TARRO – Recipiente em cortiça, com tampa, destinado a transportar e conservar os alimentos. Altura 11 x Diâmetro 24 cm (Museu Nacional de Etnologia).
OUTROS TERMOS DO DICIONÁRIO
ALFORGE - Saco grande dividido em dois compartimentos, usado ao ombro ou sobre as cavalgaduras, visando igualar o peso dos dois lados. Pode ser fabricado com tecido ou com pele. PASTOREIO (1930 – 1940). Azulejo (10 x 20 cm ) da autoria de Jorge Colaço (1868-1942). Produzido na Fábrica Lusitânia, Lisboa. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.
ALMOXARIFEIRO – Suporte de madeira, destinado ao almofariz de latão e respectiva mão, com uma pequena gaveta com puxador. Trabalho de Joaquim Carriço Rolo, Estremoz).
ALINHAVADOS DE NISA - São bordados brancos, executados em pano de linho ou alinhado (linho e algodão) ou até em pano cru, nos quais são retirados os fios necessários da trama do pano (em geral o dobro dos que se deixam), de modo a ficar em aberto o fundo do desenho, sendo os restantes fios guarnecidos a ponto de crivo. O traçado do desenho é todo ele limitado a ponto de cordão, isto é, caseado, e o crivo é formado por feixes de fios muitíssimo bem enrolados, tornando-se o bordado muito resistente, daí o adágio: Acaba-se o pano, mas fica o bordado. Em tempos recuados, talvez por não haver acesso a papel químico para decalque, os motivos eram recortados em papel e alinhavados ao tecido, pregando-se com alfinetes a composição sobre uma almofada, donde se começavam a tirar os fios e a bordar o crivo e os recortes. Os alinhavados são o ex-líbris da arte nisense de bordar e são aplicados em vários tipos de peças: colchas, lençóis, fronhas, almofadões, centros de mesa, toalhas de mesa e de rosto, bases de copos, panos do pão, etc. QUARTO TRADICIONAL DO MUSEU DO BARRO E DO BORDADO EM NISA – Os lençóis, os almofadões e o naperon são de alinhavados de Nisa.
ALMOFARIZ COM PILÃO – Utensílio em madeira (séc. XX) usado para esmagar, moer, e misturar substâncias. Altura 21,5 cm x Diâmetro 13,5 cm (Museu Nacional de Etnologia).
ASSOBIOS – Bonecos de Estremoz, do tipo brinquedo (assobio). Séc. XX. (Museu Nacional de Etnologia).
AZIAR (Do árabe “az-ziãr”) - Utensílio de alveitar ou de ferreiro, espécie de torniquete que com o auxílio de uma corda, se aperta o focinho do gado asinino, muar ou cavalar, para o conservar imóvel, o que é da máxima importância quando os animais são ferrados ou tratados quando estão doentes. Funciona como mordaça. Exemplar em ferro. Comprimento quando aberto: 54 cm. Colecção particular
BACIA DE BARBEIRO SANGRADOR - Bacia utilizada por barbeiro-sangrador na recolha de sangue resultante da incisão de veia com lanceta, com finalidade supostamente terapêutica. O ofício de barbeiro-sangrador encontrava-se regulamentado desde meados do séc. XVII e só foi extinto por lei de 13 de Julho de 1870. Até lá, cumpria-se o adágio: “Sangrai-o, purgai-o, e se morrer, enterrai-o.”. Ainda em meados do século passado, estas bacias eram usadas para sinalizar as barbearias. Em latão (38 cm de diâmetro x 8 cm de profundidade). Marca de suspensão na extremidade oposta à zona de encaixe no pescoço. Colecção do autor.
BADALO – Peça em madeira usada no interior dos chocalhos para obter som por percussão (Colecção particular).
BARBILHO PARA CHIBOS – Utensílio a ser introduzido na boca dos chibos e a ser atado com um cordel, atrás das orelhas. Assim se evita que eles mamem até a mãe ser ordenhada. Depois retira-se para eles mamarem e volta a ser colocado. Deste modo, os pastores conseguem ter sempre leite para fabricar queijos.
BENTINHO – Peça de arte conventual em que o registo (estampa religiosa) protegido por um vidro ou mica, foi colado num cartão que é forrado com tecidos ricos e decorado com lantejoulas, vidrilhos ou papéis coloridos, entre outros materiais. Trabalho de Guilhermina Maldonado (Colecção particular).
BILHA - Vasilha bojuda com gargalo curto e estreito, com uma ou duas asas, destinada a conter líquidos. Em barro vermelho, ornamentada com motivos florais, obtidos através de empedrado com quartzo. Destinada a conter água. Dimensões (cm) - Diâmetro da base: 10,5 cm; Diâmetro da abertura: 6,5 cm. Fabrico de Nisa. Séc. XX. Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
BISPOTE (Do inglês “pisspot”) - Vaso do quarto de dormir, próprio para receber a urina ou as fezes humanas ou uma e outra coisa. Sinónimo de bacio, penico, vaso-de-noite, etc. Barro vidrado. Fabrico (?) de Viana do Alentejo da 1ª metade do séc. XX. Dimensões: Alt. 31 cm x Diâm. 29 cm. Colecção do Museu de Évora.
BORSAL - Estojo em cortiça para protecção do machado corticeiro (Colecção particular).
CABAÇA - Vasilha feita com o fruto da cabaceira. Decorada. Manufactura de Tereza Serol Gomes (Estremoz) –anos 80 do sécc. XX. Dimensões: Alt. 25 cm x Diâm. 16 cm. Colecção do Celeiro Comum, Évora.
CABANEJOS - Cestos de vime de duas asas, de forma tronco-cónica, medindo aproximadamente 30 cm de altura por 20 cm a 25 cm de largura, utilizado na recolha da azeitona pelas mulheres envolvidas na sua apanha. LIMPANDO AZEITONA. Bilhete-postal ilustrado, edição de Gama Freixo.
CABRITA – Peça em madeira ou cana, utilizada pelos ceifeiros para pendurar a foice. Tem duas ranhuras em posições desencontradas: a de cima para enfiar o cinto, enquanto que na de baixo se metia a foice. [Desenho Etnográfico de Fernando Galhano (1904-1995)].
CADEIRA PINTADA - Assento com espaldar para uma única pessoa, pintada e decorada com motivos florais, à maneira de Évora. Espaldar de lados rectos, com 2 travessas estreitas a ligar os lados. Pernas direitas, de secção quadrada, com 3 travessas. Assento em buinho, com formato trapezoidal (imagem recolhida com a devida vénia no blogue: A MATÉRIA DO TEMPO - http://amateriadotempo.blogspot.pt/ ).
CADEIRINHA DE PROMETIDA - Peça de arte pastoril, assumindo a forma de cadeirinha em madeira, destinada a “selar” o contracto pré-matrimonial e que o moço oferece à sua “prometida”, que passa a usá-la, presa na fita do chapéu de trabalho ou atada ao peito como ”gancho de meia”, até à altura do matrimónio. Esta a fórmula encontrada pela sábia identidade cultural alentejana, de dar a conhecer à comunidade que a moça já estava “prometida” e que em breve iria casar. Símbolo do contrato pré-matrimonial no Alentejo da primeira metade do séc. XX. Talhada em madeira numa única peça (2,1 x 2,1 x 5,2 cm) (Colecção do autor).
CÁGADO – Recipiente em cortiça, destinado a guardar o sal ou as azeitonas (Colecção particular).
CÁGUEDA - Fecho de coleira de gado com chocalhos suspensos, maioritariamente feito em madeira, embora também os haja de corno e de cortiça (Colecção particular).
CALDEIRO – Vaso de forma cilíndrica e fundo côncavo, utilizado para retirar água dos poços. Em folha de zinco, com uma pega em arame de ferro, da qual é suspensa uma corda.
CANDEIA – Utensílio em ferro, utilizado no século XX em iluminação com azeite. 21,5 cm de comprimento (Museu Nacional de Etnologia).
CANGALHAS - Armação, geralmente de madeira, que se coloca sobre o lombo dos animais de carga, para sustentar e igualar o carrego de ambos os lados. AGUADEIRO (Alentejo - Século XIX-XX). José Malhoa (1855-1933). Óleo sobre tela (44,5 x 41,3 cm). Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto.
CÂNTARO - Vaso grande, bojudo, com gargalo e asa, para transporte de líquidos. Em barro ou metal. CÂNTARO DE BARRO DE ESTREMOZ (altura: 40 cm; diâmetro máximo: 68 cm) com cerca de 5 litros de capacidade. Fabrico da Olaria Alfacinha (Anos 40 do séc. X). Decoração com folhas, bolotas e ramos de sobreiro moldados em barro e colados à superfície, conjugados com algum polimento daquela. A própria asa é uma pernada de sobreiro. No lado oposto, o brasão de armas de Estremoz. Colecção do autor. - Vaso grande, bojudo, com gargalo e asa, para transporte de líquidos. Em barro ou metal. CÂNTARO DE BARRO DE ESTREMOZ (altura: 40 cm; diâmetro máximo: 68 cm) com cerca de 5 litros de capacidade. Fabrico da Olaria Alfacinha (Anos 40 do séc. X). Decoração com folhas, bolotas e ramos de sobreiro moldados em barro e colados à superfície, conjugados com algum polimento daquela. A própria asa é uma pernada de sobreiro. No lado oposto, o brasão de armas de Estremoz. Colecção do autor.
CANUDO DO LUME – Canudo para atiçar o lume de chão na chaminé. Para tal, sopra-se na extremidade com o orifício mais largo, saindo o ar pela extremidade oposta com o orifício mais estreito, em direcção ao lume. Em madeira (Comp. 65,5 cm x Diâm. 3,5 cm). Manufactura de Manuel António Capelins (Estremoz), dos anos 60 do séc. XX. Celeiro Comum, Évora.
CAPOTE - Capa comprida e larga, com cabeção e capuz, confeccionada em burel. COSTUMES ALENTEJANOS (1923) – Aguarela sobre cartão (37 cm x 26, 5 cm). Jaime Martins Barata (1899-1970). Museu Grão Vasco, Viseu.
CASTANHOLAS – Instrumento musical de percussão, em madeira, que emite um som seco e oco e é utilizado no acompanhamento rítmico de danças folclóricas (Colecção particular).
CESTO DE ASAS – Cesto usado em viagens, no transporte de compras ou de merendas. Com duas asas, uma em cada uma das tampas, as quais durante o uso permanecem fechadas por acção de um pauzinho que as une. Em vime, pintado de vermelho.
CHAMARIZ PARA ATRAIR PERDIZES – Assobio em madeira, usado para atrair perdizes [Desenho Etnográfico de Fernando Galhano (1904-1995)].
CHAMBARIL - Haste de pau em forma de U muito aberto e com dois sulcos nas extremidades, as quais são enfiadas nos tendões do porco já morto, quando este é pendurado para ser aberto e desmanchado. Para o efeito, o chambaril é suspenso de uma corda, pela sua parte central.
CHAVÕES – Marcadores em madeira, usados para marcar o pão ou bolos (Museu Municipal de Estremoz).
CHAPA PARA MARCAR SACOS - Utensílio usado para marcar sacos, pincelando os espaços vazios com tinta. Exemplar em cobre (26 cm x 23 cm), destinado a marcar sacos de chumbo de caça, da marca “PARAÍSO”, de Évora. Ostenta uma ilustração alegórica a Diana, a deusa da caça e ao montado alentejano. Produzido na Serralharia João Lopes Branco, em Évora. Colecção do autor.
COLHER COMUM – Em madeira, de pequenas dimensões: 15,8 cm. Transportada pelos ganhões na fita do chapéu (Museu Nacional de Etnologia).
COLHER DE PORQUEIRO – Em madeira, constituída por duas metades articuladas em torno de um eixo que é um simples prego, aparado. Numa das metades, a que incorpora a concha da colher, a mesma está ligada a uma haste que encaixa nas duas hastes da outra metade, que compreende a tampa da colher. Quando esta se encontra aberta, a tampa funciona como cabo. Porém, quando se fecha, passa a exercer a sua função. [5x3x13,5 cm (fechada) e 5x3x19,5 m aberta)]. Fechada, a colher era transportada no chapéu do utilizador, com a tampa encaixada entre a fita e o chapéu. (Colecção particular).
COLHER PARA PROVA DE COMIDA – Em madeira. Constituída por duas conchas ligadas através duma haste com um rego longitudinal e com um cabo perpendicular à haste, por onde era pegada por quem a utilizava. A concepção e utilização de uma colher com esta tipologia, remonta à época em que havia o receio de contágio por tuberculose. Deste modo, quem cozinhava a comida dos ganhões, recolhia a comida a provar com uma das conchas e inclinando a colher, fazia-a escorrer através do rego para a outra concha, donde era levada à boca para provar. 19,5x1x8,5 cm. (Colecção particular).
COLHER PARA PROVA DE VINHOS - Destinada à função que o seu nome indica. Em madeira. Finamente bordada na zona em que pode ser segura, opondo o polegar ao indicador e ao médio. Perfeita forma de coração. Pelas suas dimensões (5 x 6,8 cm) pode ser transportada sem incómodo algum, no bolso do relógio, quer do colete, quer das calças. (Colecção particular).
COLHER-GARFO – Utensílio em madeira, articulado, que desempenhava a dupla função de colher e garfo.35 cm de comprimento (Museu Nacional de Etnologia).
COPEIRO – Suporte de copo de vidro para água, confeccionado em madeira e pintado e decorado com motivos florais, à maneira de Évora. Alguns copeiros têm na parte inferior um cabide para toalha.
CORNA AZEITEIRA - Recipiente em corno, destinado ao transporte do azeite ou do vinagre que fazia parte dos avios dos pastores e dos ganhões e era confeccionada a partir dos chifres dos bois de trabalho, que apresentavam hastes de maiores dimensões. Trabalho de Joaquim Carriço Rolo (Colecção particular).
CORNA AZEITONEIRA – Recipiente em corno, destinado a transportar azeitonas ou outro conduto, manufacturado a partir da parte central do chifre, por ser a mais larga. O fundo era de cortiça aplicada sob pressão ou de madeira fixada por preguetas de latão. A tampa também podia ser de cortiça ou de madeira, por vezes decorada. Trabalho de Joaquim Carriço Rolo (Colecção particular).
COCHO – Recipiente em cortiça usado para beber água (Colecção particular).
DANÇARINO - Brinquedo popular alentejano, englobado na categoria dos fantoches.Destinado a animar grupos de pessoas ao serão ou em festas.5,5 x 2 x 21 cm. Tronco de cortiça. Cabeça e membros articulados em madeira de oliveira, que é a que melhor som produz sobre a base que funciona como piso de dança (Colecção particular).
DEDEIRAS – Canudos feitos em cana, usados pelos ceifeiros para protecção dos dedos (Colecção particular).
DEFUMADOR - Vaso perfurado, com tampa e asa, em que se queimam substâncias para perfumar ou defumar o ambiente, como é o caso de alecrim, alfazema ou erva-doce. Barro vidrado e esponjado. Fabrico do Redondo, dos finais do séc. XIX. Dimensões: Alt. 11 cm x Boca 8 cm. Colecção de António Carmelo Aires.
DOBADORA - Dispositivo
giratório, em madeira, no qual se enfia a meada da qual se quer fazer novelo. COSTUMES
ALENTEJANOS - Bilhete-postal
ilustrado nº 31, edição da Papelaria e Livraria Nazareth, Évora.
EMPEDRADO DE NISA - Técnica de decoração da louça de barro vermelho da vila homónima, que consiste em embutir na louça, pequenos fragmentos de quartzo branco, originando belos motivos decorativos, ligados à flora e fauna regionais. É uma tarefa tradicionalmente levada a cabo por mãos femininas. PRATO EM BARRO VERMELHO COM EMPEDRADO DE NISA - Diâmetro da base: 16,4 cm. Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
FANGA – Cesto de vime de duas asas, de forma tronco-cónica, de aproximadamente 50 cm a 60 cm de altura, por 40 cm de largura, usado nas regiões de Arraiolos, Aviz, Borba, Elvas, Estremoz, Évora, Montemor-o-Novo, Redondo, Sousel, etc. Para ela era transvazada a azeitona recolhida pelas mulheres envolvidas na apanha e acumulada nos “cabanejos”, igualmente cestos de vime de duas asas, de forma tronco-cónica, ainda que mais pequenos, medindo aproximadamente 30 cm de altura por 20 cm a 25 cm de largura. AZEITONEIRA – Bilhete-postal ilustrado nº 5, edição de 1942, do Centro de Novidades, Porto. Reproduz aguarela de Cesar Abott (1901-1982).
FERRADO –
Vasilha de fundo largo, tendo na parte superior um rebordo chanfrado e uma
bica. Em folha-de-flandres ou barro. Usado na recolha do leite, mungido ao
alavão (rebanho de ovelhas leiteiras). ALAVÃO ALENTEJANO. Bilhete-postal
ilustrado, edição de Gama Freixo.
FLAUTA PASTORIL – É uma flauta de bisel ou seja um aerofone de aresta. Por outras palavras é um instrumento musical de sopro, sem palheta, cilíndrico, com buracos para sete dedos e um buraco para o dedo polegar que serve como abertura de oitava. Manufacturado em cana pelo próprio pastor. PASTOR TOCANDO FLAUTA, DEBAIXO DUM SOBREIRO. Azulejo da Fábrica Aleluia, em Aveiro. Dimensões: 7,2x15,2x0,5 cm.
FOICINHEIRA – O mesmo que cabrita.
FORCA PARA FAZER CORDÃO – Utensílio em madeira para fazer cordão a partir de algodão, lã ou linho (Colecção particular).
GAIOLA PARA GRILOS – Receptáculo destinado a aprisionar grilos. Confeccionado com os mais diferentes materiais, entre os quais cana e cortiça (Colecção particular).
GANCHO DE MEIA – Utensílio em madeira ou barro, de forma, decoração e dimensões variáveis, através do qual passava o fio que era utilizado na confecção artesanal de meias (Museu Nacional de Etnologia).
GATO - Utensílio em ferro usado nas lareiras para suster os espetos de grelhados (Museu Nacional de Etnologia).
GRAVATO – Gancho de ferro encaixado na ponta de um cajado, utilizado para agarrar o gado lanígero pelas patas. ALENTEJO – (O Redondo) Pastor. Bilhete-postal ilustrado, edição do Museu de Ovar. Reproduz aguarela de Alfredo Moraes (1872-1971).
LÂMINA – Peça de arte conventual em que o registo (estampa religiosa) foi montado numa caixa pacientemente armada em vidro, de geometria variável, com as lâminas de vidro guarnecidas a papel, tecido, fitas de seda ou de algodão. Na decoração é por vezes utilizado canotilho de ouro ou prata e bordados a fio de ouro e prata. Trabalho de Guilhermina Maldonado (Colecção particular).
LOUÇA DO REDONDO – Louça produzida na vila do mesmo nome, cuja origem remontará provavelmente à segunda metade do séc. XIX. É uma loiça de barro vermelho, recoberta com uma calda de argila clara, numa tentativa de a tornar semelhante à faiança. Multi-variada nas suas formas, determinadas pelas suas funções, é uma loiça decorada com pigmentos minerais e posteriormente vidrada. PRATOS E BARRANHÕES EM LOUÇA DO REDONDO - Colecção particular.
MANTAS ALENTEJANAS - São um artefacto em lã, com séculos de existência. Eram originalmente uma espécie de cobertor usado pelos pastores alentejanos para se protegerem do frio (mantas de trabalho). Com o tempo tornaram-se uma peça essencial dos bragais da região. Actualmente, graças às suas magníficas combinações de cores e padrões, são utilizadas ainda na decoração e como colchas ou tapetes. VENDA DE MANTAS ALENTEJANAS – Algures numa feira alentejana, nos primórdios do século XX. Cliché de autor desconhecido.
MAQUINETA – peça de arte conventual, constituída por uma caixa envidraçada onde se expõem imagens devotas como o Menino Jesus ou cenas do Presépio. Os materiais e as técnicas são semelhantes aos das lâminas, só que as caixas agora têm maior volume. Trabalho de Guilhermina Maldonado (Colecção particular).
MOLDURA – Objecto em cortiça, destinado a expor fotografias (Museu Municipal de Estremoz).
MORINGUE - Vasilha de barro modelada com o auxílio da roda de oleiro e que se pode apresentar com morfologias e estilos decorativos diversificados. Os moringues têm, todavia, alguns traços comuns: uma asa para serem pegados, uma abertura afunilada para entrada de água e um bocal em forma de pipo de onde escorre a água a beber. O exemplar da figura é um moringue antropomórfico. Morfologia: cabeça de homem sorridente com pêra e usando chapéu de coco. Estilo decorativo: polido, jogando com o contraste entre a superfície baça e a que foi polida. Altura: 23 cm; Largura. 11 cm; Profundidade: 13 cm. Fabrico da Olaria Alfacinha. Estremoz, anos 40 do séc. XX. (Colecção do autor).
PAPEL RECORTADO – papel recortado à tesoura, com fins decorativos (Trabalho de Joana Simões – Estremoz (Colecção particular).
PINTADEIRAS – O mesmo que chavões (Museu Municipal de Estremoz).
PISADOR – Peça de arte pastoril em madeira, destinada a triturar coentros, poejos, alhos, etc., reduzindo-os a pasta, nomeadamente através do recurso a um gral. Dimensões (cm) – comprimento: 26,5, diâmetro máximo: 4. Colecção do autor.
POLVORINHO – Utensílio usado para guardar e transportar pólvora, bem como carregar pela boca, as armas de fogo. Em chifre, madeira e metal. Séc. XIX – XX. Comprimento: 28 cm (Museu Nacional de Arqueologia).
PRATO PEIXEIRO – Prato furado com vista a permitir o escorrimento de azeite do peixe frito. Barro vidrado com desenho esgrafitado e pintado. Fabrico de João Mestre (c. 1962-1970), Redondo. Dimensões: Alt. 4,5 cm x Diâm. 24,5 cm. Colecção do Celeiro Comum, Évora.
PRESÉPIO DE TRONO OU DE ALTAR – Presépio de Estremoz com figuras montadas em cantareira de barro, pintada à maneira tradicional das casas alentejanas. As figuras do presépio são em número de nove e encontram-se dispostas hierarquicamente em três degraus da cantareira, hierarquizadas de baixo para cima e da esquerda para a direita. Trabalho das Irmãs Flores (Colecção particular).
PÚCARO ENFEITADO – Púcaro de Estremoz, com duas asas e tampa, em barro vermelho, decorado exteriormente. Bojo decorado na parte superior por folho plissado, dum e doutro lado da peça, rematado na parte inferior de cada asa por um laço pequeno, sem pontas. Por debaixo do plissado e no eixo de simetria, um laço grande, de pontas caídas. Tampa de encaixe encimada por tufo de folhas donde emergem quatro flores com caule de arame, à semelhança do que acontece nas tampas das cantarinhas e das terrinas. Peça com função decorativa, também conhecida por “fidalgo”, uma vez que os púcaros de barro vermelho, destinados a beber água, eram de presença indispensável nas mesas de reis. Dimensões (cm) - altura: 29; diâmetro: 7,5; diâmetro da base: 6,5. Fabrico de Estremoz da Olaria Alfacinha, da 1ª metade do séc. XX. Exemplar pertencente à colecção de Rafael Maria Rúdio. Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
RONCA - Instrumento musical tradicional, rudimentar, pertencente à classe dos membranofones de fricção (Colecção particular).
SAFÕES - Meias-calças de pele de ovelha, usadas pelos pastores (séc. XIX-XX), a fim
de os proteger do frio. Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
SAMARRA – Peça de vestuário confeccionada com pele de ovelha, sem mangas e com uma aba até ao joelho. ALENTEJO – PASTOR. Bilhete-postal ilustrado nº 32 da "Série B" - Costumes Portugueses, tendo impresso no verso um selo do tipo "TUDO PELA NAÇÃO" de $25 (azul) ou de 1$00 (vermelho). A ilustração é de ALBERTO DE SOUZA (1880-1961), notável aguarelista e ilustrador, que calcorreou o país de lés a lés na primeira metade do século XX, funcionando como consciência plástica da Nação.
SARILHO - Espécie de dobadoura em madeira em que se enrolam os fios das maçarocas para fazer meadas. Observe-se que previamente uma roca permitia transformar a lã, algodão ou linho, em fio que ao ser enrolado no fuso, dava origem às maçarocas. 60,5 cm de altura (Museu Nacional de Etnologia).
SUPORTE DE
CANDEIA - Dispositivo destinado a suspensão de candeia, a encaixar em escápula fixada
na parede. Em chapa de ferro (11,3
cm x 24,5
cm ). Decoração vegetalista com ave. Colecção do autor.
TALÊGO – Saco geralmente multicolor, de tamanho variável, confeccionado pelas mulheres com as sobras dos panos usados na confecção de saias, blusas e aventais ou mesmo de roupa velha que se tinha deixado de usar (Colecção particular).
TARRETA - Recipiente em cortiça, com tampa, destinado a transportar e conservar os alimentos.
TAPETE DE ARRAIOLOS - Tapete característico de Arraiolos, bordado em lã com o chamado “ponto de Arraiolos”, sobre uma tela de juta, algodão ou linho. A sua confecção remonta ao séc. XVII, fruto da curiosidade de artesãs isoladas ou de trabalho conventual alentejano. O “ponto de Arraiolos” tem como vantagens o facto de conferir à tapeçaria a resistência e a consistência adequadas, bem como permitir a reprodução fiel de todos os desenhos geométricos, assim como da maior parte dos desenhos artísticos. TAPETE DE ARRAIOLOS (SÉC. XVIII). Bordado a lã sobre linho (112 cm x 169 cm). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.
TAREFA (TALHA) – Vasilha de grande bojo destinada a guardar líquidos (Agua, azeite, vinho). Com tampa e torneira. Barro vidrado com escorridos, desenho e inscrição, esgrafitados e pintados. Fabrico do Redondo, datado de 1927. Dimensões: Alt. 83 cm x Boca 46 cm . Colecção de António Carmelo Aires.
TARRO – Recipiente em cortiça, com tampa, destinado a transportar e conservar os alimentos. Altura 11 x Diâmetro 24 cm (Museu Nacional de Etnologia).
TESOURA
PARA TOSQUIAR - Ancestral modelo de tesoura para tosquiar ovinos. As duas
folhas da tesoura rodam por acção de forças aplicadas pela mão nas folhas.
Trata-se assim de uma tesoura que é uma alavanca inter-potente. São mais
tardios os modelos com um eixo central a assegurar a rotação das duas folhas e
com um encaixe para os dedos. Neste caso, as tesouras funcionam como alavancas
inter-fixas. Em folha de ferro. Dimensões de cada haste da tesoura: 30 cm . Colecção do autor.
TRAJE FEMININO DE NISA - A cobrir o tronco, camisa de quartilhos justa ao corpo e decote redondo, confeccionada em algodão estampado com motivos florais. As mangas são compridas, com macho na cabeça e pregas junto ao punho que abotoa com botão e aselha. Por cima da blusa, xaile bordado à mão em tecido de seda ou merino. Por baixo da cintura, saia bordada. Na cabeça um lenço de seda, lavrado com motivos florais. Nas pernas, meias de linha ou renda. Nos pés, sapatos de pele preta, biqueira redonda, apertados com atacadores de algodão. (Portugal) – Nisa. Alentejo. Bilhete-postal ilustrado, edição de C. Conseil de Vasconcelos. Tabacaria Africana – Porto.
TALHA - Vasilha de boca estreita e de grande bojo, destinada a armazenar azeite, vinho, óleo, cereais, carne, etc., e cujo uso remonta a fenícios e romanos. Havia talhas de barro para a fermentação de mostos e posterior armazenagem de vinho, de todos os tamanhos e feitios, que podiam chegar a conter 2.000 litros de mosto, com pesos rondando a tonelada e uma altura de quase dois metros. O facto de o barro ser poroso obrigava à impermeabilização da talha com pez, recorrendo a processos ancestrais, transmitidos de geração em geração, os quais conferiam particularidades distintas a cada talha de barro e consequentemente ao vinho nela contido. TALHAS PARA VINHO – Adega do Isaías, em Estremoz.
TENOR - Vasilha de barro vidrado, de base circular e plana, de corpo habitualmente semi-esférico e com duas asas, destinado a aparar a aguardente que escorre do alambique, no termo da destilação do vinho. Fabrico do Redondo, séc. XX. Dimensões (cm) - altura: 33; largura: 40; diâmetro: 43. Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
TRIPEÇA (OU BURRO) – Assento de três pés e sem respaldo, confeccionado toscamente, a partir de tronco de sobreiro ou de azinho. Dimensões (cm) : altura: 36; largura: 11; comprimento: 33. Museu de Arte Popular, Lisboa.
VINAGREIRA – Vasilha em que se prepara e guarda vinagre. Barro vidrado com desenho esgrafitado e pintado e inscrição esgrafitada. Fabrico do Redondo, da primeira metade do século XX. Dimensões: Alt. 17,5 cm x Boca 3 cm. Colecção de António Carmelo Aires.