Sebastião da Gama (1924 -1952)
Nem
mais, nem menos: tudo tal e qual
o
sonho desmedido que mantinhas.
Só
não sonharas estas andorinhas
que
temos no beiral.
E
moramos num largo... E o nome lindo
que
o nosso largo tem!
Com
isto não contáramos também.
(Éramos
dois sonhando e exigindo.)
Da
nossa casa o Alentejo é verde.
É
atirar os olhos: São searas,
são
olivais, são hortas... E pensaras
que
haviam nossos olhos de ter sede!
E
o pão da nossa mesa!... E o pucarinho
que
nos dá de beber!... E os mil desenhos
da
nossa loiça: flores, peixes castanhos,
dois
pássaros cantando sobre um ninho...
E
o nosso quarto? Agora podes dar-me
teu
corpo sem receio ou amargura.
Olha
como a Senhora da moldura
sorri
à nossa alma e à nossa carne.
Em
tudo, ó Companheira,
a
nossa casa é bem a nossa casa.
Até
nas flores. Até no azinho em brasa
que
geme na lareira.
Deus
quis. E nós ao sonho erguemos muros,
rasguei
janelas eu e tu bordaste
as
cortinas. Depois, ó flor na haste,
foi
colher-te e ficarmos ambos puros.
Puros,
Amor - e à espera.
E
serenos. Também a nossa casa.
(Há-de
bater-lhe à porta com a asa
um
anjo de sangue e carne verdadeira.)
Sebastião da Gama (1924 -1952)
MARAVILHOSO!
ResponderEliminarInteiramente de acordo.
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