terça-feira, 30 de agosto de 2016

A qualificação das palavras


Auto-retrato com o grupo da Brasileira (1925).
José Sobral de Almada Negreiros (1893-1970).
Óleo sobre tela (197x130 cm).
Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa.

A adjectivação da palavra, qualifica-a, conferindo-lhe um significado próprio e dando origem a frases idiomáticas e a palavras compostas, que integram o vocabulário português. É extenso o seu universo, do qual apresentamos uma visão sinóptica e como tal incompleta:      
- Palavra - chave (Palavra que traduz o sentido de um contexto ou que o torna claro e o identifica).
- Palavra coberta (Palavra oculta, utilizada em alguns graus maçónicos, para além das palavras de passe e da palavra sagrada.           
- Palavra consagrada (Palavra que se emprega especial e exclusivamente para traduzir uma dada ideia).
- Palavra dada (Obrigação contraída).   
- Palavra étnica (Palavra que designa o habitante de determinado país).  
- Palavra forjada (Palavra criada contra as regras da derivação).
- Palavra híbrida (Palavra que é formada por elementos ou raízes de línguas diferentes).
- Palavra honrada (Verdade no que se afirma ou se promete).    
- Palavra imprópria (Palavra que é empregada em sentido que não lhe pertence e não se ajusta ao pensamento que pretende expressar.
- Palavra misteriosa (Senha de identificação nalguns altos graus maçónicos).       
- Palavra perdida (Palavra sagrada, chave para a revelação de certos segredos, tais como a busca e o encontro da Verdade, que a Maçonaria procura encontrar, na convicção de que por meio do trabalho - constante, trará felicidade ao Homem).         
- Palavra perduda (O verso que não tinha rima, nas poesias medievais).  
- Palavra sagrada (Senha de reconhecimento, que em cada grau é utilizada pelos maçons, exclusivamente nas cerimónias maçónicas).     
- Palavra secreta (Palavras que cada rito maçónico impõe aos seus seguidores e que é soletrada letra por letra, dando aquele que é interrogado a primeira letra, o que interroga a segunda e assim por diante).     
- Palavra semestral (Senha concedida pelo Grão-Mestre às Lojas Maçónicas, cada seis meses, que é passada de modo especial a todos os membros da mesma, para poder demonstrar a sua frequência). 
- Palavra suspeita (Palavra que não é clássica ou não pertencer à língua que se lhe atribui).        
- Palavra-filtro (Palavra ou expressão, formada por caracteres e máscaras, usada para localizar informação num documento ou conjunto de documentos).
- Palavra-guia (Cada uma das palavras que aparecem no alto das páginas das obras de referência e que indica a posição e a última entrada da página para facilitar a consulta).
- Palavras bombásticas (Palavras proferidas por pessoas pouco cultas, na convicção de que possam causar boa impressão).
- Palavras caras (Linguagem requintada).          
- Palavras castiças (Palavras puras, eventualmente vernáculas, onde não há estrangeirismos).      
- Palavras consagradas (Palavras sacramentais).
- Palavras cruzadas (Passatempo em que se deve preencher uma grelha de palavras que se entrecruzam de forma vertical e horizontal, a partir de pista fornecida).  
- Palavras eloquentes (Palavras que têm o poder de convencer).
- Palavras graves (Palavras solenes. Palavras austeras).
- Palavras mágicas (Palavras que os mágicos pronunciam nas suas operações e que a magia considera como indispensáveis ao fim em vista).
- Palavras mastigadas (Palavras que são repisadas e proferidas em som muito distinto e com intervalos).
- Palavras reportadas (palavras reflectidas).      
- Palavras sacramentais (Palavras consagradas).
- Palavras sacramentais (Palavras que o sacerdote profere no cumprimento de cada sacramento. Palavras da praxe).       
- Palavras tabelioas (Fórmulas que se empregam nos documentos lavrados por tabelião. Palavras textuais).
- Palavras textuais (Palavras que reproduzem com exactidão um texto escrito ou uma expressão verbal).
- Última palavra (Decisão final).
- Más palavras (Palavras descorteses. Palavras ofensivas).          
- Meias palavras (Termos vagos).          
- Palavra artificial (Palavra sem sentido, mas cujas letras são combinadas para servir de meio mnemotécnico).
- Belas palavras (Frases agradáveis, promissoras, às quais nem sempre correspondem boas acções).         
- Boas palavras (Belas palavras).           
- Palavra cabeluda (Termo obsceno).    
- Palavras grosseiras (Comentários grosseiros).   
- Palavras imundas (Termos que ofendem a boa educação).       
- Palavras loucas (Palavras que não merecem qualquer crédito, por serem impensadas ou levianas).        
- Palavras ocas (Disparates. Palavras sem valor. Palavras sem conteúdo doutrinário).       
- Palavras pesadas (Palavras grosseiras. Palavras ofensivas).       
- Palavras retorcidas (Palavras rebuscadas).       
- Palavrinhas mansas (Palavras meigas, visando obter algo).       
  
BIBLIOGRAFIA
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- PRAÇA, Afonso. Novo Dicionário de Calão. Editorial Notícias. Lisboa, 2001.
- SANTOS, António Nogueira. Novos dicionários de expressões idiomáticas. Edições João Sá da Costa. Lisboa, 1990.
- SIMÕES, Guilherme Augusto. Dicionário de Expressões Populares Portuguesas. Publicações Dom Quixote. Lisboa, 1993.
Hernâni Matos

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