sábado, 21 de julho de 2012

Santos de Julho


RAINHA SANTA ISABEL
Aguarela de Alberto de Souza (1880-1961)

Para a Igreja Católica, o calendário litúrgico de Santos do mês de Julho, é o seguinte:
1 de Julho – Dia de Nossa Senhora do Bom Sucesso.
3 de Julho – Dia de São Tomé, apóstolo.
4 de Julho - Dia da Rainha Santa Isabel (1271-1336), infanta aragonesa, mulher do rei D. Dinis. Ingressou na História com a fama de Santa, tendo sido beatificada e posteriormente canonizada.
5 de Julho - Dia de Antonio Maria Zaccaria (1502-1539), médico e padre católico italiano, fundador da Ordem dos Clérigos Regulares de São Paulo (Barnabitas) e da Congregação das Freiras Angélicas de São Paulo. Proclamado Santo pelo Papa Leão XIII, em 1897.
6 de Julho - Dia de Maria Goretti (1890-1902), virgem e mártir.
7 de Julho - Dia do Papa Adriano III (? –885), canonizado por decreto de Leão XIII, de 2 de Dezembro de 1891.
8 de Julho - Dia do Papa Eugénio III (1100-1153), beatificado em 1872. Defensor da Igreja contra os invasores turcos, iniciou a construção do Palácio Pontifício.
9 de Julho - Dia de Santa Paulina (1865-1942), canonizada em 19 de Maio de 2002 pelo Papa João Paulo II.
10 de Julho - Dia de Santo Olavo (995-1030), rei e padroeiro da Noruega e um dos poucos santos de origem norueguesa, reconhecidos pela Igreja Católica.
11 de Julho - Dia de São Bento, padroeiro dos mosteiros e fundador da Ordem Beneditina.
12 de Julho - Dia de São João Gualberto (995-1073), religioso italiano, beneditino, fundador da Congregação dos Valombrosanos.
13 de Julho - Dia de Henrique II da Baviera (972-1024), grande consolidador das relações entre o Estado e a Igreja, canonizado em Julho de 1147 pelo Papa Clemente II. Dia de Teresa dos Andes (1900-1920), monja carmelita chilena, beatificada pelo Papa João Paulo II, no dia 13 de Abril de 1987, em Santiago do Chile. Foi canonizada pelo mesmo Papa, na Basílica de São Pedro, no dia 21 Março de 1993 e por ele proposta como um modelo para a juventude. Dia de Nossa Senhora da Rosa Mística.
14 de Julho - Dia de São Camilo de Lellis (1550-1614), religioso italiano, fundador da Ordem dos Ministros dos Enfermos (Camilianos) e protector dos enfermos e dos hospitais. Dia de São Francisco Solano (1549-1606), frade franciscano canonizado pelo Papa Bento XIII em 1726.
15 de Julho - Dia de São Boaventura (1221-1274), filósofo e teólogo escolástico medieval que pertenceu à Ordem dos Frades Menores e foi cardeal de Albano. Canonizado em 1482 e proclamado Doutor da Igreja em 1588 com o título de Doutor Seráfico.
16 de Julho - Dia de Nossa Senhora do Carmo.
17 de Julho - Dia de Santa Marcelina (327-397), virgem. Dia do Beato Inácio de Azevedo (1526/27-1570), religioso e dos Quarenta Mártires do Brasil, beatificados pelo Papa Pio IX em 11 de Maio de 1854.
18 de Julho - Dia de Santo Arnoldo (582- 641), nobre franco que teve grande influência nos reinos merovíngios como bispo, sendo depois canonizado como santo. É considerado o santo patrono dos cervejeiros.
20 de Julho - Dia de Santa Margarida de Antioquia (275-290), virgem e mártir.
21 de Julho - Dia de São Lourenço de Brindisi (1559-1619), membro da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Beatificado em 1783 pelo Papa Pio VI, canonizado em 1881 pelo Papa Leão XIII e proclamado Doutor da Igreja em 1959 pelo Papa João XXIII com o nome de Doctor Apostolicus.
22 de Julho - Dia de Maria Madalena, uma das discípulas mais dedicadas de Jesus Cristo.
23 de Julho – Dia de Santa Brígida (1303-1373), religiosa sueca, escritora, teóloga, fundadora da Ordem do Santíssimo Salvador e Padroeira da Suécia, canonizada a 7 de Outubro de 1391 por Bonifácio IX.
25 de Julho - Dia de São Cristóvão, reverenciado como um dos catorze santos auxiliares, patrono de atletas, marinheiros, barqueiros e viajantes. Ele é reverenciado como um dos catorze santos auxiliares. Dia de São Tiago, apóstolo, filho de Zebedeu e Salomé, e irmão do apóstolo São João Evangelista. Santo protector de cavaleiros, peregrinos, camionistas, chapeleiros, fabricantes de peles, tanoeiros, farmacêuticos, alquimistas, veterinários, etc.
26 de Julho - Dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora. Dia de São Pantaleão de Nicomédia, que viveu no século IV. Sendo um dos catorze santos auxiliares, é patrono dos médicos e nessa qualidade é invocado contra o cancro e a tuberculose.
27 de Julho - Dia de Santa Bartoloméia (1807-1833), fundadora da orden religiosa das Irmãs da Caridade de Lovere (Itália).
29 de Julho - Dia de Santa Marta, irmã de Maria e de Lázaro, da aldeia de Betânia, uma das mulheres que acompanharam Jesus no calvário e na ressurreição. Dia de Nossa Senhora da Ajuda.
30 de Julho - Dia de Pedro Crisólogo (406-451), bispo e doutor da Igreja, proclamado Doutor da Igreja em 1729 pelo Papa Bento XIII. Dia de Santa Maria de Jesus Sacramento Venegas (1868-1959), fundadora do Instituto das Filhas do Sagrado Coração de Jesus. Dia de São Leopoldo Mandic (1866-1942).
31 de Julho - Dia de Santo Inácio de Loyola (1491-1556), fundador da Companhia de Jesus.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente a 21 de Julho de 2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

Não vejo senão canalha…

O painel de apresentação do livro era constituído (da esquerda para a direita)
por Hernâni Matos, José Movilha (autor de “Escrito na Cal”), Guiomar Morais
(professora da UCA) e Emídio Lourenço (Presidente da UCA).
(Fotografia de Luís Figueiredo)

“Escrito na cal”, romance do escritor estremocense José Movilha, editado pela “Monóculo”, foi apresentado no passado sábado, 14 de Julho, pelas 11 horas na Casa de Estremoz. O evento no qual participaram cerca de sete dezenas de pessoas, terminou com uma sessão de autógrafos. Tratou-se de uma iniciativa da Biblioteca Municipal de Estremoz, que contou com o apoio do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal.
O painel de apresentação do livro era constituído por Hernâni Matos, Guiomar Morais (professora da UCA – União de Cultura e Acção, de Santa Iria da Azóia), Emídio Lourenço (Presidente da UCA) e José Movilha (autor de “Escrito na Cal”), os quais intervieram por esta sequência.
O livro tem a particularidade de a maioria da acção se desenrolar em Estremoz, designada por “Vila de Gadanha”, nos anos 30 do século XX. Na época, Portugal vivia amordaçado pela ditadura, pela fome e pela doença. O povo sonhava com liberdade e igualdade e por elas lutava. O livro dá conta dessa luta.
O título da obra resulta de um dos capítulos do livro. Na vila de Gadanha, um grupo de oposicionistas ao regime, reúne-se numa casa da antiga rua dos Judeus, perto da igreja de Santiago.
Na reunião é feita uma caracterização da situação política e da luta desenvolvida e a desenvolver, sendo deliberado escrever na cal das paredes da Tapada Grande, exigindo a Libertação do ganhão Jaime da Manta Branca, preso às ordens do regime por ser poeta e homem livre no pensamento e na acção. É que o latifundiário D. Albuquerque Salcedo, bem comido e bem bebido, em súcia com amigos e outras gentes de Lisboa, mandara chamar o ganhão Jaime da Manta Branca, poeta popular afamado, para o divertir a ele e aos amigos. Jaime pensou desde logo em dizer umas décimas que dessem voz aqueles que são explorados no dia a dia para sustentar a ostentação e riqueza de alguns. Disse então as bem conhecidas décimas sujeitas ao mote:

Não vejo senão canalha
De banquete p’ara banquete,
Quem produz e quem trabalha
Come açordas sem “azête".

Em tom narrativo, semeado aqui e além de diálogos entre personagens, o autor utiliza uma linguagem fotográfica, rigorosa e certeira, rica no regionalismo do seu vocabulário e que incorpora na sua textura, património da tradição oral, tal como adágios, quadras e décimas que são postas na boca de alguns personagens, servos da gleba, como o ganhão-poeta Jaime da Manta Branca, com elevada consciência de classe, que se levantou do chão quando disse o que disse.
Através da narração, José Movilha revela-se profundo conhecedor da História e dos usos e costumes do Alentejo, bem como das práticas agro-pastoris cujo registo faz no seu livro. Estas, tal como as relações de produção entre senhores da terra e servos da gleba, eram ainda no Alentejo nos anos sessenta do séc XX, as mesmas que as descritas nas “Geórgicas” pelo poeta romano Virgílio, filho de agricultor que viveu entre os anos 70 e 19 antes de Cristo.
Com este seu romance, José Movilha, assentou arraiais na praça das Letras Lusitanas, o que muito nos congratula e nos honra, por ser um escritor alentejano e estremocense que resistiu e lutou com as armas da razão, com o verbo fácil, mas certeiro, tal como a poesia do poeta-ganhão Jaime da Manta Branca.
Através deste seu romance com R grande, José Movilha revela-se o repórter duma época de luta pelo trabalho, pela paz, pela liberdade, pela habitação, pela educação, o que só foi conseguido com “As portas que Abril abriu” e que se estão de novo a fechar.
O livro “Escrito na cal” vale por si, graças ao mérito de josé Movilha. Todavia, ele fortalece-se fruto da consonância daqueles que sentem o mesmo pulsar do Universo.
O Jaime da Manta Branca, o Chico, o Leonardo, o dr. Guido, o Cacheirinha ou o Arrobas, personagens reais da Vila de Gadanha, não têm uma caracterização inferior à das personagens saramaguianas. Sou levado a dizer ao autor:
- Companheiro! Tu não precisas de marketing, nem de Fundação. Tu falas com a força das braguilhas dum povo que desde sempre tem feito para se levantar do chão. À laia de Fernão Lopes e com cronistas como tu, oh meu cronista alentejano da diáspora de Santa Iria da Azóia, havemos de consegui-lo.
Que “Escrito na cal” seja o primeiro de muitos outros romances onde se historie e exalte a luta do Homem por um mundo melhor, mais livre, mais justo, mais solidário e mais fraterno.
No decurso da apresentação de “Escrito na cal” foi entregue ao seu autor, José Movilha, um boneco de Estremoz, criado pelas Irmãs Flores e que é uma alegoria no barro ao seu romance. Tratou-se dum testemunho dos estremocenses como preito de reconhecimento pelo seu trabalho, que muito nos honra. O boneco representa o ganhão Chico a escrever na cal a palavra LIBERDADE, exigindo a libertação do ganhão-poeta Jaime da Manta Branca.
E como a Vila de Gadanha nos prende com os seus encantos, na sequência de apresentação do livro de José Movilha, trinta e seis convivas foram presos até ao restaurante “Cadeia Quinhentista”, onde apreciaram os saberes e os sabores da gastronomia alentejana, que ali se podem usufruir duma maneira ímpar. Daqui felicitamos vivamente o Senhor João Simões e toda a sua equipa, pela qualidade do serviço prestado, o qual deve ser realçado. Depois de uma bela manhã literária, a gastronomia da “Cadeia Quinhentista” foi “ouro sobre azul”. Dali fomos até ao Museu Municipal, numa visita guiada destinada a reforçar a nossa identidade cultural e que foi excelentemente conduzida por uma funcionária de serviço. Ficou-nos a vontade de voltar mais e mais vezes, para conhecermos mais em profundidade, aquilo que nos toca o fundo da nossa alma alentejana: bonecos de Estremoz, olaria, arte pastoril, etc., etc.


Um aspecto da assistência.
(Fotografia de Luís Figueiredo) 
 Outro aspecto da assistência.
(Fotografia de Luís Figueiredo)
José Movilha ao receber uma alegoria ao seu romance, perpetuada
nos bonecos de Estremoz, pelas barristas Irmãs Flores.
(Fotografia de Luís Figueiredo)
Escrito na cal - Boneco de Estremoz, criado pelas Irmãs Flores.
(Fotografia de Luis Figueiredo)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Escrito na cal


ESCRITO NA CAL
 Boneco de Estremoz, criado pelas Irmãs Flores
(Fotografia de Luis Figueiredo) 

É como se chama o novo boneco de Estremoz, criado a meu pedido pelas afamadas barristas estremocenses Irmãs Flores. A designação do boneco provém do título do romance “Escrito na cal”, da autoria do escritor estremocense José Movilha e foi-lhe oferecido em nome de admiradores estremocenses, quando da apresentação do seu livro, na Casa de Estremoz, no passado dia 14 de Julho.
O boneco representa o ganhão Chico a escrever na cal a palavra LIBERDADE. Vejamos porquê, para o que teremos que nos basear no romance de José Movilha.
Alentejo dos anos 30 do século XX. Na vila de Gadanha, um grupo de oposicionistas ao regime, reúne-se numa casa da antiga Rua dos Judeus, perto da igreja de Santiago.
Na reunião é feita uma caracterização da situação política e da luta desenvolvida e a desenvolver, sendo deliberado escrever na cal das paredes da Tapada Grande, exigindo a Libertação do ganhão-poeta Jaime da Manta Branca, preso às ordens do regime por ser poeta e homem livre no pensamento e na acção. É que o latifundiário D. Albuquerque Salcedo, bem comido e bem bebido, em súcia com amigos e outras gentes de Lisboa, mandara chamar o ganhão Jaime da Manta Branca, poeta popular afamado, para o divertir a ele e aos amigos. Jaime apresentou-se já sem chapéu para não ter que se humilhar diante daquela gente e pensou desde logo em dizer umas décimas que dessem voz aqueles que são explorados no dia a dia para sustentar a ostentação e riqueza daquela corja. Disse as bem conhecidas décimas sujeitas ao mote:

NÃO VEJO SENÃO CANALHA
DE BANQUETE PARA BANQUETE,
QUEM PRODUZ E QUEM TRABALHA
COME AÇORDAS SEM "AZÊTE"

Ainda o que mais me admira
E penso vezes a miúdo: (1)
Dizem que o Sol nasce para tudo
Mas eu digo que é mentira.
Se o pobrezinho conspira
O burguês com ele ralha,
Até diz que o põe à calha (2)
Nem à porta o pode ver.
A não trabalhar e só comer
NÃO VEJO SENÃO CANALHA!

Quem passa a vida arrastado
Por se ver alegre um dia,
Logo diz a burguesia
Que é muito mal governado,
Que é um grande relaxado,
Que anda só no bote e "dête". (3)
Antes que o pobrezinho "respête" (4)
Tratam-no sempre ao desdém
E vê-se andar, quem muito tem,
DE BANQUETE PARA BANQUETE.

É um viver tão diferente
Só o rico tem valor.
E o pobre trabalhador
Vai morrendo lentamente.
A fraqueza o põe doente
E a miséria o atrapalha;
Leva no peito a medalha
Que ganhou à chuva e ao vento
E morre à falta de alimento
QUEM PRODUZ E QUEM TRABALHA

Feliz de quem é patrão
E pobre de quem é criado
Que até dão por mal empregado
O poucochinho que lhe dão.
Quem semeia e colhe o pão
Não tem aonde se "dête", (5)
Só tem quem o "assujête" (6)
Para que toda a vida chore,
E em paga do seu suor
COME AÇORDAS SEM "AZÊTE" "

ANOTAÇÕES:
(1) a miúdo – a miúde.
(2) à calha – na rua.
(3) no bote e dête – nos copos respête – respeite
(5) dête - deite
(6) assujête – assugeite, subjugue.

BIBLIOGRAFIA
MOVILHA, José A. Escrito na cal. Monóculo. Lisboa, Junho de 2012.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Verão na Bíblia Sagrada


Verão - Ruth e Boaz (1660-64).
Nicolas Poussin (1594-1665).
Óleo sobre tela (118 x 160 cm).
Musée du Louvre, Paris.

São múltiplas as referências bíblicas ao Verão:
Enquanto durar a Terra, jamais faltarão sementeira e colheita, frio e calor, Verão e Inverno, dia e noite". (Génesis 8,22)
mas no tempo do Verão evaporam-se e, chegando o calor, desaparecem de seus leitos. (Job 6,17)
Como o calor do Verão suga a água da neve, também a morada dos mortos suga o pecador. (Job 24,19)
Apesar disso, no Verão ela acumula o grão e ajunta provisões durante a colheita. (Provérbios 6,8)
Como a neve no Verão e chuva na ceifa, assim a honra não convém ao insensato. (Provérbios 26,1)
as formigas, povo fraco, mas que recolhe comida no Verão; (Provérbios 30,25)
A névoa húmida do orvalho, depois do Verão, traz alegria. (Eclesiástico 43,22)
Era como a rosa na Primavera, como lírio junto da água corrente, como ramo de árvore de incenso no Verão! (Eclesiástico 50,8)
Tudo será abandonado aos abutres dos montes e às feras selvagens. No Verão, sobre eles estarão as aves de rapina, e sobre eles todas as feras selvagens passarão o Inverno. (Isaías 18,6)
o tumulto dos estrangeiros como o calor de Verão. Tu alivias o sol forte com a sombra de uma nuvem e fazes calar o canto dos tiranos. (Isaías 25,5)
Vou derrubar a casa de Inverno e a casa de Verão. Serão destruídas as casas de marfim, desaparecerão os palácios de luxo - oráculo de Javé. (Amós 3,15)
Pobre de mim! Estou na situação de alguém que recolhe no Verão, que colhe depois de acabada a colheita. Não há nenhum cacho de uva para eu chupar, nem sequer um figo temporão para me matar a vontade. (Miquéias 7,1)
Naquele dia, sairão águas vivas de Jerusalém. Metade correrá para o mar do lado Nascente e metade para o mar do lado Poente, tanto no Verão como no Inverno. (Zacarias 14,8)
Vendo que elas começam a lançar rebentos, sabeis que o Verão está perto. (São Lucas 21,30)

sábado, 23 de junho de 2012

Alavanca interfixa

CRIANÇAS NO BALOIÇO (séc. XVIII). Painel de azulejos portugueses no Museu do Açude
(Rio de Janeiro), antiga residência de Verão de Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894-1968), empresário, mecenas coleccionador que deixou um legado de 22.000 obras de arte.

A figura mostra duas crianças a brincarem num baloiço constituído por um tronco apoiado no tronco de outra árvore abatida. A brincadeira consiste em andarem alternadamente para cima e para baixo, graças ao impulso que cada um delas alternadamente imprime.
Quando a criança da esquerda dá um impulso com os pés, é ela que sobe, enquanto que a criança da direita, desce. Quando esta bate com os pés no chão, dá um impulso que a faz subir, ao mesmo tempo que a criança da esquerda desce e assim sucessivamente até a brincadeira acabar.
Para a brincadeira resultar, quando estão parados, o tronco onde estão sentados tem que estar em equilíbrio. Se eles tiverem o mesmo peso,têm que se sentar à mesma distância do ponto de apoio (fulcro) do tronco onde estão sentados. Caso contrário, aquele que for mais pesado tem que ficar mais próximo do ponto de apoio, ao passo que o que for mais leve tem que ficar mais afastado desse ponto.
O “baloiço” constitui um exemplo daquilo que em Física se chama “alavanca interfixa”, a qual está esquematizada na figura seguinte:


Na figura estão esquematizados os pesos das crianças e as respectivas distâncias ao fulcro. A condição de equilíbrio da alavanca interfixa é:


Por outras palavras: os pesos das crianças são inversamente proporcionais às distâncias a que estas estão sentadas relativamente ao fulcro, o que está de acordo com a análise do movimento expressa na imagem do painel azulejar aqui mostrado.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Verão na Pintura Portuguesa


Junho – A ceifa [Século XVI (1517-1551)]. António de Holanda (?-?).
Iluminura (10,8x14 cm) do “Livro de Horas de D. Manuel I”.
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

O Verão, estação caracterizada por elevadas temperaturas, abrange os meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro. A pintura portuguesa alegórica a esta época reflecte a actividade ao ar livre, característica deste período. Por um lado, as actividades agro-pastoris: tosquia de ovelhas e ceifa (Junho), debulha dos cereais nas eiras (Julho), transporte e armazenagem dos cereais (Agosto) e vindima (Setembro). Por outro lado, actividades lúdicas como os banhos de praia ou a caça.
Por ordem cronológica, os pintores por nós identificados que abordaram a temática “Verão” foram: António de Holanda (?-?), Oficina de Simon Bening (1483-1561), Autor desconhecido (Séc. XVII), Autor desconhecido (Séc. XVIII), Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), D. Carlos de Bragança (1863 -1908), José Malhoa (1855-1933), Milly Possoz (1888-1967), Manuel Jardim (1884-1923), João Marques de Oliveira (1853-1927), Dordio Gomes (1890-1976), Mário Augusto (1895 - 1941), Lázaro Lozano (1906-1999) e Eduardo Malta (1900 - 1967).

Publicado inicialmente a 22 de Junho de 2012

Julho – A debulha [Século XVI (1517-1551)]. António de Holanda (?-?).
Iluminura (10,8x14 cm) do “Livro de Horas de D. Manuel I”.
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. 

Agosto – O armazenamento do cereal [Século XVI (1517-1551)].
António de Holanda (?-?). Iluminura (10,8x14 cm) do “Livro de
Horas de D. Manuel I”. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. 

Setembro – As vindimas [Século XVI (1517-1551)]. António de Holanda (?-?).
Iluminura (10,8x14 cm) do “Livro de Horas de D. Manuel I".
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. 

Junho [Século XVI (1530-1534)]. Oficina de Simon Bening (1483-1561).
Iluminura (9,8x13,3 cm) do “Livro de Horas de D. Fernando”.
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. 

Agosto [Século XVI (1530-1534)]. Oficina de Simon Bening (1483-1561).
Iluminura (9,8x13,3 cm) do “Livro de Horas de D. Fernando”.
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. 

Setembro [Século XVI (1530-1534)]. Oficina de Simon Bening (1483-1561).
Iluminura (9,8x13,3 cm) do “Livro de Horas de D. Fernando”.
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. 

O Verão (Séc. XVII). Autor desconhecido (Séc. XVII). Óleo sobre tela (80x112 cm).
Museu de Évora.  

Cena de Merenda de Caça no Verão (1767). Autor desconhecido (Séc. XVIII).
Óleo sobre tela (192 x 156 cm). Palácio Nacional de Queluz.  

Alegoria do Verão (Séc. XIX). Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929).
Óleo sobre tela (88 x 146,8 cm). Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa. 

Praia de Cascais (1906). D. Carlos de Bragança (1863 -1908).
Aguarela sobre papel (24x16,5 cm). Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Lisboa.
 
Praia das Maçãs (1918). José Malhoa (1855-1933). Óleo sobre madeira (69x87 cm).
Museu do Chiado – MNAC, Lisboa. 

Praia de pescadores – Cascais (1919). Milly Possoz (1888-1967). Pintura a guache
sobre papel (56x68,5 cm). Museu do Chiado – MNAC, Lisboa. 

Na praia - crianças na praia (Séc. XX). Manuel Jardim (1884-1923). Óleo
sobre madeira (24x18,7 cm). Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra. 

PRAIA DE PESCADORES - PÓVOA DE VARZIM (Séc. XIX). João Marques de Oliveira
(1853-1927). Óleo sobre madeira (45x33 cm). Museu de José Malhoa, Caldas da Rainha. 

Verão" ou "A Ceifa". Dordio Gomes (1890-1976). Aguarela sobre papel. 

Praia da Figueira da Foz (1935). Mário Augusto (1895 - 1941). Óleo sobre cartão
(26,5x34,8 cm). Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Lisboa. 

Nu na Praia (1947). Lázaro Lozano (1906-1999). Óleo sobre tela
(123x96,5 cm). Museu José Malhoa, Caldas da Rainha. 

O Verão (Séc. XX). Eduardo Malta (1900 - 1967). Óleo sobre tela
(46,2x 33 cm). Museu José Malhoa, Caldas da Rainha.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Começou o Verão


Verão" ou "A Ceifa", aguarela de Dordio Gomes (1890-1976).

Em 21 de Junho ou próximo a este dia, o Sol atinge o ponto mais ao norte na sua trajectória pelo céu. É o solstício de Verão, momento em que o Sol, no seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador. A duração do dia é então a mais longa do ano.
No Hemisfério Norte o solstício de Verão ocorre cerca do dia 21 de Junho e o solstício de Inverno por volta do dia 21 de Dezembro. Estas datas marcam, respectivamente o início do Verão e do Inverno no Hemisfério Norte. O dia e hora exactos variam de um ano para outro.
Tal como no solstício de Verão a duração do dia é a mais longa do ano, também no solstício de Inverno, a duração da noite é a mais longa do ano.
No Hemisfério Sul, o fenómeno é simétrico: o solstício de Verão ocorre em Dezembro e o solstício de Inverno ocorre em Junho. Os momentos exactos dos solstícios, que assinalam também as mudanças de estação, são determinados mediante cálculos astronómicos.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente a 20 de Junho de 2012