Capa da revista “Pontos nos ii” de 5 de Janeiro de 1888,
Pontos nos iis
Esta coluna agora iniciada, será trincheira,
tribuna e espelho.
Trincheira na defesa da portugalidade, da língua
portuguesa, do regionalismo, da tradição, da alma alentejana, da liberdade de
pensar e do direito de opinar.
Tribuna de defesa da razão, da justiça, da
solidariedade, do amor, da liberdade e da procura de novos caminhos.
Espelho dos nossos estados de alma, das nossas
preocupações, das nossas motivações, dos nossos anseios, dos nossos sonhos e
dos nossos desejos.
Esta coluna poderá vir a incomodar alguém, mas que
fique desde já claro, que esta coluna não é quinta coluna de ninguém.
Não temos inimigos, embora admitamos poder ser
inimigos de alguém, de quem não cumprimos os seus desígnios. Apenas cultivamos
a amizade, um dos valores mais sagrados, tal como o carácter e o respeito pela
palavra dada.
Somos capazes de ser amigos e de dialogar com quem
pensa diferente de nós, apenas sob a condição de não nos quererem impor as suas
ideias à força e nos deixarem a liberdade de decisão.
Não seguiremos cartilhas, não seremos a voz do
dono, nem faremos de papagaios reais. Não somos súbditos de ninguém, nem
prestamos vassalagem a ninguém. Temos dificuldade em dobrar a coluna vertebral,
já que a nossa mãe nos pariu assim.
Como já dissemos algures, procuraremos que os
nossos escritos tenham cabeça própria e mergulhem raízes na nossa identidade
cultural, única forma de nos imunizar do contágio da eurocracia de pacotilha.
Seremos também artesãos das palavras, já que não se
pode escrever a metro, como quem enche chouriços.
Procuraremos não errar. Por isso mesmo não nos
meteremos por caminhos tortuosos e terrenos pantanosos, que não se sabe nunca
onde vão desembocar. Trilharemos apenas caminhos seguros, nos quais possamos
pisar chão firme. Será a nossa caminhada com os leitores, os quais serão nossos
companheiros de estrada. Essa a nossa aposta.
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