Mulher do Minho, ornada com filigrana portuguesa,nomeadamente um par de brincos.
AONDE SE FALA DO DOIS
Na MATEMÁTICA, “dois” é o sucessor de “um”, o antecessor de “três”, o dobro de “um”, o segundo número natural, o primeiro número primo e máximo divisor comum de “dois” com todos os números.
Na FÍSICA, “duas” são as leis da reflexão da luz, “dois” sentidos tem a corrente eléctrica alterna e “dois” é o número máximo de electrões de um elemento do primeiro período da Tabela Periódica dos Elementos.
Na GEOGRAFIA, “dois” Equinócios (Vernal e Outonal) e “dois” Soistícios (de Verão e de Inverno) tem o ano, “dois” são os hemisférios terrestres e “duas” são as margens de um rio.
Na ZOOLOGIA, “dois” é o número de alguns órgãos da espécie humana (braços, mãos, pernas, pés, orelhas, olhos, narinas, nádegas, rins, pulmões) e “dois” cornos tem o gado bovino, caprino e ovino. “Duas” são as asas e as patas das aves, assim como “duas” são as conchas dos moluscos bivalves (amêijoas, ostras, vieiras, etc.).
Na MINERALOGIA, “dois” é a dureza da selenite na escala de dureza de Mohs e a fusibilidade da natrolite na escala de fusibilidade de Kobell.
No ANO, “dois” são os semestres.
No DESPORTO, “duas” balizas têm os campos de futebol, andebol, basquetebol, hóquei e pólo, tal como “dois” pedais tem uma bicicleta.
No TRÂNSITO “duas” são as bermas de uma estrada.
Na TECELAGEM, “duas” séries de fios perpendiculares (urdidura e trama) por entrelaçamento no tear produzem o tecido.
No ADORNO “dois” são os brincos da mulher.
Na HISTÓRIA, “duas” foram as bombas atómicas lançadas pelo exército americano sobre o Japão, durante a segunda guerra mundial. (Hiroshima e Nagasáki).
Na BÍBLIA “dois” braços tem a cruz onde foi pregado Jesus e “dois” foram os ladrões que morreram com ele na cruz.
Na SUPERSTIÇÃO, crê-se que “Quando “dois” relógios dão horas ao mesmo tempo, é sinal de morte repentina". Igualmente se crê que “O homem é sempre acompanhado de “dois” anjos. O anjo da guarda à sua direita e o anjo mau (o demónio) à sua esquerda”.
Na LÓGICA, “dois” são os opostos [sim e não, yin e yang (taoismo), preto e branco, alto e baixo, gordo e magro, esquerdo e direito, dentro e fora, cima e baixo, frente e trás, longe e perto, positivo e negativo, céu e inferno, antes e depois, princípio e fim].
O cardinal “dois” faz parte da LINGUAGEM METAFÓRICA:
Fazer dominó para os dois lados = Fazer jogo duplo
Ficar como dois com um sapato = Ficar indeciso, ficar desfalcado
Levar duas lamparinas = Levar um par de estalos
Navegar em duas águas = Fazer jogo duplo
Tão certo como dois e dois serem quatro = Coisa que não sofre discussão
Também o ordinal “segundo” integra a LINGUAGEM METAFÓRICA:
Pão segundo = Pão de mistura de farinhas diferentes de trigo
Segundo estado = Matrimónio
Segundo a segundo = Constantemente
Sem segundo = Sem rival
O “dois” é um número que também aparece em muitos PROVÉRBIOS, tais como:
”Abre um olho para ver e dois para comprar”
”As duas faces da mesma moeda”
"A duas palavras, três porradas"
"Companhia de dois, companhia de bons"
"A duas palavras, três porradas"
"Companhia de dois, companhia de bons"
”Dá duas vezes quem de pronto dá”
”Dá-lhe uma e promete-lhe duas”
”Dois detestam-se, três aborrecem-se”
”Dois divertem-se, três aborrecem-se”
”Dois não brigam quando um não quer"
"Dois narigudos nunca se beijam"
"Dois narigudos nunca se beijam"
”Dois pesos, duas medidas”
”Dois pobres à mesma mesa, um deles fica sem esmola”
”Dois proveitos não cabem no mesmo saco”
”Dois sacos vazios não ficam em pé”
”Duas aves de rapina não se fazem companhia”
”Duas ceias em um só ventre cabem”
”Duas crias más cabem num ventre”
”Duas mortes sofre, quem por mão alheia morre”
”Duas mulheres e um pato fazem uma feira”
"Duas orelhas, uma só língua: ouve duas vezes por cada vez que falas"
"Duas orelhas, uma só língua: ouve duas vezes por cada vez que falas"
”Duas pedras duras não fazem farinha”
”Duas pedras duras não ligam bem”
”Duas velas a arder, deitam a casa a perder”
”Duas vezes é perdido o que ao ingrato é concedido”
”Duas vezes é tolo: quem faz o mal e o apregoa”
"Entre dois dentes molares nunca metas os polegares"
"Entre dois dentes molares nunca metas os polegares"
”Há pessoas que têm duas caras como o feijão-frade”
”Hoje um, amanhã dois, ao outro dia três ou quatro, depressa enche o saco”
”Homem prevenido vale por dois”
”Jogar com um pau de dois bicos”
”Mais vale um ano de tarimba do que dois em Coimbra”
”Mais vale um pé que duas muletas”
”Mais vale um toma que dois te darei”
”Matar dois coelhos de uma cajadada”
”Moços e bois de um ano a dois”
”O que não se faz numa vez, faz-se em duas ou três”
”O segundo é o primeiro dos últimos”
”Onde comem dois, comem três”
"Quem a dois amos quer servir, a um há-de mentir"
"Quem a dois amos quer servir, a um há-de mentir"
”Quem se abriga debaixo de folha, duas vezes se molha”
"Quem em pedra duas vezes tropeça, não é muito quebrar a cabeça"
"Quem em pedra duas vezes tropeça, não é muito quebrar a cabeça"
O número “dois” tem a ver com a partilha de funções, com a complementaridade de funções, com a lógica binária do sim ou não. Para os pitagóricos representa a opinião ou se quisermos o conflito, a oposição e a imobilidade momentânea quando as forças são iguais.
"Dois” que matematicamente resulta de somar “um” com “um”, quantitativamente é mais do que as partes, o que lembra o provérbio “A união faz a força”, que é ainda o título de uma fábula de Esopo, que pode ser contada assim:
Um lavrador estava gravemente doente. Preocupado com os conflitos permanentes entre os seus quatro filhos, resolveu dar-lhes uma lição. Chamou-os, mostrou-lhes um feixe de gravetos amarrados e disse-lhes:
- "Como vocês sabem, estou doente e posso morrer a qualquer instante. Aquele que conseguir despedaçar estes gravetos só com as mãos, será o meu único herdeiro”.
Os filhos estranharam, mas aceitaram o repto. Todos tentaram e não conseguiram. Foi então que o lavrador pediu o feixe a anunciou que ele mesmo iria quebrá-lo. Incrédulos assistiram ao pai a desfazer o feixe e a quebrar os gravetos um por um. Disse então aos filhos:
-“Vocês são como este feixe. Enquanto estiverem unidos, poderão sempre contar com o apoio uns dos outros. Porém, separados, vocês são tão frágeis como cada um destes gravetos isolados”.
Trata-se apenas duma fábula, mas a verdade que encerra “A união faz a força” essa é inquestionável.
A união faz a força – cartoon de Netto, publicado em “Tribal Wars”
"Dois" foram os dias que estive fora. Ainda só vai no "dois" e já estou a pensar na falta que me irá fazer o "onze".
ResponderEliminar"Dois" é o número mínimo de uma palavra.
Dó ré mi fá 'sol' lá...dois beijinhos para... si. :D
Maria da Graça Reis
...as duas por tres, resolvi mandar este comentario---gostei!
ResponderEliminarObrigado caro amigo, por me ter lembrado a frase metáfórica:
ResponderEliminar"Às duas por três = A carta altura",
Por outo lado conclui que "Das duas uma", "Como não duas sem três", terei que incluir tudo isto no post. Aliás, os meus posts são dinâmicos, vou-os trabalhando quando surgem novos dados.
Cumprimentos.
Prezado Dr. Hernâni Matos:
ResponderEliminarNa imagem inicial é referido que se trata de "Mulher de Avintes ornada com filigrana portuguesa, nomeadamente um par de brincos."
A inscrição no cimo do "cartaz" menciona:
"COSTUMES PORTUGUEZES
MULHER DO MINHO".
Como é sabido, AVINTES, concelho de Vila Nova de Gaia, situa-se na margem sul do rio Douro, nunca pertenceu ao MINHO!
Neste contexto, e com muita pena minha (sou natural de Avintes), a bela "minhota" não é... geograficamente, "Mulher de Avintes"!
Cordiais saudações e muitos parabéns pelo excelente trabalho que vem realizando, ao longo do tempo, sempre em prol da cultura portuguesa.
Muito obrigado pelo seu oportuno comentário. Já corrigi o lamentável erro que detectou, em cuja origem pode estar o facto de eu conhecer uma aguarela de Alberto de Souza, muito parecida com a fotografia do bilhete-postal ilustrado e cujo título é "Padeira de Avintes.
EliminarOs meus cumprimentos e votos de bom ano de 2021.