quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Ruas de Estremoz - Os topónimos que temos


OS TOPÓNIMOS QUE TEMOS
No âmbito das freguesias de Santo André e de Santa Maria de Estremoz, os topónimos podem ser assim sistematizados: 
- AVENIDAS: 25 de Abril, 9 de Abril, Condessa da Cuba, de Santo António, Dr. Marques Crespo, Norton de Matos, Rainha Santa Isabel, Tomaz Alcaide; 
- ESTRADAS: da Estação do Ameixial, de São Domingos, do Caldeiro, Municipal 504, Municipal 508-2, Nacional 18, Nacional 4; 
- LARGOS: da Liberdade, da Praça de Touros, da República, das Portas de Évora, de Santa Catarina, de Santiago, de São José, do Espírito Santo, do Lavadouro, Dom Dinis, dos Combatentes da Grande Guerra, General Graça, Terreiro do Loureiro;  
- PRAÇAS: Luís de Camões;  
- PRACETAS: de Timor, Marechal António Spínola;  
- SERRADOS: da Martinheira, do Polido; 
- TAPADAS: do Assento, do Seruminheiro;  
- TERREIROS: do Barguilha; 
- TRANSVERSAIS: à Rua Frei Agostinho Santa Maria; 
- TRASEIRAS: da Rua Alexandre Herculano, da Rua do Outeiro, da Rua do Peixeiro, da Rua Frei Agostinho de Santa Maria;  
- TRAVESSAS: Brito Capelo, da Levada, da Rua 1º de Maio, da Rua de São Pedro, de São José, do Antigo Caminho da Glória, do Outeiro, do Panaças, do Pintassilgo;  
- URBANIZAÇÕES: de Mendeiros das Vinhas, do Campo da Feira, do Monte da Pistola, do Monte da Razão;  
- VILAS: Celeste, Maria da Boa Fé; 
- ZONAS: Industrial;  
- ROSSIOS: Marquês de Pombal;  
- RUAS: 1º de Dezembro, 1º de Maio, 20 de Janeiro, 31 de Janeiro, 5 de Outubro, Alexandre Herculano, Alves Redol, Américo Carapeto, António Sérgio, Batalha do Ameixial, Bento de Jesus Caraça, Brito Capelo, Capitão Mouzinho de Albuquerque, da Aboboreira, da Caldeira, da Campainha, da Cega, da Cruz Vermelha, da Estalagem, da Frandina, da Freirinha, da Guiné, da Ladeira, da Manutenção Militar, da Misericórdia, da Pena, da Restauração, da Sub-Estação, da Venezuela, das Almas, das Meiras, de Angola, de Diu, de Goa, de Macau, de Moçambique, de Santo André, de Santo Antonico, de Santo António, de São Brás, de São Domingos, de São Francisco Xavier, de São Miguel, de São Pedro, Direita, do Afã, do Alentejo, do Almeida, do Arco, do Arco de Santarém, do Arco Zagalo, do Lavadouro Municipal, do Marmelo, do Nine, do Outeiro, do Peixeiro, do Pintor, Dom Afonso III, dos Banhos, dos Carvoeiros, dos Fidalgos, dos Fundadores, dos Heróis da Índia, dos Malcozinhados, dos Olivais, dos Quartéis, Dr. Afonso Costa, Dr. Gomes de Resende Júnior, Dr. Paulo Lencastre, Florbela Espanca, Frei Agostinho de Santa Maria, General Humberto Delgado, Gonçalo Velho, João de Sousa Carvalho, João Silva Tavares, Joaquim Fortio, José Félix Ribeiro, José Maldonado Cortes, Liberdade da Conceição, Machado dos Santos, Magalhães de Lima, Muralhas de Santarém, Narciso Ribeiro, Nossa Senhora da Conceição, Nova do Castelo, Pablo de Neruda, Património dos Pobres, Pedro Afonso, Porta da Lage, Professor Egas Moniz, Projectada à Tomaz Alcaide, Rainha Santa Isabel, Sebastião da Gama, Senhora do Carmo, Tenente Braga Gonçalves, Timóteo da Silveira, Vasco da Gama, Victor Cordon; 
- BECOS: da Rua de São Pedro, do Bairro Operário;  
- CALÇADAS: da Frandina;  
- FONTES: do Imperador, Nova, Velha; 
- OUTROS TOPÓNIMOS: Azenha do Porto, Bilrões, Casa dos Cantoneiros, Casal de São José, Casas Novas, Ferrarias, Frandina, Mares de Cima, Mártires, Olival da Adega do Perdigão, Outeiro da Cabeça, Pocinho, Sub-Estação da EDP. 
Na parte rural da Freguesia de Santa Maria existem ainda topónimos com designação genérica de HORTAS (8), MONTES (104) e QUINTAS (25), com designações específicas consignadas pela tradição e que pelo seu elevado número, nos dispensamos de enumerar aqui, o que seria fastidioso.

CONTINUA

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O "Nada" pode ser o "Tudo".

                                     Não acredito em nada. As minhas crenças
                                                 Voaram como voa a pomba mansa;
                                                 Pelo azul do ar. E assim fugiram
                                                 As minhas doces crenças de criança.

                                                    Florbela Espanca in Aos olhos dele.


Por vezes experimentamos um dia de “Nada”, como se o “Vazio” tivesse tomado conta de nós próprios. É um estado de Alma que nos pode consumir e submergir em remoinhos de pensamento que nos conduzem inexoravelmente em direcção às profundidades da escuridão. Todavia, também poderá colher a nossa repulsa, se formos capazes de emergir de tal estado, fruto da intrepidez do nosso querer.
O "Nada" pode ser o "Tudo". Só depende de nós próprios e da força anímica que nos permite dar o “Salto”. E quando sentirmos o "Tudo" bem arreigado no âmago das paredes da nossa “Alma Sideral”, nada nos poderá deter. As fronteiras frementes do Universo em expansão serão, porventura, o único limite físico à nossa acção. Nessa altura, Senhores de Nós Próprios, nada nos deterá, porque nada pode deter, nem o Espaço nem o Tempo, nem esta ânsia que nos vem de baixo, da Matriz Primordial da Terra-Mãe que nos pariu e que nos há-de consumir, porque essa é a essência das coisas que contam. É preciso morrer para renascer de novo. Foi Spartacus que disse na altura da morte:
- Voltarei e serei milhões.
Pela minha parte direi:
- Mulher, gosto de ti!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Carretilhas

Carretilhas em latão. Da esquerda para a direita, Fig. 1 a Fig. 5. Colecção do autor.

A “carretilha” [do castelhano carretilha, segundo (8), citado por (6)] é um ancestral instrumento de cozinha, cujo começo de utilização se perde na memória dos tempos. A primeira referência que conhecemos a este artefacto foi registada por Bluteau (3) que o define assim: “Pequena roda de metal, com seu eixo, que serve para lavrar bolos, pastéis e outras massas”. Segundo Aulete (1), “recortilha” e “cortilha” são sinónimos de “carretilha”.
Trata-se de um artefacto de cozinha constituído por uma roda dentada circular, em forma de roseta, que gira num eixo encabado e que é impulsionado pela mão humana. Com ele se recorta ou pontilha, deixando em lavor, a massa de forrar pastéis, bolos, biscoitos e doces. Como tal é utilizado por confeiteiros, pasteleiros, doceiros ou simples donas de casa.
O recorte ou o pontilhado executa-se colocando a carretilha sobre a massa e fazendo-a avançar através de força exercida no respectivo cabo. A resistência oferecida pela massa é vencida tanto mais facilmente quanto menos inclinado estiver o cabo em relação ao plano de assentamento da massa. Quanto ao recorte é tanto mais acentuado, quanto mais espaçados e fundos forem os dentes. É exactamente o contrário do que se passa com as carretilhas com dentes pouco espaçados e poucos profundos, que assim são mais adequadas para pontilhar a massa.
A massa que sobra após cada recorte é reaproveitada, sendo novamente tendida com o rolo e utilizada no ciclo de confecção.
As carretilhas têm sido confeccionadas nos materiais mais diversos: latão (as mais antigas – Fig. 1 a Fig. 5), marfim, marfim com cabo de madeira (Fig. 6), madeira (Fig. 7) e folha de Flandres com cabo de madeira. Modernamente surgiram integralmente em aço inox ou em aço inox com cabo de plástico.
Naturalmente que independentemente das suas funções equivalentes, as carretilhas mais nobres e imponentes são as mais antigas, de latão, que na sinuosidade do seu recorte, guardarão porventura, entre outros, segredos relativos a doces ou não, que ficaram para todo o sempre confinados às espessas paredes das cozinhas conventuais.


BIBLIOGRAFIA
(1) - AULETE, Caldas. Diccionario Contemporâneo da Língua Portuguesa (1ª edição). 2 vol. Parceria António Maria Pereira, Lisboa, 1881.
(2) - BASTOS, J.T. da Silva. Diccionário Etymológico, Prosódico e Orthográphico da Língua Portugueza (2ª edição). Parceria António Maria Pereira, Lisboa, 1928.
(3) - BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino: aulico, anatomico, architectonico ... 8 vol. Collegio das Artes da Companhia de Jesus. Coimbra, 1712 - 1728.
(4) - FIGUEIREDO, Cândido de. Novo Diccionário da Língua Portuguesa (1ª edição). 2 vol. Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1899.
(5) - HOUAISS, António e al. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 6 vol. Círculo de Leitores. Lisboa, 2003.
(6) - MACHADO, José Pedro Machado. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (5ªedição). 5 vol. Livros Horizonte. Lisboa, 1989.
(7) - MACHADO, José Pedro Machado. Grande Dicionário da Língua Portuguesa. 6 vol. Publicações Alfa. Lisboa, 1991.
(8) SILVA, Antonio de Moraes. Diccionario da língua portuguesa recopilado dos vocabulários impressos até agora, e nesta segunda edição novamente emendado, e muito acrescentado, por Antonio de Moraes Silva. Typografia Lacerdina. Lisboa, 1813.
(9) - VITERBO, Joaquim de Santa Rosa de. Elucidário das Palavras, Termos e Frases. Edição Critica de Mário Fiúza. 2 vol. Livraria Civilização. Porto, 1966.


Carretilhas em marfim e madeira e em madeira.
Da esquerda para a direita, Fig. 6 a Fig. 7.
Colecção do autor.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ruas de Estremoz - A Toponímia


A TOPONÍMIA
As ruas são espaços públicos multifuncionais. Por eles transitam fluxos de pessoas, veículos e animais. São espaços de passeio, de convívio, de cavaqueira, de aprendizagem, de trabalho, de negócio, de cultura, de prática desportiva, lúdicos, de prazer e, para os mais desafortunados, o único espaço de que dispõem para viver, comer e dormir.
De acordo com a Bíblia Sagrada, “No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Génesis 1,1). Contudo, a rua é obra do Homem, surgiu com a formação de aglomerados urbanos e foi adquirindo, conforme as necessidades, várias roupagens que se entrelaçaram numa urdidura e numa trama, que constituem a malha topográfica da nossa urbe. Dela ressaltam entre outros, aglomerados de casas que são: alamedas, altos, arruamentos, azinhagas, avenidas, bairros, becos, calçadas, caminhos, campos, cantinhos, cantos, escadarias, escadas, escadinhas, estradas, jardins, ladeiras, largos, parques, praças, pracetas, rossios, rotundas, ruas, terreiros, transversais, traseiras, travessas, urbanizações, vielas e zonas.
Todos eles são espaços de partilha sociológica, pelo que é natural que nos preocupemos com a natureza do pavimento, o seu estado de conservação e limpeza, bem como com o escoamento adequado das águas pluviais ou a remoção dos resíduos urbanos.
O equilíbrio e a harmonia da vida citadina passa pela fluidez dos fluxos de pessoas e veículos, nem sempre facilitados, devido a estacionamento selvagem ou ocupação indevida da via pública por toda uma parafernália de objectos, estruturas e equipamentos, que na prática são obstáculos e que funcionam, como barreiras arquitectónicas para cegos, idosos e deficientes motores.
A rua e a gestão humana da mesma nos seus múltiplos aspectos não é assim de somenos importância. Por isso, a maior parte de nós preocupa-se com estas questões. Todavia, para além destas, há outras questões igualmente importantes. Tal como nós, as ruas têm que ter nome. É uma prática que se perde na memória dos tempos. E é interessante saber porque é que uma determinada rua tem um nome e não outro qualquer.
Estudar e conhecer a razão de ser dessas designações faz parte da “Toponímia”, encarada como o estudo histórico ou linguístico da origem dos nomes próprios dos lugares. Estes estão profundamente ligados aos valores culturais das populações, reflectindo os sentimentos e a personalidade das pessoas que aí habitam e ao perpetuarem factos, eventos, datas históricas, figuras de relevo, épocas, usos e costumes, acontecimentos locais, assumem-se como um dos aspectos mais relevantes da preservação da nossa identidade cultural, que não pode nem deve ser descaracterizado. Daí que a escolha, atribuição e alteração dos nomes dos lugares (topónimos) se deva rodear de cuidados muito específicos e pautar-se por critérios de rigor, coerência, isenção e seriedade, única forma de garantir que a memória das populações não seja irremediavelmente apagada.
A toponímia e com ela a numeração de edifícios constituem formas de identificação, orientação, comunicação e localização de imóveis urbanos e rústicos e de referenciação de localidades e sítios. Enquanto área de intervenção tradicional do poder local, é reveladora da forma como a Câmara Municipal encara o património cultural.
Em cada município, a competência da atribuição de nomes às ruas pertence à Câmara Municipal, com base num “Regulamento Municipal de Toponímia e de Numeração de Polícia”, aprovado em Assembleia Municipal.
Como surgem então os nomes das ruas?
A Assembleia Municipal e as Juntas de Freguesia poderão apresentar à Câmara, propostas de recomendação de determinados nomes. O mesmo poderá ser efectivado por associações de moradores, associações culturais e desportivas, grupos de cidadãos ou munícipes a título individual. Todavia, antes da decisão da Câmara Municipal, as propostas serão apreciadas pelo Comissão Municipal de Toponímia, cuja composição mínima, inclui entre nós, um eleito da Câmara Municipal, um representante da Junta de Freguesia da área geográfica da rua e um representante dos CTT.

CONTINUA

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Gabriela

 
Sónia Braga em “Gabriela, Cravo e Canela”, a primeira telenovela transmitida em Portugal.


A Telenovela “Gabriela” agitou e influenciou a sociedade portuguesa. Agora que se aproxima do fim, foi-me pedido  por um órgão de imprensa local, um comentário sobre a mesma. Aqui fica o seu registo:

Não vi esta “Gabriela”, já que usufruo dum razoável mecanismo de auto-defesa em relação à colonização cultural dos macrocéfalos e gigantescos “Mídia” brasileiros, entre outros.
A gestão do meu tempo lúdico não passa por aí. Para mim, a lusofonia passa por não nos deixarmos colonizar. A meu ver, a lusofonia deve passar também pela afirmação da portugalidade e da nossa identidade cultural nacional, num espaço multicultural de partilha, onde os mais poderosos não se possam servir dos mais fracos, vendendo a mercadoria que têm para vender em cada momento. Para tal criam necessidades de consumo, recorrendo a um marketing condicionador, violento e fascista. Depois argumentam que é o mercado e a gente sabe bem, por experiência de corpo e alma, àquilo a que o mercado nos conduz.
Para além disto, não posso deixar de referir a telenovela “Gabriela, Cravo e Canela”, a primeira telenovela começada a transmitir em Portugal, nos longínquos anos 77, quando no rescaldo do 25 de Novembro, os portugueses se procuravam adaptar à liberdade consentida pela tropa vencedora do confronto, bem como pelos respectivos mentores da sociedade civil.
A primeira telenovela brasileira em Portugal foi um fascínio e o país parava à hora da sua transmissão, não só encantado pelo enredo de Jorge Amado, mas sobretudo pela sensualidade de Sónia Braga, que nos enchia as medidas.
36 anos depois não consigo ver as telenovelas brasileiras da mesma maneira. Se o fizesse seria míope e isso não sou. Sou um defensor intransigente da produção nacional, em detrimento dos enlatados que nos disponibilizam em nome da lusofonia.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Contra a Troika, marchar, marchar.

O Quarto Estado (1901).
Giuseppe Pellizza da Volpedo (1868-1907).
Óleo sobre tela (293 x 545 cm).
Civica Galleria d'Arte Moderna, Milano.

As ruas são espaços públicos multifuncionais. Por eles transitam fluxos de pessoas, veículos e animais. São espaços de passeio, de convívio, de cavaqueira, de aprendizagem, de trabalho, de negócio, de cultura, de prática desportiva, lúdicos, de prazer e, para os mais desafortunados, o único espaço de que dispõem para viver, comer e dormir.
Para além disso, são também espaços de protesto e de luta. Nesse sentido têm que ser utilizados contra as novas orientações da Troika e do (des)Governo) daqueles que nos (des)governam.
- VOLTEMOS À RUA, DE UMA VEZ POR TODAS!
- COMBATAMOS QUEM NOS QUER MANDAR PARA O INFERNO!
- MOSTREMOS O INVERNO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO!

domingo, 6 de janeiro de 2013

Adagiário do ano


Cenografia do sistema mundial de Copérnico, mapa celeste do cartógrafo Andreas Cellarius
(c. 1596-1665), conhecido pelo seu Harmonia Macrocosmica de 1660, um atlas celeste publicado
 por Johannes Janssonius em Amsterdão. Neste mapa vêem-se as posições relativas dos planetas em
relação ao Sol, as respectivas órbitas e os planos astrológicos completados com os signos do Zodíaco.

Conceito de ano
O ano é o período de tempo que a Terra gasta a fazer uma revolução completa em torno do Sol. Os anos têm uma duração aproximada de 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos. Todavia como não pode haver todos os anos um 366º dia com as cerca de 6 horas sobrantes, no calendário gregoriano efectua-se, a cada quatro anos, um acerto no calendário e adiciona-se mais um dia ao ano, sendo que este ano se denomina bissexto.
É habitual falar-se também em ano agrícola. Tradicionalmente, o início deste, como de toda a faina agro-pastoril, não tinha data marcada. Começava com as primeiras chuvas do Outono, que surgiam mais ou menos pelo São Miguel, a 29 de Setembro. Actualmente em termos de gestão agrícola, ano agrícola é o período de tempo correspondente à plantação, colheita e comercialização da safra agrícola.
Fala-se ainda de tempo agrícola ou seja a época do ano que é melhor para se realizar uma determinada cultura, obtendo assim o melhor aproveitamento do solo.
O adagiário do ano é vasto e foi por nós sistematizado em cinco grandes grupos:
- O ano como medida do tempo
- Qualificação do ano
- O contexto social
- Adjectivação do ano agrícola
- Adagiário do ano e meses agrícolas
Passemos cada um desses grupos em revista.

O ano como medida do tempo
O ano é uma unidade usada como medida de tempo:
- Maior é o ano que o mês.
- Não há mal que cem anos dure, nem bem que os ature.
- O que perde o mês, não perde o ano.
- Quem veste ruim pano, veste duas vezes no ano.
- Remenda o pano, durar-te-há outro ano.
- Uma sebe dura três anos, três sebes um cão, três cães um cavalo, três cavalos um homem, três homens um corvo, três corvos um elefante.

Qualificação do ano
O ano pode ser qualificado de bom:
- Ano bom passa rápido.
- Em bom ano e em mau ano, aveza bem o papo.
- Quem bem se estreia, bom ano lhe venha.
Pode também ser qualificado de mau:
- Longo e estreito, como o ano mau.
- Mau ano hás de aguardar, por não empeorar.
- Mau ano hás-de aturar, com medo de piorar.
- Não há mau ano por muito pão.
- Não há mau ano por pedra, mas ai de quem acerta.
- O mau ano entra nadando.
- O mau ano tem os dias longos.
Pode igualmente ser qualificado de caro:
- Ano caro, padeira em todo o cabo.
Pode ainda ser qualificado de novo:
- Ano novo, vida nova.
Pode até ser qualificado de tardio:
- Antes ano tardio do que vazio.
- Melhor é ano tardio que ano vazio.
Todavia há quem dê o conselho:
- Não digas mal do ano até que seja passado.

O contexto social
Como lapso de tempo, o ano é determinante no contexto social:
- A boa safra de uvas dum ano compensa a má do outro ano.
- Ao cabo de um ano, tem o criado as manhas do amo.
- Foi Maria ao banho, teve que contar todo o ano.
- Homem necessitado, cada ano apedrejado.
- Juiz da aldeia, um ano no mando, outro na cadeia.
- Mais pró faz o ano que o campo bem lavrado.
- Metade do ano, com arte e engano; outra metade, com engano e arte.
- O longo uso dos anos se converte em natureza.
- Os anos dão experiência.
- Pão e vinho, um ano meu outro do meu vizinho
- Quem num ano quer ser rico, ao meio o enforcam.
- Um ano de Coimbra vale por três de tarimba.
- Uma vez no ano, essa com dano.

Adjectivação do ano agrícola
O contexto agro-pastoril leva a adjectivar o ano agrícola de múltiplas formas. Assim, o ano é:...de amargura, ...de ameixas, ...de beberas,...de bugalhos,...chuvoso,...de corrilhão, ...de fartura,...de lavrador, ...de linho,...de muito chocalho,...de neve,...de ovelhas,...de pão,...de peras,...de pouco pasto,...de queixas,...de trabalhos,...de trigo,...de vinho. É o que mostram os adágios:
- Ano de ameixas, ano de queixas.
- Ano de bêberas nem de peras, nunca o vejas.
- Ano de bugalhos, ano de trabalhos.
- Ano de corrilhão, ano de pão.
- Ano de fartura, ano de amargura.
- Ano de lavrador, não é de pescador.
- Ano de linho, ano de vinho.
- Ano de muito chocalho e pouco pescoço.
- Ano de neve, paga o que deve.
- Ano de neves, ano de bens.
- Ano de neves, muito pão e muitas crescentes.
- Ano de ovelhas, ano de abelhas.
- Ano de pouco pasto, de muito rasto.
- Ano de trigo, ano de peras.
- Em ano bom o grão é feno e em ano mau a palha é grão.
- Em ano chuvoso, o diligente é preguiçoso.
- Em ano chuvoso, todo o diligente é preguiçoso.
- Em ano de fome não há ruim pão.
- Em ano geado há pão dobrado.

Adagiário do ano e meses agrícolas
 No adagiário português, o adagiário do ano tem a ver predominantemente com os meses agrícolas e as fainas agro-pastoris. Temos assim:
JANEIRO
- Água de Janeiro, todo o ano tem concerto.
- Janeiro geoso e Fevereiro chuvoso fazem o ano formoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevado, Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem o ano abundoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso, Março mulinhoso, Abril chuvoso, Maio ventoso, fazem o ano formoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso. Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem um ano abundoso.
- O bom tempo de Janeiro faz o ano galhofeiro.
- Se gela no São Suplício, haverá ano propício
FEVEREIRO
- Chuva em Dia das Candeias, ano de ribeiras cheias.
- Fevereiro chuvoso faz o ano formoso.
- Janeiro geoso e Fevereiro chuvoso fazem o ano formoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevado, Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem o ano abundoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso, Março mulinhoso, Abril chuvoso, Maio ventoso, fazem o ano formoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso. Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem um ano abundoso.
MARÇO
- Janeiro geoso, Fevereiro nevado, Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem o ano abundoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso, Março mulinhoso, Abril chuvoso, Maio ventoso, fazem o ano formoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso. Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem um ano abundoso.
- Março amoroso, Abril chuvoso, Maio ventoso, São João calmoso, fazem o ano formoso.
- Março amoroso, Abril ventoso e Maio remeloso, fazem o ano formoso.
- Março chuvento, ano lagarento.
- Não choveu até ao dia de S. José, ano de seca é.
- Natal ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso.
- Nos bons anos agrícolas, o Natal passa-se em casa e a Páscoa na rua.
- Para o ano ser bom, passar o Natal na rua e a Páscoa em casa.
ABRIL
- A ti, chova todo o ano, e a mim, Abril e Maio.
- Abril chuvoso e Maio ventoso fazem o ano formoso.
- Abril e Maio são as chaves de todo o ano.
- Abril e Maio, chaves do ano.
- Abril molhado, ano abastado.
- Chova-te o ano todo, mas a mim, Abril e Maio.
- Em Abril e Maio, moenda para todo o ano.
- Entre Abril e Maio, moenda para todo o ano.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevado, Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem o ano abundoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso, Março mulinhoso, Abril chuvoso, Maio ventoso, fazem o ano formoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso. Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem um ano abundoso.
- Março amoroso, Abril chuvoso, Maio ventoso, São João calmoso, fazem o ano formoso.
- Março amoroso, Abril ventoso e Maio remeloso, fazem o ano formoso.
- Natal ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso.
- Nos bons anos agrícolas, o Natal passa-se em casa e a Páscoa na rua.
- Para o ano ser bom, passar o Natal na rua e a Páscoa em casa.
- Quem em Abril não varre a eira e em Maio não rega a leira, anda todo o ano em canseira.
MAIO
- A chuvinha da Ascensão todo o ano dará pão.
- A ti, chova todo o ano, e a mim, Abril e Maio.
- Abril chuvoso e Maio ventoso fazem o ano formoso.
- Abril e Maio são as chaves de todo o ano.
- Abril e Maio, chaves do ano.
- Água de Maio, pão para todo o ano.
- Chova-te o ano todo, mas a mim, Abril e Maio.
- Do mês de Maio o calor, de todo o ano, o valor.
- Em Abril e Maio, moenda para todo o ano.
- Em Maio, o calor, a todo o ano dá valor.
- Entre Abril e Maio, moenda para todo o ano.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevado, Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem o ano abundoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso, Março mulinhoso, Abril chuvoso, Maio ventoso, fazem o ano formoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso. Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem um ano abundoso.
- Maio chocoso e Junho claroso, fazem o ano formoso.
- Maio chocoso, ano formoso.
- Maio chuvoso torna o ano formoso.
- Maio chuvoso, ano formoso.
 - Maio claro e ventoso, faz o ano rendoso.
- Maio frio e ventoso, faz o ano formoso.
- Maio pardo e ventoso, faz o ano formoso.
- Maio pardo e ventoso, faz o ano venturoso.
- Maio pardo, ano claro.
- Maio pardo, ano farto e ventoso, ano formoso.
- Maio pardo, ano farto.
- Maio pardo, faz o ano farto.
- Maio ventoso, ano formoso.
- Maio ventoso, ano rendoso.
- Maio venturoso, ano venturoso.
- Março amoroso faz o ano formoso.
- Março amoroso, Abril chuvoso, Maio ventoso, São João calmoso, fazem o ano formoso.
- Março amoroso, Abril ventoso e Maio remeloso, fazem o ano formoso.
- Quando em Maio arrulha a perdiz, ano feliz.
- Quando em Maio não troa, não é ano de broa.
- Quem em Abril não varre a eira e em Maio não rega a leira, anda todo o ano em canseira.
- Sáveis em Maio, maleitas todo o ano.
JUNHO
- Junho calmoso, ano formoso.
- Junho chuvoso traz ano perigoso.
- Maio chocoso e Junho claroso, fazem o ano formoso.
- Março amoroso, Abril chuvoso, Maio ventoso, São João calmoso, fazem o ano formoso.
JULHO
- Julho calmoso faz o ano formoso.
AGOSTO
-  Corra o ano como for, haja em Agosto e Setembro calor.
SETEMBRO
- Corra o ano como for, haja em Agosto e Setembro calor
- Para o ano não ir mal, hão-de os rios três vezes encher, entre o São Mateus e o Natal.
- Para que o ano não vá mal, hão-de encher os rios três vezes entre S. Mateus e o Natal.
- Quem planta no Outono leva um ano de abono.
- Se houvesse dois S. Miguéis no ano, não havia moço que parasse no amo.
OUTUBRO
- Outubro chuvoso faz ano venturoso.
- Para o ano não ir mal, hão-de os rios três vezes encher, entre o São Mateus e o Natal.
- Para que o ano não vá mal, hão-de encher os rios três vezes entre S. Mateus e o Natal.
- Quem planta no Outono leva um ano de abono.
NOVEMBRO
- Para o ano não ir mal, hão-de os rios três vezes encher, entre o São Mateus e o Natal.
- Para que o ano não vá mal, hão-de encher os rios três vezes entre S. Mateus e o Natal.
- Pelo São Martinho prova o teu vinho; ao cabo de um ano já te não faz dano.
- Quem planta no Outono leva um ano de abono.
- Se em Novembro ouvires trovão, o ano que vem será bom.
DEZEMBRO
- Assim como vires o tempo de Santa Luzia ao Natal, assim estará o ano, mês a mês até ao final.
- Em Dezembro quem vai ao São Silvestre, vai um ano, vem no outro e não se despe.
- Não há ano, afinal, que não tenha o seu Natal.
- Natal ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso.
- Nos bons anos agrícolas, o Natal passa-se em casa e a Páscoa na rua.
- O ano vai mal, se não há três cheias antes do Natal.
- Para o ano não ir mal, hão-de os rios três vezes encher, entre o São Mateus e o Natal.
- Para o ano ser bom, passar o Natal na rua e a Páscoa em casa.
- Para que o ano não vá mal, hão-de encher os rios três vezes entre S. Mateus e o Natal.
- Quem planta no Outono leva um ano de abono.