quinta-feira, 15 de maio de 2014

1 - À laia de justificação

Senhora dos pézinhos.
Oficinas de Estremoz do séc. XIX.
Colecção particular.


1 - À Laia de justificação

Nesta secção, a partir de hoje, como franco-atírador e guerrilheiro ao serviço de causas nobres, ponho o meu verbo e o resto da gramática, ao serviço da Candidatura dos Bonecos de Estremoz a Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Esta secção será uma trincheira e uma tribuna pela qual serei responsável único, ainda que em consonância com o jornal regionalista Brados do Alentejo, cuja Direcção em boa hora aceitou o repto de criar uma secção e mantê-la viva até à vitória final da Candidatura.
Esta secção visa potenciar e levar a bom termo, através do seu contributo, uma Candidatura com a qual nos identificamos, já que os bonecos de Estremoz nos estão na massa do sangue.
Cada boneco de Estremoz fala-nos de um contexto antropológico, social ou religioso. Fala-nos também do seu criador e dos sonhos que lhe povoam a mente. Fala-nos ainda das técnicas ancestrais que o artista popular domina e que lhe brotam à flor das mãos.
Cada boneco é fruto de uma relação de amor de quem procura fazer tudo a partir do nada que é a massa informe de barro. Todavia é também a expressão viva do ganha-pão diário de quem tem necessidade de assegurar a sua subsistência e a dos seus.
Cada boneco é um panfleto de cores garridas e de claridades do sul, próprias desta terra transtagana.
Tomar um boneco nas mãos é criar sinestesias que envolvem os nossos cinco sentidos. É como possuir uma bela mulher que nos enche as medidas e por quem sentimos exactamente o mesmo desejo da semente que fecunda a Terra-Mãe. Por isso, eu amo os bonecos de Estremoz. Daí que subscreva com alma e coração, a sua Candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade.

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