Mulher a fazer chouriços (1948).
Mariano Augusto da Conceição (1903-1959).
Museu Rural de Estremoz.
É vasta e diversificada a galeria dos bonecos de
Estremoz. Reflexo afinal da riqueza do imaginário popular, que procura retratar
a realidade local e regional, não só quando os bonecos se destinam a um uso
específico (figuras de presépio, imagens religiosas, apitos, ganchos de meia,
etc.), como e tão-somente a uma finalidade decorativa. Passemos então uma
revista, ainda que breve, a esta galeria, aproveitando para a sistematizar em treze
grandes categorias de imagens:
1 - As figuras de presépio, de forte registo
etnográfico e que ciclicamente permitem reconstituir e comemorar em nossas
casas, o nascimento de Cristo Salvador;
2 - As imagens religiosas que para além daquelas
que noutros materiais e em ponto grande, existem nas nossas igrejas e
conventos, são objecto de devoção popular;
3 - Figuras que têm a ver com a realidade local;
4 - Figuras intimistas que têm a ver com o
quotidiano doméstico;
5 - Figuras que são personagens da faina
agro-pastoril nas herdades alentejanas;
6 - Figuras de negros, que a nosso ver, através da
nossa permeabilização à cultura afro-brasileira, indiciam miscenização de raças
e a fusão de culturas ocorrida ao longo da colonização do Alentejo;
7 - Figuras destinadas a assinalar períodos
festivos;
8 - Figuras satíricas;
9 - A infindável variedade de apitos para a
miudagem brincar e atazanar os ouvidos aos mais velhos. Representam figuras antropomórficas e zoomórficas;
10 - Brincos, que é a designação dada a miniaturas
de barro vermelho, pintadas e decoradas com as cores usadas nos bonecos de
Estremoz;
11 - Os ganchos de meia para as mulheres ajeitarem
ao peito a malha do tricot e que tal como os apitos, representam figuras antropomórficas
e zoomórficas;
12 - Paliteiros;
13 - Outros objectos decorativos ou funcionais:
cantarinhas, pucarinhos, terrinas, candelabros, suportes para velas, etc.