terça-feira, 30 de outubro de 2012

Gaspar fora do Presépio, já!

Gaspar foi abatido à montagem do Presépio.

Nesta altura do ano já começo a sonhar com a montagem do Presépio, que como todos bem sabem é evocador do nascimento de Cristo Salvador.
A montagem do Presépio costuma alegrar toda a criançada, uma vez que desperta neles a lembrança das prendas que o vetusto Pai Natal, na noite de 24 para 25 de Dezembro, lhes vai depositar nos sapatinhos. Todavia, a tradição já não é o que era. Com a crise, muitos pais apenas poderão pôr no sapatinho dos seus filhos, as memórias dos presentes doutros anos, nos quais isso era possível. Ora, eu que também já fui criança, não posso ficar indiferente a tal facto. Assim, decidi tomar uma atitude drástica. No meu Presépio deste ano, só figurarão dois Reis Magos: Baltasar e Belchior. É que estou danado com o Gaspar, por tanto nos fazer apertar o cinto. Como tal, foi por mim afastado do convívio dos seus pares e do remanso do meu lar. Condenei-o a desterro no exterior, onde ficará exposto à chuva e ao vento, para ver se refresca as ideias.
Aconselho-vos a que façam o mesmo. Abandonem-no no quintal, no jardim, na varanda ou no telhado, pois um bom cristão concede sempre aos prevaricadores, a oportunidade de se redimirem.
Quem tiver poço, pode e deve mesmo, mergulhá-lo de cabeça para baixo, pendurado por uma guita. É assim que procedem os devotos de Santo António, quando o taumaturgo tarda em conceder os milagres desejados.
Proceda-se de igual modo com o Gaspar, que só sairá dos seus suplícios aquáticos, quando deixar de nos apertar o cinto.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A Eucaristia no Azulejo Português


Alegoria Eucarística (1630-1650). Painel de azulejos. Autor desconhecido.
Igreja da Assunção da Atalaia, concelho de Vila Nova da Barquinha.

A Eucaristia ou Comunhão é um dos sete sacramentos da Igreja Católica e consiste numa celebração em memória da morte e ressurreição de Jesus Cristo. É um sacramento referido em vários Evangelhos:
São Lucas, 22
14. Quando chegou a hora, Jesus pôs-Se à mesa com os Apóstolos.
15. E disse: “Desejei muito comer convosco esta ceia pascal, antes de sofrer.
16. Pois digo-vos: nunca mais a comerei, até que ela se realize no Reino de Deus”.
17. Então Jesus tomou o cálice, agradeceu a Deus e disse: “Tomai e reparti entre vós; 18. pois Eu vos digo que nunca mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”.
19. A seguir, Jesus tomou um pão, agradeceu a Deus, partiu-o e distribuiu-lho, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de Mim”.
20. Depois da ceia, Jesus fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança do meu sangue, que é derramado por vós.
São Mateus, 26
26. Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos discípulos e disse: “Tomai e comei, isto é o meu corpo”.
27. Em seguida, tomou um cálice, deu graças e deu-lho, dizendo: “Bebei dele todos, 28. pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para a remissão dos pecados.
São Marcos, 14
22. Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos discípulos e disse: “Tomai, isto é o meu corpo”.
23. Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos eles beberam.
24. E Jesus disse-lhes: “Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos.
25. Eu vos garanto: nunca mais beberei do fruto da videira, até ao dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus”.
I Coríntios, 11
23. De facto, recebi pessoalmente do Senhor aquilo que vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão
24. e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo que será entregue por vós; fazei isto em memória de Mim”.
25. Do mesmo modo, depois da Ceia, tomou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que beberdes dele, fazei-o em memória de Mim”.
26. Portanto, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha.
Através da Eucaristia, os católicos crêem receber o corpo de Jesus Cristo pela transubstanciação, na qual o pão e o vinho mantêm a mesma aparência, mas a sua substância modifica-se, passando a ser o próprio corpo e sangue de Jesus Cristo.
Na maioria dos painéis de azulejos retratando a alegoria eucarística, figura o Ostensório ou Custódia, peça de ourivesaria usada para expor solenemente a hóstia consagrada sobre o altar ou para a transportar solenemente em procissão.

Publicado inicialmente em 15 de outubro de 2012

Alegoria Eucarística (1650- 1675).Painel de azulejos (83 cm x 69 cm).
Autor desconhecido. Fabrico de Lisboa. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa. 

Alegoria Eucarística (1650 - 1675). Painel de azulejos (95,5 cm x 96 cm).
Fabrico de Lisboa. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa. 

Alegoria Eucarística (1660). Painel de azulejos (138,5 x 111 cm).
Autor desconhecido. Fabrico de Lisboa. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa. 

Lovvado seia o Santicimo Sacramento, 1664. (Séc. XVII). Painel de azulejos.
Autor desconhecido. Fachada da Igreja Paroquial do Cercal, concelho de Azambuja. 

Alegoria Eucarística (1692). Painel de azulejos. Autor desconhecido.
Capela de S. Pedro, Vila Real de Santo António.

Alegoria Eucarística (1691-1703). Painel de azulejos. Autor desconhecido.
Arquidiocese de Évora.

Alegoria Eucarística (Séc. XVII). Painel de azulejos. Autor desconhecido.
Tecto da Igreja Paroquial do Cercal, concelho de Azambuja.

Alegoria Eucarística (Séc. XVII). Painel de azulejos. Autor desconhecido.
Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Assunção, Atalaia.  

Milagre da mula adorando a Eucaristia (3º quartel do Séc. XVIII).
Painel de azulejos (224 cm x 182 cm). Autor desconhecido. Arquidiocese de Évora. 

Alegoria Eucarística (1920). Painel de Azulejos da autoria de Jorge Colaço (1868-1942).
Igreja de Santo António dos Congregados, Porto.

Bendito E Louvado Seja O Santíssimo Sacramento Da Eucaristia.  Painel de azulejos (1929) da autoria
do aguarelista e ceramista Eduardo Leite, executados pela Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, em
Lisboa. Fachada da Capela das Almas, situada no ângulo da Rua de Santa Catarina  com a Rua
Fernandes Tomás, Porto. 

Celebração da Eucaristia (1954). Painel de azulejos.
Largo de Santo António, Freguesia de Cabeça, Seia.

sábado, 13 de outubro de 2012

António Coelho - Memórias dos Campos

António Coelho - Memórias dos Campos
Esta a designação da exposição a inaugurar pelas 16 horas de sábado, dia 13 de Outubro, na Sala de Exposições do Centro Cultural Dr. Marques Crespo, na Rua João de Sousa Carvalho, em Estremoz.
Trata-se de uma exposição integrada por miniaturas de carros rurais e alfaias agrícolas, criados pelo artesão veirense António Coelho, de 81 anos de idade.
A iniciativa é da Associação Filatélica Alentejana e conta com o apoio da Câmara Municipal de Estremoz.
A exposição que estará patente ao público até ao dia 17 de Novembro de 2012, pode ser visitada de 3ª feira a sábado, entre as 9 e as 12,30 horas e entre as 14 e as 17,30 horas.


No ano de graça de 1931, há precisamente 81 anos, na freguesia de Veiros - Terras do Barbadão, que já foi sede de concelho, uma mãe deu à luz uma criança do sexo masculino, a quem o padre de serviço baptizou e registou como António João Coelho. Era um infante com o destino marcado. A mãe era uma camponesa que sazonalmente conseguia trabalho na monda, na ceifa ou na azeitona. O pai era pastor e o filho seguiu as pisadas do pai. Foi ajuda de rebanhos de ovelhas e de varas de porcos dos 9 aos 16 anos, idade com a qual passou a trabalhar como ganhão, o que fez até aos 25 anos, idade em que casou com a sua ainda mulher, que lhe deu 2 rapazes e 3 raparigas que criou e preparou para a vida.
Foi na altura do casamento que a sua vida deu uma volta para melhor. Sabem porquê? Porque como diz o poeta António Gedeão, “sempre que um homem sonha /o mundo pula e avança”. E o António Coelho tirou a carta de tractor e passou a ser tractorista, tornando-se mais tarde agricultor, primeiro com courelas arrendadas e depois com herdades.
É o exemplo de vida de um homem que por mérito próprio se conseguiu libertar da servidão humana inerente à sua condição de pastor e de ganhão, para ascender primeiro à categoria de tractorista e de agricultor depois, mister que exerceu até se reformar aos 67 anos. Foi uma reforma singular, pois reformou-se do trabalho, que não da vida e mantendo acesas as memórias dos campos onde nasceu e que com ele cresceram. Memórias que através de impulsos neuronais, transmite às mãos que com engenho e arte muito próprias, transmitem à madeira, os registos de um passado que fez parte da sua vida diária e integra hoje a nossa memória e o nosso património cultural colectivo.
Antes de se reformar já fazia peças de arte pastoril em madeira, tais como “bolotas” e “cadeirinhas de prometida”, que dava às mulheres e às moças que muito bem entendia ou que fazia a pedido de alguém.
As “bolotas” serviam como ganchos de meia que as mulheres usavam quando faziam croché ou tricotavam peças de vestuário, de lã ou algodão, como era o caso das chamadas “meias de cinco agulhas”. As bolotas eram pregadas na blusa ou no vestido da mulher, na parte superior do peito, geralmente do lado esquerdo. Aí eram fixadas através dum alfinete-de-ama ou cozidos com linha e tinham um sulco ou um buraco, por onde passava o fio, que do novelo era redireccionado para as agulhas.
As “cadeirinhas de prometida” eram um símbolo do contrato pré-matrimonial no Alentejo da primeira metade do séc. XX que os moços ofereciam às suas “prometidas” e que elas passavam a usar, presa na fita do chapéu de trabalho, até à altura do matrimónio. Esta a fórmula encontrada pela sábia identidade cultural alentejana, de dar a conhecer à comunidade que a moça já estava “prometida” e que em breve iria casar.
Depois de se reformar passou a fazer miniaturas de alfaias agrícolas, tais como arados, araveças, charruas e grades, assim como carros de parelha, carroças, carros manchegos e pipas de rega, bem como figuras dos protagonistas das fainas agro-pastoris dessa época: pastores, ganhões, semeadores, cortadores de lenha, cavadores de enxada, manteeiros, feitores, etc.
Como matéria-prima principal utiliza a madeira: pau de buxo, de limoeiro ou de laranjeira, bem como tábuas de caixotes de fruta. Utiliza ainda cola e tintas para madeira. Raramente utiliza pregos.
Como ferramentas, utiliza o machado para falquejar a madeira, a navalha que é a ferramenta principal, o serrote, a grosa, o martelo, assim como o vidro para limpar a madeira.
Já comercializou peças suas na Feira de Veiros, mas esta é a sua primeira Exposição.
Desejamos-lhe longos anos de vida e que esta seja a primeira de muitas exposições, que decerto poderá fazer noutras terras.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Prémio Literário Hernâni Cidade 2012



O presente ensaio foi um dos não premiados no concurso literário referido em epígrafe

A MODELAÇÃO DO HOMEM ATRAVÉS DA LITERATURA
Manuel da Charneca

É impossível abrir um livro sem que ele nos ensine nada.
(Adágio popular)


A Escrita e como resultado dela a Literatura nos seus múltiplos aspectos são instrumentos ao serviço da libertação do Homem. Através delas, o escritor desembaraça-se dos fantasmas que lhe povoam o espírito. Por meio delas, o autor relata o passado, regista o presente e antevê o futuro. Abordagem real ou ficcionada, tanto faz. Nesse sentido, a Escrita e a Literatura constituem também uma forma de catarse.
Todavia, a Escrita e a Literatura não são apenas a expressão do acto de libertação protagonizado pelo seu autor. Elas constituem também um acto de partilha com o leitor, de sentimentos, emoções, ideias, projectos, valores cívicos, morais ou estéticos. A eles o leitor é permeável, pelo que como resultado da sua absorção, assimilação e integração na rede neuronal da sua mente, há uma mudança de paradigma. O leitor dá então um salto qualitativo para outro patamar da sua consciência. A Literatura modela assim o Homem, tal como a partir do barro informe, Deus terá moldado o primeiro Homem.
A Literatura contribui, pois, para o despontar, florescer e amadurecer da espiritualidade humana, processo imparável e irreversível cujas marcas visíveis se traduzem na evolução e aperfeiçoamento do tecido social, constatáveis através de relações inter-pessoais mais justas, mais solidárias e mais fraternas. O Homem é assim um terreno onde o escritor faz seara. Exactamente do mesmo modo que o ganhão lavra a Terra-Mãe, para depois lhe fecundar o ventre, lançando-lhe a semente que as primeiras águas farão germinar.
Da presente reflexão resulta como evidente a função social da Literatura, em termos do conteúdo literário.
Analisemos agora a questão da forma literária. A oralidade do texto, e até mesmo a sua musicalidade e ritmo, induzem no leitor uma sensação de harmonia, psicologicamente equilibrante.
Também o rigor e o vigor da linguagem permitem ao leitor usufruir de imagens sensoriais que deleitam os seus cinco sentidos: visão, audição, olfacto, paladar e tacto. E isso é evidente na obra de autores alentejanos como o Conde de Monsaraz, Florbela Espanca ou Manuel da Fonseca, que registaram poeticamente, em vibrantes estrofes, a matriz da nossa natureza ancestral. Igualmente autores alentejanos como Fialho de Almeida, Manuel Ribeiro ou Antunes da Silva, magistralmente perpetuaram na prosa, o colorido policromático e multifacetado da nossa etnografia, a dureza da nossa labuta, a firmeza do nosso querer, o calor do nosso sentir, a razão das nossas revoltas ancestrais, os marcos das nossas lutas e as mensagens implícitas nas nossas esperanças.
Na obra daqueles autores, o azul límpido do céu, o castanho da terra de barro, a cor de fogo do Sol e o verde seco da copa dos sobreirais, constituem uma paleta de cores, trespassada por uma claridade que quase nos cega e é companheira inseparável do calor que nos esmaga o peito, queima as entranhas e encortiça a boca.
Nas suas obras, surgem também as sonoridades do restolho seco que quebramos debaixo dos pés, das searas e dos montados, dos rebanhos que ao entardecer regressam aos redis, mas sonoridades também na ausência de som por não correr o mais leve sopro de aragem.
E falam-nos dos odores das flores de esteva, de poejo e de orégãos, mas também do barro húmido, do azeite com que temperamos divinamente a comida e do vinho espesso e aveludado, que mastigamos nos nossos rituais gastronómicos.
Falam-nos também da textura do barro, do sobro, da laje e do mármore, da qual temos memória epidérmica.
Falam-nos ainda do sabor do património culinário legado pelos nossos ancestrais: pré-históricos, fenícios, celtas, romanos, visigodos, mouros e ganhões. Gastronomia em que o fogo permite criar sabores, por detrás dos quais estão sábias operações de alquimia doméstica, mais que magia iniciática de pedra filosofal demandada, o sabor encontrado constitui um prazer simultaneamente onírico e telúrico.
Em termos de forma, o leitor não fica de modo algum indiferente a uma linguagem fotográfica, rigorosa e certeira. Pelo contrário, assimila a riqueza da linguagem utilizada, quer ela seja constituída por termos menos correntes ou regionalismos, quer incorpore na sua textura o património da tradição oral, tal como adágios, anexins, alcunhas, adivinhas, lengalengas, quadras e décimas que por vezes são postas na boca de alguns personagens. Ao fazê-lo, o escritor está a contribuir para a sua transmissão no tecido social, o que equivale a contribuir para a salvaguarda, preservação, valorização e divulgação do património cultural imaterial.
Também em termos de forma, a existência no texto literário de citações e referências, induz a que o leitor faça uma incursão pelos originais, de modo a aprofundar os seus conhecimentos.
Ainda neste campo, o leitor não ficará decerto indiferente à pontuação usada pelo autor. Na sequência da leitura de Saramago, há leitores que passam a ser parcos na utilização de pontuação, o que decerto não acontecerá com leitores de Eça.
Do exposto se conclui que é inegável a repercussão que a forma do texto literário tem no leitor, o que legitima mais uma vez, a função social da Literatura.
Abordemos finalmente a questão do estilo literário. Cada autor tem o seu próprio estilo, uma forma particular de usar a linguagem escrita para compor as suas próprias obras. O estilo é a marca indelével do escritor, que se transmite ao leitor, o qual no início da sua escrita literária e antes de atingir o equilíbrio de um estilo próprio, veste a roupagem literária correspondente ao estilo do autor que lhe serviu de guia. Daqui se infere novamente a função social da Literatura.
“A modelação do Homem através da Literatura” foi a nosso ver o melhor título para o presente ensaio, no qual se efectuou o reconhecimento da função social da Literatura em termos de conteúdo, forma e estilo.

(Identidade  real do pseudónimo literário "Manuel da Charneca")

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O Outono na Bíblia Sagrada


Alegoria ao Outono (c. 1740). Painel de azulejos que faz parte do conjunto das “Quatro Estações”,
situado na Quinta das Carrafouchas, Loures.

São múltiplas as referências bíblicas ao Outono:
- Eu dar-vos-ei chuva no seu tempo: chuvas de Outono e de Primavera. Deste modo, poderás recolher o teu trigo, o teu vinho novo e o teu azeite. (Deuteronómio 11,14)
- Pudesse eu reviver os dias do meu Outono, quando Deus era íntimo na minha tenda, (Jó 29,4)
- Quem armazena no Outono é prudente; quem dorme no tempo da colheita cobre-se de vergonha. (Provérbios 10,5)
- No Outono o preguiçoso não lavra, e na colheita vai procurar e nada encontra. (Provérbios 20,4)
- Não pensaram: "Vamos temer a Javé nosso Deus, que nos dá a chuva do Outono e da Primavera no tempo certo; e ainda estabeleceu as semanas certas para a colheita". (Jeremias 5,24)
- Alegrai-vos, filhos de Sião, e rejubilai em Javé, vosso Deus. Pois Ele mandou no devido tempo as chuvas do Outono e fez cair chuvas abundantes: as chuvas do Outono e da Primavera, como antigamente. (Joel 2,23)
- Irmãos, sede pacientes até à vinda do Senhor. Vede como o agricultor espera pacientemente o fruto precioso da terra, até receber a chuva do Outono e da Primavera. (São Tiago 5,7)
- São eles que participam descaradamente nas vossas refeições fraternas, apascentando-se a si mesmos com irreverência. São como nuvens sem água, levadas pelo vento, ou como árvores no fim do Outono que não dão fruto, duas vezes mortas e arrancadas pela raiz. (São Judas 1,12)

Publicado inicialmente a 10 de Outubro de 2012

Alegoria ao Outono (c. 1876). Painel de azulejos de Luís Ferreira,
o Ferreira das Tabuletas (1807-?). Cervejaria da Trindade, Lisboa.

Alegoria ao Outono (1922). Painel de azulejos, estilo Arte Nova,
do edifício das “Quatro Estações”, situado na Rua Manuel
Firmino, n.ºs 47 e 49, Aveiro.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Big-Bang

BIG BANG
Imagem recolhida em ONE MIND - ONE ENERGY
 
O Homem e com ele a Mulher, são dois vectores distintos e algumas vezes divergentes na procura incessante de construção dum Mundo melhor.
Para o materialismo dialéctico será a luta de contrários que os anima, que eventualmente, permitirá consumar uma síntese dialéctica.
Pela minha parte tenho dúvidas que seja assim, como tenho dúvidas da existência, não só de Deus, como também do Big-Bang.
Fóssil sobrevivente dum paradigma que encarno e assumo, recuso a render-me.
Já tive a minha batalha de Maratona e a minha Aljubarrota caseira.
O meu posto é aqui. A minha dúvida é cartesiana, não é pirrónica.
Parafraseando o ateniense Sócrates, apenas posso clamar “Só sei que nada sei”.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Sócrates, filósofo.


SOCRATES PHILOSOPHORUM FONS (SÓCRATES FONTE DOS FILÓSOFOS)
Esta a inscrição latina que encima o painel de azulejos barrocos joaninos (1744-1749) da Aula de Filosofia Grega do Colégio do Espírito Santo, inaugurado em 1553. Actualmente é a sala 119 da Universidade de Évora. Sócrates ocupa o eixo central da composição, numa clara alusão ao papel fundamental que desempenhou na tradição filosófica grega. A seu lado, o discípulo Platão e grupos de ouvintes discutindo.

Sócrates (470 a.C.-399 a.C) foi um filósofo ateniense que em determinado momento da sua vida terá começado a interessar-se sobre o conhecimento de si próprio e do homem em geral, o que o leva a proclamar a célebre máxima: “Só sei que nada sei”.
Em torno de si gravita um grupo de discípulos e amigos, dos quais sobressai Platão (428/427 a.C. - 348/347 a.C.).
Depois de uma vida inteira votada a questionar os seus concidadãos, em obediência a uma voz interior (daimon), é acusado de corromper a juventude ateniense com a sua filosofia moral, contrária à religião e às leis da cidade.
Condenado por um tribunal a beber cicuta, morre numa prisão em Atenas, rodeado de amigos e discípulos.
Aquele que disse “O verdadeiro conhecimento vem de dentro” é considerado o pai da Filosofia Grega.