Fig. 1 - Mariano
da Conceição (1903-1959). Museu Rural de Estremoz.
Hernâni Matos
Desfile de
Peraltas
Do estudo dos Peraltas efectuado até à presente
data, foi-me possível concluir que são figuras cuja decoração recorre
geralmente à quadricromia ou à tricromia.
As orlas do fato e os virados do casaco são sempre de
cores contrastantes (Fig. 2 a
Fig. 7) ou de tons contrastantes (Fig. 1) com a cor ou o tom do casaco.
Geralmente, quando uma é uma cor quente, a outra é uma cor fria (Fig. 2, Fig. 3 e Fig. 4).
Todavia nem sempre é assim. Mariano da Conceição (Fig.
1), utilizou como contrastantes duas tonalidades muito diferentes de castanho,
que é uma cor neutra.
Luísa Batalha (Fig. 5), utilizou e muito bem como cores contrastantes, o azul de petróleo e o violeta, que são ambas cores frias. Por sua vez, Ana Catarina Grilo (Fig. 6) utilizou igualmente muito bem como cores contrastantes, o castanho que é uma cor neutra e o zarcão que é uma cor quente. Já José Carlos Rodrigues (Fig. 7), utilizou com toda a propriedade como cores contrastantes, o Bordeaux e o cor de laranja, os quais são ambos cores quentes.
Luísa Batalha (Fig. 5), utilizou e muito bem como cores contrastantes, o azul de petróleo e o violeta, que são ambas cores frias. Por sua vez, Ana Catarina Grilo (Fig. 6) utilizou igualmente muito bem como cores contrastantes, o castanho que é uma cor neutra e o zarcão que é uma cor quente. Já José Carlos Rodrigues (Fig. 7), utilizou com toda a propriedade como cores contrastantes, o Bordeaux e o cor de laranja, os quais são ambos cores quentes.
Não me admira que qualquer dia possa haver barristas
que utilizem como cores contrastantes, uma cor neutra e uma cor fria ou então duas
cores quentes. Terão tanta legitimidade nas suas opções, como outros tiveram
nas suas.
Liberdade de cores
Actualmente os barristas têm à sua disposição uma
paleta cromática mais ampla que aquela que existia no terceiro quartel do séc.
XX e que estava condicionada aos pigmentos disponíveis nas drogarias de
Estremoz.
No século XXI surgiram barristas que não trilharam
os caminhos habituais de aprendizagem: contexto oficinal e contexto familiar,
que condicionam sempre a concepção, a modelação e a decoração. À semelhança do
que já se passara com outros, como foi o caso de Sabina da Conceição
(1921-2005) e de Mário Lagartinho (1935-2016) que aprenderam por auto-formação,
o mesmo se veio a verificar com outros como: João Fortio (1951- ), Rui Barradas
(1953- ), Carlos Alves (1958- ) e Jorge
Carrapiço (1968- ). Por outro lado, no Palácio dos Marqueses de Praia e
Monforte em Estremoz, teve lugar em 2019 um Curso de Formação sobre Técnicas de
Produção de Bonecos de Estremoz, orientado tecnicamente pelo barrista Jorge da
Conceição. Aqui os formandos aprenderam e aplicaram os fundamentos da modelação
e da decoração para virem a aplicar na sua actividade como barristas, sem a
preocupação da obrigatoriedade de ter que seguir os traços identitários do
formador ou de qualquer outro barrista, nomeadamente no que respeita a cores.
Pelo contrário, ficaram com a consciência de que deviam procurar duma forma
incessante o seu próprio caminho e a sua própria matriz identitária.
O Padre-Nosso não é para aqui chamado
A Barrística de Estremoz quer-se viva, pelo que
deve reflectir os anseios e a sensibilidade dos seus criadores, para além dos contextos
de produção ou inerentes ao tema abordado.
A Barrística de Estremoz não se pode limitar a ser
uma linha de montagem e de reprodução dos modelos criados pelos mestres e pelas
mestras. Se o fosse estaria embalsamada no tempo e seria merecedora de um
funeral condigno.
É preciso perceber de vez que a Barrística Popular
de Estremoz não é como o Padre-Nosso que só pode ser dito de uma maneira.
Fig. 2 - Sabina da Conceição (1921-2005). Imagem recolhida "on line".
Fig. 4 - Maria
Luísa da Conceição (1934-2015). Colecção do autor.
Fig. 5 - Luísa
Batalha (1959 - ). Colecção do autor.
Fig. 6 - Ana
Catarina Grilo (1974 - ). Colecção do autor.
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