Conversa de comadres. José Lutzenberger (1926-2002).
Estremoz tem dois jornais: o “E” e o “Brados do
Alentejo”. Cada um com os seus leitores e colaboradores, o que não impede que
haja inúmeras pessoas como eu, que são leitoras tanto de um como do outro. E
não é caso para menos, já que sendo ambos quinzenários, saem em semanas
alternadas, pelo que cada um “está em cima” dos seus próprios acontecimentos.
No meu caso sou até colaborador dos dois, não só
pelo prazer da escrita e pelo dever cívico de escrever, mas também porque me revejo
no Estatuto Editorial de qualquer deles. São jornais plurais onde sobressai a
procura da actualidade e do rigor da informação, tanto local como regional. São
jornais que têm os seus próprios colunistas, cada um na sua própria trincheira,
defendendo os valores que integram o seu ideário e que por lhe serem gratos,
procuram legitimamente divulgar junto dos leitores.
Numa sociedade democrática é insubstituível o papel
informativo e formativo duma imprensa livre e insubmissa, que tanto rejeita
mordaças e grilhões, como vendas nos olhos. Daí que como corolário único dessa
postura cívica, só uma atitude jornalística era possível, face à atitude do
Município de, em boa hora, ter apresentado a candidatura da “Produção de
Figurado em Barro de Estremoz”, visando a sua inscrição na “Lista
Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade”. Foi assim que
cada um dos jornais, cada um à sua maneira, desde sempre foi relatando os
comunicados de imprensa do Município, dando conta dos diversos passos duma
candidatura que para nosso gáudio se foi consolidando no decurso do tempo, desmentindo
os vaticínios malévolos de alguns profetas da desgraça.
Todavia há quem por desdém ou por soberba, grite
aos quatro ventos: - “Jornais? Nem os lemos.”. Fazendo fé que assim seja, o que
não é certo, devem ter quem os leia por eles e que omitiu que os jornais locais,
desde sempre cobriram jornalisticamente aquela candidatura. Carece assim de
qualquer sentido e é completamente despropositado, virem agora a terreiro, clamar
que antes da vitória da candidatura, a imprensa local não se referiu a ela.
Trata-se duma atoarda soez que cabe aqui denunciar.
Pela parte que me cabe, redigi textos sobre a
candidatura que subscritos com o meu nome, foram publicados no jornal “E” e não
fui o único. Para além disso, desde 2014 e durante 70
quinzenas, mantive no jornal “Brados do Alentejo” uma secção onde, como
franco-atirador e guerrilheiro ao serviço de causas nobres, pus o meu verbo e o
resto da gramática ao serviço da candidatura dos Bonecos de Estremoz a
Património Cultural Imaterial da Humanidade. Essa secção foi uma trincheira e
uma tribuna que visou potenciar e levar a bom termo, através do seu contributo,
a candidatura com a qual desde sempre me identifiquei, já que os bonecos de Estremoz
me estão na massa do sangue.
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