segunda-feira, 27 de julho de 2020

Cores nos Bonecos de Estremoz


Nossa Senhora ajoelhada. Oficinas de Estremoz de finais do séc. XIX. Colecção do autor.

As cores usadas na pintura dos Bonecos de Estremoz são cores reais, isto é, são análogas às daquilo que representam. Podem ser fixas ou variáveis. As primeiras são comuns a todos os barristas. As segundas podem variar de barrista para barrista. A gama de cores usada por cada barrista é vasta e delas podem fazer misturas. Todavia, há cores dominantes: branco, preto, vermelho, zarcão, laranja, amarelo, verde, azul e roxo. Vejamos alguns exemplos de utilização de cores fixas: - BRANCO: Paredes do Presépio de trono ou altar, pernas das Primaveras e dos Reis Magos, colarinho das camisas dos Pastores; - PRETO: Olhos, chapéus aguadeiros, botas e sapatos, vestido da Amazona; - VERMELHO: Lábios, coração do O Amor é Cego e vestido das Primaveras; - ZARCÃO: O Amor é cego, Cantarinhas, Pucarinhos e roupas diversas; - DOURADO: Esplendor dos Santos; - PRATEADO: cântaros do Aguadeiro e do Leiteiro e medidas do Leiteiro; - AMARELO: Brincos, abotoaduras de colarinho, chapéus de palha das Ceifeiras, plumas das Primaveras, coroas dos Reis Magos; - VERDE BANDEIRA: Degraus do Presépio de trono ou altar; - AZUL DO ULTRAMAR: Orlas do Presépio de trono ou altar, fardas da Banda Filarmónica e roupas variadas; - AZUL-ESCURO: fardamento dos Militares; - AZUL CLARO: Casaco dos Pastores, túnica de São José ajoelhado, vestido de Nossa Senhora ajoelhada; - ROXO: Manto do Senhor Jesus dos Passos, opas dos Irmãos da Confraria; - CASTANHO: Pelicos dos pastores, botas e quadrúpedes; - CASTANHO-ESCURO: Cabelo, hábito de Santo António e do Frade a cavalo; Existem ainda cores convencionais, usadas pelos diferentes barristas na pintura de determinada parte de uma figura. A título de exemplo: verde bandeira nas bases e zarcão na orla das mesmas.
A gama de cores usadas pelos barristas de Estremoz esteve sempre dependente das cores dos pigmentos disponíveis nas drogarias locais. A situação manteve-se com a utilização das tintas de água por alguns, a partir dos anos 60 do século XX. Presentemente aquela gama é maior, pelo que alguns barristas não se sentem constrangidos e usam uma gama de cores maior que anteriormente.

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