a sementeira das “Searinhas do Menino Jesus”, já referida por A. Thomaz Pires (2) e que se efectua no dia 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição.
Consiste esta tradição em semear em pequenos recipientes (pires ou chávenas) com terra, alguns grãos de trigo que são humedecidos com água para germinar, após o que são diariamente borrifados com a mesma, a fim de os rebentos se manterem viçosos.
As searinhas, dedicadas ao Menino Jesus, são utilizadas no presépio e no oratório, assim como são levadas à mesa da Consoada, na crença de que o Menino Jesus abençoe o trigo, de modo que nunca falte pão em casa e na mesa. No dia de Reis (6 de Janeiro), as searinhas devem ser transplantadas para a terra.
Thomaz Pires cita D. José Coroleu (Las supersticiones de la humanidad) quando afirma que as searinhas “(…) recordam as sementes semeadas nos testos pelas mulheres Phrygias, e que levavam ao terrado para germinarem aos raios do Sol.”.
A tradição teve início no século XVI quando o cardeal e teólogo ascético francês Pierre de Bérulle (1575-1629) decidiu adornar o presépio com searinhas e laranjas para que as sementeiras e árvores de fruto fossem abençoadas e dessem muito durante o ano inteiro.
Parece não restarem dúvidas que se trata de mais um aproveitamento cristão duma tradição pagã. Na verdade, a festa pagã do solstício de Inverno que comemorava o renascimento do Sol, foi substituída pela festa cristã do Natal, que celebra o nascimento de Cristo. Daí que usos e costumes que lhe estavam associados tenham sido adaptados ao Cristianismo, pelo que são reminiscência das antigas crenças.

BIBLIOGRAFIA
(1) - PESTANA, M. Inácio. Etnologia do Natal Alentejano. Assembleia Distrital de Portalegre. Portalegre, 1978.
(2)  – PIRES, A. Thomaz. A noite de Natal, o Anno Bom e os Santos Reis. 2ª edição. António José Torres de Carvalho. Elvas, 1928

Publicado inicialmente em 4 de Dezembro de 2013

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Toque de Finados

ESTREMOZ - DIA DE MERCADO (1955).
Fotografia de Henri Cartier-Bresson (1908-2004).

Toque de Finados

Sou senhor de mim mesmo
E do verbo da minha voz.
Palavras, leva-as o vento…
Isso, sabemos nós.

São sementes voadoras,
Ávidas de fecundação,
Mas com terreno estéril,
Não irrompe a gestação.

Uma voz cansada
É o fascínio do chão,
A morte anunciada,
Da luta pelo pão.

E sempre que o servo,
Se sente cansado,
A impotência do verbo,
É enterro de finado.

sábado, 30 de novembro de 2013

Estremoz - XX Encontro de Poetas Populares na Cozinha dos Ganhões

A molhar o bico para a sossega...

Grandes amigos e grandes companheiros,
filmados pelo Fernando Máximo, de Aviz.
 Não está a equipa completa,
mas está grande parte da rapaziada. 
São vidas que davam um filme maior do que este:



quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A novela Belmonte e a Poesia Popular de Estremoz

"Estremoz terra d'encantos" numa imagem da novela Belmonte. 

XX Encontro de Poetas Populares do Concelho de Estremoz
Integrado na XXI Cozinha dos Ganhões terá lugar pelas 15 horas de sábado, dia 30 de Novembro, o XX Encontro de Poetas Populares do Concelho de Estremoz. Atendendo ao impacto que a rodagem da novela Belmonte tem tido no nosso concelho e a projecção dada à cidade e seu termo a nível nacional, os poetas foram convidados a apresentar décimas tendo como mote a seguinte quadra de Hernâni Matos:

É de poetas a fonte,
Estremoz terra d’encantos,
Ond’a novela Belmonte
Revela os seus recantos.

A iniciativa é da Associação Filatélica Alentejana e conta com o apoio da Câmara Municipal de Estremoz.

O que é a Cozinha dos Ganhões
A Cozinha dos Ganhões é a Sé Catedral da Gastronomia do Sul, onde qualquer visitante é homenageado com a ancestralidade de sabores, odores e cores, que estimulam o palato, excitam o olfacto e regalam a vista. Ali poderá partilhar com os outros, o prazer da gastronomia alentejana, degustando os pratos definidores da nossa identidade cultural, assim como os vinhos, os queijos, os enchidos e a doçaria regional. Ali poderá apreciar e adquirir também peças dos melhores artesãos do concelho. Tudo isto justifica plenamente a sua visita. Cá o esperamos. E como dizia o Zeca Afonso “Traz outro amigo, também!”.
A Cozinha dos Ganhões nasceu de uma patuscada que juntou à mesma mesa Aníbal Alves, Armando Alves, Jacinto Varela, João Albardeiro e João Paulo Ferrão, entre outros, em Abril de 1985. O evento tomou o nome de Cozinha dos Ganhões e foi assumindo diversos figurinos e desenrolando-se em diversos espaços. Actualmente decorre no Pavilhão Multiusos de Estremoz.

O que eram os ganhões
Os "ganhões" eram assalariados agrícolas indiferenciados, que se ocupavam de tarefas como lavras, cavas, desmoitas, eiras, etc., com excepção de mondas, ceifas e gadanhas, que eram efectuadas por pessoal contratado sazonalmente pelos lavradores. 
O conjunto dos ganhões era designado por "ganharia" ou "malta" e tinha por dormitório a chamada "casa da ganharia " ou "casa da malta", casa ampla que podia acomodar vinte a trinta homens, em tarimbas improvisadas ao longo das paredes. 
No monte, as refeições da ganharia tinham lugar na chamada “cozinha dos ganhões”. Aí se sentavam em burros dispostos ao longo de uma mesa comprida e estreita. A cozinha dispunha igualmente de uma lareira espaçosa onde se podia cozinhar em panelas de ferro. A comida era bastante frugal: açorda acompanhada com azeitonas, olha com batatas e hortaliças, sopas de cebola acompanhadas com azeitonas, olha de legumes com toucinho e morcela ou badana, gaspacho acompanhado com azeitonas ou batatas cozidas temperadas com azeite e vinagre.

A Poesia Popular
Desde sempre, o povo produziu poesia, sobretudo em contexto de trabalho, os trabalhadores rurais em tarefas de grupo, cíclicas e sazonais, como as lavras, as mondas, as ceifas, a apanha da azeitona, a vindima ou a tiragem da cortiça. O mesmo se passava com os pastores na solidão da sua vida de nómadas. E criaram sobretudo décimas e quadras que registaram no livro vivo da sua memória, pois muitos nem sequer sabiam ler. Mas, a Poesia Popular não é só passado. É presente e deve ser sobretudo Futuro. Em boa hora a Associação Filatélica Alentejana, convidou 15 poetas populares a participarem no XX Encontro de Poetas Populares do Concelho de Estremoz. Foram eles: Altino Carriço (Rio de Moinhos), António Canoa (São Lourenço), Aurélio Buinho (São Bento do Cortiço), Constantina Babau (Estremoz), Fernando Máximo (Avis), Gertrudes Dias (São Bento do Cortiço), Joaquim Gavião (São Bento do Ameixial), Joaquim Lima (Évora Monte), José das Mercês (Bencatel), José Máximo (Avis), Manuel Geadas (Rio de Moinhos), Manuel Gomes (Arcos), Manuel Sarrachino (Rio de Moinhos), Mateus Maçaneiro (Estremoz) e Renato Valadeiro (Arcos).
Como cada um deles tem a sua experiência de vida, que os levou a glosar o mote de modo diferente, o que naturalmente é enriquecedor, ficaremos decerto com uma visão multifacetada das inter-relações entre a novela Belmonte e “Estremoz terra d’encantos”.  

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Galopim de Carvalho, vencedor do Grande Prémio Ciência Viva 2013

Galopim de Carvalho (1931-  ). Imagem recolhida no blogue Biodiversidade

Galopim de Carvalho é o vencedor DO GRANDE PRÉMIO CIÊNCIA VIVA MONTEPIO 2013, que distingue anualmente uma intervenção de mérito na divulgação científica e tecnológica em Portugal. A cerimónia de entrega do Prémio terá lugar a partir das 16 horas do próximo domingo, dia 24 de Novembro no auditório do Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, em Lisboa
Galopim de Carvalho, de seu nome completo António Marcos Galopim de Carvalho, é um alentejano de Évora, cidade que o viu nascer em 1931. É Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Geológicas (1959) e se doutorou em Geologia (1969). Cientista muito popular, ao longo da sua vida foi aquilo que em gíria popular se convencionou chamar um “homem dos sete instrumentos”. Conforme ele próprio confessa: foi carpinteiro, aprendiz de sapateiro, caixeiro de mercearia, ferrou cavalos, alimentou leões no circo, vendou material de escritório e foi delegado de informação médica.
Durante vários anos foi Director do Museu Nacional de História Natural, onde desenvolveu esforços pela divulgação, salvaguarda e valorização do património geológico nacional. É um símbolo nacional da defesa e preservação do património cultural e científico, nomeadamente de sinais marcantes da riquíssima evolução da História Natural. Responsável pelo carinho do público pelos dinossauros, fez “lobby” da questão das esquecidas pegadas da pedreira de Carenque, Sesimbra - Espichel, um dos trilhos mais longos do Cetáceo e conseguiu salvar as pegadas. Ficou desde então conhecido como “O avô dos dinossauros”.
Ao longo da sua vida teve múltiplos “Momentos de Glória”, com especial destaque para a organização da famosa exposição “Dinossáurios regressam a Lisboa” (que contou com 347 000 visitantes em apenas 11 semanas), assim como a defesa de pegadas de dinossauros e a conversão de geomonumentos associados a estruturas museológicas, como é o caso do exomuseu de Santa Luzia, em Viseu.
Dirigiu inúmeros projectos de investigação, de que são exemplo a "Paleontologia dos vertebrados fósseis do Jurássico superior da Lourinhã e Pombal" e "Icnofósseis de dinossáurios do Jurássico e do Cretácico Português".
Dirige e integra variados organismos nacionais e internacionais, designadamente a Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO.
Foi colaborador dos Serviços Geológicos de Portugal e trabalhou no Centro de Estudos Geográficos, do Instituto de Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa e no Centro de Estudos Ambientais.
Foi consultor científico da RTP para as séries televisivas de divulgação científica na área das Ciências da Terra.
Publicou diversos trabalhos e artigos científicos em revistas nacionais e internacionais das diversas especialidades em que desenvolveu investigação.
É autor de livros científicos na área da das Ciências da Terra, como é o caso de "Morfogénese e Sedimentógénese" (1996), "Petrogénese e Orogénese" (1997), "Introdução à cristalografia e Mineralogia" (1997) e “Geologia Sedimentar -3 volumes (2003-2005-2006), "Dicionário de Geologia" (2011) e "Conversa com os Reis de Portugal (História da Terra e dos Homens)" (2013).
Continua a desenvolver trabalho na área das Ciências da Terra, assumindo-se como um acérrimo defensor do património cultural e científico.
Deu igualmente à estampa grandes êxitos na área da literatura de ficção, com especial relevo para “O Cheiro da Madeira” (1994), “O Preço da Borrega” (1995), “Os Homens não Tapam as orelhas” (1997) e "Com poejos e Outas Ervas" (2001). Neles estão gravadas as marcas indeléveis da identidade cultural alentejana que lhe está na massa do sangue e que aqui nos apraz registar.
Na blogosfera, é autor do blogue Sopas de Pedra e co-autor dos blogues Sorumbático e De Rerum Natura .
Antes de ser distinguido com o Grande Prémio Ciência Viva Montepio (2013), já tinha sido agraciado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada (1993) e distinguido pela Casa da Imprensa com o prémio "Bordalo" para a Ciência (1994).

Para além da entrega a Galopim de Carvalho do Grande Prémio Ciência Viva serão ainda entregues outros dois prémios:
- PRÉMIO CIÊNCIA VIVA MONTEPIO MEDIA, que  distingue um trabalho de mérito excepcional na divulgação da ciência e da tecnologia num órgão de comunicação social português e do qual é vencedor o programa  “Isto é Matemática”, da Sociedade Portuguesa de Matemática, apresentado por Rogério Martins no canal SIC Notícias.
- PRÉMIO CIÊNCIA VIVA MONTEPIO EDUCAÇÃO, que distingue um projecto de educação científica e promoção da cultura científica e tecnológica realizado em escolas portuguesas, atribuído ao Instituto de Educação e Cidadania, na Mamarrosa, fundado e dirigido por Arsélio Pato de Carvalho.


domingo, 17 de novembro de 2013

Pedro Vaz Pereira distinguido com Prémio da Academia Portuguesa da História

Pedro Marçal Vaz Pereira na apresentação da sua obra, “As Missões Laicas em África na 1ª
República em Portugal”, em sessão solene realizada no passado dia 13 de Maio, na Sociedade
de Geografia de Lisboa.

DISTINÇÃO
Pedro Marçal Vaz Pereira, viu a sua obra, “As Missões Laicas em África na 1ª República em Portugal”, ser distinguida com o Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, História Moderna e Contemporânea de Portugal, atribuído pela Academia Portuguesa da História. O Prémio no valor de 2.000 euros, destina-se a galardoar obras históricas de reconhecido mérito. A cerimónia de entrega ocorrerá em sessão solene daquela Academia, a ter lugar a partir das 15 horas, no Palácio dos Lilases, em Lisboa.
 DISTINGUIDO
O autor, filatelista eminente, escritor e jornalista filatélico, subscreve vasta colaboração em revistas e catálogos de exposições filatélicas, tanto em Portugal como no estrangeiro. Em 2005 publicou a obra em 2 volumes “Os Correios Portugueses entre 1853-1900. Carimbos Nominativos e Dados Postais e Etimológicos”, editado pela Fundação Albertino Figueiredo, de Madrid. É Presidente da Federação Portuguesa de Filatelia (FPF) e foi Presidente da Federação Europeia de Sociedades Filatélicas (FEPA), assim como director das respectivas revistas “Filatelia Lusitana” e “FEPA News”.

A OBRA
A obra, profusamente ilustrada e documentada, é constituída por dois volumes com capa dura, 24 cm x 30 cm, de 528 e 512 páginas, respectivamente. A edição é do autor, encontra-se à venda nas livrarias LeYa e foi apresentada em sessão solene, realizada no passado dia 13 de Maio, na Sala Algarve, da Sociedade de Geografia de Lisboa.
Trata-se de uma obra prefaciada pelo Professor Eduardo Marçal Grilo e que veio preencher algumas lacunas no conhecimento que tínhamos de certos aspectos dum período conturbado da nossa História Pátria. Por isso mesmo é uma obra que veio enriquecer a bibliografia sobre a 1ª República.
A obra contou muito para a sua elaboração com o precioso espólio do bisavô do autor, Dr. Abílio Corrêa da Silva Marçal (1867-1925), que foi Director do Instituto de Missões Coloniais e do respectivo Boletim das Missões Civilizadoras, do qual saíram com regularidade 24 números no período 1920-1925. Licenciado em Direito, exerceu a advocacia e militou no Partido Dissidente Progressista. Após a implantação da República aderiu ao Partido Democrático, ao lado de Afonso Costa de quem foi muito próximo. Em 1917 foi nomeado Secretário do Governo e exerceu o cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, tendo recusado em várias ocasiões, o lugar de Ministro para o qual fora indigitado.

PRÉMIOS DA ACADEMIA PORTUGUESA DE HISTÓRIA
Para além do Prémio atribuído à obra de Pedro Marçal Pereira, a Academia Portuguesa da História atribui anualmente, outros oito Prémios. A lista completa é a seguinte:  
- Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, História Moderna e Contemporânea de Portugal
- Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, História da Presença de Portugal no Mundo
- Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, História da Europa
- Prémio Fundação Engº António de Almeida, Prémio Joaquim Veríssimo Serrão, História
- Prémio Lusitânia – História
- Prémio Dr. P. M. Laranjo Coelho, História Cultural e das Mentalidades
- Prémio Prof. Doutor Pedro Cunha e Serra, Estudos de Onomástica e Antroponímia
- Prémio 3º Marquês de São-Payo, Genealogia, heráldica ou História do Direito
- Prémio 8º Conde dos Arcos –Vice-Rei do Brasil, Estudos de História Luso-Brasileira
Até à hora do fecho da presente notícia não nos foi possível conhecer as restantes obras distinguidas.


Capas do volumes I E II de “As Missões Laicas em África na 1ª República em Portugal”.