segunda-feira, 29 de abril de 2024

Poesia Portuguesa - 151

 




Liberdade
Joaquim Namorado (1914-1986)


Quem marca uma fronteira
àquela nuvem
a asa que é a sua sombra
onde mora?

Sob as mordaças
calam-se as palavras
mas ninguém te cala
pensamento.

Quem manda à semente
não germines
ao fruto dela
que o não seja?

Amarram-se os pulsos
com algemas
mas ninguém te amarra
pensamento.

Quem impõe ao dia
que não nasça
ao sol que é a sua fonte
que não brilhe?

Fecham-se as janelas
com tapumes
mas ninguém te cega
pensamento.

Quem diz ao amor
é impossível
à lembrança que é seu laço
que o não seja?

Separam-se os amantes
na distância
ninguém te roubará
meu pensamento.

Joaquim Namorado (1914-1986)

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