Como era expectável, a inscrição da "Produção de Figurado em Barro de Estremoz" na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, foi aprovada no decurso da 12.ª Reunião do Comité Intergovernamental da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que entre 4 e 9 de Dezembro de 2017 decorreu no Centro Internacional de Convenções Jeju, na ilha de Jeju, na República da Coreia.
A referida inscrição foi alcançada na sequência de candidatura apresentada pelo Município de Estremoz e corresponde ao reconhecimento planetário do labor e criatividade dos barristas do passado e do presente, que com as suas mãos mágicas e desde as bonequeiras de setecentos, transmitiram de geração em geração e até à actualidade, uma manufactura “sui generis” de figurado de barro, dita ao “modo de Estremoz”.
A 7 de Dezembro de 2017, a Assembleia da República aprovou por unanimidade um voto de congratulação, no qual é afirmado que “A Assembleia da República felicita, de forma destacada, todas as artesãs e artesãos, pelo seu insubstituível papel de preservação e divulgação deste património, cujo reconhecimento pela UNESCO engrandece a cultura popular e o País.”
O voto de congratulação que uniu deputados de todas as bancadas foi reflexo do regozijo sentido em todo o país e muito particularmente em Estremoz. Desde então, os Bonecos de Estremoz, factor de união entre estremocenses, reforçaram ainda mais o seu papel de ex-líbris e embaixadores culturais da cidade. Daí, que a meu ver, os Bonecos de Estremoz devessem merecer o respeito de toda a comunidade e não fossem alvo de qualquer tipo de aproveitamento que nada tem a ver com a sua origem, com a sua produção e com os artesãos seus criadores. Talvez por isso, o Município tenha registado em devido tempo a designação “Bonecos de Estremoz”.
Não foi esse o entendimento dos responsáveis do MIETZ, associação de cidadãos independentes, concorrente às próximas eleições autárquicas. Daí que tenham decidido utilizar na campanha eleitoral que se avizinha, um logotipo onde figuram elementos gráficos dum bem conhecido boneco de Estremoz. Trata-se, a meu ver, de aproveitamento político de uma realidade local (Bonecos de Estremoz) e do seu prestígio, para fazer passar mensagens e propostas para a comunidade, que nada têm a ver com Bonecos de Estremoz. Estes, até aqui, factor de união entre os estremocenses, passam a ser instrumento de divisão, já que se tornam símbolo e bandeira de um movimento político em confronto com outras forças políticas nas eleições que se avizinham. Convenhamos que é um mau serviço prestado à comunidade.
Publicado no jornal "Brados do Alentejo" de 29 de Julho de 2021.
enquanto houver políticos sem noção, a sociedade tem sempre mais a perder do que a ganhar... espero que essas pessoas façam reparo do erro cometido. nunca é tarde demais.
ResponderEliminarDuvido que o façam, já que a arrogância é enorme.
EliminarSem ver o logotipo quem nãp conhece fica sem poder emitir opinião. Em qualquer caso, a utilização de símbolos de aceitação "universal", como parece implicar, é difícil enquadrar-se em "aproveitamento político".
ResponderEliminarCreio que o meu texto demonstra o contrário.
EliminarA política....polis...no seu pior..
ResponderEliminarOs artesãos e a sua ARTE .não.podem ser bandeira de grupos ou partidos.
Inteiramente de acordo.
EliminarInteiramente de acordo, é aproveitamento politico e não devia ser autorizado.
ResponderEliminarAbraço.
Assim é, Júlia. Um abraço para si, também.
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