quinta-feira, 16 de maio de 2013

Coluna vertebral

2007 - Distribuição de lembranças aos jovens participantes na Estafeta
Comemorativa do Dia do Selo 2007, entre Évora Monte e Estremoz.

Palavras amigas, ainda que de forma elogiosa, consideraram perturbador um texto meu semeado algures por aí nos regos digitais.
Que dizer? Apenas uma coisa: é importante que haja textos perturbadores que suscitem dúvidas e abalem os baluartes supostamente inexpugnáveis das verdades absolutas.
Honra e glória à dúvida metódica e cartesiana. É ela que leva à descoberta de algo de novo que permitirá percorrer caminho e seguir em frente com novas dúvidas que repetirão o processo "ad eternum", já que como nos ensina o poeta sevilhano António Machado (1875–1939):

(…) caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.(…)

É publicamente conhecida a minha postura perante o Mundo e a Vida, fruto do meu carácter e que determina o modo como cidadão do Mundo me faz estar aqui e não ali. Quem não me conhecer poderá ficar perplexo. Todavia a compreensão dos meus amigos é para mim tempero de vida. É com eles que caminharei e descobrirei novos caminhos ao andar. Sem chefes, nem patrões, nem caciques. Sem submissões, nem servilismos, nem seguidismos. Com coluna vertebral apenas. Essa é a medida exacta do meu carácter.

domingo, 12 de maio de 2013

A mulher e a bicicleta


Existe um número crescente de jovens, entre os quais muitas mulheres com consciência alternativa, que escolheram a bicicleta como meio de locomoção. A elas dedicamos a presente selecção de cartazes publicitários antigos, onde se ilustra a utilização da bicicleta pelas jovens.   



























Não há caminho...



Já Séneca (4 a.C.-65 d.C), um afamado filósofo e escritor romano, considerava que “É lento ensinar por teorias, mas breve e eficaz fazê-lo pelo exemplo”. Mais recentemente, o nosso Padre António Vieira (1608-1697) dizia que “Para falar ao vento bastam quatro palavras; para falar ao coração são necessárias obras”. Pertence à sabedoria macua (Moçambique), o seguinte provérbio: “Não se assinala o caminho apontando-o com o dedo, mas sim caminhando à frente”. Por sua vez, Demóstones (384 a.C.-322 a.C), um proeminente orador e político ateniense, era de opinião que “As palavras que não são seguidas de factos não servem para nada”, ao passo que um provérbio suíço proclama que “As palavras são anões; os exemplos são gigantes”. Por sua vez, Albert Schweitzer (1875-1965) notável filósofo e médico alsaciano, defendia que “Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. - É a única”.
À laia de síntese, penso que seja legítimo concluir que é fundamental demonstrar através da exemplificação, aqueles conceitos cuja implementação e divulgação generalizada, julgamos indispensáveis (...).
Lançados que foram os alicerces, a construção do edifício poderá não ser tarefa fácil. Daí que o blogger “nemo nox” tenha escrito: “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo... ". Todavia, uma coisa é certa, é que as dificuldades são fonte de aprendizagem. Existe um provérbio árabe que diz que “Não é mérito o facto de não termos caído, mas sim o de nos termos levantado todas as vezes que caímos.”. Também um provérbio japonês nos ensina que “Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota.”. Para Simon Bolívar (1783-1830), o libertador da América Latina, “A arte de vencer aprende-se nas derrotas”. E para Horácio (65 a.C.-8 a.C.), filósofo, poeta lírico e satírico romano, “Na adversidade conhecemos os recursos de que dispomos”.
A construção de algo com sucesso é uma tarefa que exige trabalho e perseverança. Para o físico alemão Albert Einstein (1879-1955), pai da Teoria da Relatividade, “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”. Para o escritor e lexicógrafo inglês, Samuel Johnson (1709-1784), “Na maior parte dos homens, as dificuldades são filhas da preguiça”.
Qualquer trabalho começa por ser um trabalho de base. Como diz um provérbio chinês: “A mais alta das torres começa no solo.”. Naturalmente que como defendia o filósofo grego Platão (427 a.C.-347 a.C.): “A auto-conquista é a maior das vitórias.” E como dizia o também filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra”. De resto, não há caminho, como nos ensina o poeta sevilhano António Machado (1875–1939):

“Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar...”

quinta-feira, 9 de maio de 2013

As Missões Laicas em África na 1ª República em Portugal

Capas do volumes I E II de “As Missões Laicas em África na 1ª República em Portugal”
de Pedro Marçal Vaz Pereira.

AS MISSÕES LAICAS EM ÁFRICA NA 1ª REPÚBLICA EM PORTUGAL
Este é o título da mais recente obra de Pedro Marçal Vaz Pereira, a lançar pelas dezassete horas e trinta minutos da próxima segunda-feira, dia 13 de Maio, na Sala Algarve, da Sociedade de Geografia de Lisboa.
O autor, filatelista eminente, escritor e jornalista filatélico, subscreve vasta colaboração em revistas e catálogos de exposições filatélicas, tanto em Portugal como no estrangeiro. Em 2005 publicou a obra em 2 volumes “Os Correios Portugueses entre 1853-1900. Carimbos Nominativos e Dados Postais e Etimológicos”, editado pela Fundação Albertino Figueiredo, de Madrid. É Presidente da Federação Portuguesa de Filatelia (FPF) e foi Presidente da Federação Europeia de Sociedades Filatélicas (FEPA), assim como director das respectivas revistas “Filatelia Lusitana” e “FEPA News”.
A obra, profusamente ilustrada e documentada, é constituída por dois volumes com capa dura, 24 cm x 30 cm, de 528 e 512 páginas, respectivamente. A edição é do autor e tem o preço de lançamento de 80 euros, sendo posteriormente comercializada nas livrarias LeYa.
Trata-se de uma obra prefaciada pelo Professor Eduardo Marçal Grilo e que vem preencher algumas lacunas no conhecimento que temos de certos aspectos dum período conturbado da nossa História Pátria. Por isso mesmo é uma obra que vem enriquecer a bibliografia sobre a 1ª República, que relativamente ao assunto em epígrafe, se limitava à obra “As “Missões Laicas”, de A. Teixeira Marcelino, uma publicação de pequeno fôlego (111 páginas) dada à estampa em 1933, pela Imprensa Moderna, do Porto.
A obra contou muito para a sua elaboração com o precioso espólio do bisavô do autor, Dr. Abílio Corrêa da Silva Marçal (1867-1925), que foi Director do Instituto de Missões Coloniais e do respectivo Boletim das Missões Civilizadoras, do qual saíram com regularidade 24 números no período 1920-1925. Licenciado em Direito, exerceu a advocacia e militou no Partido Dissidente Progressista. Após a implantação da República aderiu ao Partido Democrático, ao lado de Afonso Costa de quem foi muito próximo. Em 1917 foi nomeado Secretário do Governo e exerceu o cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, tendo recusado em várias ocasiões, o lugar de Ministro para o qual fora indigitado.

O nº 1 do "Boletim das Missões Civilizadoras", de Abril de 1920.



A CRIAÇÃO DAS MISSÔES LAICAS
A revolução republicana de 5 de Outubro de 1910 teve inúmeras repercussões aos mais diferentes níveis, uma das quais foi a “Lei de Separação do Estado e da Igreja”, promulgada em 20 de Abril de 1911, a qual no seu artigo 189º autorizava o Governo a reformar os serviços do Colégio das Missões Ultramarinas, de Cernache do Bonjardim, vulgarmente conhecido como Real Colégio das Missões.
A 10 de Julho de 1913, houve corte de relações diplomáticas ente Portugal e a Santa Sé. A 22 de Novembro desse ano, pelo Decreto nº 233, o Ministro das Colónias, Dr. Almeida Ribeiro, tornou extensivas às colónias as disposições da Lei de Separação. O artigo 19º do referido Decreto autorizava a criação de Missões Civilizadoras nas províncias de Guiné, Angola, Moçambique e Timor, “com absoluta exclusão de qualquer ensino ou propaganda de carácter religioso”. Missões Civilizadoras foi a nomenclatura oficial atribuída às Missões Laicas, visando uma mais fácil aceitação junto do público.
A 8 de Setembro de 1917, pelo Decreto nº 3352, o Governo do Dr. Afonso Costa reformou o Colégio das Missões Ultramarinas, que passou a intitular-se “Instituto de Missões Coloniais”: “escola de educação de alunos com destino ao serviço das colónias, como agentes de civilização”. Ali passaria a receber formação o pessoal que ia integrar as Missões Laicas, criadas quatro anos antes.
A 7 de Abril de 1920 partiram de Lisboa, com destino a Luanda, as duas primeiras Missões Laicas: a Missão "Cândido dos Reis", e a Missão "Cinco d`Outubro". Posteriormente seguiram para Moçambique, a Missão Civilizadora "Camões", a Missão Civilizadora "Pátria", e a Missão Civilizadora "República". Propunham-se levar aos povos das colónias os grandes valores republicanos da solidariedade e da filantropia, já que “educar o preto pelo trabalho e ensinar-lhe a língua portuguesa” era considerado uma grande obra civilizacional sem que para tal houvesse necessidade de recorrer às ordens religiosas. Abílio Marçal, Director do Instituto que as formou, considerou então tratar-se de um enorme esforço empreendido na área da instrução e da educação cívica, que se traduziu na implantação de oficinas, enfermarias, escolas e internatos, fruto da dedicação republicana.
Com a morte de Abílio Marçal em Junho de 1925, o projecto das Missões Laicas para as colónias paralisou e acaba por ruir com a morte do seu mentor.



OS EVENTOS NA SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA
O lançamento da obra de Pedro Marçal Vaz Pereira na Sociedade de Geografia de Lisboa integra-se nas Comemorações do 1º Centenário das Missões Laicas, as quais terão o seguinte desenvolvimento:
- Apresentação de boas vindas aos convidados pelo Professor Aires de Barros, Presidente da Sociedade de Geografia.
- Inauguração da Exposição Histórica das Missões Laicas.
- Lançamento pelo Correios de Portugal da emissão “Centenário das Emissões Laicas” e do respectivo carimbo de 1º dia.
- Apresentação do livro “As Missões Laicas em África na 1ª República em Portugal” pelo Doutor João Pedro Xavier de Brito.
- Conferência sobre “As Missões Laicas em África na 1ª República em Portugal” pelo Senhor Pedro Vaz Pereira.
- Porto de Honra no Salão Nobre.

A EMISSÃO FILATÉLICA
A emissão filatélica “Centenário das Emissões Laicas” é composta por dois selos e um bloco com as taxas de 0,36 e 0,80 euros e um bloco com um selo da taxa de 3 euros. Reproduzem respectivamente:
- Os membros da Missão Civilizadora de Angola:
- Os membros da Missão Civilizadora de Moçambique;
- O Instituto das Missões Laicas em Cernache de Bonjardim.
Para esta emissão filatélica foram criados quatro carimbos de 1º dia, um dos quais além de ser aposto na Sociedade de Geografia de Lisboa será igualmente aposto nas correspondências apresentadas para o efeito na Loja de Filatelia de Lisboa. Os restantes serão apostos nas Lojas de Filatelia do Porto, Ponta Delgada e Funchal.



O selo da taxa de 0,36 € da emissão "Centenário das Missões Laicas".
O selo da taxa de 0,80 € da emissão "Centenário das Missões Laicas" .
 O bloco da taxa de 3,00 € da emissão "Centenário das Missões Laicas".

Os quatro carimbos de 1º dia da emissão "Centenário das Missões Laicas".

domingo, 5 de maio de 2013

Alquimia (Ao Armando Alves)




Alquimia

Ao Armando Alves

A incisão do olhar
na geometria do gesto,
reflexo antropomórfico
do povo que habita em ti

A surpresa do espaço
na forma incontida,
partilhar de alma
que nos enfeitiça

Paleta de cores
que é suor de vida,
paisagem inventada
que de ti floresce

Horizontes vastos
que nos conquistam
na generosidade
da sua partilha

Odores, sons, sabores,
sinestesia telúrica
que nos arrebata
e nos conquista

Obrigado, Armando
por tudo isto,
e por tudo aquilo
que não sei dizer


Estremoz, 3 de Maio de 2013

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Grândola, Vila Morena


canção “Grândola, Vila Morena", utilizada como senha pelo MFA
se transformou em símbolo da revolução de Abril.


Tive o privilégio de conviver pela primeira vez com o Zeca Afonso (1929-1987) no contexto da luta académica contra o fascismo, que uniu as Academias de Lisboa, Coimbra e Porto. Nessas circunstâncias, salvo erro em 1967, viajei no mesmo autocarro que o Zeca, quando o Movimento Associativo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no qual me integrava, foi até Coimbra partilhar experiências de luta com os camaradas de lá. Viria a ser uma memorável jornada de luta, com a PIDE a vigiar-nos no Choupal, no decurso dum almoço improvisado e com a malta a cantar:

A pulga salta,
A pulga pica,
Ora vai-te embora,
Ora vai-te embora,
Oh pulga fascista!
 
Antes disso e devido à minha disponibilidade e solidariedade militantes, fui encarregado pelo Movimento de realizar no autocarro uma recolha de fundos a favor do Zeca. Este, expulso do ensino e impedido de leccionar, sobrevivia com dificuldade, graças a algumas explicações que lá conseguia dar. Lá fui de lugar em lugar, com a minha boina basca e cada um lá contribuiu com as magras moedas possíveis, para dar uma ajuda ao Zeca. A solidariedade não se ensina, partilha-se.
Depois disso e depois das “portas que Abril abriu”, encontrámo-nos numa sessão de solidariedade com a Reforma Agrária na qual marcámos presença, cada um à sua maneira. Trocámos um abraço caloroso, ainda que breve, já que o Zeca tinha de cantar e isso era o mais importante, pois ele era o catalizador para a acção.
Algumas histórias ficaram por relembrar, porque um homem não tem tempo de falar de tudo. Dalgumas delas pode-se falar depois, como é o caso da canção “Grândola, Vila Morena", pertencente ao álbum "Cantigas de Maio", editado em 1971. A canção transmitida pela Rádio Renascença, a emissora católica portuguesa, às zero horas e vinte minutos do dia 25 de Abril de 1974, como segunda senha pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), confirmou o início do golpe de estado militar que derrubou a ditadura e instaurou a democracia em Portugal. Como tal, transformou-se em símbolo da revolução de Abril.
Na actualidade, é entoada como forma de protesto contra as políticas económicas do governo e da troika, sendo importante que todos assumamos esta canção como símbolo da luta por um mundo melhor, com justiça social, trabalho e esperança no amanhã.
Mais que nunca é preciso relembrar Abril e apontá-lo às novas gerações como um caminho a seguir. Foi o que aconteceu na passada noite de 24 de Abril quando a Academia Sénior de Estremoz comemorou Abril com cravos, poemas e canções na Biblioteca Municipal desta cidade. Foi bonito e daqui se felicita a iniciativa da Academia. Ali não havia quem nunca tenha gostado de cravos. Todavia havia quem os tenha usado ao peito e tenha fugido deles como o diabo da cruz. O mesmo aconteceu com “Grândola Vila Morena”, que duma forma torta, alguém “de direito” entendeu que não devia ser ali cantada, por que era uma canção contra o Governo. Fez o seu papel e com isso negou a própria essência do que ali tinha acontecido. Descontentes com tal atitude, muitos dos presentes dirigiram-se para o exterior da Biblioteca, onde cantaram “Grândola, Vila Morena” três vezes seguidas. Eu por mim, ainda lá estava, até que a voz me doesse.
25 DE ABRIL SEMPRE!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Ler é preciso!

Rapariga a ler (c. 1887).
Theodore Rousell (1847-1926)
Óleo sobre tela (152 x 161 cm)
Tate Gallery, London.

Li algures que: “A actualizaçâo de software do cérebro humano é a leitura”.
- Boa malha! É o que diria o meu primo Feliciano da Purificação, todo ele consagrado  às coisas de Espírito. Para falar de Paz nem a celeste Maria lhe chega aos calcanhares. De software já não digo tanto. Agora que é dado a arrebatadas leituras, lá isso é.
Porém, o mais importante é que ele representa a síntese dialéctica da loucura mística, do ladrar manso e de sonoros peidos musicais, que repetidamente e com solfejo transtagano, evocam alegoricamente um pífaro de Estremoz.
Não fosse a pestilenta semeadura de gases fecais e já o meu primo Feliciano da Purificação seria há muito Comendador da Húmida Ordem do Alqueva. Todavia não ultrapassa a mera condição de reles Cavaleiro da Ordem do Peido-Mestre. Deste modo, porque sou profundo conhecedor dos seus méritos e para além da fecalidade evidente, entendo que é caso para proclamar:
- Viva o Feliciano da Purificação!
- PUM!

POST-SCRIPTUM
Estou numa de anarco-literário. A gravata da minha fotografia no Facebook é um mero disfarce embusteiro do tempo da outra senhora. Farto do meu irmão gémeo e da minha prima Hifigénia, hoje nasceu-me o meu primo Feliciano da Purificação. Vamos lá a ver onde é que esta torrente vai desembocar. Todavia há sempre uma solução. Se ele se portar mal e me chatear o toutiço, faço-lhe o funeral literário tal-qualmente fiz à tia e ao mano, mas é sempre uma solução de evitar, já que com os cortes do Gaspar, não ganho para as carpideiras. Doravante, funerais sim, mas a seco!