HOMENS NO PETISCO
Peça da barrística popular estremocense da autoria das Irmãs Flores.
O pão está vastamente representado no domínio das alcunhas alentejanas, o que mais uma vez é revelador da riqueza da língua portuguesa. Destacamos as seguintes alcunhas alentejanas:
- PÃO À RODA – Alcunha outorgada a um indivíduo que corta fatias de pão redondas (Santiago do Cacém).
- PÃO COM CHOURIÇÃO - O receptor gostava muito de comer pão com chouriço (Monforte).
- PÃO COM MANTEIGA E AÇUCRE - O visado adquiriu esta alcunha porque em criança, gostava muito de comer pão com manteiga e açúcar.(Castro Verde).
- PÃO COM OVO - Alcunha atribuída a indivíduo que gostava de combinar estes alimentos. (Nisa).
- PÃO COM PÃO NÃO SABE A NADA – O alcunhado, em jovem, não arranjava par nos bailes, por ser feio e desajeitado. Dançava então com a irmã e resmungava: "Pão com pão não sabe a nada!" (Santiago do Cacém).
- PÃO DE LEITE - Alcunha atribuída a um homem que gosta muito de comer pão de leite (Santiago do Cacém).
- PÃO DE LÓ - Designação atribuída a um sujeito que numa festa, comeu um pão-de-ló inteiro (Arraiolos).
- PÃO DE MEL – O receptor, em criança, andava sempre a chorar e a pedir pão com mel (Serpa).
- PÃO DE MILHO - Alcunha atribuída a uma família que por necessidade comia muito pão de milho para matar a fome (Nisa); o receptor tem este nome porque gosta muito de comer pão com milho (Avis).
- PÃO DE QUILO - Denominação aplicada um homem gordo (Moura).
- PÃO DURO – Alcunha atribuída a uma família numerosa e pobre, que comprava o pão e o deixava endurecer, para durar mais (Castelo de Vide).
- PÃO E AZEITE – Alcunha outorgada a um indivíduo muito rico, que como esmola só dava aos pobres, pão e azeite. (Moura).
- PÃO E CHICHA - O receptor adquiriu este nome porque, em criança, dizia à mãe que queria pão e carne (Arraiolos).
- PÃO E QUEIJO – O visado quando bebia vinho, acompanhava-o sempre com pão e queijo (Alandroal); o receptor tinha o hábito de dizer que com ele era "Pão, Pão, Queijo, Queijo!" (Moura).
- PÃO MOLE - Epíteto atribuído a um indivíduo considerado pessoa muito lenta (Cuba e Santiago do Cacem); o visado recebeu esta alcunha porque só come pão mole (Moura); o receptor, em criança, gostava muito de comer pão mole (Portel e Campo Maior).
- PÃO SECO - O receptor herdou esta alcunha do seu bisavô porque este, sendo muito pobre, comia pão seco (Cuba); o alcunhado, em criança, pedia pão à mãe, que como eram muito pobres, apenas lhe dava pão seco (Viana do Alentejo); sujeito que gosta muito de comer pão sem acompanhamento (Monforte).
- PÃO SEM SAL - Alcunha outorgada a uma mulher pouco activa (Redondo).
BIBLIOGRAFIA
RAMOS, Francisco Martins; SILVA, Carlos Alberto da. Tratado das Alcunhas Alentejanas. 2ª edição. Edições Colibri. Lisboa, 2003.
Publicado em 5 de Julho de 2011
Ó compadri já não ma limbrava !!!
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