Luís Veiga Leitão (1912-1987)
Saber que estão vestidos de pedra
botões de ferro casas de sombra
áspero forro do silêncio
Não basta saber que estão encerrados
num punho de pedra esmagando o sol
Não basta saber É preciso ver
aquém dos olhos adentro da voz
e retratá-lo no sangue
– entre a manhã e a janela
o pão e a boca
a parede e a rua
a mão e a ferramenta
Retratá-los no sangue
é despir-lhes a roupa de pedra
é desabotoá-los da sombra
e livres e verdadeiros
respirá-los no ar nos rios
e tê-los por companheiros
(Não basta saber que estão encerrados
num punho de pedra esmagando o sol)
Luís Veiga Leitão (1912-1987)
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