domingo, 8 de setembro de 2013

Efemérides de Outubro

11 de Outubro
 
A 11 de Outubro de 1895, pelas 5 da tarde, chega a Santiago do Cacém
o primeiro automóvel a circular em Portugal, uma viatura Panhard-Levassor,
importada de Paris por D. Jorge de Avillez, 4º Conde de Avilez, um jovem
aristocrata rural daquela vila alentejana. Tratava-se de um carro com uma
arquitectura que se viria a tornar clássica, com tracção traseira e com o
motor dianteiro longitudinal de dois cilindros em V, um V2 com 1290 cc.
O veículo havia chegado ao porto de Lisboa uns dias antes. Na alfândega
de Lisboa, ao decidirem a taxa a aplicar, hesitam entre considerar aquele
estranho objecto, máquina agrícola ou máquina movida a vapor. Acabam
por se decidir por esta última. Atravessado o rio Tejo, foi accionado o seu motor,
dando início à primeira viagem de automóvel em solo português. Foi uma viagem
dura, pois as estradas da época nada tinham a ver com as dos dias de hoje,
o carro possuía rodados de madeira e aros de ferro, atingindo apenas uma
velocidade máxima da ordem dos 15 km/h. Durante o trajecto foram muitas
as peripécias, entre elas o primeiro acidente de viação em Portugal, tendo
por vítima um burro. Posteriormente e porque na época não havia estações de
serviço para abastecimento, o proprietário do viatura resolveu atestar o depósito
com petróleo de iluminação, em vez da benzina que devia utilizar. O pobre do
carro engasgou-se e recusou-se a andar mais. Foi necessária uma limpeza do
depósito e do motor, para que a máquina voltasse a funcionar. O veículo pioneiro,
é propriedade do automóvel Clube de Portugal e encontra-se exposto no
Museu dos Transportes e Comunicações, situado no Porto. MUSEU DO CARAMULO
- Painel publicitário de azulejos em Prime, Viseu (EN16), do “Museu do Caramulo”
pertencente à Fundação Abel e João Lacerda e que é um museu de arte e
automóveis antigos.
10 de Outubro
A 10 de Outubro comemora-se o Dia Mundial Contra a Pena de Morte. A
Efeméride é assinalada desde 2003, por iniciativa da Coligação Mundial
Contra a Pena de Morte, que congrega organizações não-governamentais
internacionais (ONG's), Organizações Jurídicas, uniões e governos locais
de todas as partes do mundo. A Coligação procura encorajar o
estabelecimento de coligações nacionais, a organização de iniciativas
conjuntas e a coordenação de esforços de pressão internacional para
sensibilizar os estados que ainda mantêm a pena de morte. MARTÍRIO
DE SÃO SEBASTIÃO – Painel de azulejos do séc. XVII. Igreja Matriz de
Nossa Senhora do Rosário, Azambujeira, Rio Maior. São Sebastião
(256-286) foi um mártir e santo cristão, morto durante a perseguição
levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano (244-311).
9 de Outubro

A 9 de Outubro 1261 nasce o futuro rei D. Dinis (1261-1325), sexto rei
de Portugal, cognominado “O Lavrador”, em virtude do impulso que deu
à agricultura e ampliação do pinhal de Leiria ou “O Rei Poeta” devido à
sua  obra literária. Filho de D. Afonso III de Portugal (1210- 1279) e da
infanta Beatriz de Castela (c. 1242-1303), foi aclamado em Lisboa em
1279, tendo subido ao trono com 17 anos. Em 1282 desposou Isabel de
Aragão (1271-1336), que ficaria conhecida como Rainha Santa. O
MILAGRE DAS ROSAS - Painel de azulejos (126 cm x 173,5 cm) de meados
do séc. XVIII, da autoria de Policarpo de Oliveira Bernardes (1695-1778),
pintor e azulejista alentejano, pertencente ao chamado ciclo dos mestres,
período em que se produziram as melhores peças azulejares, do barroco
português. Sacristia da Igreja do Convento de S. Francisco, Estremoz. 
O Milagre das Rosas faz parte do imaginário português. De acordo com a
lenda, D. Dinis surpreendeu a rainha à saída de casa, transportando no
regaço pães escondidos para doar aos pobres. Inquiriu então D. Isabel,
perguntando-lhe: “Senhora, o que levais no regaço?”, ao que esta
respondeu: “São rosas Senhor”. “Rosas em Janeiro?”, replicou o rei que
pediu para ela lhas mostrar e quando esta abriu o regaço, os pães
tinham-se transformado em rosas.
8 de Outubro

A 8 de Outubro de 1998, José Saramago (1922-2010) torna-se o primeiro 
autor de língua portuguesa a ser galardoado com o Prémio Nobel de
Literatura, o qual lhe viria a ser entregue a 10 de Dezembro desse ano,
em Estocolmo, pelo rei Carlos Gustavo da Suécia. Painel azulejar
colectivo, executado por alunos. Escola Secundária de Monserrate,
Viana do Castelo.
7 de Outubro

A 7 de Outubro comemora-se o DIA NACIONAL DOS CASTELOS, efeméride
Instituída em 1984, com o objectivo de promover em todo o País, acções
que visem a reflexão sobre o Património fortificado, uma vez que os castelos,
testemunhos da memória colectiva dos povos, constituem uma valorosa
referência arquitectónica, histórica, cultural e simbólica de uma comunidade.
Neste dia são desenvolvidas actividades pedagógicas e lúdicas inteiramente
dedicadas ao mundo dos castelos, para miúdos e graúdos, explorando as suas
características próprias e evocando histórias, personagens e acontecimentos.
Outrora os castelos tinham funções defensivas e residenciais. Hoje perpetuam
as memórias de um povo "conquistador" e fazem parte do imaginário infantil,
tantos nos contos de princesas como nas construções de areia que o mar teima
em derrubar. CASTELO BRANCO – Painel de azulejos (séc. XX) do Jardim do Paço
Episcopal, Castelo Branco. Inspirado em desenho do “Livro das Fortalezas”,
manuscrito quinhentista de autoria de Duarte de Armas (1465-1???), executado
em 1509-1510 por iniciativa de D. Manuel I de Portugal. A obra contém desenhos
de 56 castelos fronteiriços do reino de Portugal, que foram pessoalmente visitados
pelo autor.
6 de Outubro

A 6 de Outubro de 1999 morre em Lisboa, Amália Rodrigues (1920-1999), fadista, cantora
e actriz portuguesa, considerada a Rainha do Fado. Cantou os grandes poetas da língua
portuguesa (Camões, Bocage), além dos poetas que escreveram para ela (Pedro Homem
de Mello, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill.
Conhece também Alain Oulman, que lhe compõe diversas canções. Amália dá brilhantismo
ao fado, ao cantar o repertório tradicional de uma forma diferente, sintetizando o que é
rural e urbano. Considerada a nossa melhor embaixatriz, difundiu a cultura portuguesa,
a língua portuguesa e o fado. Ao longo da sua carreira recebeu inúmeras distinções: Dama
da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1958), Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da
Espada (1971), Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1981), Grã-Cruz da Ordem
Militar de Sant'Iago da Espada (1990), Ordem das Artes e das Letras (França-1990),
Légion d'Honneur (França-1990), Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1998). A 6 de
Outubro de 1999, Amália Rodrigues morre em Lisboa, tendo o 1º ministro decretado Luto
Nacional por três dias. No seu funeral incorporaram-se centenas de milhares de lisboetas
que assim lhe prestam uma última homenagem. Foi sepultada no Cemitério dos Prazeres,
em Lisboa. Em 2001, o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional, onde está sepultado
ao lado de outros portugueses ilustres. Painel de azulejos do miradouro Amália Rodrigues,
em Alcochete.
6 de Outubro

Só a 6 de Outubro de 1910 é que a República é proclamada no Porto. "BARCOS" – Painel
de azulejos de registo etnográfico do pintor, ceramista, ilustrador e caricaturista
Jorge Colaço (1864-1942). Saguão da Estação da CP de São Bento, no Porto.
5 de Outubro

O derrube da Monarquia a 5 de Outubro de 1910 foi fruto da acção doutrinária
e política do Partido Republicano Português, criado em 1876 e cujo objectivo
essencial foi desde o princípio, a substituição do regime. As questões ideológicas
não eram primordiais na estratégia dos republicanos, uma vez que para a maioria
dos seus simpatizantes, bastava ser contra a Monarquia, a Igreja e a corrupção
política dos partidos tradicionais. Com a queda da Monarquia a 5 de Outubro de
1910, há uma mudança de paradigma. Uma Monarquia com oito séculos é
substituída por uma República que tomou o poder nas ruas de Lisboa e depois
de o proclamar às varandas da Câmara Municipal, o transmitiu para a província
à velocidade do telégrafo. As instituições e símbolos monárquicos (Rei, Cortes,
Bandeira Monárquica e Hino da Carta) são proscritos e substituídos pelas
instituições e símbolos republicanos (Presidente da República, Congresso da
República, Bandeira Republicana e A Portuguesa), o mesmo se passando com a
moeda e as fórmulas de franquia postais. A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
PORTUGUESA - Painel numa casa de Soure.
4 de Outubro

A 4 de Outubro comemora-se o Dia Mundial dos Animais. A data foi escolhida
em 1931 no decurso de uma convenção de ecologistas que teve lugar em
Florença. A escolha resultou de o dia 4 de Outubro ser o dia de São Francisco
de Assis, o santo padroeiro dos animais. A efeméride visa: - Sensibilizar a
população para a necessidade de proteger os animais e a preservação de
todas as espécies; - Mostrar a importância dos animais na vida das pessoas;
- Celebrar a vida animal em todas as suas vertentes. CENA DE CAÇA (1670)
- Pormenor de painel de azulejos (158 x 286cm), fabrico de Lisboa. Museu
de Lamego.
3 de Outubro

A 3 de Outubro de 1911 morre com a idade de 33 anos, Carolina Beatriz Ângelo
(1878 -1911), médica e feminista portuguesa, que foi a primeira mulher portuguesa
a exercer o direito de voto, nas Eleições Constituintes da I República, a 28 de Maio
de 1911. MOÇAS - Painel de Azulejos do pintor, ceramista, ilustrador e caricaturista
Jorge Colaço (1868-1942), na Estação da CP de S. Bento, Porto.
2 de Outubro

A 2 de Outubro comemora-se o Dia Mundial da Não-Violência, dia decretado
Pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, tendo como
Objectivos gerais, a promoção da paz e da tolerância e luta contra o uso da
força na resolução de conflitos. Neste dia, o apelo à não-violência é reforçado
pela ONU, assim como o respeito entre países e povos, que consta da Carta das
Nações Unidas. A data foi criada pela ONU em homenagem a Mahatma Gandhi
(1869-1948), nascido nesse dia no ano de 1869, na Índia. Mahatma Gandhi foi
um dos maiores líderes pacifistas da história, conduzindo multidões a conhecer
e a praticar o significado da não-violência, na sua luta pela independência da
Índia. PAINEL DE AZULEJOS DO PALÁCIO DE ESTÓI, construção rococó existente
em Estói, freguesia do concelho de Faro e que funciona actualmente como
"Pousada de Charme".
1 de Outubro
A 1 de Outubro de 1833 morre em Lisboa, a cantora lírica Luísa Todi (1753-1833),
a meio-soprano portuguesa mais célebre de todos os tempos, elogiada pela
imprensa  nacional e estrangeira, pelas suas as capacidades vocais, o relevo que
dava à expressividade e à emoção na caracterização das personagens que
interpretava, cantando com a maior perfeição em francês, inglês, italiano e
alemão. Cantou em Lisboa pela primeira vez em 1770, estreou-se em 1771 na
corte portuguesa da futura D. Maria I e cantou no Porto entre 1772 e 1777.
No estrangeiro, Londres, Paris, Berlim, Turim, Varsóvia, Veneza, Viena,
São Petersburgo foram algumas das cidades em que Luísa Todi passou longas
temporadas, alcançando assinaláveis êxitos e convivendo de perto com a
aristocracia europeia, como Frederico II da Prússia e Catarina II da Rússia.
Até 1793 andou em tournée pela Europa e foi já com 40 anos de idade que
voltou a Portugal para cantar nas festas da filha primogénita do príncipe
regente, futuro D. João VI. Em 1799 terminou a sua carreira internacional
em Nápoles. LUÍSA TODI - Painel de azulejos de A. Carvalho, em Setúbal.














































































































































































































31 de Outubro
A 31 de Outubro assinala-se o Dia Mundial da Poupança. A efeméride foi criada
com o intuito de alertar os consumidores para a necessidade de disciplinar gastos
e de amealhar alguma liquidez, de forma a evitar situações de sobre endividamento.
A ideia de criar uma data especial para fomentar a noção de poupança surgiu em
Outubro de 1924, no decurso do 1º Congresso Internacional de Economia, realizado
em Milão. Painel de azulejos portugueses na Igreja e Convento de São Francisco
(Séc. XVIII), Praça do Cruzeiro, Salvador. Os painéis de azulejos da Igreja foram
pintados por Bartolomeu Antunes de Jesus, um dos grandes mestres da azulejaria
de Portugal. Representam cenas da vida de São Francisco de Assis, o seu nascimento
e a renúncia aos bens materiais.
30 de Outubro 
A 30 de Outubro de 1340, trava-se a Batalha do Salado entre Cristãos e
Mouros, junto da ribeira do Salado, na província de Cádis, no Sul de
Espanha. O desfecho foi favorável aos Cristãos, comandados por D. Afonso XI
de Castela (1311-1350) e D. Afonso IV (1291-1357) de Portugal, que derrotaram
os exércitos dos reis de Marrocos e de Granada. A contenda constituiu um dos
episódios mais importantes da Reconquista Cristã da Península Ibérica, relatado
por Luís de Camões (c.1524-1580) no canto III de “Os Lusíadas” (1572). BATALHA
DO SALADO - Painel de azulejos do séc. XVIII do Museu Militar de Lisboa.
29 de Outubro
A 29 de Outubro  assinala-se o Dia Mundial do AVC. O lema geral da campanha é
"1 em 6", expressão que alerta para o facto de que uma em cada seis pessoas irá
sofrer um Acidente Vascular Cerebral ao longo da sua vida. BACO, FAUNOS E
BACANTES NO RIO DOURO – Painel de Azulejos do pintor, ceramista, ilustrador
e caricaturista Jorge Colaço (1868-1942). Pertence a um conjunto de três,
encomendados por Adriano Ramos Pinto para decorar o seu stand na Exposição
Internacional Comemorativa do Centenário da Independência do Brasil,
realizada no Rio de Janeiro, entre 7 de Setembro de 1922 e 23 de Março
de 1923. O painel está actualmente exposto na sala multiusos da Casa
Ramos Pinto, em Gaia.
28 de Outubro
A 28 de Outubro celebra-se o Dia Mundial da Terceira Idade. A efeméride,
Proclamada  pelas Nações Unidas, visa chamar a atenção do Mundo para a
Situação  financeira, social e afectiva em que se vive nessa faixa etária.
CEGO DO MAIO (1817-1884), lendário herói, salva-vidas e pescador poveiro
do século XIX, protagonista da história trágico-marítima da Póvoa de Varzim.
Painel de azulejos existente no paredão junto ao mar, da autoria do pintor
poveiro Fernando Gonçalves.
27 de Outubro
A 27 de Outubro de 1949, o médico, neurologista, investigador, professor,
político e escritor português, António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz
(1874-1955) foi galardoado com o Prémio Nobel da Medicina de 1949,
partilhado com o suíço Walter Rudolf Hess (1881-1973), pela descoberta
da relevância da leucotomia (lobotomia) pré-frontal no tratamento de
certas doenças mentais. PAINEL AZULEJAR NA CASA MUSEU EGAS MON IZ,
EM AVANCA – A casa, reconstruída em 1915, segundo projecto do arquitecto
Ernesto Korrodi revela o estilo eclético do seu projectista, onde a par de
apontamentos Arte Nova, nomeadamente ao nível das cantarias, do ferro
e de alguns elementos e do espólio artístico, já existem algumas abordagens
próximas da “Casa Portuguesa”.
26 de Outubro
A 26 de Outubro de 1933 morre em Figueiró dos Vinhos, José Malhoa (1855-1933),
pintor, desenhador, azulejista e professor. Foi pioneiro do Naturalismo em
Portugal, tendo integrado o Grupo do Leão, destacando-se também por ser
um dos pintores portugueses que mais se aproximou do impressionismo. Autor
entre muitas outras de: O Atelier do Artista (1893/4), Os Bêbados (1907),
O Fado (1910), Praia das Maçãs (1918), Clara (1918), Outono (1918) e
Conversa com o Vizinho (1932).
25 de Outubro
A 25 de Outubro de 1495, morre em Alvor, D. João II (1455-1495),  13º Rei
de Portugal, cognominado “O Príncipe Perfeito” pela forma como exerceu o
poder.  Filho de D. Afonso V (1432-14891) e de D. Isabel de Urgel, casa com
D. Leonor de Lencastre (1458-1525) a 16 de Setembro de 1473. Com a morte
de D. Afonso V (1432-1481) sobe ao trono, iniciando um grandioso reinado nos
domínios da política interna, externa e ultramarina. Internamente, orienta a
política real no sentido de centralizar o poder régio, retirando o poderio às casas
nobres. Convoca cortes em Évora (1481 e 1490) e em Santarém (1482 e 1483).
Em termos de política ultramarina, dá um notável impulso à expansão, com o
patrocínio das viagens de Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Pêro da Covilhã e Afonso
de Paiva. Na sequência da viagem de Cristóvão Colombo, assina com Castela,
a 7 de Junho de 1494, o Tratado de Tordesilhas, pelo qual se concordava com a
divisão da terra em duas zonas de influência, o que permitiu a Portugal ao longo
do século XVI, manter a rota do Cabo e o Império do Oriente. Quanto à política
externa, D. João II, orienta-a no sentido de criar laços de amizade, realizando o
casamento de seu filho, D. Afonso, com a princesa D. Isabel, primogénita dos
Reis Católicos, mantendo a concórdia com D. Carlos VIII, rei de França, com o
duque da Bretanha e com outros príncipes da Europa. Jaz no Mosteiro de Santa
 Maria da Vitória, na Batalha. D. JOÃO II – Painel de azulejos no Jardim do Palácio
Galveias, Lisboa.
24 de Outubro
A 24 de Outubro de 1147 dá-se a tomada definitiva de Lisboa aos mouros por
D. Afonso Henriques (1109-1185), auxiliado por Templários e Cruzados normandos,
ingleses, escoceses, flamengos e alemães. O cerco começara em Julho de 1147,
depois da tomada de Santarém e com um estratégia específica que incluía o uso
de catapultas municiadas com pedras e azeite a ferver e uma torre para facilitar
a entrada e a conquista da cidade. Após sucessivas investidas, com um inimigo
enfraquecido pela falta de víveres e recursos, dá-se a derrocada da muralha
oriental, junto das Portas do Sol, cedendo também a porta que mais tarde se
chamaria de Martim Moniz. No dia 25, D. Afonso Henriques faz a sua entrada
triunfal na cidade de Lisboa, percorrendo a zona de Alfama, Arco Escuro,
a Mesquita (hoje Sé) onde foi rezada a primeira missa e  por fim o Castelo,
anunciando a supremacia e a vitória cristã. TOMADA DE LISBOA AOS MOUROS
– Painel de azulejos do séc. XVIII, da autoria de Manuel dos Santos. Mosteiro
de São Vicente de Fora, Lisboa.
23 de Outubro

A 23 de Outubro de 1458, D. Afonso V (1432-1481), “O Africano”, no comando de
um exército de 25 mil homens, transportados por uma frota de 220 embarcações,
assalta a praça-forte de Alcácer-Ceguer, na costa marroquina. A praça é conquistada
após dois dias de combate. A empresa integrou-se na política de expansão ultramarina
portuguesa e nela participaram ainda o infante D. Henrique (1394-1460), o infante D.
Fernando (1433-1470), o marquês de Valença (1400-1460) e o marquês de Vila Viçosa
(1403-1478). A conquista foi possível graças à superioridade da artilharia portuguesa.
D. AFONSO V – Painel de azulejos no Jardim do Palácio Galveias, Lisboa.
22 de Outubro

A 22 de Outubro de 1689, nasce D. João V (1689-1750), que viria a ser o 24º Rei
De Portugal e que com o cognome de “O Magnânimo” reinaria entre 1 de Janeiro
de 1707 e  31 de Julho de 1750. O reinado D. João V foi rico sob um ponto de vista
cultural. No domínio das artes manifesta-se o barroco na arquitectura, mobiliário,
talha, azulejo e ourivesaria. No campo filosófico surge Luís António Verney
(1713-1792), filósofo, teólogo, padre, professor e escritor português, autor de
“O Verdadeiro Método de Estudar” (1746), um dos maiores representantes do
Iluminismo em Portugal e um dos mais famosos estrangeirados portugueses.
No campo literário sobressai o escritor e dramaturgo António José da Silva – O
Judeu (1705-1739), autor de “Guerras do Alecrim e da Manjerona” (1737). 
Durante o reinado de D. João V foi fundada a Real Academia Portuguesa de
História (1720) e introduzida a ópera italiana em Portugal (1731), deu-se início
em 1731 à construção do Aqueduto das Águas Livres, para o regular
abastecimento de água de Lisboa, a partir de Belas. Igualmente neste reinado
foi construído entre 1717 e 1730, o Palácio - Convento de Mafra, o mais
importante monumento do barroco português. D. JOÃO V – Painel de azulejos
no Jardim do Palácio Galveias, Lisboa.
21 de Outubro
A 21 de Outubro de 1147, durante o cerco ao castelo de Lisboa, sob o comando de
D. Afonso Henriques (1112-1185), morre Martim Moniz, nobre cavaleiro, herói e
mártir  cristão, que ao perceber o entreabrir de uma porta no castelo dos mouros,
atacou-a individualmente, sacrificando a vida ao atravessar o seu próprio corpo
no vão da mesma, como forma de impedir o seu fechamento pelos defensores, o
que permitiu o acesso dos companheiros, que assim conseguiram conquistar o 
castelo. CONQUISTA DE LISBOA AOS MOUROS – Pormenor de painel de azulejos
no exterior da Igreja de Santa Luzia, em Lisboa, representando a morte de
Martim Moniz. Fábrica da Viúva Lamego (séc. XIX).
20 de Outubro
A 20 de Abril de 1609, durante o reinado de Filipe II (1578-1621) de Portugal, a
povoação pesqueira de Peniche é elevada à categoria de vila, tendo sido efectuados
alguns reparos nas muralhas da sua Praça-forte. Em 1934 seria transformada em
prisão política de segurança máxima. Dela teve lugar a 3 de Janeiro de 1960, a
célebre "fuga de Peniche", protagonizada por Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes,
Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho,
Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues. A partir de
1984 um dos pavilhões do forte passou a alojar o Museu Municipal, no qual está
exposto património arqueológico, histórico e etnográfico. PRAÇA-FORTE DE PENICHE
– Painel de azulejos de G. Serrenho, identificador do Museu Municipal de Peniche.  
19 de Outubro
A 19 de Outubro de 1889, morre em Cascais, D. Luís I (1838-1889), cognominado
“O Popular”, segundo filho da rainha D. Maria II (1819-1853) e do rei D. Fernando II
(1816-1885). Painel de azulejos do séc. XVII. Fonte do Museu de Castro Guimarães,
Cascais.
18 de Outubro
A 18 de Outubro celebra-se o Dia Europeu contra o Tráfico de Seres
Humanos, lançado pela Comissão Europeia em Outubro de 2007. A iniciativa visa
sensibilizar para a violação dos direitos humanos que constitui o crime de tráfico
de seres humanos. Em 1808, um jornal brasileiro publicava o seguinte anúncio:
 “Fugiu ha dois meses da fazenda de Francisco de Moraes Campos, da freguesia
de Belém, municipio de Jundiaí, provincia de São Paulo, um escravo de nome
Lourenço ,...com os sinais seguintes: idade mais ou menos 30 anos estatura regular, 
rosto comprido, bonito de feição, cabelos desgrenhados, nariz atilado, boca e beiços
mais que regulares ,sendo o beiço inferior mais grosso e vermelho, boa dentadura,
cor retinta, pouca barba, fino de corpo, tem a coroa da cabeça pelada de carregar
objectos, pernas finas, pés palhetas e pisa para fora, é muito ladino, é roceiro e muito
bom vaqueiro. Gratifica-se bem a quem pegar o dito escravo e paga-se todas as despesas
que tiver feito até à ocasião da entrega.”. (Do livro “1808” sobre História do Brasil
e de Portugal, da autoria do jornalista e escritor Laurentino Gomes (1956- ), publicado 
em 2006 pela editora Planeta e que aborda a sobre a transferência da corte portuguesa
para o Brasil, ocorrida em 1808 – Citado pelo blogue  http://blog.seniorennet.be). 
ESCRAVIDÃO ANTES DA ABOLIÇÃO – Painal de azulejos cuja imagem foi reproduzida
do referido blogue.
17 de Outubro
A 17 de Outubro comemora-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.
Em 2013, na sua mensagem, a Diretora Geral da UNESCO, Irina Bokova, afirmou: 
“A erradicação da pobreza deve ser a prioridade absoluta de qualquer política de 
desenvolvimento. A extrema pobreza é um impedimento ao pleno exercício dos
direitos humanos, um obstáculo ao desenvolvimento e uma ameaça à paz. Milhões
de pessoas ainda são vítimas da fome – 842 milhões de pessoas continuaram a sofrer
de fome crónica entre 2011 e 2013. Como podemos pensar em construir paz duradoura
e desenvolvimento sustentável nessas condições? Isso é um insulto à sociedade e à
noção de dignidade humana e requer nossa atenção integral. Um salto à frente é
possível, soluções existem – começando com a educação, que abre as portas para a
inclusão social, a capacitação e o emprego.”. CARIDADE - Painel de azulejos do
séc. XVII. Igreja Matriz de São João Baptista, Moura. Fotografia (1960-1970) de
João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), pertencente ao Arquivo Digital da
Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
16 de Outubro
A 16 Outubro celebra-se o Dia Mundial da Alimentação, que marca a
fundação da FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e  Agricultura, em 1945. A efeméride foi estabelecida em Novembro
de 1979 pelos países membros na 20ª Conferência daquela organização.
Constituem objectivos do Dia Mundial da Alimentação: - Alertar para
a necessidade da produção alimentar e reforçar a necessidade de parcerias
a vários níveis; - Alertar para a problemática da fome, pobreza e desnutrição
no mundo; - Reforçar a cooperação económica e técnica entre países em
desenvolvimento; - Promover a transferência de tecnologias para os países
em desenvolvimento; - Encorajar a participação da população rural, na
tomada de decisões que influenciem as suas condições de vida. O Dia Mundial
da Alimentação é comemorado em mais de 180 países e visa combater a fome
e a desnutrição que afecta cerca de 800 milhões de pessoas. De acordo com os
nutricionistas, uma alimentação equilibrada é aquela que contém alimentos
em quantidades suficientes e variadas para o crescimento e a manutenção
de um corpo saudável, já que a alimentação influencia directamente na
qualidade de vida das pessoas. Por isso em cada refeição há que comer um
alimento de cada grupo da Pirâmide Alimentar. Painel de Azulejos do séc. XVII.
 Palácio Fronteira, Lisboa. 
15 de Outubro

A 15 de Outubro comemora-se o Dia Mundial da Mulher Rural. A data foi
Institucionalizada  pela Organização das Nações Unidas na sua 4ª Conferência
Sobre a Mulher, realizada em Pequim, em 1995, com o objectivo de elevar a
consciência mundial sobre o papel da mulher rural no fortalecimento da
sociedade, da economia em geral e das famílias em particular. A efeméride
é actualmente assinalada em cerca de 100 países. Painel de Azulejos do pintor,
ceramista, ilustrador e caricaturista Jorge Colaço (1868-1942), na Estação da CP
de S. Bento, Porto.
14 de Outubro
A 14 de Outubro de 1847, nasce na freguesia de Mafamude (Vila Nova de Gaia),
António Manuel Soares dos Reis (1847-1889), que viria a ser um consagrado
escultor português, autor de obras como: - “O desterrado” (1872-1879) – Museu
Nacional Soares dos Reis, Porto; - “Estátua de Avelar Brotero” (1887) – Jardim
botânico de Coimbra; - “Estátua de Afonso Henriques” (1888) – Guimarães.
PAINEL DE AZULEJOS DO MUSEU NACIONAL DE SOARES DOS REIS –
Palácio dos Carrancas, Porto.
13 de Outubro
A 13 de Outubro de 1917 dá-se na Cova da Iria a 6ª Aparição da
Virgem Maria aos pastorinhos: Lúcia de Jesus dos Santos (10 anos),
Francisco Marto (9 anos) e Jacinta Marto (7 anos). Devido ao facto
de os pastorinhos terem revelado que a Virgem Maria iria fazer um
milagre neste dia para que todos acreditassem, estavam presentes
na Cova da Iria cerca de 50 mil pessoas, que de acordo com os relatos
da época, assistiram ao chamado “Milagre do Sol”. Chovia com
abundância e a multidão aguardava as três crianças nos terrenos
enlameados da serra. Lúcia descreve assim estes acontecimentos:
 “Dia 13 de Outubro de 1917 – Saímos de casa bastante cedo,
contando com as demoras do caminho. O povo era em massa. 
A chuva, torrencial. Minha Mãe, temendo que fosse aquele o 
último dia da minha vida, com o coração retalhado pela incerteza
do que iria acontecer, quis acompanhar-me. Pelo caminho, as
cenas do mês passado, mais numerosas e comovederas. Nem a
lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se ajoelhar na
atitude mais humilde e suplicante. Chegados à Cova de Iria, junto
da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo
que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o terço. Pouco depois,
vimos o reflexo da luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.” 
NOSSA SENHORA DA MISERICÓRDIA (1712). Painel de azulejos de António de
Oliveira Bernardes, pintor e azulejista português dos séculos XVII e XVIII.
Antiga Igreja da Misericórdia de Estremoz. 
12 de Outubro
 
A 12 de Outubro de 1798, nasce em Queluz, D. Pedro de Alcântara Francisco
António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal
Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, (1798-1834), 2º filho varão de D. João VI
(1767-1826) e de D. Carlota Joaquina (1775-1830), que viria a ser o primeiro
Imperador do Brasil, como D. Pedro I e, também, o 28º Rei de Portugal, como
D. Pedro IV, cognominado como “O Libertador” e “Rei Soldado”. CENA GALANTE 
(séc. XVII). Painel de azulejos do Palácio de Queluz.


Hernâni Matos

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

As Festas da Exaltação da Santa Cruz de 1963 em Estremoz


 Programa das Festas.

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Para falar das Festas da Exaltação da Santa Cruz de 1963, em Estremoz, há que recuar no tempo, até 1960. O Estado Novo queria à viva força um Palácio da Justiça no centro da cidade de Estremoz, pelo que contra a vontade dos estremocenses ordenou a demolição da vetusta Igreja de Santo André, cuja demolição começou em Outubro de 1960 e o Palácio da Justiça lá foi construído e inaugurado a 3 de Abril de 1964, com pompa e circunstância pelo então Presidente da República, Almirante Américo Tomaz.
Honra seja feita aqueles que com as armas possíveis – as palavras – lutaram com convicção e emoção, para que tal não acontecesse. Um destaque muito especial para o padre Serafim Tavares, pároco de São Francisco, homem de púlpito que soube usar a tribuna da imprensa local e foi um dos líderes da resistência ao crime que viria a ser perpetrado e que foi, sem sombra de dúvida, o maior crime contra o património construído perpetrado até hoje em Estremoz
Havia que ressarcir a Igreja tanto quanto possível da perda irreparável do seu património, daí que a Câmara Municipal de Estremoz, presidida então pelo Dr. Luís Pascoal Rosado (1922-1971), que foi Presidente do Município entre 1961 e 1971, tenha deliberado vir a fazer a entrega à paróquia de Santo André, da inacabada Igreja dos Congregados, propriedade do Município, após a extinção das ordens religiosas em Portugal  ocorrida em 1834, no contexto da consolidação do Liberalismo no país, no final da Guerra Civil entre liberais e absolutistas, nos anos de 1828 a 1834 e que terminaria com a Convenção de Évora Monte.
Na Igreja dos Congregados estava instalado o posto da GNR de Estremoz e as cavalariças da guarda e tudo aquilo era uma dó de alma. A Câmara de então, sob o impulso notável do Dr. Luís Pascoal Rosado tomou nas suas mãos o completamento da fachada da Igreja, cuja empreitada se iniciou em 1961, tendo terminado em 1963, a tempo de nas Festas da Exaltação da Santa Cruz, estar patente aos estremocenses com o esplendor de uma magnífica iluminação.
As Festas desse ano foram as mais grandiosas de sempre. O arraial estava iluminado por doze mil lâmpadas. No centro do Rossio Marquês de Pombal, a Santa Cruz em ferro, executada na Metalurgia Pirra, tendo à frente a maqueta em gesso e em tamanho natural da estátua da Rainha Santa Isabel, esculpida na extinta firma Pardal e Monteiro, por encomenda do município de Coimbra.
Junto  às esplanadas dos cafés existia um grandioso pórtico de entrada nas Festas No recinto destas, para além de lagos de água construídos em alvenaria e de um monumental repuxo, existia um mural gigante pintado pelo nosso conterrâneo Óscar Cavaco. Nele ao centro, o castelo de Estremoz com a altaneira e sempre vigilante torre da Menagem. À sua esquerda, uma alegoria à morte da Rainha Santa no Castelo de Estremoz a 4 de Julho de 1336 e à esquerda uma alegoria à passagem do Condestável D. Nuno Álvares Pereira por Estremoz, antes da sua vitória nos Atoleiros, a 6 de Abril de 1384.
As Festas decorreram entre 1 de Setembro (domingo) e 5 de Setembro (quinta-feira), com alvoradas com salvas de foguetes e morteiros e os alegres acordes das marchas tocadas pelas bandas Municipal e Luzitana, através das ruas da cidade.
No Templo de São Francisco tiveram lugar pelas 12 horas dos dias 1 e 2, missas solenes, a grande instrumental, fazendo-se ouvir o “Coral Sacro do Orfeão Tomaz Alcaide”, dirigido pelo reverendo Padre Carmo Martins. Na Igreja foram recebidos no dia 1 os pendões de todas as freguesias do concelho, que previamente desfilaram pela cidade.
No Rossio havia um coreto suplementar para as bandas locais e visitantes poderem actuar à noite. Houve exposição de artesanato, espectáculo de variedades e festival desportivo na Esplanada Parque, gincana de automóveis no campo de futebol, largada de milhares de pombos correios no pelourinho, jogos florais, espectáculo folclórico na praça de touros, assim como garraiada e tourada. Nesta participaram os cavaleiros Pedro Louceiro e José Maldonado Cortes, então em princípio de carreira, uma vez que no ano passado decorreram 50 anos sobre a sua alternativa. Os matadores eram Manuel dos Santos e José Simões. Participaram ainda os forcados do grupo de profissionais de Lisboa, de Adelino de Carvalho.
O fogo de artifício foi espectacular, tendo o seu lançamento nos dias 2, 4 e 5, sido feito a partir do Castelo. No dia 1 houve fogo preso no lago do Gadanha, local onde decorreria também no dia 3, a pirotecnia das Festas.
Sem sombra de dúvida que o ponto alto das Festas desse ano foi o Cortejo do Trabalho que teve lugar em 5 de Setembro de 1963, a partir das cinco e meia da tarde, na Avenida 9 de Abril. Concebido por Frederico Mestres Carapeta, foi, organizado pela Comissão das Festas com o apoio da Câmara Municipal e que mostrou à população e aos visitantes, os vários sectores do artesanato e indústria locais, bem como os múltiplos aspectos da agricultura e da vida rural de então.
As Festas à Exaltação da Santa Cruz de 1963 foram, sem sombra de dúvida, as mais grandiosas até hoje e decorreram no contexto do completamento da fachada da Igreja dos Congregados, a assinalar a primeira etapa da reparação da perda de património sofrida pela Paróquia com o derrube da Igreja de Santo André.

Publicado inicialmente a 6 de Setembro de 2013


Medalha de barro editada pela Comissão de Festas.
 O pórtico de entrada nas Festas, junto aos cafés. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
 Um aspecto parcial do recinto das Festas.Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
 Outro aspecto parcial do recinto das Festas. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
A iluminação da Igreja dos Congregados. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
 O desfile dos pendões das Freguesias. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
Tourada com José Maldonado Cortes. Fotografia de autor não identificado.
fogo de artifício junto ao lago do Gadanha. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).
O Cortejo do Trabalho. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988).

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Comemorações do Cinquentenário do Cortejo do Trabalho de 1963


Um aspecto do local onde decorreram as Comemorações do Cinquentenário
do Cortejo do Trabalho de 1963.

Tiveram lugar no passado sábado, dia 31 de Agosto, a partir das 16 horas, as Comemorações do Cinquentenário do Cortejo do Trabalho de 1963, promovidas pela Associação Filatélica Alentejana (AFA), na sala de Exposições do Centro Cultural Dr. Marques Crespo, em Estremoz.
Há muito que a Associação Filatélica Alentejana, vocacionada para as actividades exposicionais, vem desenvolvendo iniciativas ligadas ao mundo do trabalho, do artesanato, da defesa do património e da etnografia alentejana, muito em particular de Estremoz. Daí que tenha chamado a si a organização daquelas Comemorações, para as quais foram convidadas as entidades oficiais, civis, religiosas e militares, bem como as associações culturais e desportivas do concelho.
As Comemorações visavam evocar o Cortejo do Trabalho que teve lugar em 5 de Setembro de 1963, a partir das cinco e meia da tarde, na Avenida 9 de Abril, em Estremoz, no decurso das Festas à Exaltação da Santa Cruz e foram justificadas pela importância que o Cortejo teve e pelo imperativo de honrar a memória de todos aqueles que o ergueram e apontá-lo como exemplo à juventude, porque ali estavam reunidos os traços da nossa identidade cultural concelhia e regional.
O evento de grande qualidade e fidelidade etnográfica, foi registado pelo grande fotógrafo Rogério de Carvalho (1915-1988) e deu lugar a uma Exposição Retrospectiva do Cortejo, constituída por 31 painéis de grandes dimensões com 62 fotografias do evento e que estará patente ao público no local das Comemorações, até ao próximo dia 31 de Dezembro.
As Comemorações e a Exposição são da iniciativa da Associação Filatélica Alentejana e contaram com o apoio da Câmara Municipal de Estremoz. 

A cerimónia
A cerimónia à qual compareceu muito público, foi presidida pelo Vice-Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Dr. Francisco Ramos que usou da palavra, assim como o Prof. Hernâni Matos, Presidente da AFA e o Senhor José Figo, membro da Comissão Organizadora do Cortejo. A seu lado, o pintor Óscar Cavaco, igualmente membro da Comissão Organizadora, assim como a Senhora D. Maria da Luz Carapeta, filha do Senhor Frederico Mestres Carapeta, a quem se deve a concepção e o projecto do Cortejo.
Antes das intervenções houve apresentação de cumprimentos pela Banda da Sociedade Filarmónica Artística Estremocense, a qual tocou duas marchas, uma à chegada e outra à partida.
No final das intervenções, declamaram décimas de sua autoria os poetas populares: Renato Valadeiro e Manuel Gomes (Arcos), Mateus Maçaneiro e Constantina Babau (Estremoz) e Altino Carriço (Santiago de Rio de Moinhos) que glosaram mote do poeta António Simões:

No cortejo que percorre
A longa e bela avenida,
O velho sonho não morre
De mudar-se um dia a vida. 

As comemorações terminariam com a actuação do cantador e tocador de harmónio, Nelo do Fado, de Santiago de Rio de Moinhos.

O Cortejo do Trabalho de 1963
Sem sombra de dúvida que o ponto alto das Festas à Exaltação da Santa Cruz de 1963 foi o Cortejo do Trabalho, organizado pela Comissão das Festas com o apoio da Câmara Municipal e que mostrou à população e aos visitantes, os vários sectores do artesanato e indústria locais, bem como os múltiplos aspectos da agricultura e da vida rural de então.
A concepção e projecto do Cortejo do Trabalho foram de Frederico Mestres Carapeta, que foi o visionário, que com a sua alma regionalista gizou o plano, que com o apoio das entidades e a mobilização dos sectores envolvidos, escreveria a letras de ouro, uma das páginas mais importantes da nossa etnografia local. É caso para dizer, tal como o fez o poeta António Gedeão na sua Pedra Filosofal: Sempre que um homem sonha o mundo pula e avança e avançou, porque ficou feito o registo para a posterioridade de aspectos importantes da etnografia local e que têm a ver com a nossa identidade cultural, local e regional.
Frederico Mestres Carapeta teve como assistentes, José Palmeiro da Costa, José Manuel Figo e Óscar Cavaco. O texto descritivo do Cortejo era de Guilhermina Avelar, a locução de João Malaquias e o som de Ferreira Germano. A direcção do Cortejo foi de Afonso Palmeiro da Costa e Rogério Peres Claro.
De salientar que o Cortejo do Trabalho de 1963 ocorreu no decurso das Festas à Exaltação da Santa Cruz mais importantes de sempre, no ano do completamento da fachada da Igreja dos Congregados, a assinalar a primeira etapa da reparação da perda de património sofrida pela Paróquia com o derrube da Igreja de Santo André. Em todo este processo é de salientar o papel relevante do então timoneiro do Município, Dr. Luís Pascoal Rosado, o que aqui se sublinha.  

Hernâni Matos


Apresentação de cumprimentos pela Banda da Sociedade Filarmónica Artística Estremocense.
 
O presidente da AFA, Hernâni Matos, agradecendo a apresentação  de cumprimentos pela
 pela Banda da Sociedade Filarmónica Artística Estremocense e realçando o significado das
Comemorações.
 
Hernâni Matos (presidente da AFA) no uso da palavra. A seu lado, da esquerda para a direita:
Óscar Cavaco (Comissão Organizadora do Cortejo), Dr. Francisco Ramos (Vice-Presidente da
CME, José Figo  (Comissão Organizadora do Cortejo) e D. Maria da Luz Carapeta, filha de
Frederico Mestres Carapeta, que concebeu e projectou o Cortejo.  
 
 Um aspecto da Exposição Retrospectiva do Cortejo do Trabalho de 1963.
Outro aspecto da Exposição. 
  Novo aspecto da Exposição. 
A Banda da Sociedade Filarmónica Artística Estremocense, ao tocar o número de despedida. 
 O poeta popular Renato Valadeiro.
O poeta popular Manuel Gomes. 
 O poeta popular Altino Carriço.
 A poetisa popular Constantina Babau.
O grande animador Nelo do Fado.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A Sagrada Aliança em Estremoz


A sessão de apresentação
Com a Biblioteca Municipal de Estremoz literalmente cheia, decorreu a partir das 21 horas e 30 minutos do passado dia 3 de Setembro, a sessão de apresentação da obra "A Sagrada Aliança: Campo religioso e Campo político nos Açores, 1974-1996", texto da tese de doutoramento de Álvaro Borralho efectuada na Universidade dos Açores e editada em Abril do corrente ano, pela Editora Mundos Sociais, com uma tiragem de 400 exemplares.
Presidiu à sessão de apresentação, o presidente da Câmara, Luís Mourinha, que também apresentou o autor. Coube a Inácio Grazina, director do jornal Brados do Alentejo, falar da obra, o que mesmo se passando com o autor que no final autografou o livro para o muito público presente.

O autor
O estremocense Álvaro Borralho é licenciado em Sociologia pelo ISCTE e doutor em Ciências Sociais (especialidade Sociologia) pela Universidade dos Açores, onde como docente lecciona Sociologia Geral, Teorias Sociológicas Clássicas e Sociologia da Política. Integra a equipa docente do Mestrado em Ciências Sociais (2011), bem como a respectiva Comissão Científica. Investigador do Centro de Estudos Sociais e coordenador do Núcleo Regional dos Açores da Associação Portuguesa de Sociologia. Membro da direcção do Sindicato Nacional do Ensino Superior e comentador do programa “Prova das Nove”, da RTP/Açores. A sua bibliografia inclui:
- A Razão do Povo é a Nossa Força. O processo político português na transição democrática. Um estudo local: Estremoz, 1974 – 1976.
- A Sagrada Aliança. As relações do campo religioso com o campo político nos Açores, 1974-1996.
- A situação das mulheres nos Açores (1999), em co-autoria com Gilberta Rocha, Octávio Medeiros, Licínio Tomás e Artur Madeira.

A obra
O livro (17 cm x 24 cm), com capa cartonada e colorida, da autoria de Nuno Fonseca, tem 251 páginas, que incluem ao longo do texto, 15 quadros e 13 figuras a preto e branco.
A obra, dedicada pelo autor a seus pais, é o resultado da sua tese de doutoramento e aborda a relação entre a política e a religião nos Açores desde o advento da democracia até 1996, ano em que a nível regional o PSD deixou de ser poder. Os resultados do estudo efectuado por Álvaro Borralho, distribuem-se por oito capítulos: O sagrado e a religião na teoria sociológica; Para uma teoria do campo das relações entre religião e política; Grupos e agentes de interesses; O campo religioso açoriano; Rutura política, reestruturação dos campos e a nova dominação, Lutas e jogo político pela dominação legítima; Capitais e habitus; Conclusão.
O prefácio, da autoria do Prof. Doutor José Manuel Leite Viegas, orientador da tese de doutoramento de Álvaro Borralho, salienta a metodologia seguida pelo autor e conclui dizendo: “São todos estes aspectos – o rigor conceptual, a riqueza de dados empíricos, o domínio das questões simbólicas, a análise da articulação de interesses da igreja e do poder político – que fazem com que este livro seja de leitura obrigatória para quem deseje compreender melhor as relações entre a religião e a política ou, muito simplesmente, quem esteja interessado em saber como mudou a sociedade e a política açoriana após o 25 de Abril.”
Da contracapa respigámos: “Neste livro, o autor procura responder à questão que ele próprio coloca: “que tipo de relações se estabeleceram entre a Igreja e a política na sociedade açoriana depois da rutura política operada em abril de 1974?”. Sabíamos, à partida, que a sociedade açoriana de antes de abril de 1974 é dominantemente católica e com uma estrutura social marcada pelo predomínio da produção agrícola, em regime de pequena e média propriedade. Será que, neste aspeto, a situação é perfeitamente homóloga da que se registou em Portugal continental, particularmente no Norte do país e, mesmo, no arquipélago da Madeira? Sem dúvida que há analogias, mas uma das virtualidades da análise empírica do autor é mostrar-nos como, nesse quadro comum, se definiu uma situação específica nos Açores. Para essa especificidade contribuíram o relativo fechamento social da região, as ligações entre a Igreja e o poder político e a estrutura social.”
O suporte bibliográfico da obra é constituído por 419 referências bibliográficas, 3 reportagens do Arquivo da RTP/Açores e 29 entrevistas a personalidades do campo político e religioso regional, entre as quais Álvaro Monjardino, Carlos César, João Mota Amaral e José Decq Mota.
Sem sombra de dúvida que a obra de Álvaro Borralho, dada à estampa pela Editora Mundos Sociais, vem enriquecer consideravelmente a bibliografia sociológica portuguesa. Autor e editora estão, pois, de parabéns.

Hernâni Matos

Um aspecto parcial da assistência à sessão, vendo-se na mesa, da esquerda para a direita : Inácio
Grazina (director do jornal Brados do Alentejo), Álvaro Borralho (o autor), Luís Mourinha (presidente
da CME) e José Trindade (vereador do Pelouro da Cultura da CME). Fotografia de Jorge Pereira
(repórter do jornal Brados do Alentejo).

segunda-feira, 2 de setembro de 2013