segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tempo para falar do tempo


Vénus, Cupido e o Tempo (Alegoria da Luxúria) (1540-1545). Agnolo Bronzino
(1503-1572). Óleo sobre Madeira (147 x 117 cm). National Gallery, London.

A História é um relato crítico dos acontecimentos do passado, no qual o Homem foi o actor principal. Não há História sem Homem, como também não há História, sem espaço e sem tempo, variáveis físicas indispensáveis à caracterização dos cenários onde decorre a acção. A História é assim um fluxo de acontecimentos que se sucedem na teia quadrimensional espaço-temporal, onde estamos inseridos, seja por graça de Deus ou fruto do Big-Bang. Para o caso tanto faz.
Vejamos o que sobre o tempo nos diz a nossa Literatura de Tradição Oral. A nível do Adagiário Português, múltiplas sentenças proclamam que o tempo é algo que flui:
- “O tempo é ligeiro e não há barranco que o detenha.”
- “O tempo que vai não volta.“
- “O que o tempo traz, o tempo leva.“
- “O tempo corre e tudo descobre.“
- “O tempo é o relógio da vida.“
Outros adágios sublinham o valor do tempo:
-“ O tempo não é elástico.“
- “Sem tempo nada se faz.“
- “O tempo é dinheiro.“
Por outro lado, existem também provérbios que nos advertem relativamente à perda de tempo:
– “Quem o tempo sabe poupar, muito tem a ganhar.“
– “O tempo perdido não se recupera “
- “Quem tem tempo e tempo espera, tempo perde.“
Finalmente existem aforismos relativos às mudanças de tempo:
– “Mudam-se os tempos, mudam os pensamentos.“
– “Mudam-se os tempos, mudam as vontades.“
– “Outros tempos, outros costumes.“

A nível de lengalengas, é bem conhecida a seguinte:

O TEMPO

“O tempo pergunta ao tempo
Quanto tempo o tempo tem.
O tempo responde ao tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Quanto tempo o tempo tem.”

O tempo mede-se em “horas”, que têm como submúltiplos o “minuto” e o “segundo” e, como múltiplos, o “dia”, a “semana”, o “mês”, o “ano”, o “século” e o “milénio”. Algumas destas unidades de tempo são referidas no Adagário Português:
Minutos
- “Amizade de um dia, recordação de um minuto.”
- “Mais vale ficar vermelho cinco minutos, que amarelo toda a vida.”
- “Mais vale perder um minuto na vida do que a vida num minuto.”
Horas
- “De uma hora para a outra, cai a casa. “
- “Em má hora nasce, quem má fama alcança.”
- “Há horas do Diabo.”
- “Há horas felizes.”
- “Há horas para tudo.”
- “Todos têm a sua hora.”
- “Uma hora melhora outra.”
Dias
- “Ainda não se acabou o dia de hoje.”
- “Amizade de um dia, recordação de um minuto.”
- “Bons dias em Janeiro pagam-se em Fevereiro." “
- “De manhã se faz o dia.”
- “Fevereiro coxo, em seus dias vinte e oito."
- “Há mais dias que linguiças." “
- “Mais criam dias que meses." ““
- “Nada como um dia depois do outro.
- “Não há como um dia depois do outro.”
- “Nem todos os dias há carne gorda."
- “O dia de amanhã, ninguém viu.”
- “Os dias são do mesmo tamanho, mas não se parecem”
- “Quando a fome aperta, os minutos parecem séculos.”
- “Roma e Pavia não se fizeram num dia.”
- “Tudo tem seu dia.”
- “Um hóspede ao cabo de três dias enjoa.”
Semanas
- “A semana do trabalhador tem seis dias, a do preguiçoso seis manhãs.”
- “Não há semana sem quinta-feira.”
- “Quem à semana bem parece, ao domingo aborrece.”
- “Se esta semana é curta, sete dias traz a outra.”
Meses
- “A água falta nos meses, mas nunca falta no ano."
- “De pendão a grão, trinta dias são.”
- “Deixar correr trinta dias por um mês.”
- “Mais criam dias que meses."
- “Todo o mês volta outra vez.”
Anos
- "A água falta nos meses, mas nunca falta no ano."
- "Antes ano tardio do que vazio."
- "Ao ano andar, aos dois falar." “
- “A velhice não está nos anos.”
- “Ao moço e ao galo, um ano.”
- “Atrás de ano, ano vem.”
- “Os anos não perdoam.”
Séculos
- “A História se repete através dos séculos.”
- “De século em século, a História repete-se.”
- “Largos dias têm cem anos.”
- “Quando a fome aperta, os minutos parecem séculos.”

Segundo a Mitologia Popular Portuguesa, o tempo de vida de uma pessoa tem a ver com o dia de nascimento e a sua orientação geográfica ao dormir:
- Quem nasce em dia de Natal, vive muito tempo. [1]
- É bom dormir com a cabeça para o Nascente, porque se vive muito tempo, de acordo com o adágio:
“Cabeça para o Nascente
E pés para o Poente,
Viver eternamente.” [1]
A Mitologia Popular Portuguesa refere-se também à simultaneidade de acontecimentos, a qual pode ser benéfica:
- Se duas pessoas abrirem a boca ao mesmo tempo, hão-de ser compadres ou vizinhos. [1]
Todavia, a simultaneidade de acontecimentos pode ser malévola:
- Se duas ou mais pessoas lavam as mãos ao mesmo tempo na mesma bacia, ou se limpam à mesma toalha, nesse dia jogam à pancada. [1]
- Se dois casamentos se fazem ao mesmo tempo, um deles há-de ser infeliz porque a felicidade foge inteiramente para o outro. [1]
- Se duas pessoas bebem água ao mesmo tempo, uma delas adoece. [1]
- Quando na mesma terra, dois relógios dão horas ao mesmo tempo, é sinal que aí está para morrer alguém. [1]
O tempo é tema central de telas criadas por grandes nomes da pintura universal, dos quais destacamos, agrupados por períodos:
- RENASCENTISMO: Domenico di Michelino (1417-1491), italiano; Agnolo Bronzino (1503-1572), italiano
- MANEIRISMO: Gian Battista Zeloti (c. 1526-1578), italiano;
- BARROCO: Simon Vouet (1590-1649), francês; Pietro Liberi (1605-1687), italiano; Jean-François de Troy (1679-1752), francês; François Lemoyne (1688-1737), francês;
- RÓCÓCÓ: Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770), italiano;
- ROMANTISMO: Francisco de Goya y Lucientes (1746-1828), espanhol;
“Porque o tempo gasta tudo” e “Tempo bastante sempre é pouco”, julgo chegado o tempo de dar por terminado este texto..

BIBLIOGRAFIA
[1] - CONSIGLIERI PEDROSO, “Supertições Populares”, O Positivismo: revista de Filosofia, Vol. III. Porto, 1881.

O Triunfo da Fama, o Triunfo do Tempo e o Triunfo da Eternidade. Domenico di Michelino
(1417-1491). Tempera sobre painel em fundo dourado (42 x 177 cm). Colecção privada.

O Tempo, as Virtudes e a Inveja Libertada pelo Diabo (c. 1553). Gian Battista Zeloti (c.1526-1578).
Óleo sobre tela. Palazzo Ducale, Venice. 

O Pai Tempo Dominado pelo Amor, pela Esperança e pela Beleza (1627). Simon Vouet (1590-1649).
Óleo sobre tela (107 x 142 cm). Museo del Prado, Madrid. 

O Tempo Vencido pela Verdade (c. 1665). Pietro Liberi (1605-1687). Óleo sobre tela (114 x 157 cm).
Colecção privada.

Uma Alegoria ao Tempo Revelando a Verdade (1733). Jean-François de Troy (1679-1752).
Óleo sobre tela. National Gallery, London.

O Tempo salvando a Verdade da Falsidade e da Inveja (1737). François Lemoyne (1688-1737).
Óleo sobre tela (149 x 114 cm, alargado para 181 x 148 cm). Wallace Collection, London. 

Uma Alegoria com Vénus e o Tempo (1754-1758). Giovanni Battista Tiepolo
(1696-1770). Óleo sobre tela (292 x 190 cm). National Gallery, London.

O Tempo e as Velhas Mulheres (1810-1812). Francisco de Goya y Lucientes
(1746-1828). Óleo sobre tela (181 x 125 cm). Musée des Beaux-Arts, Lille.

domingo, 25 de setembro de 2011

Viver é preciso!


CORRENTES DE ÁGUA. Paisagem com rio (1778). Jacob Philipp Hackert (1737-1807)
Óleo sobre tela (64,5 x 88,5 cm). Szépmûvészeti Múzeum - Budapest.

FLUXOS DOS QUATRO ELEMENTOS PRIMORDIAIS
De acordo com a da Teoria dos Quatro Elementos do filósofo grego Empédocles (495/490 - 435/430 a.C.), tudo o que existe na natureza é constituído por quatro princípios primordiais: água, ar, fogo e terra.
Passageiros do Universo, na condição de habitantes do planeta Terra, estamos rodeados de fluxos desses quatro elementos primordiais:
- Em primeiro lugar, correntes de água, através das quais esta se move de uma região de maior potencial gravítico, para outra de menor potencial gravítico. Por outras palavras, a água flui por acção da gravidade.
- Para além dadas correntes de água, temos os ventos que são fluxos de massas de ar que se deslocam de regiões de alta pressão para regiões de baixa pressão.
- Temos ainda as correntes de fogo ou se quisermos, correntes de lava, que brota dos vulcões em erupção. É sabido que devido à enorme tensão das camadas subjacentes, o núcleo central da Terra se encontra num estado ígneo permanente, o que faz com que esta gigantesca caldeira, de vez em quando tenha que descomprimir, o que tem lugar através de erupções vulcânicas, nas quais correntes de fogo, se deslocam por convenção, de regiões profundas, caracterizadas por valores elevados de massa volúmica e de temperatura, para regiões superficiais caracterizadas por valores de massa volúmica e temperatura, mais baixos.
- Há de resto, movimentos de terra, devidos a agentes de geodinâmica externa (movimentos dunares e aluimento de terrenos) ou de geodinâmica interna (tremores de terra, movimento de placas, tremores de de terra).
Dalguns destes fluxos nos fala a Bíblia. Assim, relativamente ao vento:
- No primeiro dia de criação do mundo: “A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas”. (Gênesis 1,2)
- Depois do Dilúvio Universal: “Então Deus lembrou-Se de Noé e de todas as feras e animais domésticos que estavam com ele na arca. Deus fez soprar um vento sobre a terra, e as águas baixaram.” (Gênesis 8,1)
Relativamente à água:
- No segundo dia de criação do mundo Deus disse: “Que as águas que estão debaixo do céu se juntem num só lugar e apareça o chão seco. E assim se fez.” (Gênesis 1,9)
Relativamente à terra:
- No segundo dia de criação do mundo, “Deus chamou ao chão seco “terra”, e ao conjunto das águas “mar”. E Deus viu que era bom.” (Gênesis 1,10)
Relativamente ao fogo:
- Quando da destruição de Sodoma e Gomorra “O Senhor fez então cair sobre Sodoma e Gomorra uma chuva de enxofre e de fogo, vinda do Senhor, do céu.” (Gênesis 19,24)
Fluxos de água, ar, fogo e terra, são exemplos elementares e paradigmáticos de que o mundo que nos rodeia e com ele o homem, personagem principal da História, da Antropologia e da Etnologia, são atravessados transversalmente e longitudinalmente por fluxos, que determinam que as coisas sejam de uma maneira e não de outra maneira qualquer. Cabe ao Homem, na qualidade de actor principal e fim último daquelas ciências, interpretar os dados de que elas dispõem e aprender com eles, para que com um desejável espírito positivo de cidadão do mundo, seja capaz de equacionar, planificar e edificar a existência de um mundo mais solidário e mais fraterno.

FLUXOS NA ALDEIA GLOBAL
Para o nosso bem e para o nosso mal, o mundo é hoje uma aldeia global, com fronteiras esbatidas e praticamente inexistentes, que todavia são atravessadas por qualquer internauta, à velocidade de um clique.
As águas e os ventos não conhecem fronteiras. A contaminação e a poluição não são locais, são sempre globais.
A prática errada da agricultura intensiva, com recurso a fertilizantes artificiais e a pesticidas está a contaminar os aquíferos e a condenar o Homem à morte. Só a prática de uma agricultura biológica auto-sustentada, poderá vir a evitar esse desfecho.
Por sua vez, a poluição e dentro dela a poluição atmosférica tem atingido níveis assustadores, nunca equacionados no arranque da revolução industrial e que têm múltiplos reflexos negativos, como é o caso do efeito de estufa, que perigosamente faz aumentar a temperatura do planeta. Só a adopção de políticas energéticas limpas e a implementação responsável de energias alternativas por parte de todos os governos, poderá salvar a Humanidade.
Para além disso, a luta contra o desperdício e o consumismo, pela melhoria da nossa qualidade de vida e pela salvação do planeta, passa pela implementação da política dos 3 RRR:
- Reduzir o lixo que se produz;
- Reutilizar as embalagens mais que uma vez;
- Reciclar os componentes do lixo, separando-os na origem.
Há que voltar a usar o talego, a alcofa e o cesto, que quando se estragam podem ser reparados ou usados sob outra forma e só em casos limite se devem deitar fora, para então serem degradados pela Terra-Mãe e renascerem sob outra forma.

VIVER É PRECISO
Para terminar não queria deixar de prestar aqui a minha singela homenagem a Afonso Cautela, jornalista, ensaísta e escritor, velho militante ecológico, percursor entre nós do ambientalismo e da sustentabilidade do planeta. Foi ele que introduziu na terminologia do militante ecológico, para serem usadas como armas de arremesso, termos como “ecocídio” para designar o assassinato do planeta, bem assim como de termos mais pesados, como “ecofascistas”, epíteto com que nos seus escritos apodava todos aqueles que com desprezo olímpico, agrediam o ambiente. Conheci-o há cerca de quarenta anos. Continuam actuais as palavras de ordem que sempre perfilhámos:
“NUCLEAR? NÃO OBRIGADO!”
E sabem porquê?
“PORQUE VIVER É PRECISO!”

Publicado inicialmente a 25 de Setembro de 2011

VENTOS. Embarcações em vento forte (c. 1630). Jan Porcellis (c. 1584-1632)
Óleo sobre tela (42 x 62 cm). Colecção particular.

CORRENTES DE FOGO. Vulcão à Noite (1880). Jules Tavernier (1844-1889)
Óleo sobre tela (48,3 × 91,4 cm). Honolulu Academy of Arts.
 
MOVIMENTOS DE TERRA. Paisagem de dunas com camponeses num caminho (1634)
Jan van Goyen (1596-1656). Óleo sobre tela (88.9 x 125.8 cm). Colecção particular.
 
POLUIÇÃO. Nuvens Industriais (2003). Kay Jackson. Óleo com folha de ouro e cobre sobre tela
(86,46 x 96,5 cm).

sábado, 24 de setembro de 2011

O Outono na Pintura Universal

OUTONO (Finais do séc. XIV). Iluminura do “Tacuinum Sanitatis”, livro medieval sobre o bem-estar, com base na al Taqwin Taqwin تقوين الصحة ("Quadros de Saúde"), tratado do século XI da autoria do médico árabe Ibn Butlan de Bagdá, o qual pertence à Biblioteca Casanatense, em Roma.

O Outono começa com o Equinócio de Outono. O Equinócio é o instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, cruza o equador celeste. A palavra de origem latina significa "noite igual ao dia", uma vez que nesta data, o dia têm duração igual à noite.

São múltiplas as referências bíblicas ao Outono:
- "Eu dar-vos-ei chuva no seu tempo: chuvas de Outono e de Primavera. Deste modo, poderás recolher o teu trigo, o teu vinho novo e o teu azeite." (Deuteronómio 11,14)
- "Pudesse eu reviver os dias do meu Outono, quando Deus era íntimo na minha tenda," (Jó 29,4)
- "Quem armazena no Outono é prudente; quem dorme no tempo da colheita cobre-se de vergonha." (Provérbios 10,5)
- "No Outono o preguiçoso não lavra, e na colheita vai procurar e nada encontra." (Provérbios 20,4)
- "Não pensaram: “Vamos temer a Javé nosso Deus, que nos dá a chuva do Outono e da Primavera no tempo certo; e ainda estabeleceu as semanas certas para a colheita”. (Jeremias 5,24)
- "Alegrai-vos, filhos de Sião, e rejubilai em Javé, vosso Deus. Pois Ele mandou no devido tempo as chuvas do Outono e fez cair chuvas abundantes: as chuvas do Outono e da Primavera, como antigamente." (Joel 2,23)
- "Irmãos, sede pacientes até à vinda do Senhor. Vede como o agricultor espera pacientemente o fruto precioso da terra, até receber a chuva do Outono e da Primavera." (São Tiago 5,7)
- "São eles que participam descaradamente nas vossas refeições fraternas, apascentando-se a si mesmos com irreverência. São como nuvens sem água, levadas pelo vento, ou como árvores no fim do Outono que não dão fruto, duas vezes mortas e arrancadas pela raiz." (São Judas 1,12)

A igualdade dos dias e das noites, característica do equinócio de Outono é referida por Luís por Camões (c. 1524 - 1580) nos Lusíadas (II, 63):

"Vai-te ao longo da costa discorrendo,
E outra terra acharás de mais verdade,
Lá quase junto donde o Sol ardendo
Iguala o dia e noite em quantidade;
Ali tua frota alegre recebendo
Um Rei, com muitas obras de amizade,
Gasalhado seguro te daria,
E, para a Índia, certa e sábia guia."

Em 2011, o Equinócio de Outono, ocorre no dia 23 de Setembro às 9h 5min (tempo universal), 10h 5min em Portugal continental. Este instante assinala o começo do Outono no Hemisfério Norte. Esta estação prolonga-se até ao próximo Solstício que ocorre no dia 22 de Dezembro às 05h30m.
O Outono é a estação do ano que estabelece a transição do Verão para o Inverno. É caracterizada por um abaixamento de temperatura e pelo amarelecer das folhas das árvores. Estes factos, por vezes associados às fainas agro-pastoris característicos da época, constituem o tema central de telas criadas por grandes nomes da pintura universal, dos quais destacamos, agrupados por períodos:

- IDADE MÉDIA: Autor desconhecido (Finais do séc. XIV);
- RENASCENTISMO: Francesco del Cossa (c. 1435- c. 1477), italiano;
- MANEIRISMO: Jacob Grimmer (c. 1525-1590), flamengo; Giuseppe Arcimboldo (1526-1593), italiano; Abel Grimmer (c. 1570-c. 1619), flamengo;
- BARROCO: Francesco Albani (1578-1660), italiano; Pieter Pauwel Rubens (1577-1640), flamengo; Nicolas Poussin (1594-1665), francês; Jacques Bailly (c. 1634-1679), francês; Rosalba Carriera (1675-1757), italiano; Anton Kern (1709-1747), alemão; Jacob van Strij (1756-1815), holandês;
- RÓCÓCÓ: François Boucher (1703-1770), francês; Jacob Cats (1741-1799), holandês; Jacob Philipp Hackert (1737-1807), alemão;
- REALISMO: Jean-François Millet (1814-1875), francês;
- ROMANTISMO: Frederic Edwin Church (1826-1900), americano;

Publicado em 24 de Setembro de 2011

O OUTONO: A MUSA POLÍMNIA (1455-1460).
Francesco del Cossa (c. 1435-c. 1477).
Óleo sobre madeira (116,6 x 70,5 cm).
Gemäldegalerie Deutsch, Berlin.

OUTONO.
Jacob Grimmer (c. 1525-1590).
Óleo sobre madeira (36 x 60 cm).
Szépmûvészeti Múzeum, Budapest.
 
OUTONO (1572).
Giuseppe Arcimboldo (1526-1593).
Óleo sobre tela (93 x 72 cm).
Art Museum, Denver.

 
OUTONO (1607).
Abel Grimmer (c. 1570-c. 1619).
Óleo sobre tela (33 x 47 cm).
Koninklijk Museum voor Schone Kunsten, Antwerp.
 
OUTONO – VÉNUS E ADÓNIS (1616-1617).
Francesco Albani (1578-1660).
Óleo sobre tela (Diâmetro 154 cm).
Galleria Borghese, Rome.

Paisagem de Outono com vista de Het Steen (c. 1635).
Pieter Pauwel Rubens (1577-1640).
Óleo sobre madeira (137 x 235 cm).
National Gallery, London.

OUTONO (1660-1664).
Nicolas Poussin (1594-1665).
Óleo sobre tela (118 x 160 cm).
Musée du Louvre, Paris.
 
OUTONO. (1664-68).
Jacques Bailly (c. 1634-1679).
Iluminura.
Bibliothèque Nationale, Paris.
 
OUTONO (C. 1725).
Rosalba Carriera (1675-1757).
Pastel sobre papel colado em cartão cinzento (24 x 19 cm).
The Hermitage, St. Petersburg.
 
OUTONO E INVERNO (1747).
Anton Kern (1709-1747).
Óleo sobre tela (165 x 126 cm).
The Hermitage, St. Petersburg.

OUTONO PASTORIL (1749).
François Boucher (1703-1770).
Óleo sobre tela (260 x 199 cm).
Wallace Collection, London.

PAISAGEM DO OUTONO COM ARCO-ÍRIS (1779).
Jacob Cats (1741-1799).
Aguarela e caneta (334 x 415 mm).
Rijksmuseum, Amsterdam.

OUTONO (c. 1784).
Jacob Philipp Hackert (1737-1807).
Óleo sobre tela (96,5 x 64 cm).
Wallraf-Richartz Museum, Cologne.
 
PAISAGEM DE OUTONO (Segunda metade do século XVIII).
Jacob van Strij (1756-1815).
Óleo sobre tela (229 x 210 cm).
Colecção particular.

PALHEIROS: OUTONO (c. 1874).
Jean-François Millet (1814-1875).
Óleo sobre tela (85 x 110 cm).
Metropolitan Museum of Art, New York.
   
OUTONO (1875).
Frederic Edwin Church (1826-1900).
Óleo sobre tela (39 x 61 cm).
Museo Thyssen-Bornemisza, Madrid.

domingo, 18 de setembro de 2011

O Alentejo nas Aguarelas de Feliciano Cupido


RUA EM BRANCO
Aguarela s/papel (40 x 50 cm)

“AGUARELAS DE FELICIANO CUPIDO” é a exposição que de 17 de Setembro a 29 de Outubro de 2011, se encontra patente ao público no Centro Cultural Dr. Marques Crespo, na Rua João de Sousa Carvalho, em Estremoz. Trata-se duma organização da Associação Filatélica Alentejana, com o apoio da Câmara Municipal de Estremoz.

Feliciano Cupido nasceu em Alcáçovas, exactamente no ano da graça de 1948, no dia da Restauração da Independência de Portugal. Data paradigmática em que o Portugal espezinhado pelo jugo castelhano, pôs o seu destino nas mãos de um homem de cultura, que governaria com o real nome de D. João IV, um alentejano de Vila Viçosa, que inauguraria a distinta dinastia dos Braganças, pela qual nutro especial admiração.
D. João IV foi um homem de profunda cultura musical e Alcáçovas, é reconhecida desde tempos primordiais, como pátria sonora e alentejana dos chocalhos. Desses mesmos chocalhos com que os ganadeiros ataviam a gadeza com que se enche a barriga, já que barriga vazia não conhece alegrias.
São chocalhos machos, chocalhos beirões, chocalhas, campanilhas, esquilões, esquilas, guizos, mangas, sem serras, picadeiros e sinetas.
São maquinetas de sons campestres que anunciam a fartura da matança que há de vir: a cachola, os pezinhos, as orelhas, a focinheira, as costeletas, os lombinhos, os presuntos, os paios, as paias, as farinheiras e as morcelas, que são como que hóstias sagradas com as quais nos seus rituais gastronómicos, os alentejanos comungam com vinho tinto rijo, espesso e aveludado, daquele que se mastiga e deposita “ad eternum” memórias de prazer nas suas papilas gustativas. Memórias de castas nacionais como Aragonês, Trincadeira Preta, Castelão, Tinta Caiada, Touriga Nacional e Alicante, mas memórias também de castas internacionais como Syrah, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet, Petit Verdot e Merlot. Memórias também do odor das flores de esteva, dos poejos e dos ourégãos, do azeite com que temperamos divinamente a comida e do barro húmido que tresanda a ventre de mulher fecundada.
Estão pois a ver que a data de nascimento de Feliciano Cupido, consubstanciou um acto premonitório de que todo a sua vida decorreria sob os auspícios da música e toda ela teria a ver com estas terras de Além Tejo.
Como quase todos os homens da sua geração, Feliciano Cupido, passou pelas fileiras militares e permaneceu vinte e sete meses em Moçambique. Quando regressou inteiro, privilégio que muitos não tiveram, foi trabalhar em Évora para a Siemens, mais tarde Tyco. Aí iniciou a sua vida laboral e viveu intensamente os momentos mais extraordinários da novel revolução portuguesa e de todos os seus supremos valores de generosidade.
Desde sempre esteve ligado a movimentos e pessoas que cultivam o contacto com a natureza e o respeito pela mesma.
Integrou o Grupo Coral e Etnográfico “Cantares de Évora”, do qual foi um dos fundadores. Foi ainda criador e fundador da primeira Escola de Pintura de Évora, na Casa do Pessoal da Siemens, da qual foi Presidente da Direcção, durante vários anos.
Da Tyco se aposentou em 2006, ano em que começou a pintar, pois parar é morrer.
Para Feliciano Cupido, viver tem sido bom, uma vez que teve uma meninice agradável com pais e avós que sempre lhe proporcionaram o bem estar possível, com muito amor e carinho, temperados pelo respeito pelo próximo e pelos valores humanos, código que ainda hoje mantém.
A atracção pela pintura acompanha-o desde criança. Na qualidade de Director da Casa do Pessoal da Siemens, proporcionou ao pintor Camol d´Évora, as condições para se fixar em Évora. Instalaram então aí a primeira Escola de Pintura, passando então a dedicar-se a ela com mais empenho. Começou primeiro pelo acrílico, passando quase de imediato ao óleo e só mais tarde à aguarela.
Como pintor, Feliciano Cupido considera-se um autodidacta em aprendizagem permanente. Por outras palavras: um eterno insatisfeito na demanda alquímica de querer sempre fazer melhor, o que procura concretizar numa entrega total. Como tema dominante tem a região Alentejo, muito em especial a paisagem e alguns dos seus pormenores. Para ele, o acto de criação artística, representa um encontro consigo próprio. Nos seus quadros utiliza as cores que o Alentejo tem no Verão ou seja as cores da charneca seca. É que ele gosta muito das cores que nos transmitem a sensação de calor. Daí que o preto não entre nos seus trabalhos e o verde seja uma cor pouco utilizada.
Parafraseando - me a mim próprio, em texto já parido anteriormente, eu diria que Feliciano Cupido nos sabe transmitir duma maneira sábia, o azul límpido do céu, o castanho da terra de barro, a cor de fogo do Sol e o verde seco da copa dos sobreirais. E, as suas aguarelas, essas constituem uma paleta de cores, trespassada por uma claridade que quase nos cega e é companheira inseparável do calor que nos esmaga o peito, queima as entranhas e encortiça a boca.
Feliciano Cupido é natural das Alcáçovas, a catedral da sonoridade chocalheira desta terra transtagana. Dela fala Eduardo Teófilo na “Planície Heróica”, quando nos diz que: “Comovedora, sobretudo, era a música do crepúsculo, o cardume tremidinho de esquilas, campainhas e chocalhos dos lentos rebanhos recolhendo a currais, apriscos e arribanas – que ora tinha a soturnidade dum fabordão, ora a finura e a macieza dum coro angélico.”
As aguarelas de Feliciano Cupido têm a ver com a dimensão regional das minhas emoções, que é o mesmo que dizer com a identidade cultural do povo alentejano, forjada e caldeada em condições adversas.
Por isso eu me identifico com as aguarelas de Fernando Cupido.


MONTE DOS MOCISSOS
Aguarela s/papel (30 x 40 cm)

MONTE DA BARRA AZUL
Aguarela s/papel (30 x 40 cm)
ESTENDAL
Aguarela s/papel (30 x 40 cm)

MONTE DA ALFARROBEIRA
Aguarela s/papel (30 x 40 cm)
CEIFA
Aguarela s/papel (30 x 40 cm)

TELHADOS - MONSARAZ
Aguarelas/papel (30 x 40 cm)
MONSARAZ - TORRE DO RELÓGIO
Aguarela s/papel (50 x 40 cm)
FONTE DAS PORTAS DE MOURA II – ÉVORA
Aguarela s/papel (40 x 30 cm)

PALÁCIO DE D. MANUEL I - ÉVORA
Aguarela s/papel (40 x 30 cm)

AQUEDUTO - ÉVORA
Aguarela s/papel (30 x 40 cm)
SALA DO MUSEU MUNICIPAL DE ESTREMOZ
Aguarela s/papel (40 x 30 cm)
SALA DO MUSEU MUNICIPAL DE ESTREMOZ
Aguarela s/papel (30 x 40 cm)

SALA DO MUSEU MUNICIPAL DE ESTREMOZ
Aguarela s/papel (30 x 40 cm)