segunda-feira, 27 de maio de 2024

Canção do Camponês - Arquimedes da Silva Santos

 




Canção do Camponês
Arquimedes da Silva Santos (1921-2019)

Adeus trigo, ai, adeus trigo,
Depois de ceifado, adeus:
Amanho-te e não mastigo,
Ai, nem eu, nem eu nem os meus.

O escravo da campina
Ouve o motor do tractor
Com ele mudas a sina –
Da terra és conquistador!.

Searas cor de sol posto,
Meu mar alto de aflição
Enche-o com suor do rosto,
Ai, em troca falta-me o pão.

O escravo da campina
Ouve o motor do tractor
Com ele mudas a sina –
Da terra és conquistador!.

Ai campos, como os meus olhos.

Ai campos, como os meus olhos,
Rasos de água tanta vez:
Foram-se espigas nos molhos,
Ai, vem fome para o camponês.

O escravo da campina,
Ouve o motor do tractor
Com ele mudas a sina –
Da terra és conquistador!

Arquimedes da Silva Santos (1921-2019)

Hernâni Matos

#Poesia Portuguesa - 204

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