sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Bandeira portuguesa desrespeitada


No tempo da outra Senhora eu fui educado no respeito por valores que devem ser intemporais, como é o caso de símbolos pátrios, como o Hino e a Bandeira, sejam eles monárquicos ou republicanos. Independentemente do regime, os símbolos pátrios são isso mesmo.
Decorridos 60 anos, esses valores continuam perenes na minha alma. Por isso não posso admitir que nas cerimónias oficiais do 5 de Outubro de 2012, a nossa bandeira tenha sido hasteada ao contrário. Daí a minha repulsa pelo que aconteceu hoje. Face ao que aconteceu e utilizando uma linguagem restaraucionista, eu proclamo:
- O Miguel de Vasconcelos de hoje é o Passos Coelho. A Duquesa de Mântua é o resto do (des)Governo.
- E nós? Nós somos os conjurados da hora que passa. O 1640 de ontem, é o 2012 de hoje. A diferença é que não temos os espanhóis a espezinharmos, mas a troika e o (des)Governo que está a seu soldo. É legítima, a indignação que agita as redes sociais:
“Que vergonha, nem a nossa bandeira são capazes de honrar e respeitar. Em tempos de guerra, bandeira hasteada ao contrário significa que o território foi tomado pelo inimigo, e foi o que aconteceu: o inimigo está no poder.”
- Chegou a altura de dizer basta! É preciso pôr na rua, esta canalha que não taxa o capital e não suprime as gorduras do estado, apenas ataca nos seus direitos democráticos, por via dos impostos, os trabalhadores, os pensionistas e a classe média.
- FORA COM ESTA CANALHA!
Eles violaram o Código Penal, mais precisamente o “Artigo 332.º - Ultraje de símbolos nacionais e regionais:
1 - Quem publicamente, por palavras, gestos ou divulgação de escrito, ou por outro meio de comunicação com o público, ultrajar a República, a Bandeira ou o Hino Nacionais, as armas ou emblemas da soberania portuguesa, ou faltar ao respeito que lhes é devido, é punido com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias.
2 - Se os factos descritos no número anterior forem praticados contra as Regiões Autónomas, as Bandeiras ou Hinos Regionais, ou os emblemas da respectiva autonomia, o agente é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias.”
- FORA COM ESTA CANALHA!


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Outubro, mês das colheitas tardias


OUTUBRO - Iluminura (10,8x14 cm) do “Livro de Horas de D. Manuel I (1517-1551), 
manuscrito com iluminuras atribuídas a António  de Holanda,  conservado no Museu
 Nacional  de Arte Antiga. Pintura a têmpera e ouro sobre pergaminho.

Outubro tem 31 dias e é o décimo mês dos calendários gregoriano e juliano e a sua designação provém do latim october (de octo, oito), uma vez que era o oitavo mês do calendário romano. Nos países europeus que seguem a hora de Verão, é no último domingo de Outubro que se passa à hora de Inverno, regressando à hora normal do fuso horário. Em certos países do hemisfério sul, esse mesmo domingo é o da passagem à hora de Verão.
O mês de Outubro é vulgarmente associado ao Outono no hemisfério norte e à Primavera no hemisfério sul, onde é o equivalente sazonal para Abril no hemisfério norte e vice-versa.
Nos anos comuns, Janeiro começa no mesmo dia da semana que Outubro, mas em anos bissextos, nenhum outro mês começa no mesmo dia da semana que Outubro. Em anos comuns, Outubro termina no mesmo dia da semana que Janeiro e Fevereiro.
Outubro é o mês das colheitas tardias, em particular de maçãs e de glandes. É neste mês que se começa a colher a azeitona. É também o mês dos rituais bruxos.
Os Signos do Zodíaco que correspondem ao mês de Outubro são:
- Libra (23 de Setembro e 22 de Outubro).
- Escorpião (23 de Outubro a 21 de Novembro).
A pedra zodiacal de Outubro é a opala.
Como noutros meses há datas especiais a assinalar em Outubro. Temos Dias Internacionais:
- Dia 1 - Dia Internacional da Música.
- Dia 1 - Dia Internacional do Idoso.
- Dia 5 - Dia Internacional do Professor.
- Dia 9 - Dia Mundial do Correio .
- Dia 16 - Dia Mundial da Alimentação.
- Dia 17 - Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.
- Dia 24 - Dia das Nações Unidas.
- Dia 24 - Dia Mundial da Informação sobre o Desenvolvimento.
- 1ª segunda-feira de Outubro - Dia Mundial do Habitat.
- 2ª quarta-feira de Outubro - Dia Internacional da Prevenção das Catástrofes Naturais.
Temos ainda datas patrióticas:
- 5 de Outubro (1143) - Data da independência de Portugal e de início da dinastia afonsina. Nela foi celebrado o Tratado de Zamora, diploma resultante da conferência de paz entre D. Afonso Henriques e seu primo, Afonso VII de Leão e Castela.
- 5 de Outubro (1910) - Derrube da Monarquia e implantação da República Portuguesa, que cerca das 10 horas da manhã é proclamada nos Paços do Concelho de Lisboa. As instituições e símbolos monárquicos (Rei, Cortes, Bandeira Monárquica e Hino da Carta) são proscritos e substituídos pelas instituições e símbolos republicanos (Presidente da República, Congresso da República, Bandeira Republicana e A Portuguesa), o mesmo se passando com a moeda e as fórmulas de franquia postais.
No calendário Mariano, Nossa Senhora, Mãe de Deus, é honrada com muitos e muitos títulos e festejada ao longo do ano. No mês de Outubro temos:
- Dia 7 – Dia de Nossa Senhora do Rosário.
- Dia 8 – Dia de Nossa Senhora do Parto. Fia da Imaculada Conceição.
- Dia 12 – Dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Na religião católica, Outubro é considerado o mês de Mês do Rosário e das Missões.

Publicado inicialmente a 1 de Outubro de 2012

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Manifesto da cor


Imagem de Pedro Madeira (ARTBOX).

Desde sempre as cores traduziram estados de espírito, paixões e emoções. Por isso, os arautos do marketing político e os fazedores de opinião, à semelhança dos estilistas da lusitana praça, que o conúbio com o poder mais ou menos (des)coberto se encarrega de mediatizar, impingem-nos determinadas cores, que é ponto assente terem determinado significado e até mesmo funções específicas de condicionamento psicológico.
Circula a ideia de que:
- O azul simboliza a segurança, a lealdade, a tranquilidade e a honestidade;
- O cor-de-laranja simboliza o movimento, a espontaneidade, a tolerância e a gentileza;
- O cor-de-rosa simboliza a beleza, a saúde, a sensualidade e o romantismo;
- O vermelho simboliza a paixão, a conquista, o orgulho, a força, a coragem, a agressividade e a liderança.
Todavia, por experiência própria com reflexos naturais nas marcas do corpo, da alma e da carteira, já estamos fartos do azul, do cor-de-laranja e do cor-de-rosa, já que foram eles que nos conduziram aos becos esconsos onde nos encontramos, ainda que contra a própria vontade.
Há que encontrar uma saída!
Daqui para a frente, o que nós queremos é vermelho! Passou ele a ser a cor da esperança gorada pelas outras cores.
- Viva o vermelho! Viva!
- Abaixo as outras cores! Pim!

sábado, 22 de setembro de 2012

Acordai

Fotografia de Manuel Vicente recolhida em www.ionline.pt

"Acordai", “canção heróica” com letra de José Gomes Ferreira e música de Fernando Lopes Graça foi cantada ontem por manifestantes, junto ao Palácio de Belém, no decurso da reunião do Conselho de Estado.
A iniciativa, promovida pelas cantoras líricas Ana Maria Pinto e Mónica Monteiro e pela professora de música Sofia Cosme, foi convocada através das redes sociais e tinha como objectivo funcionar como apelo à consciência colectiva. É a seguinte a letra da canção:

Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações

Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!

Aqui fica o registo e o aplauso por uma postura cívica que se subscreve.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Senhor dos Passos de Estremoz


Fig. 1 - Altar da Capela de D. Fradique de Portugal, no interior
da Igreja do Convento de São Francisco de Assis, em Estremoz.
Fotografia de Álvaro Azevedo Moura.

SENHOR DOS PASSOS DE ESTREMOZ
Em Estremoz, na Igreja do Convento de São Francisco de Assis, actual sede da Paróquia de Santo André, existe uma capela, chamada de D. Fradique de Portugal (Fig. 1). Segundo Monsenhor Mendeiros: “(…) já havia sido rasgada, no século de Quinhentos, a Capela de D. Fradique de Portugal, filho dos Condes de Faro, Odemira e Vimieiro, instituída para panteão da sua família, que teve o senhorio de Estremoz.” (4) “Esta pequena capela, aberta no terceiro tramo do flanco Sul do corpo da Igreja do Convento de São Francisco, é a principal obra manuelina da actual cidade de Estremoz, não apenas pela qualidade artística que evidencia, mas, sobretudo, pela figura cimeira da história europeia que a mandou construir e no seu interior se fez sepultar.” (3)
“Consagrada de princípio a S. FRANCISCO, depois ao SANTO CRISTO CRUCIFICADO, na segunda metade do séc. XVII, a consentimento dos donatários, nela se instalou a IRMANDADE DO SENHOR JESUS DOS PASSOS, que lhe concedeu a invocação persistente.” (2)
O retábulo do altar está dividido em três planos, com pinturas referentes à Paixão de Cristo. No plano superior destaca-se a imagem do Senhor Crucificado, ladeado pelas imagens em madeira estofada, representando S. Pedro de Verona e S. João de Capristano. No plano médio sobressai a imagem do Senhor dos Passos, ladeado pelas imagens de roca, de Nossa Senhora das Dores e de S. João Evangelista.
Sobre o altar diz o prior Fr. Fernando Roberto de Gouveia na “Memória sobre a Freguesia de Santo André de Estremoz”, redigida a 20 de Junho de 1758”: “O seu altar é de talha dourada, em que há muitas imagens, sendo as principais a do Senhor dos Passos, que por tradição se diz ser angelical e é uma das mais formosas de toda a Hespanha; a imagem perfeitíssima de Cristo Crucificado, em cujo lado se expõe(m) o Sacramento.” (1)
“No camarim forrado com placas de entalhe dourado, expõe-se a devotíssima imagem do padroeiro esculpido em lenho encarnado, de singular devoção dos antigos povos estremocenses.” (2)
“A imagem do Senhor dos Passos é a de maior devoção em Estremoz e considerada uma das mais artísticas do País.” (4) O Senhor dos Passos é uma invocação de Jesus Cristo que faz memória ao caminho por ele percorrido desde a sua condenação à morte no Pretório de Pôncio Pilatos até ao seu enterro, após ter sido crucificado no Calvário. Trata-se de uma devoção muito especial na Igreja Católica.
Em Estremoz, a Procissão do Senhor dos Passos, tem lugar no domingo anterior ao Domingo de Ramos ou seja duas semanas antes do Domingo de Páscoa. O trajecto da Procissão passa pelas Capelas dos Passos existentes na cidade, mandadas construir no início do séc. XVIII pela Irmandade do Senhor Jesus dos Passos. Inicialmente eram cinco, tendo desaparecido em 1960, a que estava junto da extinta Igreja de Santo André. As restantes, estão situadas na Rua da Porta da Lage (Bairro de Santiago), na embocadura da Rua Alexandre Herculano com o Largo do Espírito Santo, no alçado exterior direito da Igreja de São Francisco e do lado esquerdo da frontaria do Convento das Maltesas.
A Procissão do Senhor dos Passos, se num ano tem início na Igreja de Santa Maria do Castelo e termina na Igreja do Convento de São Francisco de Assis, no ano seguinte segue o trajecto inverso. Quando sai da Igreja de Santa Maria, o trajecto da Procissão é o seguinte: Largo de D. Dinis, Rua do Arco de Santarém, Rua Direita, Rua da Freirinha, Rua da Porta da Lage, Rua Alexandre Herculano, Largo do Espírito Santo, Rua Magalhães de Lima (antiga Rua das Freiras), Rua Vasco da Gama, Praça Luís de Camões, Largo da República e Rossio Marquês de Pombal (passagem frente à Igreja dos Congregados, seguida de viragem à esquerda e paragem junto ao Paço do Convento das Maltesas, para depois virar à esquerda, em direcção ao Passo da Igreja de São Francisco, onde para, para depois prosseguir em direcção à Igreja do Convento de São Francisco de Assis, no Largo dos Combatentes da Grande Guerra, onde termina.

ICONOGRAFIA DO SENHOR DOS PASSOS DE ESTREMOZ
É variada a iconografia do Senhor dos Passos de Estremoz. Assim, no Programa das Festas à Exaltação da Santa Cruz de 1902, editado pela Tipografia Samuel, de Estremoz, aparece uma gravura (Fig. 2) da autoria de Francisco Pastor, representando aquela imagem.

Fig. 2 - Gravura de Francisco Pastor, impressa no programa
das Festas da Exaltação da Cruz de 1902,
representando o Senhor dos Passos de Estremoz.

Saliente-se que Francisco Pastor (1850-1922), foi um notável gravador espanhol, que em Madrid foi discípulo de Severini. Em 1873 abriu um “Atelier de Gravura” na Rua do Ouro, 243-2º, em Lisboa. Ilustrador do “Diário Ilustrado” e do “Correio da Europa”. Criou uma editora própria que publicou obras de grande envergadura, entre as quais o “Dicionário Ilustrado” de Francisco de Almeida, para o qual abriu mais de três mil gravuras, assim como foi editor do “Almanach Ilustrado” que no ano de 1895 ia no 13º ano e custava 200 réis.
Foi com registo do Senhor dos Passos de Estremoz da autoria de Francisco Pastor, que “O falar das Mãos de Guilhermina Maldonado” criou a lâmina da Fig. 3. O registo impresso a preto sobre papel branco amarelecido pelo tempo, contém a legenda “Vera Effigie do Senhor Jesus dos Passos d’Estremoz”. As matérias-primas utilizadas foram: cartão, vidro, espelho, seda, frio prateado, canotilho de prata, flores de prata, galões, arame e fita de seda. O resto foi a paciência, o requinte, a delicadeza, a sensibilidade e a mensagem de Paz e Harmonia sempre presentes, que nos fazem render à Arte de Guilhermina Maldonado. A lâmina tem as seguintes dimensões 31,5cm x 34, 5 cm x 4,5 cm.

Fig. 3 - Lâmina com registo do Senhor dos Passos de Estremoz da autoria
de Francisco Pastor, que “O falar das Mãos de Guilhermina Maldonado” criou.
Dimensões: 31,5cm x 34, 5 cm x 4,5 cm.
Colecção do autor

Conhecemos igualmente medalhas de barro vermelho representando o Senhor dos Passos de Estremoz. Trata-se de medalhas comemorativas das Festas da Exaltação da Santa Cruz de 1963 (Fig. 4) e de 1964 (Fig. 6). Qualquer delas tem de módulo 5,8 cm, 4 mm de espessura sem o relevo e pesa 20g. Ao centro a imagem do Senhor dos Passos de Estremoz. À esquerda, distribuída por três linhas a legenda: “FESTAS DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ / EM ESTREMOZ / ANO”. À direita da imagem do Senhor dos Passos, um ramo de sobreiro carregado de bolotas. Na parte superior, as medalhas têm um orifício para passar um fio, uma fita ou um alfinete-de-ama. A de 1963 apresenta no verso, a marca “OLARIA ALFACINHA / ESTREMOZ / PORTUGAL “ distribuída por três linhas e ocupando uma superfície de 1, 2 cm x 3 cm (fig. 5). Já a de 1964, ostenta a marca “ OLARIA ALFACINHA / ESTREMOZ “ inscrita numa coroa circular de 1,5 cm e 2 cm de diâmetro, com a palavra “PORTUGAL”, ao centro (Fig. 7).

 Fig. 4 - Medalha de barro vermelho, comemorativa das Festas da Exaltação da Santa Cruz
em Estremoz, no ano de 1963, representando o Senhor dos Passos de Estremoz.
Módulo: 5,8 cm; Espessura: 4 mm, sem o relevo; Peso: 20g.
Fabrico da Olaria Alfacinha.
Colecção do autor.

Fig. 5 - No verso da medalha anterior, a marca “OLARIA ALFACINHA / ESTREMOZ / PORTUGAL “
distribuída por três linhas e ocupando uma superfície de 1, 2 cm x 3 cm.

Fig. 6 - Medalha de barro vermelho, comemorativa das Festas da Exaltação da Santa Cruz
em Estremoz, no ano de 1964, representando o Senhor dos Passos de Estremoz.
Módulo: 5,8 cm; Espessura: 4 mm, sem o relevo; Peso: 20g.
Fabrico da Olaria Alfacinha. 
Colecção do autor.

Fig. 7 - No verso da medalha anterior, a marca “ OLARIA ALFACINHA / ESTREMOZ “ inscrita
numa coroa circular de 1,5 cm e 2 cm de diâmetro, com a palavra “PORTUGAL”, ao centro.

Também no figurado de Estremoz encontramos representações do Senhor do Passos, como é o caso da imagem da Fig. 8, da autoria da barrista Maria Luísa da Conceição. À semelhança da imagem sagrada, Jesus é aqui representado envergando túnica roxa, carregando a cruz, com o joelho direito assente no solo e com a túnica a mostrar o pé esquerdo. Na cabeça, um esplendor e uma coroa de espinhos. A imagem assenta num andor sensivelmente quadrado, decorado à frente com flores.

Fig. 8 - Andor com o Senhor dos Passos de Estremoz,
da autoria da barrista estremocense Maria Luísa da Conceição.

Os exemplares da iconografia local do Senhor dos Passos, mais que objectos decorativos, são objectos de veneração e de oração dos fiéis.


BIBLIOGRAFIA

(1) – COSTA, Mário Alberto Nunes. Estremoz e o seu concelho nas “Memórias Paroquiais de 1758”. Separata do Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra, Vol. XXV. Coimbra, 1961.
(2) - ESPANCA, Túlio. Inventário Artístico de Portugal-Distrito de Évora, Vol.VIII. Academia Nacional de Belas Artes. Lisboa, 1975.
(3) – IGESPAR
(4) - MENDEIROS, José Filipe. Património Religioso de Estremoz. Câmara Municipal de Estremoz. Estremoz, 2001.

Publicado inicialmente em 21 de Setembro de 2012

Começou o Outono


José Malhoa (1855-1933). Óleo sobre tela (46 cm x 38 cm).
Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa.


O Outono (do latim autummus) é uma das quatro estações das zonas temperadas, compreendida entre o Verão e o Inverno, que corresponde aos meses de Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro no Hemisfério Norte. Caracteriza-se por um declínio gradual da temperatura e é marcada por tempo chuvoso, ventoso e pouco ensolarado.
Sob o ponto de vista astronómico, no Hemisfério Norte, o Outono boreal vai desde o equinócio de Outono (a 22 ou 23 de Setembro e excepcionalmente 21 ou 24 de Setembro), ao solstício de Inverno (a 21 ou 22 de Dezembro). No Hemisfério Sul, o mesmo período corresponde à Primavera e o Outono austral começa em 20 ou 21 de Março e termina a 20 ou 21 de Junho.
No Outono, as árvores de folha caduca preparam-se para passar ao estado de dormência no Inverno, constituindo reservas a serem utilizadas na produção de botões para a subida da seiva na Primavera. Perdem assim as folhas finas e flexíveis que poderiam congelar, o que as tornaria não funcionais. A árvore recupera substâncias úteis presentes nas folhas, armazena-as e/ou recicla-as a fim de as reutilizar no início da Primavera. As folhas perdem a clorofila, substância responsável pela cor verde, adquirindo a cor de outros pigmentos presentes anteriormente, mas ocultos devido à presença da clorofila. Colorem-se então de amarelo devido à presença de carotenóides ou até mesmo de vermelho devida à presença de antocianinas.
No Hemisfério Norte, o Outono é a época das colheitas, especialmente culturas de Verão: milho, girassol, etc. e todos os tipos de frutos: maçãs, peras, marmelos, etc., frutas secas: castanhas, nozes, avelãs, etc., e uvas. É também o período das lavras.
No adagiário português, a presença implícita do Outono é vasta, já que engloba adágios relativos aos meses de Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro. Todavia, a sua presença explícita é muito escassa, já que apenas localizámos a existência de quatro adágios relativos ao Outono:
- Logo que o Outono venha, procura a lenha.
- No Outono o Sol tem sono.
- Quem planta no Outono, leva um ano de abono.
- Um dia de Outono vale por dois de Primavera.

Publicado inicialmente a 21 de Setembro de 2012

O Outono na Pintura Portuguesa


Cena de Merenda de Caça no Outono (1767). Autor Desconhecido (?-?).
Óleo sobre tela (192 cm x 156 cm). Palácio Nacional de Queluz, Queluz. 

O Outono, estação caracterizada por um declínio gradual da temperatura, é marcada por tempo chuvoso, ventoso e pouco ensolarado. Corresponde aos meses de Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro no Hemisfério Norte.
A pintura portuguesa alegórica a esta época reflecte as características deste período: paisagens com folhas amarelecidas e que caem, vinhas e naturezas mortas com frutos ou flores característicos da época.
Por ordem cronológica, os pintores por nós identificados que abordaram a temática “Outono” foram: Autor Desconhecido (?-?), Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), José de Brito (1855-1946), José Malhoa (1855-1933), Adriano Sousa Lopes (1879-1944), Ferreira da Costa (1885-?), Joaquim Francisco Lopes (1886-1956), Ferreira da Costa (1885-?), Maria Eduarda Lapa e Sousa Caldeira (1895-1976), Ventura Moutinho (1903-1967) e Silva Lino (1911-1984).


Publicado inicialmente em 21 de Setembro de 2012

Natureza morta (1899). Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929). Óleo sobre
 madeira  (26 cm x 21 cm). Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte
 Contemporânea, Lisboa.

Alegoria do Outono (Séc. XIX). Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929). Óleo sobre
 tela (88,5 cm x 139 cm). Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa.

Paisagem da Margem do Vouga (séc. XIX –XX). José de Brito (1855-1946). Óleo sobre
madeira (34 x 50 cm). Museu Grão Vasco, Viseu.

Frutos de Outono (1907). Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929). Óleo sobre tela
(59 cm x 73 cm). Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa.

Vinha no Outono (1914). José Malhoa (1855-1933). Óleo sobre tela (16,5 x; 21,5 cm).
Museu José Malhoa, Caldas da Rainha.

Outono (1918). José Malhoa (1855-1933). Óleo sobre tela (46 cm x 38 cm).
Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa.

Castelo de Vide (1925). Adriano Sousa Lopes (1879-1944). Óleo sobre tela (73 cm x 105 cm).
Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa.

Outono em Castelo de Vide (Séc. XX). Adriano Sousa Lopes (1879-1944).  Óleo sobre tela
(33 cm x 41 cm). Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa.

Outono (Primeiras chuvas) (1939). Joaquim Francisco Lopes (1886-1956). Óleo sobre tela
(70 cm x 90 cm). Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa.

Manchas de Outono (1942). Ventura Moutinho (1903-1967). Óleo sobre tela (78 cm x 67 cm).
Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa.

Bosque da Bélgica (séc. XX). Ferreira da Costa (1885 - ?). Óleo sobre tela
(40,3 cm x 32 cm). Museu José Malhoa, Caldas da Rainha.

Natureza morta (com flores de Outono) (Séc. XX). Maria Eduarda Lapa e Sousa Caldeira
(1895-1976). Óleo sobre tela (56 x 82 cm). Museu da Guarda.

Paisagem de Outono - Azeitão (1956). Silva Lino (1911 - 1984). Óleo sobre aglomerado de madeira
(58,7 cm x 72,7 cm). Museu José Malhoa, Caldas da Rainha.