quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A Sagrada Aliança em Estremoz


A sessão de apresentação
Com a Biblioteca Municipal de Estremoz literalmente cheia, decorreu a partir das 21 horas e 30 minutos do passado dia 3 de Setembro, a sessão de apresentação da obra "A Sagrada Aliança: Campo religioso e Campo político nos Açores, 1974-1996", texto da tese de doutoramento de Álvaro Borralho efectuada na Universidade dos Açores e editada em Abril do corrente ano, pela Editora Mundos Sociais, com uma tiragem de 400 exemplares.
Presidiu à sessão de apresentação, o presidente da Câmara, Luís Mourinha, que também apresentou o autor. Coube a Inácio Grazina, director do jornal Brados do Alentejo, falar da obra, o que mesmo se passando com o autor que no final autografou o livro para o muito público presente.

O autor
O estremocense Álvaro Borralho é licenciado em Sociologia pelo ISCTE e doutor em Ciências Sociais (especialidade Sociologia) pela Universidade dos Açores, onde como docente lecciona Sociologia Geral, Teorias Sociológicas Clássicas e Sociologia da Política. Integra a equipa docente do Mestrado em Ciências Sociais (2011), bem como a respectiva Comissão Científica. Investigador do Centro de Estudos Sociais e coordenador do Núcleo Regional dos Açores da Associação Portuguesa de Sociologia. Membro da direcção do Sindicato Nacional do Ensino Superior e comentador do programa “Prova das Nove”, da RTP/Açores. A sua bibliografia inclui:
- A Razão do Povo é a Nossa Força. O processo político português na transição democrática. Um estudo local: Estremoz, 1974 – 1976.
- A Sagrada Aliança. As relações do campo religioso com o campo político nos Açores, 1974-1996.
- A situação das mulheres nos Açores (1999), em co-autoria com Gilberta Rocha, Octávio Medeiros, Licínio Tomás e Artur Madeira.

A obra
O livro (17 cm x 24 cm), com capa cartonada e colorida, da autoria de Nuno Fonseca, tem 251 páginas, que incluem ao longo do texto, 15 quadros e 13 figuras a preto e branco.
A obra, dedicada pelo autor a seus pais, é o resultado da sua tese de doutoramento e aborda a relação entre a política e a religião nos Açores desde o advento da democracia até 1996, ano em que a nível regional o PSD deixou de ser poder. Os resultados do estudo efectuado por Álvaro Borralho, distribuem-se por oito capítulos: O sagrado e a religião na teoria sociológica; Para uma teoria do campo das relações entre religião e política; Grupos e agentes de interesses; O campo religioso açoriano; Rutura política, reestruturação dos campos e a nova dominação, Lutas e jogo político pela dominação legítima; Capitais e habitus; Conclusão.
O prefácio, da autoria do Prof. Doutor José Manuel Leite Viegas, orientador da tese de doutoramento de Álvaro Borralho, salienta a metodologia seguida pelo autor e conclui dizendo: “São todos estes aspectos – o rigor conceptual, a riqueza de dados empíricos, o domínio das questões simbólicas, a análise da articulação de interesses da igreja e do poder político – que fazem com que este livro seja de leitura obrigatória para quem deseje compreender melhor as relações entre a religião e a política ou, muito simplesmente, quem esteja interessado em saber como mudou a sociedade e a política açoriana após o 25 de Abril.”
Da contracapa respigámos: “Neste livro, o autor procura responder à questão que ele próprio coloca: “que tipo de relações se estabeleceram entre a Igreja e a política na sociedade açoriana depois da rutura política operada em abril de 1974?”. Sabíamos, à partida, que a sociedade açoriana de antes de abril de 1974 é dominantemente católica e com uma estrutura social marcada pelo predomínio da produção agrícola, em regime de pequena e média propriedade. Será que, neste aspeto, a situação é perfeitamente homóloga da que se registou em Portugal continental, particularmente no Norte do país e, mesmo, no arquipélago da Madeira? Sem dúvida que há analogias, mas uma das virtualidades da análise empírica do autor é mostrar-nos como, nesse quadro comum, se definiu uma situação específica nos Açores. Para essa especificidade contribuíram o relativo fechamento social da região, as ligações entre a Igreja e o poder político e a estrutura social.”
O suporte bibliográfico da obra é constituído por 419 referências bibliográficas, 3 reportagens do Arquivo da RTP/Açores e 29 entrevistas a personalidades do campo político e religioso regional, entre as quais Álvaro Monjardino, Carlos César, João Mota Amaral e José Decq Mota.
Sem sombra de dúvida que a obra de Álvaro Borralho, dada à estampa pela Editora Mundos Sociais, vem enriquecer consideravelmente a bibliografia sociológica portuguesa. Autor e editora estão, pois, de parabéns.

Hernâni Matos

Um aspecto parcial da assistência à sessão, vendo-se na mesa, da esquerda para a direita : Inácio
Grazina (director do jornal Brados do Alentejo), Álvaro Borralho (o autor), Luís Mourinha (presidente
da CME) e José Trindade (vereador do Pelouro da Cultura da CME). Fotografia de Jorge Pereira
(repórter do jornal Brados do Alentejo).

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