Fig. 1 - Rei Mago em pé
(Belchior). Oficinas de Estremoz do séc. XVIII.
Pese embora a minha condição de republicano e
plebeu, assiste-me o direito de ser rei de mim mesmo e usar a Coroa que
livremente escolhi e defendo com pundonor no Livro de Horas do meu dia-a-dia.
Essa Coroa não é mais que a minha colecção particular de Bonecos de Estremoz.
Trata-se de uma colecção generalista, abarcando figuras de temas diversos,
criadas por vários barristas desde os primórdios até à actualidade.
A colecção distribui-se por duas grandes áreas que
usualmente se convencionou designar por “Bonecos da Tradição” e “Bonecos da
Inovação”, que no meu livro “BONECOS DE ESTREMOZ” foram objecto de estudo em
capítulos próprios. A primeira integra modelos que têm sido manufacturados
desde sempre e a segunda os que foram sendo criados por cada barrista no
decurso do tempo, já que “Outros tempos, outros costumes“.
É possível ainda, numa óptica temporal, destacar
bonecos que na maioria dos casos têm de um a três séculos de existência, com
uma pátine própria, já que “Os anos não perdoam” e “Sem tempo nada se faz“.
Trata-se de exemplares que revelam em todo o seu esplendor a marca do tempo e
do envelhecimento, quer por descoloração devida a decomposição fotoquímica,
quer pela deposição de resíduos provenientes de poeiras ou fumos. São figuras
que valorizam a colecção por serem mais antigas e menos vulgares. Constituem
aquilo que, na qualidade de rei de mim mesmo, resolvi designar por “Jóias da
Coroa”. Passo a referi-las:
- Imagens que integraram presépios do séc. XVIII e
que, à excepção de uma, foram adquiridas em 2013 no Mercado das Velharias em
Estremoz: Rei Mago em pé (Belchior) – Fig. 1, Rei Mago em pé (Baltasar) – Fig.
2, Rei Mago ajoelhado (Belchior), Rei Mago ajoelhado (Baltasar), Pastor
ofertante ajoelhado – Fig. 3.
- Uma imagem devocional de oitocentos: Nossa Senhora dos Mártires - Fig. 4.
- Exemplares que integraram um presépio de finais
do séc. XIX que adquiri em 2015, no Mercado das Velharias em Estremoz: Nossa
Senhora ajoelhada – Fig. 5, São José ajoelhado - Fig. 6, Rei Mago em pé (Belchior),
Rei Mago em pé (Baltasar), Rei Mago em pé (Gaspar) – Fig. 7, Burro e vaca, Pastor
de tarro e manta - Fig. 8, Borregos e
cão, Mulher ofertante com um borrego ao colo, Mulher ofertante com um borrego
ao colo – Fig. 9.
- Figuras que não integraram o conjunto de figuras
da colecção de Emídio Viana que veio a incorporar em 1929 a colecção da
Biblioteca e Museu Municipal de Estremoz. Adquiri estes exemplares em 2018, na
sequência do falecimento do filho de Emídio Viana: Porqueiro – Fig. 10, Mulher dos
enchidos – Fig. 11, Mulher das castanhas – Fig. 12.
- Bonecos que integraram a colecção de Azinhal
Abelho e que, por intermédio de José Maria de Sá Lemos, foram encomendados a
Ana das Peles em 1938, conforme correspondência deste último para aquele e que acompanhava
o lote de figuras que adquiri em 2018: Berço do Menino Jesus (das pombinhas) –
Fig. 13, Nossa Senhora ajoelhada, São José ajoelhado, Pastor ajoelhado com um
chapéu à frente, Pastor – Fig. 14, Pastor das migas, Fiandeira – Fig. 15,
Mulher das castanhas – Fig. 16, Lanceiro com bandeira – Fig. 17, Sargento no
jardim, Senhora de pezinhos - Fig. 18, Preta grande (preta florista), Galinha
no choco (assobio), Cesto com ovos (assobio), Peralta, (assobio), Amazona
(assobio) - Fig. 19).
São compras que por vezes me acabam por “Custar os
olhos da cara” e a ficar “Com uma mão na frente e outra atrás”, daí que alguém
conhecedor da minha condição de professor aposentado, tenha agourado:
- “Por esse caminho, ainda
vais acabar a pedir esmola à porta da Igreja".
Fig. 2 - Rei Mago em pé
(Baltasar). Oficinas de Estremoz do séc. XVIII.
Fig. 3 - Pastor ofertante ajoelhado. Oficinas de Estremoz do séc.
XVIII.
Fig. 4 – Nossa Senhora dos Mártires. Oficinas
de Estremoz do séc. XIX.
Fig. 5 – Nossa Senhora
ajoelhada. Oficinas de Estremoz de finais do séc. XIX.
Fig. 6 - São José ajoelhado. Oficinas de Estremoz de finais do séc. XIX.
Fig. 7 - Rei Mago em pé
(Gaspar). Oficinas de Estremoz de finais do séc. XIX.
Fig. 8 - Pastor de tarro e
manta. Oficinas de Estremoz de finais do séc. XIX.
Fig. 9 - Mulher ofertante
com um borrego ao colo. Oficinas de Estremoz de finais do
séc. XIX.
Fig. 10 - Porqueiro. Oficinas de Estremoz de finais do séc. XIX. Ex-colecção Emídio
Viana.
Fig. 11 - Mulher dos
enchidos. Oficinas de Estremoz de finais do séc. XIX. Ex-colecção
Emídio Viana.
Fig. 12 - Mulher das
castanhas. Oficinas de Estremoz de finais do séc. XIX. Ex-colecção
Emídio Viana.
Fig. 13 - Berço do Menino
Jesus (das pombinhas). Ana das Peles (1938). Ex-colecção
Azinhal Abelho.
Fig. 14 - Pastor. Ana das
Peles (1938). Ex-colecção Azinhal Abelho.
Fig. 15 - Fiandeira. Ana
das Peles (1938). Ex-colecção Azinhal Abelho.
Fig. 16 - Mulher das castanhas. Ana das Peles (1938). Ex-colecção Azinhal Abelho.
Fig. 17 - Lanceiro com bandeira. Ana das Peles (1938). Ex-colecção Azinhal Abelho.
Fig. 18 - Senhora de
pezinhos. Ana das Peles (1938) Ex-colecção Azinhal Abelho.
Fig. 19 - Amazona (assobio). Ana das Peles (1938). Ex-colecção Azinhal Abelho.
Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 16 de Janeiro de 2020
Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 16 de Janeiro de 2020
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